sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Opinião do dia – Tavares Bastos

A miséria moral, como a pobreza material, não a compramos com a independência: herdamo-las. Colônia alguma recebeu de um povo europeu mais rico legado. Seja embora! As heranças veneram-se. Nós veneramos os nossos prejuízos. Nossa miséria histórica é a nossa riqueza.

O passado instalou-se no presente, acompanha-o, excede-o, esconde-o, cobre-o, ele, uma sombra!

O passado é a ideia inata dos governos e o critério da população. Aquele não ousa feri-lo de frente. Esta afere tudo pela medida das máximas consagradas.

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Aureliano Cândido Tavares Bastos (1839-1875) foi um político, escritor e jornalista brasileiro. É considerado um precursor do federalismo, por sua luta contra a centralização administrativa durante o Segundo Reinado. 'Prefácio das Cartas do Solitário', p. 21, edição eletrônica da UFRJ.

Lava-Jato: Eike abasteceu ‘mina de ouro’ de Cabral

Empresário está foragido e Interpol foi alertada

Ex-governador teria € 1,8 milhão só em diamantes

Esquema tinha conexão com Uruguai e Panamá

Um “oceano ainda não completamente mapeado” de dinheiro foi desviado pelo esquema de corrupção chefiado por Sérgio Cabral, segundo a LavaJato, que ontem tentou prender Eike Batista. O empresário é acusado de pagar propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador, numa operação que envolveu a venda fictícia de uma mina de ouro. Pelo menos US$ 100 milhões foram encontrados em contas no exterior ligadas a Cabral, dos quais US$ 80 milhões já foram repatriados. Eike viajara dois dias antes para os Estados Unidos, e a PF alertou a Interpol.

MINA DE OURO 
Cabral teria embolsado US$ 80 milhões

• Para procuradores, US$ 100 milhões descobertos até agora são apenas parte do dinheiro ocultado

Chico Otavio, Daniel Gullino e Juliana Castro | Globo

-RIO E BRASÍLIA- A força-tarefa da Lava-Jato no Rio afirma que o esquema de corrupção comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) é muito maior do que o já descoberto nas operações Calicute, deflagrada em novembro do ano passado, e Eficiência, realizada ontem, e que teve como um dos alvos o empresário Eike Batista, que teria pagado propina de US$ 16,5 milhões ao peemedebista — lavada na compra de uma mina de ouro. Por meio de provas trazidas por dois delatores, que já tiveram o acordo homologado pela Justiça Federal do Rio, os procuradores afirmam ter descoberto que Cabral, seu ex-secretário Wilson Carlos e Carlos Emanuel Miranda, apontado como um dos operadores do ex-governador, ocultaram em contas no exterior mais de US$ 100 milhões (mais de R$ 340 milhões). Desse total, cerca de US$ 80 milhões eram do exgovernador. Além disso, foi descoberto 1,8 milhão de euros em diamantes, que serão repatriados.

Eike tem prisão decretada e é procurado pela Interpol

• Polícia acusa empresário que já foi o 7º homem mais rico do mundo de dar US$ 16 mi de propina a Cabral

O empresário Eike Batista teve a prisão preventiva decretada na Operação Eficiência e é considerado foragido. Já tido como o sétimo homem mais rico do mundo, ele foi incluído na lista de procurados da Interpol. É suspeito de corrupção ativa por repassar propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB), por meio de simulação de contrato de consultoria para compra de uma mina de ouro na Colômbia pelo grupo do empresário em 2011. Os recursos ilícitos foram convertidos em ações da Vale, Petrobrás e Ambev. Com passaporte da União Europeia, Eike embarcou para os EUA na terça-feira. Investigadores suspeitam de vazamento da operação. A passagem para Nova York foi comprada no mesmo dia. A mulher, Flavia, e o filho caçula viajaram na quarta. O empresário não tem curso superior. Se preso, ocupará cela para preso comum.

