quinta-feira, 2 de junho de 2016

Opinião do dia – Rubens Bueno

Isso é resultado de uma postura do governo do PT que vem desde 2008, com a crise econômica internacional. O então presidente Lula tratou do caso como se fosse uma marolinha. Mas a onda cresceu, não tomaram providências, e hoje o que vemos é a ressaca do governo Dilma.

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Rubens Bueno é deputado federal (PR) e líder do PPS na Câmara dos Deputados. Estado de Minas, 2/6/2016

PIB do Brasil tem pior desempenho entre 31 países no 1º trimestre

• Desempenho da economia brasileira, que recuou 5,4% no primeiro trimestre em comparação com igual período de 2015, ficou atrás de países como Rússia, Grécia e Ucrânia

Antonio Pita, Daniela Amorim, Idiana Tomazelli, Vinicius Neder - O Estado de S. Paulo

Com a queda de 5,4% no PIB do primeiro trimestre de 2016, na comparação com igual período do último ano, o Brasil teve o pior desempenho da economia no período entre 31 países pesquisados. De acordo com levantamento da consultoria Austin Rating, o País ficou na última colocação atrás de países como Rússia, Grécia e Ucrânia. O resultado do trimestre sinaliza que o País encerrará o segundo ano em recessão, de acordo com avaliação da consultoria.

De acordo com o levantamento, as Filipinas teve o melhor desempenho do primeiro trimestre de 2016, com crescimento de 6,9% do PIB. Em seguida aparecem a China, a Indonésia, o Peru e a Malásia, que ocupam as cinco primeiras posições.

PIB surpreende, mas desemprego e incerteza política preocupam

• Analistas já revisam para cima projeções feitas para 2016 e esperam retração menor da economia

Álvaro Campos, Ricardo Leopoldo, Francisco Carlos de Assis, Mateus Fagundes e Gabriela Lara - O Estado de S. Paulo

O resultado do PIB do primeiro trimestre ainda traz notícias negativas da economia brasileira sob basicamente todos os ângulos, mas mesmo assim surpreendeu positivamente os analistas, que esperavam um desempenho ainda pior. Alguns economistas já estão revisando para cima suas projeções para o ano, porém as turbulências políticas continuam sendo uma fonte muito grande de incertezas, assim como a deterioração do mercado de trabalho, que deve afetar mais fortemente o consumo doméstico no restante do ano.

O PIB dos três primeiros meses do ano caiu 0,3% ante o quarto trimestre do ano passado, quando a mediana das projeções era de retração de 0,8%. Os destaques foram uma queda menos acentuada da indústria e o aumento nos gastos do governo, além da continuidade do bom desempenho do setor externo. Ainda assim, a retração no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo continua forte.

Câmara aprova em 1º turno PEC que prorroga DRU até 2023, por 334 votos a 90

• Matéria ainda precisa ser aprovada em segundo turno antes de ser enviada ao Senado; DRU é um mecanismo que dá mais liberdade ao governo no uso das receitas obtidas por meio de tributos federais

Igor Gadelha - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta quinta-feira, 2, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023. Em uma demonstração da força da base aliada de Michel Temer no Congresso Nacional, a matéria foi aprovada por 334 votos a 90, mais do que os 308 votos mínimos necessários para aprovar uma PEC na Casa. Houve ainda duas abstenções.

Crise econômica perde força

- Valor Econômico

RIO E SÃO PAULO - Após um período de tantas más notícias para o país, a variação do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2016 trouxe alguma esperança de que se o pior momento desta recessão já não ficou para trás, isso pode acontecer na passagem para o segundo semestre.

A queda de 0,3% sobre o trimestre imediatamente anterior não foi tão ruim quanto a maioria dos especialistas consultados pelo Valor Data esperava: recuo de 0,8%, na média das projeções. Mas ocorre após dois anos de retração e é ainda muito forte se a comparação for com o mesmo trimestre do ano anterior: -5,4%.

Mais importante, o consumo das famílias, na contramão de outros componentes do PIB, foi ainda pior que o esperado, com queda de 1,7% na passagem trimestral. Com o cenário negativo para o mercado de trabalho, as perspectivas para o consumo privado, que representa mais de 63% do PIB, seguem desanimadoras para os próximos trimestres.

Em relação ao primeiro trimestre de 2015, a absorção doméstica, que reúne consumo das famílias, do governo e investimentos, encolheu incríveis 10,2%.

