sexta-feira, 26 de maio de 2017

Temer luta por apoio no TSE, mas salvação é improvável

Por Andréa Jubé, Daniel Rittner, Maíra Magro e Raymundo Costa | Valor Econômico

BRASÍLIA - A 12 dias da votação do pedido de impugnação da chapa Dilma-Temer, o presidente Michel Temer articula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a suspensão do julgamento. O plano, segundo apurou o Valor, é que um dos sete ministros do tribunal faça um pedido de vista, o que adiaria por tempo indeterminado a apreciação do caso.

A estratégia é arriscada e pode até agravar a situação do governo. Será vista, entre os partidos da base aliada, como uma manobra meramente protelatória. Mesmo reconhecendo que o ambiente político hoje não é favorável a Temer, o núcleo político do Palácio do Planalto tem expectativa real de que um ministro peça prazo adicional para analisar o caso.

Para que isso ocorra, o governo espera que não surja nenhum fato novo, no âmbito da Operação Lava-Jato, com potencial de ampliar a crise política. Nesse período, tentará acelerar as votações no Congresso para mostrar que não está paralisado. O Planalto acha que a economia segura Temer no cargo.

"Ainda temos maioria na Corte [TSE]", disse um ministro ao Valor. No início da semana passada, antes da divulgação da delação do empresário Joesley Batista, o cenário do julgamento era claramente favorável. Desde a revelação das conversas entre Temer e Joesley, a história mudou.

Um ministro do TSE diz considerar "muito difícil" um pedido de vista, já que os atuais integrantes da Corte tiveram tempo suficiente para analisar o relatório do ministro Herman Benjamin. Visto nos bastidores como pró-Temer, esse ministro lembrou que, se o tribunal seguir sua vasta jurisprudência, a tendência é de cassação da chapa inteira, mas há a ressalva de que sempre é possível debater um caso particular.

A situação de Temer é delicada inclusive entre seus correligionários. Uma prova de que os aliados do presidente não acreditam na salvação de seu mandato são as articulações já em curso para a sua substituição via eleição indireta. Há consenso de que Temer perdeu as condições de governabilidade. O PSDB, por exemplo, acha que perdeu até o timing para desembarcar.

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