quinta-feira, 6 de abril de 2017

Opinião do dia – Marco Aurélio Nogueira

Política como luta de hegemonias, em suma. Para o que seriam necessárias formas específicas de organização que, tal como um “príncipe moderno”, ajudassem a agregar intelectuais dispostos a “traduzir” as linguagens teóricas e alimentar uma nova subjetividade política. Em vez, portanto, de concentração voluntarista na “ação”, um esforço para fazer valer a unidade entre teoria e prática, elaborando categorias analíticas que contenham em si desdobramentos de caráter estratégico. No léxico de Gramsci, isso significaria dar vida à “filosofia da práxis”.

No momento atual, em que os espasmos da modernidade capitalista disseminam incerteza e medo pelo mundo, pondo em xeque sistemas políticos e problematizando a democracia, o livro de Vacca funciona como um balão de oxigênio. Mostra, com habilidade e rigor, como a proposta teórica gramsciana, nascida em meio às lutas das primeiras décadas do século XX, estruturou-se de forma tão original que chega ao século XXI como recurso indispensável para a compreensão da modernidade capitalista que temos diante dos olhos.

*Marco Aurélio Nogueira é professor de teoria política da Unesp, do texto de orelha do livro Modernidades alternativas – O século XX de Antonio Gramsci, Contraponto, 2016.

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