Ainda assim, há sinais de melhora para os próximos meses. O resultado do primeiro trimestre já levou a revisões da variação do PIB no ano para algo mais próximo de -3,5% (e não mais -4%) e a apostas em crescimento da economia no último trimestre de 2016.

O PIB do setor industrial caiu 1,2% na passagem trimestral, quase a metade do que era previsto, com a indústria de transformação recuando 0,3%. "Daí a voltar a crescer são outros quinhentos, mas parar de cair é o primeiro sinal", diz Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi.

Mesmo que alguns segmentos da economia deixem de piorar ou iniciem alguma melhora, a sensação de bem-estar da população provavelmente seguirá piorando. O Goldman Sachs calcula que o PIB per capita já encolheu nada menos que 9% desde o segundo trimestre de 2014, período em que a demanda doméstica se retraiu 12,1%. Com isso, é maior a chance de que a inflação fique contida e que o corte nos juros esteja mais próximo. Para Cristiano Oliveira, do Banco Fibra, a contração da absorção doméstica deve ter um desfecho positivo: o retorno da Selic a um dígito em 2017. Com a melhora da confiança e ampla ociosidade na economia, a recuperação cíclica talvez possa ser mais forte do que muitos imaginam.

PIB cai 0,3%, menos do que o esperado, e pode indicar 'fundo do poço'

Por Tainara Machado, Arícia Martins, Alessandra Saraiva e Robson Sales – Valor Econômico

SÃO PAULO E RIO - A queda de 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, na comparação com os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, foi considerada uma surpresa positiva por economistas, mesmo que modesta. O número foi divulgado ontem pelo IBGE. Como a confiança dos empresários, especialmente na indústria, também mostrou certa reação nos últimos meses, o número reforçou a expectativa de virada da economia até o fim do ano.

O resultado melhor do que o esperado - analistas consultados pelo Valor Data projetavam, em média, queda de 0,8% - deve contribuir também para uma rodada de revisões do PIB para o ano. Tendências, Santander Asset Management e Banco ABC Brasil, que estimavam recuo de 4% no ano, agora avaliam que o número deve ficar mais perto de -3,5%, segundo avaliações preliminares. O Banco Brasil Plural, que já estimava queda de 3,5%, revisou a projeção para contração de 3,2%.

PIB retrocede cinco anos

• Economia cai 0,3%, mas pior momento já passou • Taxa de investimento é a menor em 21 anos • Brasil fica na lanterna global, atrás até da Grécia

O PIB brasileiro caiu 0,3% no início deste ano, na comparação com o fim do ano passado. Frente ao início de 2015, o tombo foi ainda maior, de 5,4%, marcando o oitavo trimestre seguido de recessão. Com isso, a economia brasileira retrocedeu ao patamar de cinco anos atrás. O resultado deixou o Brasil na lanterna do crescimento global. A taxa de investimento, de 16,9% do PIB, foi a menor em 21 anos. Mas, diante da magnitude da crise, analistas dizem acreditar que o pior já passou e que, agora, a trajetória da economia começa a mudar. As projeções para o PIB deste ano foram revistas, e a retração deve ser inferior ao tombo de 3,8% de 2015. A retomada da atividade econômica, porém, dependerá de reformas e ajustes.

Queda livre do PIB perto do fim

• País retrocede 5 anos, mas recuo de 0,3% no 1º tri indica que pior momento da crise já passou

Lucianne Carneiro, Marcello Corrêa, Daiane Costa e Martha Beck - O Globo

RIO E BRASÍLIA - A economia brasileira reduziu seu ritmo de queda no início de 2016 e encolheu 0,3% no primeiro trimestre, frente ao fim do ano passado, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE. Com isso, a recessão brasileira chega a dois anos, com oito trimestres seguidos sem crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e volta ao patamar de produção do primeiro trimestre de 2011, há cinco anos. O resultado foi uma surpresa positiva para o mercado, que esperava recuo maior, em média de 0,8%, e levou uma boa parcela de economistas a considerar que o pior da crise já passou. Mesmo que se espere retração no segundo trimestre, a trajetória da economia começou a mudar, apontam os especialistas.