Juiz manda prender Eike por propina para Cabral

• Operação. Empresário que foi dono da 7ª maior fortuna do mundo é suspeito de repassar R$16,5 mi para ex-governador fluminense e foi incluído na lista de procurados da Interpol

Clarissa Thomé Constança Rezende Mariana Durão Vinicius Neder |O Estado de S. Paulo

RIO - O empresário Eike Batista teve a prisão preventiva decretada na Operação Eficiência, quinta fase do desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro, desencadeada ontem. Ele havia deixado o País na terça-feira passada e é considerado foragido. Aquele que já figurou como o sétimo homem mais rico do mundo foi incluído na difusão vermelha da Interpol, índex de criminosos procurados.

Na amizade Benefícios fiscais

• Grupo de Eike recebeu incentivos de R$ 80 milhões do Estado do Rio

Cleide Carvalho e Pedro Zuazo | O Globo

O empresário Eike Batista multiplicou os benefícios fiscais concedidos pelo Estado do Rio às suas empresas durante o período em que o ex-governador Sérgio Cabral ocupou o Palácio Guanabara. O empresário foi contemplado com incentivos que totalizaram pelo menos R$ 79,2 milhões na primeira gestão do peemedebista.

Foram beneficiadas diversas empresas do grupo de Eike, entre elas a OGX, de exploração de petróleo, e a LLX, da área portuária. A Pink Flix Turismo, responsável pelo iate Pink Fleet, que fazia passeios turísticos pela Baía de Guanabara antes de ser vendido como sucata em 2013, obteve benefícios equivalentes a R$ 891 mil em tributos estaduais entre 2007 e 2010. Beneficiada pelo decreto 27.427, de 2000, a Pink Flix Turismo só precisava recolher de ICMS para o estado o equivalente a 2% de seu faturamento. Eike também foi poupado pelo fisco estadual no restaurante chinês Mr. Lam, na Lagoa. A empresa deixou de pagar R$ 2,6 milhões entre 2007 e 2010 de ICMS.

Doações rechearam caixa de 13 partidos

• Eike destinou, entre 2006 e 2012, R$ 12,6 milhões a políticos e diretórios regionais

Eduardo Bresciani | O Globo

-BRASÍLIA- As doações eleitorais de Eike Batista, que teve a prisão determinada pela Justiça ontem, mostram o trânsito do empresário por diversos partidos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eike destinou, entre 2006 e 2012, R$ 12,6 milhões a políticos e diretórios regionais de 13 partidos em oito estados. Em depoimento à Lava-Jato em maio, Eike admitiu pagamentos que custearam despesas de campanha do PT. No entanto, disse que todas as demais doações foram “oficiais.” Sua defesa destacou, na ocasião, o caráter “republicano” da contribuição.

As doações ocorreram nas eleições de 2006, 2008, 2010 e 2012. No primeiro ano, Eike doou R$ 1 milhão ao comitê do então presidente Lula e R$ 100 mil para Cristovam Buarque (então no PDT, hoje no PPS). Quatro anos depois, quando já era o homem mais rico do Brasil, ele fez transferências de R$ 1 milhão para os comitês de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e de R$ 500 mil ao de Marina Silva (então no PV, hoje na Rede).

Rio fecha acordo com a União e fará ajuste de R$ 62,4 bi até 2019

União só consegue fechar carta de intenções com Rio

• Ministro da Fazenda afirmou que mudanças na Constituição do Estado podem ser feitas; governo federal também proporá alteração na LRF para permitir recuperação fiscal a outros Estados em calamidade

Adriana Fernandes, Carla Araújo e Idiana Tomazelli | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou nesta quinta-feira, 26, que o termo de compromisso entre União e o Estado do Rio de Janeiro foi assinado durante reunião com o presidente Michel Temer. Segundo o ministro, o termo visa encaminhar medidas legislativas que permitam o ajuste fiscal e o reequilíbrio financeiro do estado.

