sexta-feira, 3 de março de 2017

Opinião do dia – Hannah Arendt

As tiranias são condenadas porque destroem a união dos homens: isolando os homens uns dos outros, elas buscam destruir a pluralidade humana. As tiranias se baseiam na única experiência fundamental na qual estou totalmente só, que é estar impotente (como Epicteto definiu a solidão), incapaz de angariar a ajuda de meus semelhantes.

*Hannah Arendt (1905-1975). ‘A promessa da política ‘, p. 117. Difel, 2008.

Odebrecht cita Dilma, Temer e Aécio, mas Planalto vê alívio

Ao TSE, delator diz que deu R$ 300 milhões ao PT de 2008 a 2014

Empresário afirmou que foram três os encontros para repasse ao PMDB, em 2014, e revelou ainda o pagamento de R$ 15 milhões à campanha do tucano; governo achou que teor não compromete

Em depoimento ao TSE na investigação sobre a chapa Dilma-Temer, o empresário Marcelo Odebrecht revelou ter posto R$ 300 milhões à disposição do PT de 2008 a 2014, nos governos Lula e Dilma. Parte desse montante não foi registrada oficialmente, segundo ele. E o dinheiro era liberado após conversas com os então ministros Palocci e Mantega. O clima no Planalto foi de alívio, porque Odebrecht disse que, com Temer, tratou de ajuda para campanhas, não de valores. Contou ter tido dois encontros posteriormente com o ministro Eliseu Padilha para falar de doações. E afirmou ter repassado R$ 15 milhões à campanha de Aécio Neves (PSDB), sem dizer se por caixa 1 ou 2. Benedito Júnior, outro delator da empreiteira, disse que o PSDB recebeu R$ 9 milhões no caixa 2 a pedido de Aécio.

Delações perigosas

Marcelo Odebrecht cita Dilma, Temer e Aécio, mas Planalto vê alívio; outro executivo diz que pagou caixa 2 a tucano l

Simone Iglesias | O Globo

-BRASÍLIA- Numa prévia do impacto a ser desencadeado no mundo político com a divulgação da delação premiada da Odebrecht na próxima semana, os primeiros depoimentos de ex-executivos no processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reforçaram as suspeitas sobre doações em caixa 2 para a chapa Dilma-Temer. O testemunho do empreiteiro Marcelo Odebrecht, anteontem, em Curitiba, envolveu o nome da ex-presidente da República, revelou mais detalhes sobre repasses ao PMDB do atual presidente Michel Temer e atingiu o senador Aécio Neves, do PSDB, partido autor do processo que pede a punição da chapa vencedora na disputa presidencial em 2014.

Para o Planalto, depoimento sob medida

Aliados de Temer festejam blindagem ao presidente, que teria saído ileso do relato de Odebrecht

Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA - Para um governo que se vê envolvido em turbulências políticas quase que diariamente, ontem foi um dia sem sobressaltos no Palácio do Planalto. O depoimento de Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seguiu o roteiro divulgado à exaustão pelo Palácio do Planalto. Fosse ensaiado com os advogados de Temer, a oitiva do ex-presidente da empreiteira não teria sido melhor.

O empresário deu detalhes do jantar no Palácio do Jaburu, em que foi recebido por Temer, contou ter ouvido um genérico pedido de ajuda financeira, sem detalhar valores, e tratado de amenidades. Um “shake hands”, como o herdeiro da maior construtora do país descreveu, poupando o presidente de maiores complicações.

Dilma diz que declarações são mentirosas

Dilma diz que suspeitas são 'insulto' à sua 'honestidade'

Ex-presidente se defende de acusações passadas por ex-presidente da Odebrecht ao TSE

Ricardo Galhardo | O Estado de S.Paulo

A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira, 2, por meio de nota, que é mentirosa a versão de que ela teria pedido ao ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht recurso para suas campanhas presidenciais em 2010 e 2014 por meio de caixa 2. Segundo ela, é um "insulto à sua honestidade" a tentativa, segundo Dilma, de "impor à ex-presidenta uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo eleitoral".

"É mentirosa a informação de que Dilma Rousseff teria pedido recursos ao senhor Marcelo Odebrecht ou a quaisquer empresários, ou mesmo autorizado pagamentos a prestadores de serviços fora do país, ou por meio de caixa dois, durante as campanhas presidenciais de 2010 e 2014", diz o texto.

