sábado, 19 de agosto de 2017

‘Não ia deixar o partido ficar moribundo, morrendo’, diz Tasso

Marcelo de Moraes | O Estado de S. Paulo

No centro da polêmica do programa exibido pelo PSDB na quinta-feira, o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), afirmou que “não ia deixar o partido ficar moribundo na cama, deitado e morrendo sem chegar a nada”. Em entrevista à Coluna, Tasso disse que “a polêmica é boa” e que o cargo de presidente está à disposição do senador Aécio Neves (presidente afastado) na hora em que ele quiser.

A seguir, a entrevista:

O programa do PSDB causou imensa repercussão e provocou muitas reclamações de tucanos. Qual a sua avaliação sobre o impacto provocado?

Tasso: O programa não disse nada que o País todo não esteja sabendo e vendo todos os dias. O sistema está podre e falido. O que estamos fazendo é propor uma solução para o sistema. Engraçado é que estou vendo pouca gente discutindo sobre isso. E acho engraçada a reação das pessoas. Aí, aparecem uns que sentem ofendidos. Não era a intenção. Quem devia se sentir ofendido é o sistema.

Os tucanos mais governistas, incluindo os ministros, criticaram bastante o programa…

Tasso: Acho que o grupo governista que criticou o programa também não o entendeu. Porque não há ataques a eles ou ao presidente Michel Temer. Aliás, não cita o nome Temer nenhuma vez. O que cita é que Temer está tendo dificuldades para governar como todos os presidentes tiveram. Mas parece que eles se sentiram atingidos e ofendidos. Não entendo. Acho que a polêmica é boa. Mas a intenção não é ofender ninguém. Está se repetindo isso. Toda a vez que se fala ou se tenta discutir alguma coisa os mesmos se sentem ofendidos. Se você reparar, são sempre os mesmos. O que está aumentando é a intensidade da queixa deles. Cada vez com mais raiva. Isso é o que me preocupa um pouco.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso viu o programa antes?

Tasso: Fernando Henrique viu o programa antes sim.

Existe um movimento defendendo que o senhor se afaste da direção do PSDB…

Tasso: É natural que alguns defendam que me afaste do comando do partido. Mas eu acho que o partido não podia ficar como estava, morrendo. Agora tem uma polêmica, correntes diferentes assumindo posições diferentes. E eu sei que sou interino. Enquanto eu estiver presidente, darei a orientação que acho que é a boa para o partido. A única coisa que eu tenho certeza é que estou fazendo com toda a convicção o melhor para o partido. E não estou querendo atingir ninguém especificamente. A polêmica é boa. É melhor do que o partido ficar moribundo na cama deitado e morrendo sem chegar a nada. E ficando igual aos outros.

O senhor acha que o programa foi correto?

Tasso: Só o resultado entre eleitores do PSDB, pelo que estou vendo nas redes sociais, é fantástico. É fantástica a resposta. Só de ter causada a polêmica…os eleitores estão interessados novamente em discutir. Quando é que você um programa eleitoral causar tanta repercussão? Agora, tem esses mesmos que toda a vida se sentem ofendidos. O que eu posso fazer?

O senhor acha que vai haver pressão para sair da Presidência?

Tasso: Não precisa me pressionar nada para deixar o cargo. É só o Aécio dizer que quer reassumir que pronto! O cargo é dele. Eu entendo, não fico com raiva, não fico nem chateado. Não tem problema nenhum. O Aécio não é o meu problema. Meu problema é o partido. Enquanto eu tiver que cumprir o papel de encontrar o melhor para o partido, farei o melhor que puder, com toda a certeza e convicção, sem nenhum segundo de arrependimento. Se eu tiver de sair, tudo bem. O presidente é o outro. Eu fico na minha. Vou para a minha CAE, cuidar da minha Comissão de Assuntos Econômicos, que já tem bastante coisas e bastante problemas.

O posto na CAE é estratégico para os interesses do governo…

Tasso: Vou atender com a maior responsabilidade e colocar para votar todos os projetos, inclusive esse da criação da TLP. Independentemente dessa insatisfação do governo e dos ministros. Sempre fui a favor das reformas e vou votá-las independentemente de insatisfação do governo. As propostas fazem parte do programa partidário e da minha convicção pessoal.

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