quarta-feira, 20 de maio de 2015

Opinião do dia – Rubens Bueno

Foi uma festa nababesca para seus apadrinhados. Agora esta ressaca eleitoral está custando muito ao Brasil. O BNDES é um grande instrumento para as empreiteiras, para a propina, para abastecer partidos, candidatos e campanhas eleitorais. Este governo deixou para 2015 esta grande ressaca.

O governo patrocinou a corrupção, principalmente a Petrobras. Cometeu um grande estelionato. Esta é a administração do PT, do governo Dilma que transfere ao trabalhador o pagamento desta conta.

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Rubens Bueno, deputado federal (PR) e líder do PPS na Câmara Federal, em discurso no plenário. Brasília, 19 de maio de 2015.

Senado aprova indicação de Luiz Fachin para o STF

• Nome do advogado paranaense foi referendado em plenário por 52 votos favoráveis e 27 contra; três senadores não votaram

Ricardo Brito, Beatriz Bulla e Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Com direito a buzinaço do lado de fora do Congresso, o plenário do Senado aprovou nesta terça-feira, 19, o nome do advogado Luiz Edson Fachin para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Fachin recebeu 52 votos favoráveis e 27 contrários. Para ser aprovado, ele precisava do apoio de, no mínimo, 41 senadores.

Líderes da base aliada trabalharam desde cedo para garantir que houvesse quórum na Casa e o nome do jurista passasse sem sustos. Durante o dia, petistas mostravam-se apreensivos com as movimentações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que trabalhou nos bastidores para que Fachin fosse derrotado.

A aprovação do jurista em plenário é a última etapa de um longo processo. A presidente Dilma Rousseff levou quase dez meses para escolher um nome para substituir Joaquim Barbosa no STF. Assim que anunciou a sua indicação, em 14 de abril, o jurista paranaense começou a ser questionado tanto pela oposição quanto por parte da base aliada.

O resultado da desconfiança em torno do nome de Fachin culminou na mais longa sabatina da história. No escrutínio público, que durou quase 11 horas, o advogado tentou se afastar das polêmicas que surgiram em torno do seu nome, especialmente em relação a sua possível ligação com o PT.

Agora, o nome do advogado deve ser publicado no Diário Oficial da União, e, em seguida, o Supremo deve agendar sua posse, o que ainda não tem data para acontecer.

No início da sessão de votação, os líderes da base aliada pediram ao presidente do Senado que colocasse a indicação do jurista como o primeiro item da pauta. Havia um elevado quorum na Casa - 77 senadores registraram presença nesta terça-feira.

Contudo, Renan negou pedido e incluiu a votação de quatro indicados para cargos de representação diplomática antes da apreciação de Fachin. Os indicados para postos na França e em Mônaco, no Mali e na Geórgia foram aprovados. A surpresa, contudo, ocorreu na rejeição de Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler do governo Dilma, Antonio Patriota, para ocupar o cargo de representante do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA).

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) protestou contra a rejeição do nome de Patriota. "É a primeira vez na história que um diplomata de carreira é rejeitado pelo Senado Federal", criticou o petista. O presidente do Senado rebateu dizendo que esta é uma decisão da Casa que deve ser respeitada, pois a aprovação é uma atribuição do Senado. "Se a votação fosse automática, não precisávamos fazer sabatina e votar no plenário", completou.

Aceleração. A estratégia de parlamentares favoráveis à indicação de Fachin foi acelerar a votação do nome dele, garantindo um quorum elevado em plenário. Por essa razão, pediram ao presidente do Senado que não houvesse discussão da matéria. Renan, contudo, rejeitou o pedido porque o senador Magno Malta (PR-ES) queria se manifestar. Foi o único a falar, contrariamente ao indicado. "Um homem não pode ser separado das suas convicções", afirmou ele, ao protestar contra as mudanças de posição dele.

A bancada do PSDB também não se pronunciou contra a indicação do jurista. Conforme revelou o Broadcast Político, o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), tentou sem sucesso que todos os integrantes da bancada votassem contra o nome.

A votação começou às 18h50 e, quatro minutos depois, começou um buzinaço nos carros que se enfileiraram em frente ao Senado. Era um protesto contra a indicação de Fachin. Três minutos depois, o nome de Fachin foi aprovado sob aplausos. "Quero dar o meu testemunho da sua isenção", disse o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), a Renan Calheiros, que, nos bastidores, atuou contra a indicação.

Dilma vence e indica seu último ministro para o STF

Aprovado com folga

• Indicado por Dilma para vaga no STF, Fachin tem 52 votos a favor e 27 contra no Senado

Cristiane Jungblut, Maria Lima e Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA - Em momento de vitória do Palácio do Planalto, o Senado aprovou ontem a indicação do jurista Luiz Edson Fachin para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A aprovação de Fachin virou uma verdadeira guerra entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O nome do jurista foi aprovado por 52 votos a favor e 27 contra, margem garantida pela presença de 79 dos 81 senadores. O jurista precisava de pelo menos 41 votos favoráveis à sua indicação, na votação que foi secreta.

Apesar de o governo ter saído soberano na votação do novo ministro, Renan mostrou força em votação anterior e impôs uma derrota ao governo. O presidente do Senado articulou com os senadores para rejeitar o nome de Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler Antonio Patriota, para ser o representante permanente do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA). O nome não foi aceito por apenas um voto (38 a 37). Após o resultado, Dilma disse que o diplomata "saberá superar o momento de adversidade".

Assim que foi confirmada sua aprovação, Fachin telefonou para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e, em lágrimas, agradeceu a ajuda do tucano que enfrentou o próprio partido para defender sua condução ao Supremo. Em nota, o jurista agradeceu: "Agradeço ao Senado e à Presidência da República a indicação confirmada para desempenhar a honrosa missão de ministro do Supremo. Para mim e para toda a minha família, é um momento de grande emoção e felicidade. Chegar ao Supremo Tribunal Federal não é apenas a realização de um sonho e sim, especialmente, a concretização de uma trajetória que a partir de hoje se converte em compromisso com o presente e com o futuro".

Renan recusa ter sido derrotado
Fachin é a última indicação ao Supremo de Dilma, já que foi promulgada a chamada PEC da Bengala, que estendeu a aposentadoria dos ministros de tribunais superiores para 75 anos. O Palácio do Planalto comemorou a vitória na aprovação de Fachin, indicado para a vaga de Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho de 2014. Em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que Dilma "recebeu com satisfação a aprovação do nome do jurista" e destacou que o advogado "honra o Judiciário brasileiro e o Supremo Tribunal Federal e só engrandece as instituições democráticas de nosso país".

Nos bastidores, o Planalto trabalhou ativamente durante todo o dia para garantir a vitória de Fachin. Para isso, atuaram o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), e o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Até mesmo amigos de Renan, senadores avaliaram que o presidente da Casa estava acima do tom e com falta de bom senso. A aliados que tentavam demovê-lo, Renan dizia que "o Senado precisava se afirmar".

Ao fim da sessão, o presidente do Senado rejeitou que tenha saído derrotado:

- O presidente do Congresso Nacional tem que demonstrar equilíbrio, isenção, neutralidade. Senão, ao invés de colaborar com o fortalecimento do papel do Legislativo, ele enfraquece.

O Planalto queria justamente um placar folgado como o que Fachin obteve na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na semana passada (20 a 7).

Logo no início da sessão de ontem, Renan mostrou que estava numa posição de confronto ao rejeitar os pedidos dos líderes do governo e do PT para começar as votações pela indicação de Fachin e colocou em votação primeiro quatro nomes de embaixadores.

A estratégia irritou os petistas. A votação de Patriota era dada, nos bastidores, como teste para a votação de Fachin. Na Comissão de Relações Exteriores, a aprovação de Patriota foi apertada: sete votos a seis. Com a derrota dele em plenário, o governo chegou a ficar apreensivo.

- É a primeira vez que um diplomata tem seu nome rejeitado. É lamentável - disse Lindbergh Farias (PT-RJ).

O presidente do Senado, Renan Calheiros, que votou, reagiu na hora:

- Para além de ser um ato lamentável, é uma decisão do Senado que tem que ser respeitada.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), evitou em falar em derrota de Renan:

- Em nenhum momento se colocou a questão nestes termos, de se falar em vitória do governo. Foi uma vitória da Casa.

Já o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), criticou a aprovação:

- Fachin possui uma posição ideologizada. Não vejo ele em condições de respeitar pilares da Constituição e ter isenção.

Enquanto ocorria a votação de Fachin, militantes do Movimento Brasil Livre fizeram um buzinaço na Esplanada dos Ministérios. Os carros foram estacionados ao longo do Eixo Monumental, ao lado da cúpula do Senado. Uma grande faixa com a palavra "Basta" foi desfraldada aos lado dos carros.

Ao GLOBO, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou que a aprovação de Fachin foi uma vitória da sociedade brasileira e não do governo:

- Foi um resultado excelente. Algumas pessoas da oposição tentaram apequenar a discussão, transformando a indicação de Fachin numa disputa política entre governo e oposição. Mas este era um caso de Estado e não de governo.