Aliados veem como nulas chances de Dilma governar

• Se reassumir, presidente afastada vai propor consulta popular sobre eleição presidencial antecipada

Chico Otavio, Leticia Fernandes e Simone Iglesias - O Globo

-RIO E BRASÍLIA- Aliados próximos de Dilma Rousseff convenceram a presidente afastada de que, mesmo na hipótese de volta ao cargo, revertendo o quadro hoje favorável ao impeachment no Senado, ela não conseguirá chegar ao fim do mandato em 2018. A saída, já aceita por ela, será a convocação de um plebiscito para consultar a sociedade sobre a antecipação das eleições presidenciais. A estratégia foi acertada na manhã da última terça-feira, em reunião de Dilma com governadores petistas em Brasília.

Dilma e os governadores fizeram as contas e tentarão reverter até oito dos 55 votos dados, no dia 12 de maio, pela abertura do processo de impeachment. Como o impedimento definitivo da presidente depende de dois terços dos 81 senadores (54), o novo cenário daria a Dilma uma margem segura para voltar ao Palácio do Planalto. Os problemas enfrentados pelo presidente interino, Michel Temer (PMDB), com destaque para a demissão de dois ministros, são vistos como fundamentais para a virada pretendida pelos petistas.

Apoio de Renan
Resignada quanto à impossibilidade de concluir o mandato, Dilma queria, a princípio, propor eleições gerais. Mas foi convencida pelos governadores de que a iniciativa seria fatalmente rechaçada pelo Congresso. Prevaleceu a tese de que o apoio definitivo ao retorno da presidente dependerá de um compromisso claro de Dilma no sentido de abrir mão do mandato em troca de novas eleições. O plebiscito, neste caso, daria à tese de antecipação o aval do eleitorado.

Aliados de Dilma entendem que, para a estratégia funcionar, precisam contar com o apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), alvo de denúncias no Supremo que o envolvem com a Lava-Jato. O prazo regimental para o fim do processo de impeachment é de 180 dias, mas nada impede que possa ser antecipado — se expirar, pode ser votado depois, mas a presidente volta ao cargo.

Dilma politiza sua defesa no Senado

• Esse é o prazo máximo para a entrega da defesa da presidente afastada; nova peça deve incluir áudio vazado de Jucá

Isabela Bonfim e Julia Lindner - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A defesa prévia da presidente afastada Dilma Rousseff no processo de impeachment deve ser protocolada nessa quarta-feira, 1, no Senado. Esse é o prazo máximo para a entrega da defesa. De acordo com a assessoria do advogado da presidente, José Eduardo Cardozo, o documento será protocolado por volta das 17h.

Não se sabe ainda se o ex-advogado-geral da União virá pessoalmente ao Senado.

A nova defesa da presidente deve levantar lacunas do processo de admissibilidade do impeachment no Senado, além de incluir fatos políticos, como a gravação do senador Romero Jucá (PMDB-RR), em que ele fala em "trocar o governo" para "estancar a Lava Jato". A peça também deve apontar as perícias e pareceres desejados, além de indicar testemunhas para deporem na Comissão Especial do Impeachment.

A próxima reunião da comissão será na quinta-feira, 2, para votação do calendário de trabalho sugerido pelo relator Antonio Anastasia (PSDB-MG). O tucano apresentou um plano de ação mais curto do que o esperado, com duração de 90 dias. A senadora Simone Tebet (PMDB-MS) apresentou uma proposta que pode encurtar ainda mais o processo. A sugestão será respondida pelo presidente do colegiado na próxima reunião.

PT está dividido sobre convocação de novas eleições

• Ala do partido prefere que Dilma prometa governo em novas bases

Fernanda Krakovics - O Globo

O PT está dividido quanto à melhor estratégia para tentar reverter o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Ex-ministros próximos de Dilma e senadores do PT defendem que ela se comprometa com eleições antecipadas, por meio de um plebiscito ou com uma proposta de emenda constitucional. Mas uma ala do partido, que inclui o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos mais próximos do expresidente Lula, afirma que esse caminho não tem apoio dos movimentos sociais.

Esse grupo quer que Dilma se comprometa a fazer um governo em novas bases, cumprindo o programa defendido nas eleições de 2014, que não inclui o ajuste fiscal implementado por ela depois de reeleita. Seria uma espécie de nova “carta ao povo brasileiro”, mas com acenos para a base social petista, e não para o mercado, como fez Lula nas eleições de 2002.

