terça-feira, 27 de maio de 2014

Opinião do dia: Eduardo Campos

“Quem era mãe do PAC ficou sendo a madrinha da inflação.”

Eduardo Campos, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, O Globo, 27 de maio de 2014.

Ronaldo diz que vai apoiar campanha de Aécio

• Empresário afirmou que pré-candidato tucano e amigo pessoal é o único político que ele apoia publicamente

O Globo

RIO - Mesmo tendo uma relação de proximidade com o ex-presidente Lula desde a época em que atuava no Corinthians, o ex-jogador e empresário Ronaldo Fenômeno afirmou, entrevista ao jornal “Valor Econômico”, que está comprometido com a campanha do pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves.

A declaração de apoio veio poucos dias depois de uma polêmica entrevista à agência Reuters, na qual Ronaldo disse estar envergonhadocom as dificuldades enfrentadas pelo Brasil às vésperas da Copa do Mundo.

"Ele foi o único cara que eu apoiei publicamente. Apoiei para governador de Minas e aí ele fez um excelente trabalho. Sempre tivemos uma amizade muito forte a agora vou apoiá-lo. É meu amigo, confio nele e acho que é uma ótima opção para mudar nosso país", declarou o ex-jogador, que se disse “amigo de noite e dia” do tucano há 15 anos.

Ronaldo disse ainda que mesmo depois da Copa, quando "vai precisar de férias", vai trabalhar para a candidatura do amigo. Ele ressalta que não tem pretensão de entrar para a política e que atitude foi baseada em razões pessoais.

"Tenho amigos. Sou muito amigo [do ex-presidente] Fernando Henrique[Cardoso]. O presidente Lula também, que é um cara sensacional e sempre tivemos uma ótima relação. Mas voto declarado, mesmo, só no Aécio".

O ex-atacante declarou não ter medo de ficar taxado como tucano após as eleições e reafirmou que não é filiado a nenhum partido político, mas apenas curioso com o tema. "Leio muito sobre isso. Não tenho medo de ser marcado por nada", disse.

Atrasos são culpa do governo, diz Ronaldo
Ronaldo voltou a criticar os atrasos e problemas enfrentados pelo país pouco antes do início da Copa do Mundo. Mas fez a ressalva de que a competição em si não trouxe prejuízos para o país, e sim a administração pública, que prometeu melhorias de infraestrutura para o evento.

"Os atrasos que eu acho que são uma grande pena para o nosso povo são os que acontecem em infraestrutura, em aeroportos, em mobilidade urbana. Esse é o legado que deveríamos ter na Copa, e temos pouco, de acordo com o que era previsto ontem. É isso que as pessoas precisam entender: isso são os governos. Isso não tem nada a ver com o futebol, nem com a Copa".

Depois da cornetada, a tabela com Aécio

• Ronaldo critica atrasos do governo em obras da Copa e diz que vai atuar por eleição de tucano

- O Estado de S. Paulo

Amigo "há 15 anos" do senador mineiro Aécio Neves, com quem diz compartilhar saídas "de noite e de dia", o ex-astro da Seleção Ronaldo decidiu declarar seu apoio ao projeto presidencial do tucano. A preferência política, revelada em entrevista publicada ontem pelo jornal Valor Econômico, causou forte reação nas redes sociais e entre os adversários do PSDB, principalmente os petistas.

"Confio nele (Aécio) e acho que é uma ótima opção para mudar nosso país", afirmou Ronaldo na entrevista concedida na sexta-feira. No mesmo dia, o ex-jogador e hoje empresário que vive em Londres havia dito à agência Reuters que sentia "vergonha" dos atrasos nas obras da Copa. Ronaldo é conselheiro do Comitê Organizador Local (COL), entidade privada ligada à Fifa responsável pela realização do Mundial no País.Nas entrevistas, o ex-jogador defendeu a realização da Copa e a Fifa, ambos alvo de protestos desde junho do ano passado. "Os culpados são os governos que prometeram e criaram essa expectativa para o povo. É uma oportunidade perdida", avaliou Ronaldo. "A gente tinha tudo para aproveitar esta grande chance e fazer tudo acontecer, entregar todos os investimentos prometidos ao povo e fazer uma grande festa."

Repercussão. Acostumado a ser assunto no fim de semana e nas manhãs de segunda-feira, quando torcedores travam calorosos debates sobre os jogos do fim de semana e os gols da rodada, Ronaldo repetiu a dose ontem, mas no debate político.

"(Ronaldo age) como alguém que tenta se dissociar na reta final para evitar qualquer tipo de desgaste", afirmou o secretário nacional de Comunicação do PT, vereador paulistano José Américo Dias, em resposta às críticas sobre as obras para a Copa. Para o petista, que participava de uma reunião partidária em Brasília, Ronaldo está "preparando o terreno" para o pré-candidato tucano, embora seja "corresponsável" pelo evento em função do cargo no COL.

No sábado, a presidente Dilma Rousseff já havia aproveitado um evento público para rebater a crítica do ex-jogador. "Tenho certeza de que o nosso país fará a Copa das Copas. Tenho certeza da nossa capacidade. Tenho certeza do que fizemos, tenho orgulho das nossas realizações", afirmou. "Não temos do que nos envergonhar e não temos complexo de vira-latas."