Vários ministros do STF elogiaram a aprovação. O presidente da corte Ricardo Lewandowski falou em nome do tribunal: "O Supremo Tribunal Federal se sente prestigiado pela escolha do professor Luiz Edson Fachin para ocupar uma das cadeiras da mais alta Corte do país, jurista que reúne plenamente os requisitos constitucionais de notável saber jurídico e reputação ilibada. A criteriosa indicação do jurista pela Presidência da República, seguida de cuidadoso processo de aprovação pelo Senado Federal, revelaram a força de nossas instituições republicanas".

Luís Roberto Barroso comemorou o resultado em nota: "Está em Camões: "As coisas árduas e lustrosas se alcançam com trabalho e com fadiga". A digna altivez com que o professor Fachin enfrentou as críticas mais ferozes valorizam-no como ser humano. E certamente reforçaram o seu espírito para ser um juiz sereno e independente". Teori Zavascki seguiu a mesma linha: "Foi uma aprovação merecida".

Marco Aurélio Mello destacou a trajetória acadêmica do jurista: "Vou repetir o que já disse: trata-se de um pensador do direito, um acadêmico reconhecido no Brasil e no exterior. É um grande quadro, não tenho a menor dúvida. E Supremo é somatório de forças distintas. Jamais eu vi uma quase que orquestração, visando minar a caminhada dele, mas ele se saiu muito bem e agora foi aprovado por maioria absoluta dos senadores".

Senado veta pela 1ª vez indicado do governo para embaixador

Nome da presidente para a OEA é rejeitado

• É a 1ª vez que o Senado barra a indicação de um embaixador de carreira; placar foi 38 a 37 contra Guilherme Patriota

• Renan Calheiros atuou nos bastidores para derrotar Dilma, que agora precisa apresentar novo nome

Gabriela Guerreiro – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em um recado à presidente Dilma Rousseff, o Senado rejeitou nesta terça (19) a indicação do embaixador Guilherme Patriota para o cargo de representante do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos).

Irmão do ex-ministro Antônio Patriota (das Relações Exteriores em parte do primeiro mandato de Dilma), Guilherme foi barrado por 38 votos a 37. É a primeira vez que o Senado rejeita a indicação de um embaixador de carreira.

A votação ocorreu poucos minutos antes do escrutínio que aprovou a advogado Luiz Fachin para o Supremo.

Patriota já serviu em missões na própria OEA, na Associação Latino-Americana de Integração e em embaixadas. Com a rejeição, Dilma terá que fazer uma nova indicação. O indicado será submetido a sabatina na Comissão de Relações Exteriores, como ocorreu com Patriota, e terá que ser aprovado pela comissão e pelo plenário da Casa. Até lá, a vaga do Brasil na OEA permanece em aberto.

Nos bastidores, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), trabalhava contra a indicação de Patriota, assim como fez, sem sucesso, no caso de Fachin.

Senadores aproveitaram o sigilo do voto para mandarem o recado de insatisfação com o Palácio do Planalto. Avisar que podem colocar em risco projetos caros ao governo.

Como a oposição tem só 18 parlamentares no Senado (DEM, PSDB e PPS), significa que há vários integrantes de siglas aliadas entre os 38 que votaram contra. O PSB, que se declarou "independente", tem seis senadores.

Aliados do governo lamentaram a derrota, que teria sido articulada pelo grupo de Renan. O peemedebista votou na indicação de Patriota, apesar de ter a prerrogativa de manter-se neutro por ser presidente da Casa.

Lindbergh Farias (PT-RJ) lamentou o resultado ao lembrar do ineditismo da rejeição. Renan reagiu: "Para além de ser um fato lamentável, é uma decisão do Senado Federal que tem que ser respeitada, sim. É atribuição constitucional do Senado Federal apreciar as indicações dos embaixadores do Brasil", afirmou.

Governo consegue aprovar MP que eleva alíquota de 2 tributos

• Em outra vitória do Planalto, Senado autoriza repasse maior ao BNDES

Júnia Gama, Cristiane, Bonfanti, Maria Lima e Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA - Em mais uma batalha em nome do ajuste fiscal, o governo conseguiu aprovar ontem na Câmara a parte principal da Medida Provisória (MP) 668, que eleva as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação. Outra matéria do ajuste, a MP 663, que aumenta em R$ 50 bilhões o limite de recursos repassados pela União ao BNDES, foi aprovada no Senado e agora vai à sanção.

A dois dias do anúncio do valor a ser contingenciado no Orçamento deste ano, a presidente Dilma Rousseff disse ontem que o corte será "o necessário" para que as contas públicas se rearrumem:

- É um contingenciamento que tem que expressar a situação fiscal que o país vive. Será o contingenciamento necessário. Podem ter certeza que nem será excessivo, porque não tem porquê, e nem flexível demais, no sentido de nem frágil demais, que não seja aquele necessário para garantir que as contas públicas entrem nos eixos - afirmou Dilma.

Hoje, o governo enfrentará novo desafio na Câmara com mudanças no projeto que eleva as alíquotas da contribuição previdenciária das empresas. Ontem, o relator do projeto, deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), disse que deve retirar do texto enviado pelo Executivo ao menos quatro setores: comunicações, tecnologia da informação, transportes e produtos da cesta básica.

Segundo Picciani, esses setores devem continuar sendo beneficiados pela desoneração por serem estratégicos na geração de empregos e por afetarem de forma mais direta o bolso do trabalhador.

Picciani disse que a exclusão de alguns setores foi a solução que encontrou diante da resistência do governo em aceitar que a diminuição da desoneração ocorra de forma escalonada. Ele pediu dados da Receita Federal a respeito do impacto bruto da desoneração sobre cada setor para definir quais serão excluídos de seu relatório, que pode ser apresentado e votado hoje.

Atendendo a apelo do vice-presidente Michel Temer, Picciani disse que as regras valerão a partir de dezembro.

- O governo não quer regra de transição com o escalonamento para todos os setores. Mas há setores que não podem suportar esse aumento na alíquota de uma só vez. Temos que preservar aqueles onde possa haver perda de empregos e impacto na vida diária das pessoas - disse Picciani.

Em reunião da bancada do PMDB na Câmara com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ontem à tarde, o ministro reagiu às opções de escalonamento ou exclusão de setores.

- É melhor resolver a fatura de uma vez. Se fizermos exceções, complica ainda mais a economia - disse Levy.

No encontro, deputados do PMDB criticaram o possível aumento de impostos aventado pelo governo e disseram que é preciso "cortar na própria carne", com a diminuição do número de ministérios, além de aumentar a taxação dos lucros dos bancos, setor não afetado pelo ajuste. Levy reagiu: lembrou que a maioria das despesas do governo é determinada por lei.

- Boa parte das políticas do Brasil é decidida nesta Casa, se torna lei e cresce de maneira independente do Executivo. Os gastos são determinados por lei, que se tornam despesa obrigatória. A margem para cortar na carne é bastante re Duzida - disse Levy.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), avisou que, se projeto de desoneração não for votado até amanhã, só será apreciado em 10 de junho, já que a reforma política terá prioridade na pauta. Diante da falta de acordo sobre o relatório de Picciani, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), sinalizou que não há pressa para aprovar o projeto.

Câmara aprova aumento de imposto sobre bebidas importadas

• MP 668, que eleva tributos sobre produtos importados, passou a incluir também água engarrafada, cervejas, refrigerantes e sucos; deputados ainda vão analisar 16 destaques

Nivaldo Souza e Ricardo Della Coletta - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 19, a medida provisória 668, uma das propostas do ajuste fiscal elaborado pelo Palácio do Planalto. Os deputados ainda seguem votando 16 destaques que podem alterar o texto-base aprovado por 323 votos, contra 125 objeções e 5 abstenções.

O governo conseguiu que o texto voltasse a incluir mudanças elaboradas pela Receita Federal sobre a tributação de bebidas frias - como águas engarrafadas, cervejas, refrigerantes, sucos.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia retirado sete artigos da MP incluídos pelo relator da medida, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB), a pedido da Receita. O argumento de Cunha foi de que os artigos tratando das bebidas eram "corpos estranhos" ao tema central da MP 668, que eleva a tributação incidente sobre produtos importados.

O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), apresentou requerimento solicitando o retorno dos artigos na MP. O pedido do líder foi referendado pela maioria de deputados. Com isso, voltou à medida provisória o pedido da Receita para que o texto-base da MP 668 aumentasse a Cofins e o Pis/Pasep de bebidas importadas.

A importação da matéria-prima extrato de refrigerante e águas minerais e gaseificadas passarão a recolher 3,31% de PIS/Pasep e 15,26% de Cofins. As alíquotas anteriores eram de 2,32% e 10,68%, respectivamente.

A MP 668 também passou a incluir um aumento na carga tributária incidente sobre cervejas com e sem álcool importadas, cuja alíquota de PIS/Pasep passou a ser 3,74% e a de Cofins, 17,23%.

O relator incluiu ainda a regulação do pagamento de R$ 0,03 por embalagem de bebida saída das linhas de produção. A Receita já havia aplicado a medida, incluindo a determinação para que as empresas instalem contadores de embalagens, mas corria o risco de haver uma judicialização. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a analisar neste mês a cobrança dos R$ 0,03, após manifestação contrária apresentada pela Indústria Nacional de Bebidas (Inab).