Após mensalão, Delúbio recebe condenação de Moro na Lava-Jato

Ex-tesoureiro do PT teve sentença de cinco anos de prisão por lavagem

- O Globo

-SÃO PAULO- O juiz Sérgio Moro condenou ontem o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Ronan Maria Pinto, dono do jornal “Diário do Grande ABC”, ambos a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato. Eles foram considerados culpados pelo juiz na ação que apura um empréstimo de R$ 12 milhões feito no Banco Schahin para supostamente beneficiar o PT em 2004. Ronan foi preso na 27ª fase da Lava-Jato, enquanto Delúbio foi alvo de condução coercitiva em abril do ano passado. Os dois devem continuar em liberdade enquanto a sentença não for confirmada em segunda instância.

Odebrecht diz que usou cervejaria em caixa dois da chapa Dilma-Temer

Camila Mattoso, Bela Megale, Leandro Colon – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Ao detalhar o caixa dois na campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou à Justiça Eleitoral que a empreiteira, da qual foi presidente, usou um esquema de terceirizar o repasse de recursos nas eleições de 2014.

Segundo o depoimento, prestado na quarta (1), grande parte do que foi repassado pela Odebrecht saiu dos cofres de terceiros, entre eles a cervejaria Itaipava, do grupo Petrópolis.

A declaração do herdeiro da Odebrecht corrobora investigações da Lava Jato e delações de outros executivos do grupo de que a Itaipava foi usada para intermediar dinheiro a partidos políticos.

Uma tabela apreendida pela Polícia Federal lista pagamentos a 19 partidos pelo "parceiro IT" no valor de R$ 19,7 milhões. Um esquema envolvendo Odebrecht e Itaipava usando um paraíso fiscal movimentou R$ 117 milhões, de acordo com a investigação.

A campanha de Dilma-Temer em 2014 recebeu R$ 17,5 milhões em doações oficiais diretamente da cervejaria em 2014.

Odebrecht pagou R$ 4 mi ao PDT, segundo ex-diretor

Valor teria sido repassado, em quatro parcelas, para que partido ingressasse a coligação Dilma-Temer; presidente da legenda, Carlos Lupi, nega

Erich Decat e Beatriz Bulla | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em depoimento nesta quinta-feira, 2, ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin, o ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Cunha Reis afirmou que foram pagos R$ 4 milhões ao PDT para que o partido ingressasse a coligação da chapa presidencial de Dilma Rousseff-Michel Temer de 2014.

A audiência com Cunha Reis foi feita no Rio e faz parte do processo que investiga se houve abuso de poder econômico e político por parte da chapa nas últimas eleições. Nesta quarta-feira, 1.º, foi ouvido na mesma ação o executivo e ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht.

Segundo relatos, Cunha Reis detalhou que o pagamento foi feito em quatro parcelas – duas em agosto e o restante em setembro de 2014. O montante teria sido pago em espécie, no escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, localizado no Rio. Panela atuou como chefe de gabinete do presidente da legenda, Carlos Lupi, quando o dirigente comandou o Ministério do Trabalho, no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na primeira gestão de Dilma.

Banco Central indica que pode acelerar corte de juros

BC sinaliza que pode acelerar queda do juro

Ata da última reunião do Copom indica que, diante das expectativas para inflação e ociosidade da economia, Selic pode sofrer redução maior

- O Estado de S.Paulo

O Banco Central (BC) indicou que pode acelerar o ritmo de queda da taxa de juros, segundo ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta quinta-feira.

"Os membros do Comitê reafirmaram o entendimento de que, com expectativas de inflação ancoradas, projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, e elevado grau de ociosidade na economia, o cenário básico do Copom prescreve antecipação do ciclo de distensão da política monetária", informou pelo documento.

Expansão global já ajuda o Brasil via commodities

Por Sergio Lamucci | Valor Econômico

SÃO PAULO - O crescimento mais forte e sincronizado das maiores economias do mundo, fenômeno que não ocorria desde a crise de 2008, está impulsionando os preços das commodities e beneficiando o Brasil. Em 12 meses até fevereiro, o índice de termos de troca - a relação entre preços de exportação e de importação - subiu 8,2%. A alta registrada na média de 2016, que já foi um ano favorável nesse quesito, foi de 3%, o que mostra a aceleração desse indicador no começo deste ano.

A alta das commodities, além de engordar o saldo comercial - superávit de US$ 51 bilhões também em 12 meses até fevereiro -, valoriza o real e melhora a arrecadação de tributos, uma boa notícia para Estados como o Rio de Janeiro, que dependem muito das receitas de royalties. Já a valorização da taxa de câmbio, embora diminua a competitividade de alguns produtos da indústria brasileira, ajuda a desacelerar a inflação em um ritmo mais rápido que o esperado.

