terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Opinião do dia: *Fernando Henrique Cardoso

Ou nos convencemos de que por trás do desemprego, do ódio político e da violência criminosa está um grau inaceitável de desigualdade, agravado pela crise que nos levou à falta de horizonte, e lutamos contra esta situação, ou pouco caminharemos no futuro. Sem confiança no País, a começar em nós próprios, não há investimento nem crescimento que se sustentem. Essa é, portanto, uma questão coletiva, afeta ao País como um todo, e precisa ser tratada como um desafio para o Estado e para a Nação.

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* Sociólogo, foi presidente da República, ‘Coragem e decência’, O Estado de S. Paulo, 3/12/2017

Um comentário:

Unknown disse...

AS DERRAPADAS DE LULA
Celso Raeder – Ex jornalista do Jornal do Brasil

O céu começava a pontuar suas primeiras estrelas naquela noite de 28 de setembro de 2016, em Campinas, a maior cidade do interior paulista. Ali, como de resto em todo o Brasil, o assunto era a Operação Lava Jato, e de como o juiz Sérgio Moro e seus procuradores estavam passando o país a limpo. HAVIA NO AR AQUELE CLIMA DE UNANIMIDADE BURRA, profetizado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, e foi nesse cenário hostil que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva subiu ao palanque para fazer o discurso que testemunhei.
Não havia povo para dar atenção às suas palavras. Apenas uns poucos militantes, devidamente uniformizados e suas bandeiras. Fiquei um pouco distante, avaliando as reações das pessoas que atravessavam a Avenida Treze de Maio, e pelos adjetivos impublicáveis que ouvi me convenci de que a carreira política do ex-presidente estava definitivamente enterrada.
Mas em política não existe a palavra definitivo. O TEMPO FOI PASSANDO, E SÉRGIO MORO E SEUS MENINOS NÃO CONSEGUIRAM PROVAR ABSOLUTAMENTE NENHUMA DE SUAS ACUSAÇÕES CONTRA LULA. Mesmo lastreado pela mídia servil, habituada a fazer a sociedade de idiota, nem a família Marinho, nem os Civitas, e tampouco os Frias e Mesquitas, contavam com o poder avassalador das mídias sociais como instrumento de resistência e luta democrática.
A Internet fez as perguntas que nenhum jornalista da grande imprensa estava autorizado pelos seus patrões a fazer:
Por que a mulher e a filha do Eduardo Cunha FORAM INOCENTADAS?
Por que NENHUM POLÍTICO DO PSDB ESTÁ NA CADEIA?
Por que a CONVERSA DO JOESLEY COM TEMER não resultou na cassação do déspota?
Por que NINGUÉM ESCUTA O QUE DISSE O ADVOGADO TACLA DURAN?
Por que o GOVERNO COMPRA VOTOS DE DEPUTADOS PARA ESCAPAR DE PROCESSO E O MPF SE CALA?
Por que uma mala cheia de dinheiro roubado NÃO É CRIME, NA OPINIÃO DO NOVO CHEFÃO DA POLÍCIA FEDERAL?
Por que Gilmar Mendes, Temer e Rodrigo Maia se acham no DIREITO DE DECIDIR ENTRE ELES UM MODELO SEMIPRESIDENCIALISTA PARA ENFIAR NA GOELA DO POVO?
Por que o STF USA O DIREITO COMO SE FOSSE UM CARDÁPIO "À LA CARTE" PARA ATENDER AO PALADAR DO AÉCIO NEVES?
Some-se a estas interrogações a política catastrófica de desmonte dos direitos sociais da população brasileira, o DESEMPREGO DE QUASE 20 MILHÕES DE TRABALHADORES, A VOLTA AO MAPA DA FOME DA ONU, um governo recheado de corruptos que tira FOTO AO LADO DO JUIZ SÉRGIO MORO COM OS DENTES ARREGANHADOS, e temos aí a usinagem que deu forma ao ex-presidente Lula, que volta ainda mais forte do que antes.
Lula, no entanto, precisa entender que sua versão 2.0 é fruto dessa conjugação de fatores, enriquecida pela memória do bom governo que fez. E comete grave erro ao achar que a sociedade também concederá o benefício da dúvida àqueles que, comprovadamente, se organizaram em quadrilhas para saquear os cofres públicos, como é o caso do ex-governador Sérgio Cabral. Como estrategista experimentado na lide política, Lula sabe que o sistema eleitoral brasileiro exige composições que embrulham o estômago. Mas não pode deixar de considerar a questão de maior relevância para as eleições de 2018, que é a repulsa da sociedade por tudo isso que aí está. A palavra de ordem é: RENOVAÇÃO! Tá na boca do povo. A ESTRELA DE LULA VOLTOU A BRILHAR. Mas, cada vez que derrapa numa fotografia com Renan Calheiros, aparece uma nuvem para escondê-la.