O ajuste a ser implementado no Rio será de R$ 26 bilhões este ano; R$ 18,7 bilhões em 2018 e R$ 17,7 bilhões em 2019, o que dá um montante de R$ 62,4 bilhões. “Esse é o total da deficiência”, disse Meirelles, que reforçou que o programa de recuperação fiscal só será implementado após aprovação de medidas no Congresso e na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Medidas previstas incluem ‘pedalada legal’

- O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - No dia em que a Polícia Federal deflagrou mais uma operação sobre o esquema de corrupção no governo fluminense, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, se comprometeu com medidas de ajuste que custarão aos bolsos de servidores e de toda a população para cobrir o rombo nos cofres estaduais. As medidas envolvem um ajuste de R$ 26 bilhões só em 2017. Nos três anos de vigência do acordo, o ajuste será de R$ 64,2 bilhões.

O adiamento do pagamento de dívidas, uma espécie de “pedalada legal”, será uma das medidas adotadas pelo Rio para poupar recursos e buscar o reequilíbrio financeiro. Hoje, o governo estadual tem cerca de R$ 10 bilhões em dívidas de anos anteriores, os chamados restos a pagar, e a parte desse saldo que seria quitada em 2017 será postergada para anos seguintes.

Rio terá de cortar gastos deR$9bi

• Acordo precisa de aval do Legislativo

O governo do Rio e a União fecharam acordo que pode ajudar o estado a sair da grave crise fiscal. O pacto prevê, em troca da suspensão do pagamento da dívida com o governo federal por três anos, corte de gastos de R$ 9 bilhões este ano, entre outras medidas. O socorro depende do aval do Congresso e da Alerj.

Pacto de ajuda ao Rio é firmado

• Medidas, como o corte de R$ 9 bilhões em despesas, dependem ainda da Alerj e do Congresso

Martha Beck, Bárbara Nascimento | O Globo

-BRASÍLIA- Depois de meses de negociação, a União e o Estado do Rio fecharam ontem um acordo para socorrer as finanças fluminenses e cobrir um rombo de mais de R$ 26 bilhões em 2017. O plano — que depende do aval do Congresso Nacional e da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) — envolve medidas duras, como um corte de gastos de R$ 9 bilhões e aumento de ICMS, além da privatização da Cedae. As ações são contrapartidas para que o estado deixe de pagar suas dívidas com a União por até 36 meses. Para tentar acelerar o acordo, o governador Luiz Fernando Pezão vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) hoje ou no início da próxima semana. O governo quer que uma liminar autorize a entrada em vigor de algumas medidas antes de serem aprovadas pelo Legislativo.

Nome para o STF não deve ser avesso à política, dizem aliados a Temer

Daniela Lima | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O presidente Michel Temer foi aconselhado pela cúpula de seu partido, o PMDB, a "suportar a pressão pública" pela indicação de um nome eminentemente técnico para o STF (Supremo Tribunal Federal). Aliados disseram que Temer não pode errar, e que seu eleito deve conhecer o universo político, e não ter aversão a ele.

O recado foi passado durante um jantar, na terça-feira (24), na residência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Além de Temer, participaram do encontro alguns dos principais articuladores do PMDB no Congresso, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Do lado do governo estavam no jantar nomes como o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o secretário de parcerias com a iniciativa privada, Moreira Franco. Ambos são aliados de primeira hora do presidente.

Juízes sugerem nomes para vaga de Teori no STF

• Associação de magistrados federais fará votação para indicar lista tríplice

André de Souza - O Globo

-BRASÍLIA- A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) divulgou ontem sua lista de candidatos para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a morte do ministro Teori Zavascki. Há 30 nomes, entre eles os juízes federais Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato em Curitiba, e Marcelo Bretas, que cuida dos desdobramentos da operação no Rio de Janeiro. Os filiados da Ajufe vão poder votar em até três nomes. No final, os três mais votados serão encaminhados ao presidente Michel Temer, responsável por indicar o novo ministro. Temer não tem qualquer obrigação de acatar os nomes sugeridos.