Temer e a dúvida - Míriam Leitão

- O Globo

O governo Temer ficará sempre sob a pressão da dúvida. Uma dessas incertezas está no TSE e na ação proposta pelo seu atual aliado, o PSDB. O depoimento de Marcelo Odebrecht confirma o que já se sabia ou se suspeitava. A chapa foi beneficiada por efeito do abuso do poder econômico. Usou o fato de que governava o país para, em troca de facilidades, receber dinheiro de forma irregular.

Os dois, Dilma e Temer, são inseparáveis neste ponto. Vieram do mesmo rio, foram águas misturadas. Brigaram depois, se separaram e tomaram cursos distintos, mas é o mesmo rio de origem. O fato de o presidente estar ameaçado por uma ação proposta por seu aliado tucano é apenas mais um exemplo do caprichoso enredo da política brasileira. O PSDB pode até estar arrependido a esta altura, mas a Justiça Eleitoral tem que continuar a análise e julgar diante das evidências e provas daquela campanha em tudo condenável.

Troca-troca tucano - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Aloysio vai para o Itamaraty, Serra volta para o Senado, mas a política externa fica na mesma

A nomeação de Aloysio Nunes Ferreira para o Ministério das Relações Exteriores é um troca-troca de tucanos: José Serra sai do Itamaraty e volta para o Senado, seu amigo Aloysio sai da liderança do governo no Senado para o Itamaraty e... a política externa continua a mesma.

A primeira marca importante da mudança do governo Dilma para o governo Temer foi justamente na política externa, quando Serra agiu menos como diplomata (que não é) e mais como político (que sempre será) e deu um chega pra lá no bolivarianismo que afunda a Venezuela e que se metia a dar aulas de democracia ao Brasil. Foi uma guinada clara na diplomacia brasileira.

Presidente sem estado-maior - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense (02/03/2017)

Um velho princípio militar diz que a tropa de assalto não serve para manter a ocupação. É mais ou menos essa a situação

O presidente Michel Temer foi protagonista de sua chegada ao poder, mas não é dono das circunstâncias em que governa. Elas foram favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas continuam sendo desfavoráveis ao ato de governar. Temer é prisioneiro das circunstâncias que o fizeram chegar ao Palácio do Planalto, assim como seus parceiros políticos que apearam Dilma e o PT do poder.

Temer herdou a impopularidade do governo do qual já fazia parte, mas não consegue revertê-la por três razões: primeiro, enfrenta uma oposição implacável; segundo, os problemas têm envergadura maior do que o tempo de que dispõe para resolvê-los; terceiro, não tem um estado-maior capaz de enfrentar essas duas questões e otimizar as possibilidades reais de melhorar a vida das pessoas.

Uma presidenta honesta? - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

"Tiraram uma presidenta honesta". A frase, que se refere ao impeachment de Dilma Rousseff, ainda ecoa nas redes sociais. Mas será que é verdadeira? A resposta, óbvio, depende de como conceituamos o termo "honesta".

Se os vazamentos do depoimento de Marcelo Odebrecht à Justiça Eleitoral são fidedignos e se o empresário ainda não aderiu à moda dos fatos alternativos, a situação de Dilma se complica. Pelo relato de "O Estado de S. Paulo", que me pareceu o mais contundente, Odebrecht disse que 4/5 de um total de R$ 150 milhões que o grupo empresarial destinou à campanha de Dilma e de Temer em 2014 vieram via caixa dois e que a petista tinha a dimensão desses valores.

Temer tem um problema - Ricardo Noblat

- Blog do Noblat

Não um, o presidente Michel Temer tem vários problemas para administrar. O mais urgente deles talvez seja o que fazer com Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil da presidência da República, seu amigo há muitos anos, conselheiro e executivo eficiente.

Padilha está de licença médica. Recupera-se de uma operação de próstata. Mas já avisou a Temer que pretende voltar ao trabalho o mais rapidamente possível. Não procede a história de que ele queira ou de que esteja conformado em ficar distante de Brasília por um tempo razoável.

O príncipe e os bobos – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

O empreiteiro Marcelo Odebrecht abriu os arquivos para a Justiça Eleitoral. Na Quarta-Feira de Cinzas, ele descreveu um carnaval de doações irregulares a políticos. Entre outros pecados, confirmou que sua empresa abasteceu o caixa dois da chapa Dilma-Temer em 2014.

Em quatro horas de depoimento, o empresário fez acusações para todos os gostos. Complicou o presidente Michel Temer ao confirmar que foi chamado ao Palácio do Jaburu para acertar contribuições ao PMDB. Também deixou mal a ex-presidente Dilma Rousseff ao dizer que ela sabia da origem dos repasses ao PT.