TCU vê irregularidades nas contas de 2015

• Parecer de área técnica do tribunal indica rejeição de números de Dilma

- O Globo

Um parecer da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta a existência de várias irregularidades nas contas de 2015 do governo da presidente afastada, Dilma Rousseff, indicando a rejeição. O texto, que até ontem não estava pronto, deverá ser concluído e entregue ao ministro relator, José Múcio Monteiro, ainda hoje ou amanhã. O caso será levado ao plenário do TCU no próximo dia 15, dando início ao julgamento, mas deverá ser concedido um prazo de 30 dias para que Dilma possa se explicar.

Informações de Léo Pinheiro podem ser ‘mortais’ para Lula

• Revelações de empreiteiro da OAS deixam delação mais próxima

- O Globo

O ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, forneceu informações que comprometem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a procuradores da Operação Lava-Jato que atuam em Brasília. Nas palavras de uma pessoa que participa das tratativas, as denúncias de Pinheiro são “mortais” para o petista, segundo informação publicada pela coluna “Radar”, da Veja, e confirmada pelo GLOBO. O empreiteiro negocia um acordo de delação premiada, que ainda não foi firmado.

Léo Pinheiro começou a discutir um acordo de delação com procuradores de Curitiba no início do ano, mas a negociação não avançou. As informações prometidas pelo empreiteiro não interessaram à força-tarefa naquele momento. Em novas tratativas, agora com procuradores de Brasília, as conversas evoluíram a ponto de o acordo ficar próximo de ser firmado.

Recessão pode fechar 200 mil lojas no país

- Valor Econômico

A recessão vivida pelo país, que já dura dois anos e vem afetando principalmente o consumo das famílias, provocou o fechamento de quase cem mil lojas no ano passado. Este ano, dado o avanço do desemprego e a contínua desaceleração da atividade econômica, pode repetir o desempenho de 2015, o que totalizaria cerca de 200 mil lojas fechadas em dois anos.

Se esse quadro se confirmar, o Brasil recuará uma década em número de estabelecimentos comerciais. Em 2008, segundo o IBGE, o país possuía cerca de 1,4 milhão de empresas de varejo. Em 2014, havia 1,6 milhão, de acordo com estimativas de consultores. A forte queda das vendas no varejo começou justamente há dois anos.

"Se voltarmos [aos números de 2008], acabaremos regredindo em quase uma década. Com isso, o movimento de evolução do varejo brasileiro, com criação de novos modelos de lojas, de diferentes tipos de serviços, fica comprometido, porque investimentos caem e projetos mudam. Ruas de comércio especializado podem reduzir em tamanho e perdemos diversidade. Acho que teremos também um empobrecimento do varejo no país", disse Fábio Pina, economista da Fecomércio de São Paulo.

Temer fala em retomar crescimento

Por Andrea Jubé, Bruno Peres, Eduardo Campos e Francisco Góes – Valor Econômico

BRASÍLIA E RIO - Em discurso durante a posse dos novos presidentes da Petrobras, dos bancos públicos e do Ipea, o presidente interino, Michel Temer, reafirmou que o país encontra-se mergulhado "em uma das crises mais graves" da história, mas que é possível reverter o quadro para retomar a confiança e o crescimento. Temer voltou a negar que cortará investimentos na saúde e na educação, que vá interferir na Operação Lava-Jato e, mais uma vez, pediu união nacional para tirar o país da crise.

Temer diz que erros levaram o país a grave crise

• Presidente interino reafirma que não vai interferir na Lava-Jato

Eduardo Barretto, Gabriela Valente, Danilo Fariello e Catarina Alencastro – O Globo

-BRASÍLIA- O presidente interino, Michel Temer, endureceu o discurso, pela primeira vez, reclamando da herança que recebeu da petista Dilma Rousseff, afastada há três semanas da Presidência. Durante cerimônia de posse coletiva no Palácio do Planalto, Temer disse ontem que erros foram cometidos, levando o país a uma grave crise econômica. Citou o desemprego de 11 milhões de pessoas e o déficit de R$ 170 bilhões. Demonstrando irritação de ter que novamente tratar do tema, disse que pela “enésima vez” reafirmava que não interferirá nas investigações da Lava-Jato, que já geraram a queda de dois ministros seus.

Delírios universitários às margens do Hudson - Bolívar Lamounier*

- O Estado de S. Paulo

Invincible ignorance. A term in moral theology denoting ignorance of a kind which cannot be removed by serious moral effort. It excuses from sin because, being involuntary, it can involve no intention to break the law of God (extraído do Oxford Dictionary of the Christian Church)

Nos anos 50, referindo-se ao peronismo, o sociólogo ítalo-argentino Gino Germani cunhou a expressão “fascismo da classe operária”. Muita gente se escandalizou e uns tantos ficaram verdadeiramente irados. Imagino o que hoje diria Germani, se vivo estivesse, da estranha mescla de esquerdismo e fascismo que se delineia nos meios universitários na América Latina, com ramificações até nos Estados Unidos.