A Ajufe tem 1.900 filiados, que poderão escolher os nomes de sua preferência. Além de Moro e Bretas, há quatro ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) na lista: Reynaldo Soares da Fonseca, Mauro Luiz Campbell Marques, Maria Isabel Gallotti e Nefi Cordeiro. A consulta será pela internet e irá até o dia 31 de janeiro. Os 30 nomes foram obtidos a partir de sugestões dos próprios filiados da Ajufe.

Pré-lista de sugestões da Ajufe para o Supremo tem 30 nomes incluindo Moro e Bretas

• Três mais votados formarão lista que será entregue como sugestão para Michel Temer

Marcelo de Moraes | O Estado de S. Paulo

A Associação dos Juízes do Brasil (Ajufe) acaba de fechar a pré-lista com 30 nomes que poderão ser indicados, a título de sugestão, pela entidade para ocupar a vaga de ministro no Supremo Tribunal Federal no lugar de Teori Zavascki.

A relação, que inclui os juízes Sérgio Moro e Marcelo Bretas, será agora submetida aos membros da Ajufe, que votarão para escolher três nomes. No início da próxima semana, a lista será definida com os três mais votados e a relação será apresentada pelo presidente da Ajufe, Roberto Veloso, ao presidente Michel Temer.

'Não falo nem sob tortura', diz Cármen Lúcia sobre delação da Odebrecht

• Presidente do Supremo desconversou sobre possibilidade de homologar ela mesma os acordos da empresa

Rafael Moraes Moura e Breno Pires | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA – Em meio à expectativa quanto à definição do novo relator dos processos da Operação Lava Jato, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, recusou-se a falar sobre as delações de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht. Indagada se ela mesma poderia homologar os acordos, a ministra desconversou: “Sobre esse assunto eu não falo. Nem sob tortura.”

Em uma rápida conversa com repórteres, a ministra disse que não falou nesta quinta-feira com colegas da Corte sobre quem vai assumir a relatoria, que segue indefinida depois da morte de Teori Zavascki, na semana passada.

Homologação de delações durante o recesso é discutida

Por Maíra Magro e Fabio Murakawa | Valor Econômico

BRASÍLIA - A saída discutida ontem nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF) para o imbróglio deixado com a morte trágica do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato, passa pela homologação das delações da Odebrecht pela ministra Cármen Lúcia, ainda durante o recesso.

Homologada, a delação ganha validade jurídica. O que levaria a uma segunda saída: a necessidade de redistribuição do caso entre os atuais dez ministros que compõe o plenário da Corte, e não apenas entre os integrantes da 2ª Turma, da qual fazia parte Teori.

Essa saída se justificaria, segundo seus proponentes, porque os depoimentos da Odebrecht incluem fatos envolvendo o presidente Michel Temer, que só pode ser julgado pelo plenário. Mesmo que Temer não possa ser investigado neste momento por fatos anteriores ao mandato, a simples menção ao seu nome puxaria a competência do caso para o plenário do STF, e não para as turmas.

A irreversível Lava Jato - *Fernando Gabeira

- O Estado de S. Paulo

• Creio que chegamos a um ponto em que não adianta matar ninguém para deter a operação

A morte de Teori Zavascki aconteceu de uma forma que aciona dúvida do tipo que existe desde o Descobrimento: intencional ou por acaso? Como isso se resolve ao cabo de uma rigorosa investigação, o foco, a meu ver, é o destino da Operação Lava Jato. Ela deve prosseguir com o mínimo de atraso possível.

A delação da Odebrecht abalou a vida política de muitos países latinos. Em alguns deles já houve não só prisões, como também a decisão de expulsar a empresa.