Tartaruga-marinha. Os deputados debatem neste momento os chamados 'jabutis' incluídos por Manoel Júnior na medida provisória. O excesso de temas estranhos tem levantado críticas tanto da base quanto da oposição. "Essa MP é uma tartaruga marinha de 200 quilos", provocou o deputado Moroni Torgan (DEM-CE).

O relator inclui na MP, por exemplo, que a Câmara pode realizar Parcerias Público Privadas (PPP). A emenda é importante para Cunha cumprir uma de suas promessas de campanha na eleição da Câmara: a construção do Anexo V. O projeto deve abrigar, além de um novo plenário e auditórios, uma série de lojas e, por isso, tem sido chamado de "projeto shopping center" nos corredores da Câmara.

Manoel Júnior inclui, ainda, uma emenda livrando as igrejas de pagar INSS quando contratarem pastores e outros trabalhadores conforme a CLT, ou no caso de pagarem ajuda de custo e transporte. O governo construiu acordo, segundo Guimarães, com a bancada evangélica para derrubar essa emenda.

Governo planeja agenda para tentar abafar crise

• Planalto lançará série de projetos em infraestrutura, moradia e agricultura

Simone Iglesias – O Globo

Ajuste de contas

BRASÍLIA - Mergulhada em uma crise econômica e enfrentando a pauta negativa do ajuste fiscal e aumento de impostos, a presidente Dilma Rousseff tentará mais uma vez pôr de pé a partir do próximo mês uma agenda positiva. O governo está organizando pelo menos quatro grandes eventos para lançar programas prometidos e adiados e, assim, ganhar ânimo e tentar melhorar a sua avaliação.

Para a primeira semana de junho, está agendado o lançamento do Plano Safra 2015-2016, que, apesar da previsão de aumento da taxa de juros, garantirá a manutenção de financiamentos aos agricultores pelos bancos estatais. Na segunda semana, após o feriado de Corpus Christi, o governo lançará o pacote de concessões em infraestrutura, previsto antes para este mês.

Dilma o adiou para incluir novas rodovias e ferrovias e aguardar a votação das medidas de ajuste no Congresso. Preocupava a dificuldade em achar financiadores e empreiteiros interessados.

Uma onda de animação chegou ontem ao Planalto com a visita do primeiro-ministro da China, Li Keqiang. Os dois países assinaram acordos bilaterais nas áreas de infraestrutura e planejamento, o que levará a investimentos nas novas concessões que serão realizadas pelo governo brasileiro.

Após o pacote de concessões, Dilma lançará o Plano Nacional de Exportação, que estava prometido para março, com foco nos mercados dos países africanos e do Mercosul. Ainda nos planos está o lançamento, na primeira semana de julho, da terceira etapa do Minha Casa Minha Vida, com novas regras para adesão e estimativa de construção de três milhões de moradias.

Crítica de Lula não caiu bem
Os quatro programas já tiveram lançamentos marcados e remarcados. Um ministro palaciano disse ao GLOBO que o governo preferiu montar uma agenda em sequência de programas positivos, após aprovar medidas de ajuste fiscal e de cortar o Orçamento para garantir superávit primário.

- Estamos no momento de ajustar. Depois da votação das medidas do ajuste fiscal, vamos entrar na fase de avançar. O governo não está parado - disse um auxiliar de Dilma.

A sensação de que Dilma está paralisada pela crise custou à presidente críticas de aliados e do ex-presidente Lula. Semana passada, em almoço com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Lula reclamou da "inércia" da sucessora. Disse que ela se tornou "refém de uma agenda amarga" e que precisa sair "da pauta tóxica" do ajuste.

Dilma também recebeu críticas pela paralisação de iniciativas como o PAC 3 e pelo adiamento do programa de concessões. No Planalto, não caiu bem a avaliação de Lula a Renan. Esse, de principal aliado no Senado no primeiro mandato, tornou-se este ano um dos seus maiores adversários.

Graça se ofende ao ter seus atos comparados com os de Gabrielli

Não nos confunda com Pasadena, não nos ofenda', diz Graça Foster

• Áudio de reunião do conselho de administração da Petrobrás mostra que Graça Foster chamou de 'temerária' a gestão de Gabrielli

Fábio Fabrini - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A ex-presidente da Petrobrás Graça Foster reclamou de "gestão temerária" na estatal e se disse ofendida quando seus atos foram comparados aos da administração anterior, nomeada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O desabafo foi feito na tensa reunião do conselho de administração da companhia em 27 de janeiro deste ano, cujos embates levaram a executiva a renunciar.

No encontro, cujo áudio foi obtido pelo Estado, o colegiado discutia uma forma de estimar as perdas com a corrupção e o superfaturamento de obras, descobertos na Operação Lava Jato. O objetivo era a publicação do balanço contábil do terceiro trimestre da estatal. Em rota de colisão com outros conselheiros, Graça defendeu a publicação de notas explicativas que indicavam, naquele momento, a necessidade de baixar R$ 88 bilhões dos ativos da companhia. Dias depois, contrariada com a divulgação do valor, a presidente Dilma Rousseff acertou com a executiva a renúncia dela e de mais cinco diretores.

Na reunião, a então presidente da Petrobrás bateu boca com a presidente da Caixa, Miriam Belchior, à época conselheira, por ter comparado seus atos aos da diretoria às que deliberou sobre a compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA. A aquisição foi aprovada em 2006 pelo conselho de administração e, segundo o TCU, gerou prejuízo de US$ 792 milhões.

À época, o colegiado era presidido pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Em nota ao Estado, Dilma justificou que só aprovou o negócio porque o resumo executivo apresentado pelo então diretor Internacional, Nestor Cerveró, omitia cláusulas do negócio consideradas prejudiciais.

Miriam reclamou que, a exemplo do que teria ocorrido naquela época, Graça não levou à reunião de janeiro informações para o debate sobre o balanço da estatal e que fora surpreendida por dados apresentados por auditores da PwC.

"Assusta a gente a informação não ter vindo para a mesa. Aí você se lembra de Pasadena", protestou Miriam. "Não nos confunda com Pasadena. Não nos ofenda", protestou Graça, acrescentando: "Se há dúvida, demita a diretoria".

Falhas. Na reunião, Graça afirmou que, quando assumiu a função, pôs em curso um programa para resolver "uma série" de falhas "que a empresa tinha, de coisas malfeitas", que ela não aceitava. "Já tenho um monte de problemas decorrentes de gestão temerária de outros colegas", disse, sem citar nomes.

Ao ouvir o lamento, um dos conselheiros reagiu: "A presidente vai me desculpar. Em 2012, quando foi tirada a diretoria, a diretoria não podia ter saído elogiada pelos bons serviços prestados. Os serviços que prestou, a gente está vendo aí". "Isso passou", rebateu Graça.

Graça foi indicada por Dilma em fevereiro de 2012 para presidir a Petrobrás, em substituição a José Sérgio Gabrielli, que exercia o cargo desde 2005. Dois meses após a troca, deixaram suas funções os então diretores de Serviços, Renato Duque, e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa. Os dois são agora acusados de participar do esquema de cartel e corrupção investigado na Lava Jato.

Na ocasião, a estatal divulgou nota agradecendo aos executivos, que também ascenderam aos cargos no governo Lula, "pelos relevantes serviços prestados à Petrobrás". Além disso, ressaltou "a liderança, a competência técnica e o elevado grau de profissionalismo e dedicação no exercício do cargo".

Senador do PMDB busca apoio contra reforma política de Cunha

• Valdir Raupp negocia com PT, PSDB e DEM e diz que presidente da Câmara já admite que texto pode não ir adiante

Daniel Carvalho - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Um grupo de parlamentares liderado pelo vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), começou a atuar ontem para enfraquecer o modelo eleitoral defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na reforma política, prevista para ser votada na semana que vem.

O grupo quer aproveitar as indefinições na Comissão Especial da Reforma Política sobre o distritão, modelo pelo qual são eleitos os mais votados em um Estado, para enfraquecê-lo. Isso porque a maioria apertada que Cunha havia obtido na comissão não está mais garantida.

Para evitar ser derrotado já no colegiado, Cunha atua para que a votação do relatório seja adiada para a próxima semana. O mais provável é que a comissão não consiga votar o texto do relator Marcelo Castro (PMDB-PI) e as novas regras eleitorais sejam decididas apenas em plenário, onde Cunha consegue manobrar com mais facilidade. Mas o presidente da Câmara já admite que pode não conseguir levar adiante qualquer alteração no sistema eleitoral.

Raupp, que é contrário ao distritão por entender que esse modelo reduz o número de candidatos, prejudicando suas bases eleitorais, começou a conversar com presidentes de partidos, como Rui Falcão (PT), Agripino Maia (DEM) e Aécio Neves (PSDB), em busca de apoio.

Além de barrar o distritão, Valdir Raupp defende o fim das coligações, o estabelecimento de um teto para o financiamento público de campanha eleitoral e o fim da reeleição.