A verdadeira PEC das diretas - Merval Pereira

- O Globo

Enquanto um grupo de senadores confabula em torno de um suposto compromisso, golpista e farsesco, da presidente afastada Dilma Rousseff de convocar eleições presidenciais antecipadas caso venha a ser reconduzida ao cargo, foi apresentada uma proposta de emenda constitucional (PEC) pelo deputado Miro Teixeira, da Rede do Rio, que trata da eleição direta para o caso de a chapa presidencial ser impugnada por abuso de poder econômico no processo em curso no TSE.

Na quinta-feira 12 de maio, no mesmo dia em que, depois de 20 horas de votação, o plenário do Senado aprovou a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra o artigo 224 do Código Eleitoral que, através de alteração feita em 2015, diz que a qualquer momento, menos a seis meses do fim do mandato, a substituição de uma chapa majoritária – prefeito, governador e presidente da República - que seja cassada pela Justiça Eleitoral será feita por eleição direta.

Enquanto o cisne não vem - José Roberto de Toledo

- O Estado de S. Paulo

Um detalhe importante da segunda queda no ministério relâmpago de Michel Temer ilustra a principal característica do governo provisório. Já sob intensa pressão dos grampos e dos funcionários do Ministério da Transparência, Fabiano Silveira foi falar com o presidente interino. Saiu do palácio ainda ministro. Só caiu tempos depois. Não foi demitido. Demitiu-se.

O interregno entre a conversa e a queda demonstrou que Temer não tem poder para demitir unilateralmente ministros bancados por outros caciques do PMDB – assim como não teve para nomeá-los. Entradas e saídas dependem de negociação. No caso de Silveira, com seu padrinho, o presidente do Senado, Renan Calheiros. O episódio em si é menos importante do que aquilo que iluminou.

Primeiros dias - Luiz Carlos Azedo

• Diariamente, nas redes sociais, Dilma critica as medidas adotadas por Temer e tenta responsabilizá-lo pela situação desastrosa em que deixou o país

- Correio Braziliense

Duas semanas de governo provisório já são suficientes para constatar que o presidente interino, Michel Temer, logrou dois objetivos: formar uma boa equipe econômica, com credibilidade junto aos agentes financeiros, e garantir a base política necessária para aprovação do ajuste fiscal. A incógnita que ainda resta é a aprovação definitiva do impeachment pelo Senado, embora a volta da presidente Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto seja remotíssima. Basta imaginar o cenário em que isso ocorreria para descartar a hipótese.

Temer reforçou o caráter técnico da equipe econômica ontem, ao dar posse aos novos presidentes da Petrobras, Pedro Parente; do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Sílvia Bastos; do Banco do Brasil (BB), Paulo Rogério Caffarelli; da Caixa Econômica Federal (CEF), Gilberto Occhi, e do Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA), Ernesto Lozados. O fim da política dos “campeões nacionais” nos financiamentos públicos e a decisão de não utilizar o preço dos combustíveis para mascarar a inflação corroboram esse caráter da equipe.

Fraude escancarada – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Depois de sete meses e 19 dias, veio à luz, enfim, o relatório que pede a cassação de Eduardo Cunha. O parecer do deputado Marcos Rogério é categórico. Em resumo, ele afirma que o correntista suíço praticou fraudes escancaradas para esconder suas contas na Suíça.

O relator desmontou a ladainha segundo a qual as contas não seriam contas. Na defesa, Cunha se apresentou como mero "usufrutuário em vida" de ativos administrados por um trust. Questionado sobre a origem do dinheiro, disse ter acumulado fortuna como exportador de carne moída.

"Os trusts instituídos pelo deputado Eduardo Cunha representaram, na verdade, instrumentos para tornar viável a prática de fraudes: uma escancarada tentativa de dissimular a existência de bens (...) para esconder os frutos do recebimento de propinas", afirma o parecer.

O partido dos artistas - Demétrio Magnoli

• A pesca é importante — mas precisamos de um Ministério da Pesca?