Sou moderadamente otimista quanto ao futuro da Lava Jato. Homologar a delação não é complicado: apenas confirmar se os delatores falaram sem pressão e avaliar a redução das penas. Felizmente, a decisão de prosseguir os trabalhos com a equipe de Teori e a possibilidade de Cármen Lúcia, ela mesma, homologar resolvem o problema imediato.

Sorteio decidirá - Merval Pereira

- O Globo

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, deve decidir até o dia 31, último dia do recesso, a relatoria da Lava-Jato em substituição ao ministro Teori Zavascki, e também a homologação das delações premiadas dos executivos da Odebrecht.

Se decidir assumir a homologação, provavelmente será apenas a de Marcelo Odebrecht. Hoje pela manhã ele será ouvido por um juiz que faz parte do grupo de assessoria de Zavascki, que Cármen Lúcia autorizou a continuar os trabalhos que haviam sido interrompidos pela morte do ministro.

Como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu urgência na homologação, preenchendo o requisito regimental para que exerça esse poder durante o recesso, a presidente do STF levaria em conta o fato de Marcelo estar preso.

Oceano de ‘eficiência’ - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

• Cabral e Eike criaram um 'oceano' de corrupção, o Tesouro e os cidadãos seguram a onda

Não se trata de ironia do destino, mas de uma coincidência dramática: enquanto a Polícia Federal procurava Eike Batista por mais um esquema criminoso do ex-governador Sérgio Cabral, o atual governador Luiz Fernando Pezão assinava em Brasília os termos do socorro federal para o falido Rio, onde funcionários estão sem salários e cidadãos e empresas serão chamados a contribuir com mais impostos. Cabral rouba, o Tesouro cobre e, no fim das contas, pessoas físicas e jurídicas pagam a conta.

A força-tarefa da operação “Eficiência” definiu o patrimônio ilícito de Cabral como um “oceano”, mas o Estado virou um mar de lama, os fluminenses vivem num mar de lágrimas e, se há alguma ironia nessa história, é que justamente o vice de Cabral, depois seu sucessor, é quem bate de porta em porta em Brasília para segurar a onda em que o Rio se afoga.

Homologar ou não homologar? - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, deve ela mesma homologar a delação premiada da Odebrecht?

Imagine, leitor, uma nação regida por um ditador caprichoso, que faz o que tem vontade sem nenhum tipo de limitação legal. Nesse país, poucos se disporiam a investir recursos e energias em algum tipo de empreitada, que poderia a qualquer momento ser desfeita pelo tirano, o qual, se estivesse de mau humor, ainda poderia mandar matar o responsável. Como resultado, não veríamos muita atividade econômica, científica ou efervescência cultural.

O político que multiplicava - José Casado

- O Globo

Estava feliz naquela noite de primavera, quinta-feira 7 de outubro de 2010. Há apenas quatro dias garantira a reeleição ao governo estadual no primeiro turno, com 66,08% votos. Agora seguia no voo 455 da Air France para descanso em Paris, com escala em Londres.

Escolheu um hotel no lado oeste da capital do Reino Unido, perto do Hyde Park, onde em 1855 Karl Marx subiu num caixote — para não pisar em solo inglês, conforme a tradição — , e discursou sobre a revolução proletária para uma plateia de ingleses reformistas.

Na suíte, telefonou ao Rio ordenando o envio de 20 mil libras esterlinas (cerca de R$ 80 mil hoje). O carioca Marcelo, um dos herdeiros da mesa de câmbio Hasson Chebar, passou numa agência do banco israelense Hapoalim, e levou o dinheiro ao governador reeleito. Na antessala, viu e cumprimentou a primeira-dama.

O amigo bilionário – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

- Nos últimos anos, poucos empresários brasileiros foram tão próximos do poder quanto Eike Batista. Sua ascensão meteórica foi impulsionada por uma intensa troca de favores com políticos. O dono do grupo X era o amigo bilionário, sempre disposto a bancar campanhas, emprestar jatinhos e abrir portas no mundo dos negócios.