Ontem, Raupp conversou com Cunha e com o vice-presidente Michel Temer, outro defensor do distritão. Segundo ele, o presidente da Câmara disse que, caso não consiga a aprovação do sistema eleitoral, manterá o modelo atual e colocará em votação a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 40, que acaba com as coligações proporcionais. A matéria foi aprovada no Senado em março.

Imbróglio. A novela da votação do relatório de Castro na comissão de reforma política ganhou ontem um novo capítulo. Criticado publicamente por Cunha, o relator apresentou uma quarta versão do texto. A mudança fundamental envolve a substituição de senadores que morrerem, perderem o mandato ou renunciarem. Em vez de a vaga ficar com o suplente, assume o candidato não eleito mais bem votado. As alterações empurraram a votação para a próxima segunda-feira, véspera da data marcada por Cunha para levar a discussão para o plenário. /Colaborou Daiene Cardoso

Pressionada por Cunha, comissão adia votação

• Relatório com proposta de reforma política divide os deputados

Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA - Depois das críticas e da pressão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-PI), a comissão especial da reforma política adiou mais uma vez a votação do relatório do deputado Marcelo Castro. Agora, a votação foi remarcada para a próxima segunda-feira. Anunciado pelo presidente da comissão, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), o adiamento provocou críticas dos integrantes da comissão, que temem uma manobra para levar o texto diretamente ao plenário.

Maia disse que Cunha assumiu o compromisso de aguardar a votação na comissão até terça-feira e só levar o texto para o plenário no fim da tarde. O presidente da comissão voltou a defender que a comissão trabalhe para aprovar um texto que viabilize a votação em plenário, retirando os pontos mais polêmicos, como o que altera o mandato dos senadores.

Temas dividem bancadas
Cunha reúne hoje os líderes partidários para discutir como será a votação da reforma em plenário. Há, no entanto, entre os líderes e deputados, um sentimento de que será muito difícil votar novamente a reforma porque os temas dividem as bancadas. O sistema eleitoral chamado de distritão - que troca o atual proporcional por um no qual os deputados mais votados são eleitos, independente dos partidos - teria o apoio da maioria dos deputados, mas tem dificuldades para alcançar o mínimo de 308 votos exigidos regimentalmente.

Cunha, no entanto, evitou o desânimo e disse que vai cumprir seu papel colocando o tema em votação na próxima semana.

- A reforma não subiu no telhado. Pode ser que desça do telhado, já que está lá há muito tempo - disse Cunha.

O relatório de Castro prevê, entre outras coisas, o financiamento misto das campanhas, permitindo a doação de empresas aos partidos, dois pontos defendidos por Cunha e pela maioria do PMDB. PT e PSDB articulam juntos a retirada do distritão do texto. O relator afirmou que não pretende modificar mais seu relatório.

Na TV, PSDB usa ajuste fiscal e corrupção contra o PT

• FHC comanda ataques a Lula e partido explora os cortes de acesso a direitos trabalhistas; em resposta, petistas realizam ‘tuitaço’

Pedro Venceslau – O Estado de S. Paulo

O PSDB criticou diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usou imagens da presidente Dilma Rousseff fazendo promessas de campanha eleitoral e elegeu o pacote de ajuste fiscal que o governo tenta aprovar no Congresso Nacional como alvo de seu programa partidário que foi exibido ontem em cadeia nacional de TV. Em vez de reagir convocando um panelaço, como fizeram os tucanos no dia da exibição do programa petista que foi ar no dia 5, o PT organizou um “tuitaço”.

A direção nacional do partido de Dilma também convocou seus advogados para assistirem à propaganda tucana. A sigla estuda entrar com uma representação na Justiça contra o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.Eles foram os protagonistas do programa partidário, que teve como um dos focos a Medida Provisória 665, que torna mais rigorosas as regras de acesso a benefícios trabalhistas, como seguro-desemprego.

Os casos de corrupção na Petrobrás também tiveram destaque. O ex-presidente foi escalado para protagonizar o mais duro ataque público dos tucanos ao governo Dilma desde a campanha presidencial do ano passado. “Nunca antes na história desse país se errou tanto e se roubou tanto em nome de uma causa”, discursou FHC na TV.

O ex-presidente tucano também colocou o ex-presidente Lula diretamente na linha de ataque. “Os enganos e desvios começaram no governo Lula”, disse FHC.O petista evitou responderdiretamenteaoadversá- rio, mas divulgou nas redes sociais um texto intitulado “Combate à corrupção”. A postagem diz que antes da gestão petista chegar ao poder no País, os processos ficavam engavetados e a mídia não dava destaque para escândalos.

Depois de ser alvo de panelaços incentivados por tucanos em pelo menos 18 dos 27 Estados durante a exibição do seu programa de TV exibido em rede nacional, o PT revidou promovendo ontem um “tuitaço” contra os adversários tucanos.

O partido se mobilizou a partir do momento em que o programa de 10 minutos foi divulgado antecipadamente pelo Facebook, à tarde. Ahashtag#PSDBteupassadotecondena chegou a ficar em primeiro lugar no Trending Topics do Brasil – as palavras que têm o maior volume de citações em um determinado espaço de tempo. Ficou em sexto no ranking mundial de citações do Twitter, como aconteceu em outras ofensivas virtuais promovidas pela sigla.

Selo de oposição. Em uma tentativa de dialogar com as manifestações populares contrao governo,os tucanos abriram o programa com imagens de um panelaço. No começo do mês, os deputados da legenda já haviam batido panela no plenário da Câmara para protestar contra o pacote de ajuste fiscal.

A propaganda da sigla veiculada ontem buscou o protagonismo dos movimentos anti-Dilma ao adotar o mote “Oposição a favor do Brasil”. Defendida por parte do PSDB, a proposta de pedir o impeachment de Dilma ficou de fora do programa. Em sua fala,porém, FHC afirmou que se sabe “o suficiente” sobre o “petrolão” para que “a sociedade condene a todos aqueles que promoveram tamanho escândalo”.

Moderado. Os outros tucanos que falaram no programa foram o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder do partido na Câmara, o senador Cássio Cunha Lima(PB), líder no Senado, e o senador Aécio Neves, presidente da legenda. Com um discurso mais moderado que o de FHC, Aécio chamou de “injusto” o pacote de ajuste fiscal e defendeu a redução de ministérios, proposta defendida pela bancada do PMDB na Câmara dos Deputados.

Programa do PSDB na TV em 19/6/2015

Merval Pereira - Sobrou para Patriota

- O Globo

A aprovação de Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal (STF) foi uma vitória pessoal da presidente Dilma, muito ajudada pelo próprio jurista, que fez um trabalho altamente profissional de preparação para a sabatina no Senado, a mais rigorosa dos últimos tempos, e de mobilização de órgãos de classe a seu favor.

Fachin teve o apoio de empresas profissionais de treinamento e de divulgação de imagem, que trabalharam incessantemente com os senadores. Ele próprio, segundo orientações profissionais, não se descuidou dos contatos com os senadores até momentos antes da votação em plenário.

A sabatina mais rigorosa já registrada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado recebeu por parte do candidato uma resposta profissional, que até um blog teve para sustentar suas ideias. Espera-se que o gasto com todo esse aparato tenha sido feito por conta própria do candidato e de seus parentes e amigos, sem interferências que possam significar conflito de interesses para o futuro ministro do Supremo.

A presidente Dilma conseguiu, assim, derrotar o presidente do Senado, Renan Calheiros, que não pôde (ou não teve força para tal) fazer campanha aberta contra a indicação. Todos os senadores sabiam que ele estava contra, mas em nenhum momento ele colocou o peso de seu cargo em jogo: sugeriu, indicou nas conversas, mas não pediu votos diretamente.

O Palácio do Planalto também se mobilizou para não perder a disputa, mas foi muito ajudado pelo próprio Fachin, que, se fosse apenas um professor com sonhos de chegar ao Supremo, provavelmente teria sido derrotado. A começar pela sabatina no Senado, Fachin entendeu que teria que se desdizer, aceitar provocações sem se irritar, não revelar suas verdadeiras tendências, passando convicções por especulações acadêmicas.

Ao contrário do que fez, por exemplo, o diplomata Guilherme Patriota, que foi rejeitado pelo plenário do Senado para o posto de nosso representante na Organização dos Estados Americanos (OEA). Patriota quase foi rejeitado na própria Comissão, por atitudes arrogantes e impaciência diante das críticas. Passou por um voto na Comissão e perdeu por um voto no plenário, apesar de o chanceler Mauro Vieira ter pedido pessoalmente por ele a alguns senadores.

Era mais fácil derrotar Patriota do que Fachin, pois o cargo deste último tem um peso político muito mais decisivo. A recusa de Patriota aconteceu momentos antes da aprovação de Fachin. As razões para rejeitar as duas candidaturas eram basicamente as mesmas: as posições políticas de esquerda radical dos dois desagradavam à maioria conservadora do Senado.

Fachin, aliás, tinha mais razões ainda para ser rejeitado, por suas posições de católico dito progressista em relação ao casamento gay ou ao aborto. Ou pela ilegalidade de ter advogado privadamente enquanto era procurador do estado do Paraná, o que era proibido pela Constituição do estado quando assumiu o cargo.