- O Globo

‘Impressiona o quão diverso é o universo dos que reivindicaram a volta do MinC. Não me recordo de ter visto tamanha reação à extinção de um órgão federal.” Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura, autor das frases, tem razão nesse ponto específico: a “volta do MinC” tornou-se uma “causa célebre” dos artistas (ou dos “produtores de cultura”, se preferirem). Os artistas venceram — mas, no processo, perderam uma oportunidade singular de explicar sua causa à sociedade. Afinal, eles querem a cultura ou querem o MinC, que não são a mesma coisa?

Não são? Na “guerra do MinC”, falou-se da cultura como “alma de um país” (Fernanda Montenegro) e “área estratégica” (Juca Ferreira). As definições soam bem, mas suas implicações substanciais preocupam.

A primeira remete à noção de identidade nacional: a “educação das massas” por uma elite iluminada. 

Recessão menor em 2016 – Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

A recessão de 2016 pode ser, enfim, menor que a do ano passado. Praticamente não deve haver efeito no dia a dia de emprego e salário. Mas não se deve desprezar o efeito da percepção de que o desastre será moderado, em um mínimo tanto.

A julgar pelos dados divulgados nesta quarta (1º) pelo IBGE, o encolhimento da economia deve ficar mais próximo de 3% do que de 4%, como se vinha prevendo. No ano passado, a conta do desastre ficou em um PIB 3,8% menor.

Deve ser difícil que nos próximos trimestres o PIB baixe em um ritmo suficiente para um repeteco de 2015. Caso a economia fique estagnada até o final do ano, caso não cresça de um trimestre para o outro, a recessão seria de agora modestos 2,56%, note-se de modo amargamente sarcástico.

Economia anêmica - Míriam Leitão

- O Globo

O número foi considerado bom. Isso é que assusta. Foi uma queda de 0,3% do PIB no primeiro trimestre, mas foi um bom resultado porque é menor que a média das projeções, que estava em -0,8%. Durante a tarde, na posse de Maria Silvia Bastos Marques no BNDES, ela falou do papel do banco na retomada do crescimento, e o ministro Henrique Meirelles lembrou que esta é a mais profunda e longa recessão do país.

O governo Dilma fez o Tesouro se endividar em R$ 500 bilhões para transferir ao BNDES. Dizia que era para garantir o crescimento e o país, ao invés de crescer, levou o maior tombo da sua história. A presidente Dilma deixou uma economia desfalecida e uma dívida pública em escalada. O buraco no qual entramos é a prova dos nove de que a política econômica estava equivocada. Se é que alguém precisa de uma nova prova a esta altura.

Dois partidos num só - Maria Cristina Fernandes

• Faltam interesse e arbitragem à tese das eleições diretas

- Valor Econômico

"A principal força de oposição ao antigo regime teve de assumir papel preponderante na administração do momento transitório". A frase parece tirada de uma análise do PSDB sobre sua participação no governo Michel Temer, mas a impressão não resiste ao parágrafo seguinte: "O PMDB não teve a vantagem de se preservar para o governo pós-transição como aconteceu com o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e outros. Ao contrário, sua participação na transição foi imprescindível".

A semelhança prossegue mesmo quando se nomeiam os bois. PSDB e PMDB foram - e voltariam a ser - uma coisa só: "Como todo governo de transição, o que hoje temos no Brasil sofre de aspectos de instabilidades, equilíbrio precário de forças, etc. Isto desgasta o PMDB, motor principal da mudança, mas que teve de participar da própria gênese de construção democrática, ao invés de se preservar para assumir depois da democracia consolidada, como alternativa".

O texto é de julho de 1987 e saiu na "Revista do PMDB", editada pela fundação do partido, à época presidida pelo senador Severo Gomes. Como não é assinado, o texto deve ter saído do consenso do seu conselho editorial, que tinha como mais ilustres representantes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, e os economistas Maria da Conceição Tavares e Celso Furtado.

Piorou, mas nem tanto - Celso Ming

• A queda do PIB menor do que a esperada neste primeiro trimestre deverá reforçar as apostas de que a recuperação desta crise poderá chegar antes do que se previa

- O Estado de S. Paulo

Não foi tão ruim como os mais pessimistas esperavam, mas a queda da atividade econômica continua. O Produto Interno Bruto (PIB) caiu 0,3% no primeiro trimestre de 2016 em relação ao último trimestre de 2015 e 5,4% se a base de comparação for o primeiro trimestre do ano passado.

