terça-feira, 27 de junho de 2017

Maia reclama de pressão contra Temer

Por Cristiane Agostine e Luciano Máximo | Valor Econômico

SÃO PAULO - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu ontem a permanência de Michel Temer na Presidência e disse que não se tira "do dia para a noite" um presidente do cargo. Maia reclamou da pressão para que Temer deixe o comando do país e criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por defender a redução do mandato do pemedebista.

Maia é o responsável por dar andamento aos pedidos de impeachment contra Temer, protocolados na Câmara. Também influenciará na tramitação dos pedidos de autorização para que STF analise a denúncia apresentada ontem contra o presidente pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot.

Com um discurso favorável a Temer, o presidente da Câmara afirmou que não se pode "pré-condenar o presidente". "As pessoas estão muito precipitadas, querem da noite para o dia tirar um presidente da República. Não é assim. Vamos com paciência", afirmou a jornalistas, depois de participar de um debate sobre reforma política na Fiesp, na capital paulista. "Vamos com calma. Tem que ter paciência e bom senso, que vão gerar as condições para tirar o Brasil da crise", repetiu.

Maia partiu para o ataque contra o ex-presidente Fernando Henrique que defendeu, em artigo publicado ontem, a renúncia de Temer. "É a segunda vez que ele entra nesse tema. Parece que está querendo participar desse processo, não sei, como se estivesse voltando ao passado, como se fosse um jovem estudante querendo marcar uma posição".

O presidente da Câmara afirmou que "infelizmente" o ex-presidente "não colabora com sua experiência" e criticou o tucano por "colocar lenha na fogueira" e "mais pressão sobre a crise que Brasil vive". "O nosso papel como políticos em posição de destaque, que já exerceram a função mais importante que é a Presidência, não é, do meu ponto de vista, colocar lenha na fogueira neste momento", disse. "O que a gente não pode é em um momento de crise que o Brasil vive, um político com a importância que o presidente Fernando Henrique tem na nossa recente democracia, nos últimos anos, ficar gerando menos estabilidade. Precisamos de estabilidade, paciência", declarou o parlamentar.

Maia afirmou que "ninguém sabe ainda o que vem" da Procuradoria-Geral da República, que apresentou ontem mesmo a denúncia contra Temer. "Cada deputado vai votar com a sua consciência. Tem que esperar para ver. Não pode falar o que vai acontecer se não sabe o que vem. Está muito precipitado". O presidente da Câmara esquivou-se também de falar sobre os pedidos de impeachment contra o presidente que estão na Casa. "Vamos esperar a denúncia. Ela se sobrepõe aos pedidos de impeachment, vem com uma força política distinta do impedimento. Vem com uma força da PGR. Os instrumentos são o mesmo, o quórum é o mesmo, o número de sessões é a mesma. A única diferença é que não é comissão especial, mas a CCJ", disse. "Se vem a denúncia, por que vou ficar decidindo sobre impeachment? Para ter dois, três ambientes, para gerar ambiente de instabilidade brutal? Não é esse o caminho".

Ao falar sobre a possibilidade de o país realizar eleições diretas neste ano, como defenderam FHC, partidos de esquerda e os movimentos sociais, Maia criticou a dubiedade do PSDB em relação ao tema. "No início da crise, parte do PSDB defendia eleição indireta, agora aparece apoiando diretas, acho que esse zigue-zague não colabora com o momento que o Brasil vive".

Durante a palestra sobre reforma política, o presidente da Câmara prometeu que a Casa aprovará até setembro matérias que tratam do fim das coligações partidárias e do desempenho crescente (cláusula de barreira) dentro do contexto da reforma política. "Vamos aprovar a PEC que veio do Senado. Nós vamos aprovar uma cláusula de desempenho crescente [já para 2018], isso já está ajustado, e o fim das coligações a partir de 2020, porque para 2018 não é uma votação simples. A gente vai avançar nisso", disse. O deputado afirmou que a reforma política segue como prioritária, mas que outras reformas estruturais são essenciais.

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