Dos 38 votos que derrotaram Patriota, 11 foram para Fachin, que teria sido aceito pelo mínimo de 41 votos mesmo que os que derrotaram Patriota mantivessem seus votos. Como dizia Tancredo Neves, votação secreta dá vontade de trair. Só que quem foi traído não foi o Palácio do Planalto, mas Renan Calheiros, que não terá nem como cobrar, porque foi obrigado a fazer uma campanha sutil.

A tendência de que Fachin fosse aprovado por uma diferença pequena não se concretizou. A derrota da presidente Dilma na indicação de Patriota foi menor do que a vitória que teve na aprovação de Fachin para o STF, o que mostra que ela ainda tem muita margem de manobra dentro deste Congresso desarvorado, que dá uma no prego, outra na ferradura, ao sabor do momento.

Eliane Cantanhêde - De pires na mão

- O Estado de S. Paulo

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, foi recebido em Brasília como o salvador da Pátria ou, pelo menos, o salvador da lavoura. Exageros à parte, até porque muita coisa é requentada, o fato é que os 35 acordos e a promessa de US$ 53,3 bilhões dos chineses chegam numa boa hora, tanto para o Brasil quanto para a presidente Dilma Rousseff.

Com a economia empacada, crises para todo lado, a Petrobrás manchando a imagem do País lá fora e os consulados devendo até as contas de água e luz, o pacote oferecido por Keqiang vem bem a calhar. 

Mas, atenção: ele confirma também o enorme senso de oportunidade dos chineses. Eles aproveitam a liquidação, compram na baixa. Estão comprando um banco, encomendando 40 aviões da Embraer (com financiamento do BNDES), investindo em petróleo, gás, infraestrutura e assinando dois acordos de US$ 70 bilhões com a combalida Petrobrás. Até a ferrovia ligando o Brasil ao Peru voltou à pauta e aos sonhos, para escoar matérias-primas brasileiras para a China e para o resto da Ásia, pelo Pacífico.

Keqiang aproveitou para reconfirmar, pela enésima vez, a liberação de carne bovina brasileira para a China. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, era toda sorrisos ontem no almoço de Dilma para o casal chinês, no Itamaraty, e não foi à toa que o cardápio foi carne, carne e carne. Das boas.

Também o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, parecia bastante satisfeito – e antes mesmo de devorar a primeira garfada, com mais de uma hora e meia de atraso. Entre tantos projetos nas áreas de refino e distribuição, ele falava com especial interesse em dois: pesquisa e produção de energia solar e eólica. “Os chineses estão investindo pesadamente nisso. Eles pensam no futuro”, disse.

Também estavam lá o vice Michel Temer, o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o onipresente Joaquim Levy, que agora negocia não só com deputados e senadores como também com invasores da Fazenda. E compareceram a alta cúpula militar, os presidentes do BNDES, da Embraer e da Embrapa e representantes da iniciativa privada, enquanto governadores faziam fila: do Maranhão, de Pernambuco, do DF...

Nesses tempos de pindaíba e de tesouradas no Orçamento, todos estão de olho num “negócio da China” e a República não se fez de rogada: compareceu em peso. É assim que, com tantas más notícias na política, na economia, na gestão, na polícia, Dilma conseguiu pelo menos uma lufada de ar fresco. Lufada que vem justamente de fora, apesar de sua relação desleixada com a política externa.

Silencioso, já no quinto mês de governo, o chanceler Mauro Vieira parecia feliz com a casa cheia, enquanto seus embaixadores cochichavam pelos cantos que o banquete de Li Keqiang deve ser o mais importante deste ano, perdendo apenas para um que será a muitos quilômetros de Brasília: o de Dilma e Barack Obama, junho, em Washington. Mas, dificilmente, os americanos acenarão com tantas verdinhas quanto os chineses.

Agora, a pergunta que não quer calar e que os diplomatas também repetiam nas rodinhas de conversa: afinal, a China, tão estratégica, parceira tão próxima dos Brics, é aliada ou adversária, soma ou divide, ajuda ou atrapalha? Ao mesmo tempo em que investe no Brasil, a China também tira mercado. E não apenas do Brasil...

Independentemente disso, não dá para ficar em elucubrações e alimentar desconfianças. É a China ou a China, que já é o maior parceiro comercial do Brasil no mundo e que, além da soma de interesses, cumpre o papel de atrair a atenção para o País e sinalizar que a crise é braba, mas fazer negócios por aqui ainda vale a pena. É torcer, ou rezar, para que o mundo acredite.

Bala perdida. O embaixador Guilherme Patriota só foi atingido na testa porque passou pelo plenário na hora do tiroteio contra Luiz Fachin. Para salvar Fachin, mataram Patriota.

Luiz Carlos Azedo - Chumbo trocado

• Renan saiu chamuscado da votação que aprovou a indicação de Fachin, mas não virou um pato manco. A rejeição de Patriota foi um recado do PMDB de que a vitória de Dilma não foi tão grande

- Correio Braziliense

Por 52 votos a favor e 27 contra, o Senado aprovou ontem a indicação do advogado Luiz Edson Fachin para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga aberta pela aposentadoria de Joaquim Barbosa. O Palácio do Planalto comemorou a aprovação como uma grande vitória política da presidente Dilma Rousseff, o que não deixa de ser verdade, pois a petista bancou seu indicado contra todas as pressões, principalmente do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Mas não se esperava, porém, que outro indicado por Dilma Rousseff fosse rejeitado pelo plenário do Senado: o diplomata Guilherme Patriota, por apertados 38 votos contra 37, não teve o nome aprovado para ocupar o cargo de representante permanente do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA). A votação ocorreu momentos antes de o plenário iniciar a análise do nome de Fachin.

No xadrez do Senado, é inédita uma derrota como a sofrida por Renan Calheiros. Seus aliados não escondiam dos interlocutores a opinião de que o peemedebista, na queda de braço com a presidente da República, havia avançado mais do que poderia. A rejeição de Fachin, embora não fosse inédita, seria um fato que não ocorre há mais de 100 anos.

A maioria a favor de Fachin era tão ostensiva que somente um senador se inscreveu para falar em plenário contra a indicação, Magno Malta (PR-ES), que pediu a palavra pouco antes de se iniciar a votação para justificar seu voto, que teve motivações religiosas. A aprovação, porém, não foi uma vitória apenas de Dilma. Foi muito compartilhada, não ocorreria se contasse apenas com o apoio do Palácio do Planalto.

Pesaram a favor do jurista o forte lobby do mundo jurídico e o apoio unânime da bancada do Paraná, liderada pelo senador tucano Alvaro Dias (PSDB), que neutralizou as acusações de que o advogado e professor de direito será um ministro petista – muitas das quais partiam de seus próprios companheiros de bancada do PSDB. Fachin defende teses polêmicas em relação à propriedade privada, à família patriarcal unicelular e ao aborto – razão da rejeição de evangélicos ao seu nome –, mas minimizou essas questões durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, na semana passada.

Perdas e danos
O maior ruído em relação à indicação de Fachin foi devido ao fato de que advogou quando era procurador do estado do Paraná, o que foi apontado pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) como inaceitável em se tratando de um postulante a ministro do STF. Fachin teve que fazer uma campanha de marketing sem precedentes para neutralizar as críticas à sua indicação; de certa forma, chega ao Supremo Tribunal Federal desgastado pela longa batalha que travou no Senado.

Renan saiu chamuscado da votação que aprovou a indicação de Fachin, mas não virou um pato manco na presidência do Senado. A rejeição do nome de Patriota foi um recado do PMDB de que a vitória de Dilma não foi tão grande como ela gostaria. Os mesmos senadores peemedebistas que fizeram um piquenique na sombra de Renan, ao negociar seus pleitos com o Palácio do Planalto para aprovar o nome do jurista, votaram pela rejeição do diplomata, contra o qual não havia nada além da falta de consenso em relação à política externa brasileira.

Guilherme é irmão do ex-ministro das Relações Exteriores Antônio Patriota. A rejeição ao nome dele é uma derrota séria do governo federal no Congresso, pois a indicação de diplomatas é atribuição da Presidência da República. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lamentou o fato, com o argumento de que foi a primeira vez que um diplomata de carreira teve o nome rejeitado pelo plenário do Senado. Mas levou um chega pra lá de Renan, que desqualificou a crítica ao dizer que era atribuição do Senado aprovar ou não a indicação.

Como a política externa brasileira é muito contestada na Comissão de Relações Exteriores, hoje presidida pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), há de se avaliar que nada será como antes na nomeação de diplomatas para cargos importantes que envolvam as relações do Brasil com a América Latina.