PIB é o mesmo que renda; é o valor da produção, descontada a inflação, num determinado período. Dividido pela população, corresponde à renda per capita, ou seja, à renda média do brasileiro.

Pode ser medido de dois jeitos, ou pelo lado da oferta ou pelo lado da procura. Medido pelo lado da oferta, o PIB mostra como foi a produção de cada setor. Medido pelo lado da procura (ou demanda), avalia o consumo das famílias, consumo do governo, o investimento e o comércio exterior.

Os setores de mais baixo desempenho no primeiro trimestre deste ano foram mineração, construção civil e comércio. Pelo lado da demanda, o melhor desempenho foi das exportações (mais 6,5%), não tanto pela quantidade exportada, mas pelo aumento do seu valor em reais, graças à alta do dólar. Coerente com esse dado foi a renda gerada pelas importações, que recuou 5,6%.

O tamanho do estrago é mais bem avaliado quando se compara o primeiro trimestre de 2016 com o primeiro de 2015. A indústria de transformação mergulhou 10,5%; o comércio, 10,7%. Até a agropecuária, a campeã mesmo em tempos de dureza, recuou 3,7%.

Torcer contra só piora – Editorial / O Estado de S. Paulo

O agravamento da crise política provocado pela queda de mais um ministro de Michel Temer por suspeita de conspirar contra a Operação Lava Jato coloca o País diante de uma questão vital: afinal, o que queremos? Não se trata, obviamente, de saber se os brasileiros estão convencidos de que a situação econômica é caótica e exige mudanças radicais. Tampouco se questiona o que – exceto para quem tem o rabo preso – é unanimidade nacional: o combate sem tréguas à praga da corrupção no trato da coisa pública. Mas permanece a questão que não deveria existir e que, existindo, é vital: afinal, quem tem a responsabilidade de governar o País neste momento crítico?

Afastada provisoriamente a presidente da República, está no exercício do cargo o vice-presidente Michel Temer. Isto é o que determina a Constituição. Mas a solução constitucional não pacifica o País, por duas razões principais. Primeiro, porque o grupo político afastado do poder não reconhece a constitucionalidade do processo de impeachment, que resolveu chamar de “golpe”, e simplesmente partiu para a retaliação, questionando tudo, não apenas a legitimidade do atual Poder Executivo, como também a do Judiciário e a do Legislativo. Em segundo lugar, porque o apoio da esmagadora maioria dos brasileiros ao impeachment não se transferiu automaticamente para o presidente em exercício, seja porque o partido interinamente no poder, o PMDB, foi o principal aliado do PT nos últimos 14 anos, seja porque o Ministério de Michel Temer tem negligenciado bandeiras relevantes para a opinião pública, em especial a questão da intocabilidade da Operação Lava Jato.

Questão de perspectiva – Editorial / Folha de S. Paulo

A ninguém ocorreria, naturalmente, comemorar aquinta queda trimestral consecutiva do PIB e a décima do investimento divulgadas nesta quarta-feira (1). Desde o início da recessão, dois anos atrás, a economia brasileira já acumula perda de 7,1%, uma das piores de nossa história.

O país, porém, está há tanto tempo atolado na crise que mesmo dados negativos como esses podem conter notícia alvissareira —uma simples questão de perspectiva.

A retração de 0,3% no primeiro trimestre em relação ao anterior foi bem menor que a esperada (0,8%) e mostra melhora substancial em relação ao ritmo de contração observado ao longo de 2015, em média de 1,5% por trimestre.

O resultado provavelmente ensejará revisões nas projeções para este ano. Se até agora a média dos analistas trabalhava com encolhimento de 3,8%, as novas informações permitem estimar recuo menor, de 3% a 3,5%.

Compatível com esse cenário seria uma queda moderada do PIB no segundo trimestre, seguida de estabilidade na segunda metade do ano. Com alguma sorte, havendo retomada da confiança ao longo do próximo semestre, seria até possível, embora improvável, uma queda menor que 3%.

As boas-novas, se é que podem mesmo ser classificadas dessa forma, por ora terminam nesse ponto. Os riscos ainda são enormes.

Os indicadores disponíveis apontam para contração no segundo trimestre. A retomada da confiança, ademais, é não só incipiente mas também presa fácil da crise política e das incertezas sobre a capacidade do novo governo de implementar a necessária, embora impopular agenda para estancar o crescimento explosivo da dívida pública.