O empresário procurava agradar a todos, sem distinção partidária. Em 2006, fez doações idênticas de R$ 1 milhão para Lula e Geraldo Alckmin. Em 2010, repetiu a dose com Dilma Rousseff e José Serra. Até Marina Silva, que não tinha chances de vitória, recebeu sua cota de R$ 500 mil.

As delações seletivas - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Bretas é uma espécie de Sérgio Moro carioca e vem atuando com mão tão ou mais pesada do que a do juiz federal de Curitiba

A decretação da prisão preventiva de Eike Batista e de mais oito pessoas, algumas das quais já estavam presas — como o ex-governador Sérgio Cabral —, serve de advertência para os envolvidos na Operação Lava-Jato que eventualmente possam ter feito “delações seletivas”, em particular os donos da Odebrecht, Emílio e Marcelo, cujas delações estão sendo examinadas pelo Supremo Tribunal Federal. No acordo feito anteriormente, Eike omitiu que pagou US$ 16,5 milhões (cerca de R$ 52 milhões) em propina a Cabral, por meio de um falso contrato, segundo dois operadores que fecharam acordo de delação premiada.

Rio, no fundo - Míriam Leitão

- O Globo

Os dois poderiam ter sido a renovação do Rio. Sérgio Cabral chegou ao governo do estado aos 43 anos, com uma carreira política que começou aos 27 e um discurso de moralidade na política. Eike Batista foi considerado pela “Forbes” o homem mais rico do Brasil e o sétimo do mundo. Agora, Cabral está preso, Eike está foragido, e o Rio, quebrado, assinou ontem um termo de compromisso para seu resgate.

Sérgio Cabral iniciou sua administração no Rio, em 2007, com uma nova política de segurança que ocupou favelas, enfrentou o tráfico, e derrubou muros na cidade. Na educação, conseguiu um salto impressionante. O Rio saiu do 26º para o 4º lugar do Ideb. Poderia ter sido o que fingiu ser: um político jovem, com novos valores, capacidade administrativa. Ontem se soube que quando ele chegou ao governo do estado já tinha escondido, quatro anos antes, sua conta no exterior, entregando-a a um operador. Sua carreira na ilegalidade é anterior à sua chegada ao Palácio Guanabara.

Robotização e desemprego - *Almir Pazzianotto Pinto

- O Estado de S. Paulo

• Com a informatização, a globalização e o novelo trabalhista descobrimos a fórmula do fracasso

A recessão em que mergulhou a economia parece haver despertado a atenção para o problema do emprego. Emprego, aliás, não é problema, mas desemprego o é, e de gravíssima gravidade, como diria Ruy Barbosa.

Exceção feita a um ou outro momento de crise, durante décadas o Brasil conheceu a euforia do crescimento, com elevada capacidade de geração de vagas de trabalho. Nesse sentido, observou Mário Henrique Simonsen: “A feição mais surpreendente da inflação brasileira, no período pós-guerra, consiste na sua capacidade de ter coexistido, pelo menos até 1961, com uma elevada taxa de crescimento econômico. Com efeito, entre 1947 e 1961, não obstante a alta crônica dos preços, o produto real do País cresceu a uma taxa média de 5,8% ao ano – taxa das mais elevadas no cenário mundial do após-guerra. O produto real per capita expandiu-se, em média, de 3,0% ao ano – o que indiscutivelmente representa um ritmo de desenvolvimento econômico bastante satisfatório” (A Experiência Inflacionária no Brasil, Ed. Iepes).

Juros sufocam famílias - Vinicius Torres Freire

-Folha de S. Paulo

A dívida das famílias cai sem parar desde setembro de 2015. O gasto mensal com o pagamento das dívidas sobe, no entanto. Como a ressaca nacional com dívidas e crédito é tida como um dos motivos importantes e especiais desta crise, é fácil perceber que a coisa anda mal parada.