Rosângela Bittar - Lula articula frente sem governo Dilma

• Ex-presidente prepara rentrée em grande estilo

- Valor Econômico

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José Neumanne - Padim Lula, da unção à maldição

- O Estado de S. Paulo

Ricardo Pessoa, ex-engenheiro da OAS e empreiteiro da UTC, foi escalado na seleção dos “campeões mundiais” ungidos com as bênçãos do padim Lula de Caetés. Egresso de uma carreira anônima de executivo da construtora baiana, cujo dono era genro de um figurão da República nos anos JK, na ditadura militar, na Nova República e no mandarinato tucano, Antônio Carlos Magalhães, o ACM – dependendo das circunstâncias, Toninho Malvadeza ou Ternura –, subiu na vida como um foguete. E caiu ao fundo do pré-sal acusado de chefiar um cartel que demoliu o patrimônio e a credibilidade da joia da coroa estatizada brasileira, no qual dava cartas para os ex-patrões da OAS e outros figurões carimbados da construção civil nacional: Camargo Corrêa e Odebrecht, entre eles. Subida ao céu e descida aos infernos sob a égide do padroeiro.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, filhos de José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, que em 1953 abriu a Casa de Carnes Mineira, um pequeno açougue em Anápolis (GO), adotaram as iniciais do nome do pai, JBS, para denominar um grupo que, no século 21, passou a ser o maior processador de proteína animal do mundo, com 152 mil empregados. Para recorrer a uma metáfora futebolística, tão ao gosto do padim, é como se a Anapolina, cuja torcida chama de xata (com x mesmo), decolasse da Série D do Campeonato Brasileiro de Futebol para ganhar o título mundial contra Barcelona ou Juventus de Turim, não importa.

Há, contudo, uma diferença capital entre os Batistas e Pessoa: enquanto este usa uma tornozeleira para não sair de casa, os goianos comemoram, ano após ano, lucros fabulosos. O máximo de incômodo pode ter sido a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de exigir que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) abra o sigilo, que tem mantido teimosamente, sobre as vultosas quantias a que a instituição pública se tem associado em suas conquistas no Brasil e alhures. O estouro da boiada, de Consuelo Dieguez, na Piauí, conta como.

Se o TCU não encontrar nada de errado nas relações entre empresa particular e banco estatal, a não ser generosidade de compadre, a esta altura do campeonato restará a constatação de que os filhos de Zé Mineiro serão privilegiados também pelo fato de o ouro do esperto alquimista de Caetés não ter virado cinzas. Mas o clã mineiro em Goiás nunca será acusado de esbanjar, pois tem multiplicado cada centavo da “viúva” injetado. Ao contrário de Eike Batista, filho de Eliezer, o badalado gestor da Vale estatal que operou o “milagre” da transformação de metal precioso em porcaria, reduzindo a pó todos os papagaios de notas de dólar que empinou e tornando uma herança de mandarim um festival de falências.

Já houve quem dissesse que o melhor negócio do mundo é um poço de petróleo bem administrado e o segundo melhor, um poço de petróleo mal administrado. Eike desafiou essa lei do mercado, mas não passou de um golden boy num ringue de pesos pesados. Se é verdadeiro o grave conteúdo das delações premiadas coletadas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) do Paraná e que têm merecido atenção e aprovação do juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, a ex-maior empresa brasileira, a estatal Petrobrás, despencou do alto de desempenho e reputação invejáveis no mundo para o fundo dos próprios poços na profundeza dos mares, em caixa, patrimônio e credibilidade.

Um dos presos na investigação, antes condenado no escândalo do mensalão, o ex-deputado Pedro Corrêa disse à CPI da Petrobrás que o ex-presidente Luiz Inácio só não foi preso porque ninguém teve coragem de fazê-lo. No depoimento, ele delatou: “Lula achava que o Paulo deveria ser diretor de Abastecimento”. O delator recorreu ao testemunho de um morto, José Janene, mas não faltam vivos que se lembrem do carinho com que Lula tratava seu afilhado de “Paulinho”.

Essa talvez seja a única explicação razoável para o desabafo que o dono do dedo que ungiu os “campeões mundiais” andou fazendo em Brasília na semana passada. De acordo com relato dos colegas Andreza Matais e Ricardo Brito, da sucursal de Brasília, publicado neste jornal no sábado, o ex “admitiu” que “não atravessa uma boa fase”. Duvida quem, como o autor destas linhas, frequentou sua casa na vila operária do Jardim Assunção e sabe que hoje o padim mora em apartamento de luxo na mesma cidade de São Bernardo. E tem garantido conforto para veraneios no Guarujá em apartamento tríplex que, segundo seus acusadores, foi concluído pela OAS para a Bancoop, que não tem um histórico muito católico de entregar vivendas que vendeu. Será exagero concluir que ele cospe na própria sorte? Talvez.

Mas uma parábola futebolística é muito adequada se se juntar o que se publica nas páginas de política, polícia e esportes hoje em dia. O Corinthians não sabe, nem tem, como pagar dívida de R$ 1,15 bilhão pelo estádio ainda sem nome que o BNDES ajudou a Odebrecht a construir para o time do coração de Lula. E este e vários dos ungidos por ele enfrentam dificuldades mais amargas do que a eliminação do ex-campeão mundial da Libertadores.

O MPF leva adiante investigação sobre o poder de indicar executivos heterodoxos para gerir dinheiro público de uma amiga íntima de Lula, Rosemary Noronha, que, nomeada por ele, chefiou o escritório da Presidência da República em São Paulo. Em Portugal, o ex-premier José Sócrates, preso, responde por suspeita de protagonizar o escândalo dos sanguessugas. No processo, o colega brasileiro é citado, e não pelo feito de ser autor do prefácio de seu livro sobre tortura.

Relatam os repórteres que o preocupa mais a eventual delação premiada de Pessoa, cuja empresa tinha há sete meses R$ 10 bilhões em contratos ativos com a Petrobrás. Se este contar por que chefiava os maiores tocadores de obras de Pindorama, aí, quem sabe, a vaca tussa e a porca torça o rabo.

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*José Neumanne é jornalista, poeta e escritor

Bernardo Mello Franco - Justiça cega

- Folha de S. Paulo

Na Roma antiga, a Justiça era retratada como uma deusa de olhos cobertos, que não enxergava para ser imparcial ao decidir. No Brasil de hoje, a Justiça também se diz cega, mas parece usar a venda para não ver a crise no país.

Enquanto os trabalhadores comuns sofrem com demissões e cortes de direitos, o Judiciário quer aumentar o salário de seus servidores em 31,4% neste ano. O plano prevê reajustes até 2017. Em quatro anos, custará R$ 25,7 bilhões ao Tesouro, calcula o Ministério do Planejamento.

A bomba ameaça implodir o ajuste fiscal, mas ganhou o apoio militante do presidente do STF, Ricardo Lewandowski. "Nós precisamos sempre [de reajuste]. Quem é que não precisa pagar o supermercado, já que houve um aumento do preço dos produtos?", disse, nesta segunda.

Para azar do contribuinte, o ministro não está sozinho na cruzada corporativista. Em setembro passado, seu colega Luiz Fux determinou o pagamento de auxílio-moradia de R$ 4.300 a todos os juízes do país.

A benesse foi aplaudida pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Roberto Nalini. "Não dá para ir toda hora a Miami comprar terno", afirmou. "O auxílio foi um disfarce para aumentar um pouquinho. E até para fazer com que o juiz fique um pouquinho mais animado, não tenha tanta depressão, tanta síndrome de pânico, tanto AVC."

Nesta terça, a Assembleia Legislativa do Rio começou a discutir mais um benefício para os magistrados fluminenses: um "auxílio-educação" de até R$ 2.860 ao mês. Com o sinal verde de Lewandowski, está aberta uma nova corrida por privilégios.

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Além das mordomias para os juízes, a única coisa que cresce no país é a coleção de gafes presidenciais. Nesta segunda, Dilma Rousseff chamou o ministro Edinho Araújo (Portos) de Edinho dos Santos. O prefeito de Niterói (RJ), Rodrigo Neves, foi rebatizado de Rodrigues.

Míriam Leitão - Ajuste sem rumo

- O Globo

Quanto custa entregar a Companhia Docas para um político, em troca de votos em favor de uma medida de ajuste fiscal? Custa um desajuste no que é mais importante. Em que ponto estamos no Brasil? Naquele em que o toma lá dá cá nos levou à pior sequência de escândalos da nossa história. É preciso, ao fazer o ajuste, não perder a noção de todo o ambiente em que o país vive no momento.

Na administração de uma coalizão, é natural dividir o poder para que os partidos da base governem juntos. Isso é diferente do que tem acontecido no Brasil. Esse balcão de negócios reaberto de forma escancarada custa muito mais que a economia que se poderá fazer com a aprovação das medidas de ajuste fiscal. As pessoas sentem o estômago embrulhado ao ler essas notícias. E há razões para isso, quando diariamente são divulgados os desdobramentos das várias investigações de corrupção em andamento.

A negociação da Companhia Docas com o líder do PMDB Leonardo Picciani seria em troca do voto a favor do fim das desonerações da folha salarial. A propósito: no seu primeiro mandato, a presidente Dilma acumulou um volume espantoso de erros na política econômica, mas a desoneração da folha estava no caminho certo. Precisaria, como qualquer política, de aperfeiçoamentos, mas não o seu fim. Em momento de elevação do desemprego, o governo está reimplantando impostos que pesam mais sobre quem emprega mais. E o preço para aprovar isso é entregar nacos do poder a grupos que já mostraram do que são capazes quando ocupam as suas sesmarias na administração pública.