Corrida contra o relógio - Murillo de Aragão

- Blog do Noblat

Por conta da Operação Lava-Jato, o mundo político e o mundo jurídico estão em uma corrida contra o relógio.

O mundo político quer, além de se salvar, obviamente, evitar que decisões dramáticas sejam tomadas até as eleições de 2018. Imaginem, por exemplo, se o ex-presidente Lula for condenado em duas instâncias pelas questões que envolvem o sítio em Atibaia e o triplex em Guarujá? Estará inelegível, além de correr o risco de ir para a cadeia.

Selic ladeira abaixo - Fernando Dantas

- O Estado de S. Paulo

O dilema é caminhar com passos de 0,75 ou 1 ponto por reunião rumo à Selic neutra

O Banco Central está acelerando o ritmo do corte de juros da economia brasileira. Nas reuniões de outubro e novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) fez dois cortes na Selic, a taxa básica de juros, de 0,25 ponto porcentual cada. Em janeiro e fevereiro, o ritmo de baixa por reunião saltou para 0,75 ponto. Ontem, na divulgação da ata do Copom de fevereiro, o BC deixou claramente aberta a porta para mais um salto, com cortes de 1 ponto nas próximas reuniões. Por outro lado, também sinalizou que esta última possibilidade dependerá de fatores tanto estruturais quanto conjunturais.

Onde esbarra a retomada - José Paulo Kupfer

- O Globo

A venda de veículos novos, indicador influente na formação de expectativas na economia brasileira, soube-se já na Quarta-Feira de Cinzas, desabou em fevereiro, contribuindo para o resultado mais fraco para um primeiro bimestre desde 2006. Também em fevereiro, o índice de confiança da indústria, pesquisado pela Fundação Getulio Vargas, perdeu o fôlego que mostrou em janeiro e voltou a cair.

Indicadores como esses, mas com o sinal trocado para o lado positivo, em dezembro e janeiro, foram invocados para sustentar uma nova onda de otimismo insuflada pelo governo e por sua base aliada entre os economistas. Se lá não era o caso de bater o bumbo da recuperação econômica, aqui também não seria correto tocar as notas fúnebres de uma nova reincidência recessiva.

O revigoramento das instituições do Estado - *Gastão Alves de Toledo

- O Estado de S. Paulo

O ideal perseguido pelo constitucionalismo, dos freios e contrapesos, está se realizando aqui

Uma das principais características de um país desenvolvido é o bom funcionamento de suas instituições políticas. Entre nós, esse fato tem sido um ideal sempre adiado, que agora promete concretizar-se em prazo não remoto, tendo em conta o recente desempenho dos órgãos públicos encarregados pela Constituição federal de conferir a devida operacionalidade à engrenagem nela estabelecida, sobretudo nos momentos em que deles se exige o máximo de sua competência e integridade.

O PT e Lula tentam sair da tumba - Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

Grandes amigos de Lula e do PT dizem que o ex-presidente confirmou a candidatura em 2018, o que vinha ficando evidente desde janeiro, no Congresso da CUT.

Para petistas e companheiros de viagem, a candidatura faz parte de um plano de duas cabeças. Sem Lula 2018, aumentariam as chances de condenação ou até prisão do ex-presidente. Sem a candidatura, não haveria alternativa viável de esquerda, menos ainda para o PT.

Evitar a condenação de Lula seria, pois, o projeto de sobrevivência da esquerda —e vice-versa.

A estratégia também parece óbvia, talvez inevitável para um partido que não vai se dedicar a anos do que seria uma incerta renovação de fundo.

A guerra das paredes - José de Souza Martins

- Valor Econômico – Eu & Fim de Semana

A guerra do prefeito contra os grafiteiros da cidade de São Paulo esconde neles um erro de compreensão do que é a metrópole e a pluralidade que lhe é própria e necessária, de mentalidade, de modo de vê-la, de amá-la e de querer ser parte dela. O grafite é expressão dessa diversidade, mas também de uma busca. Os grafiteiros não são inimigos da cidade. Nossos grafiteiros são inspiradores de arte em outros países. Se há pinturas sofríveis, de principiantes, há obras de pintores talentosos, de grande expressão. A cidade ganha com elas. O grafite abriu galerias de arte em ruas não contempladas pela cultura oficial e pela arte de museus.

Ata do Copom reforça as boas perspectivas econômicas – Editorial | O Globo

A decisão da última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), do Banco Central, no fim de fevereiro, de repetir o corte na taxa básica de juros, a Selic, de 0,75 ponto percentual já sinalizava um certo otimismo da autoridade monetária com a economia. Mesmo que os 12,25% dos juros ainda mantivessem — e mantenham — o Brasil no topo do ranking mundial das taxas reais (deduzida a inflação).

