terça-feira, 25 de abril de 2017

Interrogatório de Lula no Paraná deve ser adiado

PF e Secretaria de Segurança do estado alegam risco de segurança ‘pública e pessoal’

Gustavo Schimitt, André de Souza e Cristiane Jungblut | O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- A Polícia Federal pediu ontem adiamento do depoimento do expresidente Lula, previsto para o próximo dia 3, em Curitiba. Em requerimento enviado ao juiz Sergio Moro, a PF disse que seria necessário mais tempo para organizar a segurança e que o feriado de 1º de maio dificultaria ainda mais a operação, já que são esperadas caravanas de militantes do PT e de apoiadores.

Wagner Mesquita de Oliveira, secretário de Segurança do Paraná, também encaminhou ofício reiterando a necessidade de mudança da data. Oliveira ressalta que a movimentação de apoiadores do petista pode gerar problemas de “segurança pública, institucional e pessoal”.

A ação penal em que o ex-presidente será ouvido diz respeito ao apartamento tríplex do Guarujá, no litoral paulista, cuja propriedade a Lava-Jato atribui ao ex-presidente em troca de vantagens indevidas da OAS. Lula nega as acusações. Moro não havia respondido ao pedido até o fechamento desta edição.

Em encontro do PT, em Brasília, Lula disse não ser “problema seu" a data do depoimento. O ex-presidente disse não ter sido informado sobre eventual adiamento.

Em outra ação, que trata de suposta propina de R$ 75 milhões paga pela Odebrecht em oito contratos da Petrobras, Moro revisou sua própria decisão de convocar Lula a comparecer em todas as audiências das 87 testemunhas arroladas por sua defesa.

Moro havia exigido a presença de Lula para “prevenir a insistência na oitiva de testemunhas irrelevantes, impertinentes ou que poderiam ser substituídas, sem prejuízo, por prova emprestadas”. Ontem, no entanto, o magistrado pediu somente que a defesa se manifeste em cinco dias para informar se tem necessidade de ouvir tanta gente no processo.

PEDIDO PARA NÃO TER AÇÃO NO PARANÁ
Também ontem, a defesa do ex-presidente solicitou que o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, reconsidere sua decisão de mandar para a Justiça Federal do Paraná oito pedidos de investigação feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em todos os casos, Lula é um dos alvos. O expresidente pede que as investigações sejam enviados ou para Justiça Federal de Brasília, ou para a de São Paulo.

A defesa diz que não há relação entre as novas frentes, baseadas na delação de executivos da Odebrecht, e os fatos já em apuração no Paraná. A maior parte das novas investigações não está relacionada à Petrobras. É o caso de uma que diz respeito às negociações com Lula e o ex-ministro Jaques Wagner para edição de medida provisória tratando de acordos de leniência com empresas. Há ainda um caso em que Marcelo Odebrecht contou que pediu ajuda a Lula para favorecer a companhia em temas relacionados a Angola.

No evento do PT, em Brasília, Lula afirmou que está disposto a “brigar” e que será candidato em 2018. Afirmou que está “pronto” a prestar depoimento e voltou a dizer que espera pela apresentação de provas dos crimes que são atribuídos a ele. O ex-presidente disse também que o ex-dirigente da OAS, Léo Pinheiro, sofreu “pressão” para falar contra ele.

— Foi tanta pressão em cima do Léo, condenando a 26 anos. Estou vendo delatores com casa com piscina, em condomínios onde moram desembargados. Desse jeito, o Léo vai falar até da mãe dele. Não estou sendo tratado igual aos outros (conforme a lei), estou sendo tratado pior que os outros. Vamos enfrentar batalha pela frente — disse Lula, num discurso com duros ataques à imprensa.

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