Na outra ponta, a equipe econômica está escolhendo os impostos que subirão. Mesmo que escolha impostos sobre os bancos, como a Contribuição Social sobre Lucro Líquido do setor financeiro, o peso recairá onde sempre recai: nas costas da pessoa física, para quem os bancos empurram todos os custos.

O mais importante, de novo, é ver todo o cenário. Este é um país em que a sociedade entrega 36% do PIB anualmente para o governo e não é suficiente porque ele termina com déficit. No ano passado, teve até desequilíbrio primário. Para completar o quadro, a economia está em recessão. Aumento de impostos no meio da recessão, para que a sociedade mande mais dinheiro para um governo perdulário, é pedir demais. É a pior forma de fazer o ajuste fiscal.

O governo só pode pedir mais sacrifícios da população depois de um choque de credibilidade. Não é cortando R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões que conseguirá isso. Um governo com quase 40 ministérios é a negação na prática de que está disposto a fazer esforço para se ajustar.

O ministro Joaquim Levy tem trabalho difícil a fazer para resgatar o país do buraco em que este governo o colocou no último mandato. Mas os caminhos que tem escolhido até agora não convenceram.

Um dos sinais disso é o fato de estar ameaçando com mais impostos porque foi aprovada uma medida que facilita a aposentadoria mais cedo. A única coisa a fazer diante do que aconteceu é a presidente e os ministros abrirem uma discussão sincera sobre a insensatez de, no meio de um processo auspicioso de ampliação da expectativa de vida, o Brasil estar criando possibilidades de se aposentar mais cedo e com ganhos maiores. Em nenhum país o debate sobre idade mínima para se aposentar é bem recebido. É impopular, mas é um debate incontornável. 

O problema tem sido adiado, mas agora ficou impossível deixar esse assunto para depois. A solução jamais será aumentar mais um imposto para cobrir a previdência. A única forma correta de enfrentar o que foi aprovado na Câmara é tentar construir bases sustentáveis para o sistema previdenciário.

Há ajustes que desajustam, que podem até melhorar um número hoje, mas amanhã cobrarão a conta. 

É essa escolha que está diante da equipe econômica. Não se pode reabrir o varejo político e mercadejar com os cargos que são estratégicos para aumento da eficiência no gasto público, em troca da aprovação de medidas que supostamente reduzirão o gasto público. O ajuste é necessário, mas não qualquer ajuste a qualquer preço. Não se entregam os dedos para salvar os anéis.

Vinicius Torres Freire - Novas emoções na Petrobras

• Preço das ações da empresa não levavam tombo tão feio em dois dias desde o início de fevereiro

- Folha de S. Paulo

Os tombos da ação da Petrobras desta semana são os mais feios desde o início de fevereiro. O preço da ação preferencial da petroleira baixou 8,17% desde segunda-feira, primeiro dia útil depois da publicação do balanço do primeiro trimestre.

O que houve? Além do Imponderável de Almeida, de especulações inescrutáveis e rumores secretos, os palpites eram os seguintes:

1) O governo vai cobrar R$ 20 bilhões devidos pela Petrobras em um negócio de 2010; 2) Novas estimativas de queda do preço do petróleo; 3) "Esquisitices" no balanço do primeiro trimestre; 4) Depois de ganhar dinheiro com a alta das ações, estrangeiros as estão vendendo, em especial porque o tempo deu uma mudada no mercado internacional.

Primeiro: buraco de R$ 20 bilhões. Em 2010, o governo comprou ações da Petrobras com barris de petróleo (cedeu o direito de exploração de 5 bilhões de barris em troca de ações novas da Petrobras).

Segundo a agência de notícias Bloomberg, o governo teria direito a um pagamento adicional na revisão prevista do preço desse acordo. O extra seria de R$ 20 bilhões.

É fato que vai haver renegociação entre governo e Petrobras. O resultado disso será conhecido só em 2016, segundo a direção da empresa.

No Brasil, o ano que vem é o futuro distante do pretérito. Mas, caso o governo morda a Petrobras em R$ 20 bilhões, de uma só vez, vai arrumar problemas para si mesmo. Voltaria a baderna ruinosa, que chegou a suscitar a hipótese de que o governo teria de colocar dinheiro na empresa.

Segundo: queda do preço do petróleo. "Especulativo, protesto", como se diz em filme americano de tribunal. Pode até ser, embora chutes sobre o preço do barril sejam muito furados para fundamentar um talho tão grande no preço da ação.

Terceiro: "esquisitices" no balanço. As queixas sobre o balanço não eram hoje diferentes daquelas de ontem ou segunda. De resto, mesmo descontadas as esquisitices conhecidas, o balanço veio melhor do que o esperado pelo "mercado", o Ebitda em particular.

Dizia-se ontem, outra vez, que o lucro foi vitaminado porque a Petrobras deixou de dar como perdida parte de uma dívida do setor elétrico (reverteu a provisão para perdas de R$ 1,295 bilhão), pois teve mais garantias de que vai receber o dinheiro devido. Mais, que tal valor teria sido lançado de modo impróprio no resultado do primeiro trimestre, pois a garantia foi obtida no segundo trimestre. Parece mais um muxoxo do que uma razão.

Há dúvidas sobre a política do governo para a empresa (preços, investimentos, venda de ativos, "conteúdo nacional")? Sim.

Ninguém sabe se o resultado razoável do primeiro trimestre vai se sustentar. Nem se o governo vai tabelar outra vez o preço dos combustíveis, apesar das promessas da direção da petroleira de que tal coisa não vai se repetir.

Não se sabe se a Petrobras vai torrar mais de seu caixa para investir. Se conseguirá diminuir dívida e custos nos próximos trimestres. Etc. Dúvidas velhas de meses, que de resto dificilmente poderiam ser dirimidas por um balanço trimestral. O que talvez ocorra na divulgação do plano de negócios para os próximos cinco anos, a ser divulgado em junho.

Enfim, pode ser que os estrangeiros estejam em retirada. Ou o que mais?

O pesadelo de Lula – Editorial / O Estado de S. Paulo

“Não estou numa fase muito boa”, teria repetido o ex-presidente Lula nas conversas que manteve na sexta-feira em Brasília. Poderia ser um tardio reconhecimento das consequências do que fez ou deixou de fazer nos últimos 12 anos. Afinal, se o País vai de mal a pior, o grande responsável por essa situação não poderia sentir-se de modo diferente. Mas não se imagine que Lula está preocupado com os destinos do País. O que o incomoda são as perspectivas sombrias que se abatem sobre seu próprio futuro político.

A crise que levou o País à retração econômica não é, como tenta justificar a presidente Dilma Rousseff, consequência da conjuntura internacional desfavorável, mas resultado de erros do governo do PT. É a prova mais evidente do esgotamento de um modelo que era viável enquanto o País surfava nas ondas de um mercado internacional favorável a economias cujo crescimento depende das exportações de matérias-primas, como a brasileira. Enquanto foi possível, o governo petista irresponsavelmente estimulou a gastança interna, elevando as despesas públicas e ampliando o consumo. Investimentos ambiciosos foram prometidos pelo governo. Dispondo de emprego e tendo acesso a crédito abundante, a classe média foi às compras, iludida pela propaganda oficial que lhe prometia quase o paraíso.

O sonho acabou. Agora, faltam salário e crédito para comprar eletrodomésticos, casa própria e automóvel, e não há recursos públicos para investir em bens sociais e em infraestrutura. O governo tenta cortar na própria carne – e na dos assalariados – para botar ordem nas suas contas e evitar a completa perda de credibilidade.

O PT colhe o que plantou. E o dono do PT paga o preço da soberba, da ambição e da autoconfiança desmedidas que o levaram a tratar o Brasil como sua propriedade por oito anos e ao erro fatal, do qual já se deu conta, de se valer de sua popularidade para escolher uma sucessora que lhe garantisse sua volta triunfal ao Planalto – se fosse possível, já em 2014.

O erro de Lula em 2010 foi imaginar que Dilma Rousseff permaneceria docilmente submetida à sua vontade de todo-poderoso Pai da Pátria – e, claro, do PT. Muito menos “pragmática” do que ele, cega pelo mesmo radicalismo dogmático dos grupos nos quais militou durante a ditadura militar, Dilma não se deu conta da encruzilhada em que o País se encontrava quando assumiu o poder e assim colocou, ela e o País, no caminho errado.

Em seus dois últimos anos na Presidência, Lula lograra minimizar os efeitos da crise internacional sobre o Brasil. Mas a crise impunha ao País a necessidade de se ater aos fundamentos macroeconômicos herdados da era FHC. Lula até que os preservara, mas começou a afrouxá-los, iludido pelos resultados positivos da economia brasileira. Por isso, quando a crise de 2008 se abateu sobre o mundo globalizado, países com finanças públicas mais organizadas e governos mais atentos e fiscalmente responsáveis escaparam dos seus efeitos com relativa rapidez, mas o Brasil não.