Mas não se pode esquecer que, devido ao desregramento fiscal da era Dilma, vítima de impeachment por este mesmo motivo, a inflação voltou ao perigoso terreno dos dois dígitos, obrigando o novo governo a apertar a política monetária (juros). O governo Temer colhe agora os resultados positivos desse aperto — o qual o governo Dilma se recusou a fazer, por crença ideológica. Como era previsto, errou de fé, jogou o PIB em cava recessão, atropelou a Lei de Responsabilidade Fiscal e, por isso, perdeu o cargo. Recado para futuros governantes.

BC, política e juros estruturais – Editorial | O Estado de S. Paulo

O próximo grande prêmio da loteria dos juros irá para quem adivinhar quando o Banco Central (BC) aumentará de 0,75 para 1 ponto porcentual o corte da taxa básica, a Selic. Já há condições para isso, segundo vários analistas. A maior parte do empresariado aplaudiria essa decisão, mas nada permite, por enquanto, marcar esse resultado. Pela maioria das avaliações, a cautela deverá dominar a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para os dias 11 e 12 de abril. Até lá haverá muito material para especulação e, talvez, para apostas mais firmes.

Mas, curiosamente, é outra a novidade mais sugestiva nas últimas comunicações do Copom. É a insistência num tema bem menos atraente na aparência e um tanto misterioso: a taxa de juros estrutural da economia brasileira, um assunto difícil de cercar, mas, em tese, muito mais importante quando se trata de pensar as condições de crescimento a longo prazo.

Odebrecht fala – Editorial | Folha de S. Paulo

Realizado nesta quarta-feira (1º), o depoimento do empreiteiro Marcelo Odebrecht ao Tribunal Superior Eleitoral haverá de ter oferecido fundamentos para que se mantenham, ou mesmo se reforcem, as suspeitas de irregularidade nas contas da chapa que reuniu Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) nas eleições de 2014.

O segredo de Justiça impede que se saiba o teor completo do relato de Odebrecht. O que veio à tona até o momento é suficiente, contudo, para manter em situação difícil tanto Temer e alguns de seus assessores quanto a ex-presidente Dilma e membros de seu partido.

Confirma-se, por exemplo, a realização de jantar no Palácio do Jaburu, durante a campanha eleitoral, no qual Temer e o empresário conversaram sobre contribuições ao PMDB. Teriam sido R$ 10 milhões, dos quais R$ 4 milhões diretamente ao hoje ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Trump oficializa a sua política protecionista – Editorial | Valor Econômico

O mundo, de acordo com Donald Trump, é formado por países que gostam de trapacear os Estados Unidos, muitas vezes com o beneplácito de organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio. A resposta para essa conspiração que rouba empregos dos americanos e aniquila seu parque industrial é, para o presidente americano, confrontar decisões coletivas e seguir seu próprio entendimento, mesmo que isso signifique provocar a ruína de instituições que os EUA se empenharam a construir. Essa é a essência da agenda de política comercial que o governo Trump encaminhou anteontem ao Congresso. A China é o maior alvo, mas nenhum país pode se considerar a salvo da discricionariedade americana, se essa política for executada ao pé da letra.

Não falta clareza à orientação de Trump. O documento menciona como prioridades as de que o país deve colocar a soberania nacional à frente da política de comércio, aplicar estritamente as leis americanas sobre comércio, usar todas as formas possíveis para "encorajar" outros países a abrir seus mercados a exportações americanas, prover defesa de propriedade intelectual e, por último, negociar novos e melhores acordos comerciais.

A campanha da “santinha” - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

Dilma Rousseff teria recebido R$ 150 milhões da Odebrecht para suas campanhas eleitorais, dos quais R$ 50 milhões foram a contrapartida à MP do Refis

A expressão “santinha do pau oco”, ainda muito popular no Brasil, é utilizada para se referir às pessoas que se fazem de boazinhas, mas não são. É o caso da ex-presidente Dilma Rousseff, que teria recebido R$ 150 milhões da Odebrecht para sua campanha eleitoral, dos quais R$ 50 milhões foram a contrapartida da Medida Provisória nº 470/2009, conhecida como MP do Refis, editada pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse acerto teria sido feito com o ex-ministro Guido Mantega, segundo o empresário Marcelo Odebrecht.

Acordar, viver - Carlos Drummond de Andrade

Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?

Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?

Ninguém responde, a vida é pétrea.

Maria Rita - Águas de março (Tom Jobim)