Os dados são do Banco Central, de novembro, os mais recentes. Nesta quinta-feira, saíram também os números a respeito de crédito bancário de dezembro: ainda afunda como um barco de ferro velho (mais sobre isso adiante).

Se o crédito encolhe, se a taxa de endividamento das famílias diminui e o peso das prestações continua a subir, o suspeito óbvio do problema são as taxas de juros indecentes, bidu.

Os limites fiscais da política monetária - Affonso Celso Pastore*

- O Estado de S. Paulo

• Temos de ter consciência de que o crescimento dos gastos acima do crescimento dos recursos é prejudicial ao crescimento econômico

O regime de metas de inflação livrou o Brasil do pesadelo inflacionário vivido durante décadas. Desde 1999, vêm se acumulando evidências de que nas condições prevalecentes no Brasil a política monetária tem eficácia, e que com a elevação da taxa de juros uma trajetória crescente da inflação pode ser tanto interrompida quanto invertida.

Em artigo recente publicado no Valor Econômico André Lara Resende (1) levanta a conjectura de que a inflação elevada no Brasil se deve aos juros altos. Na defesa de seu argumento ele nos ofereceu o suporte do modelo desenvolvido por Cochrane (2), que começa assumindo uma economia com a taxa de juros próxima de zero. Em tal circunstância, mesmo diante da inflação quase nula, o banco central eleva a taxa nominal de juros, e como valem as expectativas racionais, todos os indivíduos passam a esperar uma inflação maior. Mas esperam, também, que a taxa real de juros não se mova, que é algo de aceitação muito difícil a priori. A única reação, segundo Cochrane , é o aumento da inflação. Talvez as previsões desse modelo possam ser válidas sob um particular conjunto de condições, para algum país em particular. Mas será que seriam válidas para o Brasil?

Possível forte queda da Selic anima o governo - Claudia Safatle

- Valor Econômico

• Se inflação cair abaixo de 4,5%, juro pode descer para 9%

As mais recentes informações sobre a economia trouxeram otimismo ao governo de Michel Temer. Forma-se, tanto na área econômica quanto no Palácio do Planalto, a convicção de que existe, de fato, a possibilidade de a inflação este ano ficar abaixo da meta de 4,5%. E a taxa de juros básica da economia, a Selic, poderá cair para um dígito também em 2017. Talvez no início do quarto trimestre a Selic já esteja em 9,25% ao ano, arriscou um ministro.

Por apenas três vezes desde que a meta de inflação foi fixada em 4,5%, em 2005, a variação do IPCA ficou abaixo desse objetivo. Isso ocorreu 2006 (inflação de 3,14%), 2007 (4,46%) e em 2009 (de 4,31%).

As expectativas, segundo a pesquisa Focus, do Banco Central, ainda mostram uma projeção mediana de 4,71% de inflação para 2017. Mas a mediana do Top 5 (coleção dos analistas e consultores que mais acertam a pesquisa), já indica que o IPCA deste ano poderá ficar em 4,45%.

PT explora a crise penitenciária – Editorial | O Estado de S. Paulo

Em mais de 13 anos no poder, o PT relegou a questão penitenciária a segundo plano, como demonstra o fato de que, nesse período, apenas R$ 687 milhões, 14% da dotação de cerca de R$ 5 bilhões destinados ao Fundo Penitenciário (Funpen), foram efetivamente aplicados. Para os lulopetistas, a questão dos presídios sempre foi um grande incômodo, porque não viam apelo eleitoral na questão.