Ao chegar à Presidência, em 2011, Dilma ampliou a intervenção do Estado na economia. Reelegeu-se prometendo exatamente o contrário do que era necessário e urgente fazer. Atolou-se e levou junto o PT ao pântano do descrédito popular em que se encontra. Enquanto o País, acéfalo, fica nas mãos do mais puro oportunismo político encastelado no comando do Congresso Nacional, o PT e Lula falam em “repactuar” o partido, seja lá o que isso signifique.

Não adianta Lula declarar-se incomodado, tentar reformular o PT mudando toda a direção nacional, convocar personalidades de seu círculo de relações para encontrar uma saída para o beco em que se meteu. A culpa por “tudo isso que está aí” – como ele gostava de proclamar antes de 2002 para apontar o alvo de sua fúria oposicionista – é dele, Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma é apenas uma coadjuvante desmoralizada politicamente ao ser apanhada nas mentiras do marketing político que a reelegeu. Foi praticamente abandonada pelo próprio partido, que hesita em apoiá-la nas medidas de ajuste fiscal.

A presidente ainda tem três anos e meio de mandato. É impossível prever o que virá, mas talvez lhe esteja reservado o papel involuntário de eliminar, com seus desacertos, qualquer possibilidade de volta de Lula ao poder.

O impasse da reforma - Editorial / Folha de S. Paulo

Após um breve momento no qual tudo levava a crer que, desta vez, as discussões de fato avançariam, a proposta de reforma política da Câmara dos Deputados parece ter regressado ao impasse que costuma caracterizar iniciativas desse tipo.

Apresentado na semana passada, o relatório da comissão especial criada pela Casa para debater o tema teve sua votação novamente adiada nesta terça-feira (19). Pela segunda vez, prevaleceu a voz do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que não tem medido palavras ao tratar do assunto.

Desgostoso com o parecer de Marcelo Castro (PMDB-PI), o deputado fluminense disse, na segunda (18), que falta "perspicácia política" a seu colega. Em resposta, o piauiense sustentou que Cunha "deveria ter escolhido um relator mais submisso".

Divergiam a respeito da sugestão, feita pela comissão, de alterar a duração do mandato dos senadores, hoje de oito anos. O item, segundo o presidente da Câmara, jamais seria aprovado pelo Senado.

Não era, contudo, o único ponto de discordância --nem o principal. Eduardo Cunha se abespinhou sobretudo com a relutância de Marcelo Castro em avalizar o sistema conhecido como "distritão" para a eleição de deputados.

Nesse modelo, tudo se passa como num pleito majoritário, em que se saem vencedores os mais votados. Tende a beneficiar candidatos de grandes partidos e a prejudicar minorias e correntes doutrinárias, além de enfraquecer as legendas --o formato tem a rejeição quase unânime de cientistas políticos.

O desentendimento entre os peemedebistas atesta o quanto é difícil promover uma reforma no sistema eleitoral. Ainda que a maioria concorde com a necessidade de melhorar alguns aspectos da disputa, nem por isso será fácil conciliar as muitas ferramentas existentes para produzir os mais diversos efeitos na representação política.

Se modificações amplas paralisam o debate, talvez seja o caso de buscar mudanças pontuais --o que não é ruim. Sendo impossível ter certeza a respeito das consequências de uma determinada norma eleitoral, faz sentido, nesse contexto, apostar na acomodação das instituições e na realização de correções tópicas.

Faria bem o Congresso se começasse por impedir coligações nas disputas de deputado e vereador --além de quase nunca serem compostas em termos programáticos, elas distorcem a vontade do eleitor, que vota num partido e termina por ajudar candidatos de outro.

Músicos fazem show em homenagem a Elis Regina

• Gil, Fagner, Renato Teixeira, João Bosco e Ivan Lins se reúnem em tributo à Pimentinha

Julio Maria - O Estado de S. Paulo

Os homens de Elis saíam de todo canto. Caminhavam léguas com fitas cassete na bolsa e violão debaixo do braço para serem recebidos por ela no camarim dos teatros e no sofá de suas casas. Elis era a Meca. Eles precisavam daquela voz carimbando o passaporte para pisarem em território sagrado. Quando chegavam, tocavam a campainha e tremiam. Cantar diante do silêncio de Elis não era para os fracos. Chico Buarque travou e a voz não saiu. Alceu Valença chegou no dia errado. Baden e Paulo César Pinheiro apostaram em uma música sincera demais sobre a dor de uma separação. E Milton Nascimento cantou o que podia para se tornar um dos escolhidos.

Elis teve a seu favor o fato de viver à época de uma das maiores safras de compositores da música brasileira. Ou seriam os compositores que deveriam agradecer ao fato de terem existido à época de Elis? Ivan Lins vai mais longe. Acredita que a simples presença de Elis fez com que o nível da composição subisse a parâmetros inéditos por uma questão onírica: ao sonharem que estavam sendo gravados por ela, os compositores retiravam seus corações e enviavam a Elis em uma bandeja.

Alguns de seus grandes fornecedores estarão no palco do Auditório Celso Furtado, sábado e domingo, no Anhembi, para uma homenagem aos 70 anos que Elis Regina teria completado no último dia 17 de março. Gilberto Gil, Fagner, Ivan Lins, João Bosco, Renato Teixeira e Jair Oliveira, representando o pai, Jair Rodrigues, morto em maio do ano passado, vão realizar o que deve ser o maior tributo a Elis desde sua partida, em 19 de janeiro de 1982. A apresentação será uma curiosa reedição da marca Miele/Bôscoli. João Marcello, filho de Elis com Ronaldo Bôscoli, morto em 1994, 
vai estar ao lado do produtor Miele, que trabalhou com Ronaldo em espetáculos e especiais de TV de Elis. Algumas apresentações serão precedidas por casos contados pelos dois. Outras, por imagens em telões instalados dois nas laterais e um ao fundo do palco. Haverá números em voz e violão e outros com o acompanhamento de uma banda cheia, com teclado, guitarra, baixo, bateria, metais e percussão.

A presença de Elis será reforçada com o efeito dos áudios e vídeos raros ou inéditos restaurados para o show. Jair Oliveira vai tocar violão no momento em que Elis e Jair Rodrigues cantarem, no vídeo, o famoso pot-pourri de sambas lançados no álbum Dois na Bossa, de 1965. Outro momento já registrado como antológico deverá ser o reencontro entre Fagner e a madrinha que o lançou. Os dois “dividirão vozes” para cantar Mucuripe, que Elis gravou em 1972. “As pessoas vão ver Elis em um tamanho que elas não estão acostumadas a ver. As imagens de hoje são exibidas na TV ou nas telas de computadores. Imagine o efeito daquela voz saindo de caixas acústicas grandes e as cenas, de um telão de 25 metros quadrados”, diz João Marcello. O início será feito com um dos maiores sucessos de Elis soando na sala, sem acompanhamento, apenas com sua voz a capela.

Miele diz estar com os exames cardiológicos em dia para suportar a carga emocional. Ele já aparece representado na montagem Elis – A Musical, no também musical sobre Wilson Simonal e, em breve, no filme sobre a vida de Elis, dirigido por Hugo Prata. “Elis Regina paira sobre o Brasil, é algo impressionante.”

Os ingressos partem de R$ 125 (meia-entrada no setor B superior) e chegam a R$ 600 na área mais privilegiada, um preço salgado. “Eu decidi fazer tudo sem lei de incentivo. Prefiro cobrar mais caro a ter de usar um modelo de captação importante, mas que não é visto com simpatia. E eu não queria ver o nome da minha mãe envolvido em acusações do tipo ‘João capta não sei quantos milhões para fazer shows para Elis’. É a festa de seus 70 anos e eu quero preservá-la.

Não foi bacana o que a Maria Bethânia passou” diz ele, referindo-se ao episódio de 2011, em que a cantora baiana foi autorizada a captar R$ 1,3 milhão para fazer um site de poesias.

Dos nomes que farão falta, o de Milton Nascimento é o maior deles. Sua ausência se dá sobretudo por estar o cantor em um momento de recuperação física e por incompatibilidade de cachê, segundo João Marcello. Maria Rita, diz João, já havia feito sua homenagem à mãe em uma turnê pelo País. Ela agradeceu o convite e informou que preferia não participar. O cantor Pedro Mariano alegou estar envolvido com outro projeto e não ter agenda.

Provável set list
Abertura. A voz de Elis vai soar sozinha no início do show, sem acompanhamento, cantando uma de suas gravações mais comoventes

Jair Oliveira. O compositor vai representar o pai, Jair Rodrigues, tocando violão enquanto os telões exibirão Elis e Jair cantando o pout pourri de sambas da época do show e do LP Dois na Bossa, de 1965

Renato Teixeira. Romaria, Sentimental Eu Fico

Fagner. Noves Fora, Mucuripe

João Bosco. O Bêbado e a Equilibrista, O Mestre Sala dos Mares

Ivan Lins. Madalena, Aos Nossos Filhos, Me Deixa Em Paz

ELIS 70 ANOS
Anhembi. Grande Auditório Celso Furtado. Rua Olavo Fontoura, 1.209, 3674-9461. Sáb., às 21 h; dom., às 20 h. R$ 125/R$ 600.