terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Senado vira refúgio de petistas que perderam cargos

Catia Seabra | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O presidente nacional do PT, Rui Falcão, calculou em "milhares" o número de filiados que deixaram —ou ainda terão de deixar—seus cargos em comissão após as derrotas nas eleições municipais do ano passado.

Numa recente reunião partidária, Falcão afirmou que sua conta não incluía apenas os exonerados da equipe da ex-presidente Dilma Rousseff ou do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

Também entraram na estimativa locais como Osasco e Guarulhos, além dos municípios da região do Grande ABC, onde o PT foi derrotado em cidades importantes como Santo André, Diadema e São Bernardo do Campo.

Integrantes da cúpula do partido afirmam que pode passar de 25 mil o número de petistas que perderam seus cargos em comissão.

A liderança do PT do Senado está abrigando parte desses egressos.

De 2015 até agora, foram admitidos 15 novos funcionários na liderança, de um total de 30 servidores.

O ex-presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) João Pedro Gonçalves da Costa é um dos que figuram nesta lista, bem como antigos assessores da Casa Civil e da Secretaria de Direitos Humanos.

Na relação está ainda Wilmar Lacerda, ex-presidente do PT no Distrito Federal.

Secretário de Administração Pública no governo Agnelo Queiroz (2011-2014), Lacerda foi condenado em dezembro pelo Tribunal de Justiça Federal do Distrito Federal por improbidade administrativa.

Pela decisão, ele e Queiroz ficaram com os direitos políticos suspensos por cinco anos, sob acusação de que mantiveram aliados em cargos comissionados.

Eles também estão proibidos de fazer contrações pelo prazo de três anos com o poder público.

Como ainda cabe recurso, Lacerda diz que não há empecilhos para que permaneça na liderança do PT, com remuneração líquida de R$ 9.900 mensais.

"Confio plenamente que a gente vá reverter essa decisão", afirma Lacerda.

Além disso, a liderança da minoria no Senado, hoje sob o comando do PT, também abriga antigos colaboradores de Dilma, como Gilberto Carvalho, que foi seu ministro da Secretaria-Geral, além de ter sido chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como assessor contratado, tem salário líquido de R$ 15.025,34.

O ex-secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores Samuel Pinheiro Guimarães é outro assessor contratado pela liderança da minoria, além de Daisy Barretta, que na Presidência da República era a responsável por organizar a agenda de Dilma Rousseff.

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