terça-feira, 27 de junho de 2017

Maia diz que FHC não deveria 'colocar lenha na fogueira'

Presidente da Câmara afirma que tucano se comporta como 'jovem estudante' ao propor antecipação de eleições

Daniel Weterman, André Ítalo Rocha e Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta segunda-feira, 26, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e falou que o tucano parece um "jovem estudante" querendo voltar no tempo ao propor a antecipação das eleições. Maia atacou ainda os setores do PSDB que estão apoiando a sugestão de FHC e disse que esse "ziguezague" não contribui com o País. O democrata acrescentou que FHC coloca "lenha na fogueira" da atual crise política.

Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, FHC fez um "apelo" ao presidente Michel Temer (PMDB) para "que medite sobre a oportunidade de um gesto dessa grandeza" ao encabeçar uma proposta de antecipar as eleições presidenciais.

Após um debate sobre reforma política na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Maia afirmou que o ex-presidente não colabora com a experiência que tem ao fazer a proposta de antecipar eleições. "Parece que ele está querendo participar desse processo, não sei, como se estivesse voltando ao passado, como se fosse um jovem estudante querendo marcar uma posição", criticou Maia.

O presidente da Câmara afirmou que é preciso "paciência" e aguardar o conteúdo da eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer para emitir uma posição. "O que a gente não pode é, em um momento de crise que o Brasil vive, um político com a importância do ex-presidente Fernando Henrique tem na nossa recente democracia ficar gerando menos estabilidade", disse Maia, destacando que tinha respeito pelo tucano.

Maia disse que políticos como FHC precisam ter um discurso mais conservador na atual crise política, e não "colocar lenha na fogueira". Apontando setores do PSDB que estão apoiando a defesa de FHC, Maia criticou o que chamou de "ziguezague" do partido. "No início da crise, setores do PSDB defendiam eleição indireta. Aí aparece diretas já. Eu acho que esse ziguezague não colabora com o momento que o Brasil vive."

Perguntado se a permanência de Temer era imprescindível para aprovar as reformas no Congresso, Maia não quis opinar. "Essa não é uma decisão minha. A PGR (Procuradoria-Geral da República) vai apresentar a denúncia e cada deputado vai avaliar se tem consistência", afirmou. "A gente não pode nem pré-condenar o presidente nem pré-absolver."

Impeachment. O presidente da Câmara indicou que não deve dar andamento para nenhum pedido de impeachment contra o presidente se a denúncia da PGR for realmente apresentada. Segundo Maia, o conteúdo dos pedidos e o quórum necessário para autorizar o processo estarão contemplados na denúncia da PGR. "Então para que a gente vai jogar mais lenha na fogueira? Se vem a denúncia, para que eu vou agora ficar decidindo sobre o impeachment?", questionou Maia, dizendo que dar prosseguimento a algum pedido de impeachment iria gerar mais instabilidade no País. "Não é esse o caminho", declarou.

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