quinta-feira, 10 de agosto de 2017

País cria 36 mil empregos com carteira, mas Rio perde vagas

Estado foi o que mais demitiu, fechando 9.320 postos formais em julho

Geralda Doca | O Globo

BRASÍLIA - Pelo 4º mês houve criação de empregos no Brasil: 35,9 mil vagas. No Estado do Rio, foram fechados 9.320 postos. -BRASÍLIA- Pelo quarto mês seguido, o país conseguiu gerar empregos com carteira assinada. Em julho, o saldo líquido (admissões menos demissões), de 35,9 mil postos, foi o melhor resultado dos últimos três anos. O cenário positivo, no entanto, passou longe do Rio de Janeiro. O estado continuou com saldo negativo e foi o que mais demitiu no mês. Foram fechadas 9.320 vagas.

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o mercado de trabalho apresentou mudanças no perfil de geração de postos. Ao contrário dos últimos meses, a indústria de transformação ultrapassou o agronegócio e gerou 12.594 vagas, sobretudo nos segmentos de produção de alimentos e de material de transporte. Outra novidade foi a construção civil, que, depois de 33 meses seguidos de demissões, registrou resultado positivo de 724 contratações em julho.

Segundo o Caged, entre janeiro e julho, foram criadas 103,2 mil vagas com carteira assinada, considerando dados ajustados (fora do prazo). No mesmo período do ano passado, o país perdia 623,5 mil empregos formais.

No Rio, que vive uma crise sem precedentes, as oportunidades de emprego com carteira assinada só encolhem. Foi quem mais demitiu, com saldo negativo sobretudo na construção civil, que fechou 4.660 postos, e no setor de serviços, outros 4.068, especialmente nos segmentos de hotéis e restaurantes e de ensino.

Os dados do Caged mostram que o Rio vem registrando sucessivos saldos mensais negativos de emprego. Entre janeiro e julho, já perdeu 74.902 postos de trabalho com carteira assinada. Atrás do Rio, aparecem Alagoas, onde foram fechados 33.074 postos, e Pernambuco, outros 30.639 no acumulado deste ano.

Mesmo assim, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, comemorou os dados do emprego formal de julho. Ele destacou que a recuperação ocorre em praticamente todos os setores da economia e não mais só no agronegócio.

— São empregos que não decorrem de uma sazonalidade e está claro que têm muito a ver com o poder de compra do consumidor — disse o ministro, acrescentando que os números de agosto virão ainda melhores que os apresentados em julho. — O Brasil não terá mais números negativos este ano.

POSSÍVEL EFEITO DA REFORMA
O ministro afirmou que a reforma trabalhista, que entra em vigor em novembro, será fundamental nesse processo. Segundo ele, a nova legislação terá potencial para criar dois milhões de empregos em dois anos.

Ele também confirmou que o governo estuda permitir que as convenções coletivas definam uma contribuição sindical, como alternativa ao imposto obrigatório — que acabou com a reforma trabalhista. Nogueira deixou claro, no entanto, que os trabalhadores terão direito a se opor ao pagamento da nova contribuição:

— Está sendo estudada a possibilidade de permitir que a convenção coletiva defina uma contribuição para suprir as despesas do sindicato, com direito à oposição.

Ao ser indagado se o valor da nova contribuição vai ultrapassar o imposto sindical obrigatório, que correspondia a um dia de trabalho, respondeu:

— A contribuição não vai superar um dia de trabalho.

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