Economia agora se retrai em ritmo menos intenso – Editorial / Valor Econômico

A economia brasileira perdeu velocidade de queda e sua decolagem, ainda incerta, poderá ocorrer no segundo semestre do ano. Na comparação trimestre contra trimestre anterior, os resultados do Produto Interno Bruto divulgados ontem apontam para quedas progressivamente menores, partindo de -2% no segundo trimestre de 2015 até -0,3% no primeiro de 2016. O PIB driblou a expectativa dos analistas e recuou -0,3%, ante previsões de -0,8%. A recuperação dependerá da reação do consumo das famílias, que, se ocorrer, tende a ser lenta. O setor externo foi o único que deu impulso positivo à economia, enquanto que a formação bruta de capital fixo, com -2,7% no trimestre e -17,5% em relação ao mesmo período de 2015 agiu no sentido contrário.

Do lado da demanda, o PIB foi puxado para baixo pela diminuição de 1,7% do consumo das famílias que, em um ano, está 6,3% mais fraco. Como seu peso é determinante para o desempenho da economia - 63% ou quase dois terços do PIB -, não há boas notícias a esperar em breve. O desemprego aumentou para 11,2% no trimestre fevereiro-abril e a renda encolheu 3,3%, em um movimento que a maior parte dos analistas estima que não se esgotou. As previsões mais comuns veem o pico do corte de vagas na casa dos 13%, em um processo que se estenderia ao longo do ano.

PIB e desemprego clamam pelas reformas – Editorial / O Globo

• Temer precisa acelerar mudanças já anunciadas para retirar o Estado do caminho da insolvência, a fim de que volte a confiança de investidores e consumidores

Os dados sobre desemprego e PIB, divulgados pelo IBGE em dois dias, terça e quarta, resumem a tragédia brasileira em curso de forma mais visível desde 2014, porém em gestação a partir do agravamento da crise mundial em fins de 2008, quando explodiu de vez a bolha imobiliária e financeira americana.

As ondas de choque provocadas pela ameaça de uma quebradeira bancária a partir da decretação da falência do banco Lehman Brothers chegariam ao Brasil por inteiro em 2009, na parte final do segundo governo Lula. Sob o pretexto de enfrentar a crise, e influenciado por Dilma, chefe da Casa Civil, o governo começou a estruturar o “novo marco macroeconômico”, que terminou explodindo as finanças públicas brasileiras — e o resultado aí está.

Embora informações sobre o desemprego e a recessão tenham sido divulgadas de forma separada, é claro que os dois dramas estão entrelaçados. Medido pela Pnad Contínua, nova e ampla pesquisa, o desemprego no trimestre encerrado em abril chegou a 11,2%, com aumento em relação aos 10,9% registrados no período de três meses fechado em março. É muito elevado, e o índice deverá subir ainda mais.

O número de abril significa que 11,41 milhões de brasileiros estavam procurando emprego sem sucesso. Em dois anos, 4,3 milhões de brasileiros ficaram desempregados, e mais de dois milhões mergulharam nas incertezas da informalidade. Pode-se imaginar o que isso significa em milhões de famílias, em termos de qualidade de vida e, especificamente, de estresse emocional. Também é possível pensar sobre o estrago social desta crise, já superior mesmo à decorrente da Grande Depressão, em 1929/30.

O PIB do primeiro trimestre do ano, revelado ontem, explica por que empregos dissolvem: em relação ao trimestre imediatamente anterior, o último do ano passado, ele retrocedeu 0,3%. Mas, em relação ao idêntico período de 2015, o tombo chegou a 5,4%. Neste conceito, é a oitava queda consecutiva. Em bases anualizadas, a recessão chegou a 4,7%. Firma-se a expectativa de a economia brasileira encolher, em dois anos, algo na faixa de 8%/9%, marca negativa inédita.

As taxas negativas trimestrais mostram um arrefecimento da tendência recessiva. O 0,3% calculado pelo IBGE chegou a ser um resultado melhor que a estimativa de departamentos de análise do mercado financeiro. Mas isso não anima, porque, na hipótese mais risonha, o PIB hibernará na estagnação.

Roga-se, portanto, que o governo Temer acelere o envio ao Congresso das devidas reformas e mudanças já esboçadas, cruciais para restabelecer a confiança de investidores e consumidores. Enquanto não houver a crença de que a relação entre a dívida pública e PIB deixará de escalar (ruma hoje para os 70%), em direção à insolvência do Estado, as engrenagens do crescimento não se moverão.