Revela, portanto, enorme hipocrisia a atitude do grupo de sete petistas integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) do Ministério da Justiça – todos nomeados por Dilma Rousseff – que se demitiram coletivamente com a alegação de que o atual governo tem atentado contra a “independência” do órgão e também por discordarem do Plano Nacional de Segurança lançado no início do mês, em caráter de emergência, para enfrentar a crise deflagrada com a sucessão de rebeliões em presídios que atingiram até agora oito Estados. De resto, a iniciativa dos petistas demonstra sem disfarces o aparelhamento a que o Estado brasileiro foi submetido por Lula e companhia para sustentar as políticas partidárias do PT e aliados. Os conselheiros demissionários tinham com certeza, no governo anterior, total “independência” para manter em prudente segundo plano a já então grave questão penitenciária no País.

Resgate do RJ não pode fragilizar a responsabilidade fiscal – Editorial | O Globo

• Acordo entre governo fluminense e a União prevê o relaxamento da Lei de Responsabilidade, que, ao não ser cumprida, levou o Rio à bancarrota

A situação fiscal do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas, os três casos mais graves na Federação, impede que eles se recuperem sem uma ajuda especial da União. O conjunto de estados e municípios já recebeu grande alento com a troca retroativa do indexador de suas dívidas — IPCA mais 4% ou Selic, o que for menor, em vez de IGPI-DI mais 6 a9% —, feita antes desta nova rodada de renegociação, com Temer.

Mas a devastação fiscal nesses três estados ultrapassou o alcance de qualquer política de ajuda padrão. E o tratamento dado ao Rio de Janeiro — o estado em pior situação, devido aos erros crassos cometidos por governantes e ao seu próprio tamanho, bem como às características da economia fluminense — servirá de base para o resgate dos demais.

Foco correto – Editorial | Folha de S. Paulo

A crise financeira dos Estados é, em certo sentido, pior que a enfrentada pelo governo federal. Já que não podem emitir dívida, como a União, são obrigados a fechar o caixa com cortes abruptos de serviços públicos, inadimplência no pagamento de fornecedores e atraso nos salários do funcionalismo.

Pode-se medir o tamanho do aperto pelo fato de que começam a surgir propostas de soluções estruturais, em geral estranhas à paisagem política brasileira.

Até recentemente, inúmeros governadores, parlamentares e membros do Judiciário acreditavam —ou assim fingiam— que o problema principal residia na dívida elevada com o governo federal. O pagamento de juros, segundo essa análise, asfixiava os Estados.

Em diplomacia via twitter, Trump atormenta o México – Editorial | Valor Econômico

Boas maneiras e educação não foram atributos visíveis quando o Donald Trump disputava a campanha eleitoral. Na Presidência dos Estados Unidos, esperava-se, porém, que ele mantivesse pelo menos resquícios da liturgia do cargo, mas não. Trump elegeu a grosseria como método e instrumento da diplomacia.

A ideia de construir um muro na fronteira com o México e querer que o governo mexicano pague por ele é um bullying ultrajante - a maneira pela qual Trump abriu caminho rumo à Casa Branca. Anteontem, já presidente, autorizou a construção da barreira de 3.200 km e ontem, por twitter, disse ao mundo que se Enrique Peña Nieto, o presidente mexicano, não aceitasse pagar pelo muro não haveria por que manter a reunião entre os dois mandatários, marcada para a próxima semana, para iniciar a discussão da revisão do Nafta, o acordo comercial que reúne os dois países mais o Canadá, bloco que soma 30% do comércio mundial dos EUA.

A bela cidade de S. Paulo - Graziela Melo

Estrelas
eternas
e brilhantes

Não
conseguem
ofuscar

A paisagem
deslumbrante
ainda mais
ofuscante
da cidade
de São Paulo

Selva
de prédios
tijolos,
edifícios

de homens
e seus
sacrifícios
caminhando
para lá
e para cá,

sem nunca
deixar
de sonhar!!!

Desejos
deambulantes
Sonhos
mirabolantes,

de um dia
chegar lá!!!

São Paulo
brejeira,
pernambucana
carioca,
multinacional!!!

Te amo,
São Paulo
linda!

Italiana,
brasileira,
universal!!!

Márcia - Ronda - Paulo Vanzolini