A afirmação refletia o quanto a petista havia se incomodado com o tiro de Ronaldo contra as obras da Copa. Ontem, Dilma tirou o pé e evitou prolongar a polêmica. Ao ser questionada por jornalistas se estaria "brava" com Ronaldo, disse apenas "não" e seguiu o curso.

Outro adversário de Aécio na disputa de outubro, o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, limitou-se a considerar "normal" o apoio de Ronaldo ao tucano. "Qualquer cidadão tem direito, na democracia, de fazer sua escolha", disse o ex-governador de Pernambuco, no "Cafés da Manhã Estadão Corpora", realizado ontem em São Paulo (mais informações na pág. A8).

'Patrulha'. Em defesa do amigo, Aécio afirmou que Ronaldo de fato está "à disposição" da campanha presidencial tucana, mas que ainda não há nada definido sobre o papel do ex-camisa 9. "Ronaldo deu uma opinião como cidadão. Ele e outras pessoas que manifestam apoio são imediatamente patrulhadas", disse ontem, quando também esteve em agenda em São Paulo.

As declarações ultrapassaram as quatro linhas da disputa eleitoral, ou melhor, também repercutiram entre outro craque em unir futebol e política. Ex-centroavante como Ronaldo, mas dono da camisa 11, o hoje deputado Romário (PSB-RJ) não aprovou as críticas do ex-parceiro de seleção - os dois estavam na equipe que conquistou o tetra nos Estados Unidos, 20 anos atrás. "Tenho a minha bandeira e as minhas colocações. Não mudo de lado, dependendo da forma que acontece o jogo", afirmou Romário no Rio, ao ser questionado sobre o assunto.

O jogador Gilberto Silva, pentacampeão com Ronaldo em 2002, não quis comentar o assunto após deixar ontem o Palácio do Planalto, onde participou de reunião do Bom Senso Futebol Clube com a presidente.

Isadora Peron, Nivaldo Souza, Pedro Venceslau, Rafael Moraes Moura, Ricardo Della Coletta e Ronaldo Lincoln Jr.

Aécio defende aliança paulista entre PSDB e PSB

Cristiane Agostine – Valor Econômico

SÃO PAULO - Presidente nacional do PSDB e pré-candidato do partido à Presidência, o senador Aécio Neves (MG) defendeu ontem uma aliança entre seu partido e o PSB em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Para Aécio, o acordo entre as duas legendas no Estado é "natural" e tem apoio do comando nacional do PSDB.

A defesa se dá em meio a gestos do presidente nacional do PSB e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos, de romper acordos com o PSDB em importantes colégios eleitorais. Em Minas Gerais, Estado de Aécio, o PSB deve lançar candidato próprio, contrariando pacto de não agressão com os tucanos.

Aécio reuniu-se ontem com o governador de São Paulo e pré-candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), na sede do governo paulista, e o orientou a manter as negociações com o PSB.

"Quaisquer que sejam as alianças que o governador Alckmin conduzir, terá o nosso absoluto apoio. Ele tem feito essas conversas, até porque são naturais, com o PSB e outras forças políticas", disse Aécio. "Já disse meses atrás que considero natural o PSB continuar onde estava. E onde o PSB sempre esteve em São Paulo? Ao lado do governador Alckmin", afirmou, referindo-se à sigla que integra a base aliada de Alckmin.

Em São Paulo, o PSB está dividido em relação ao apoio a Alckmin. O presidente estadual da legenda, deputado Márcio França, é o principal defensor da aliança. França, que já foi secretário de Turismo da atual gestão estadual, é cotado para ser vice de Alckmin. A negociação no Estado esbarra na ex-senadora e pré-candidata a vice na chapa de Campos, Marina Silva, que é contrária ao apoio e defende o lançamento de um nome do partido no Estado. Para a ex-senadora, seria contraditório defender a renovação na política no campo federal e estar no mesmo palanque que o PSDB, que está há cinco gestões consecutivas em São Paulo.

Ao mesmo tempo em que negocia com o PSB, Alckmin tenta também atrair o PSD, que poderia ser vice em sua chapa. Depois da reunião com Aécio, o governador conversou com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Os dois reuniram-se antes de evento no Palácio dos Bandeirantes.

Na sede do governo paulista, Aécio disse que planeja anunciar na próxima semana o apoio de partidos nanicos à sua pré-candidatura. O PMN deve ser a primeira dessas legendas a selar o acordo. O tucano negocia com PTN, PTC, PSL, PTdoB e PEN, que devem render 20 segundos no tempo de televisão.

O pré-candidato presidencial disse ter conversado ontem com a presidente nacional do PMN, Telma Ribeiro. Apesar de comemorar o apoio dos partidos nanicos, Aécio é um dos principais defensores no Congresso da cláusula de barreira, que acabaria com as legendas com pouca representatividade no Legislativo.

Aécio desconversou ao ser questionado sobre a reunião com Alckmin em pleno expediente do governador, na sede do governo paulista, para tratar de eleições, e afirmou ter discutido temas nacionais, como segurança pública e dívida dos Estados.

O tucano disse que o encontro com Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, marcado para as 15h, foi distinto da reunião que a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tiveram em Brasília, no Palácio do Alvorada, em março. Na ocasião, Aécio criticou o uso da sede do governo federal para o encontro e recorreu à Justiça Eleitoral. "Eu passei na hora do almoço. Essa talvez seja a principal diferença", disse, em entrevista concedida depois da reunião, por volta das 16h30. "Não estamos falando de uma reunião eleitoral, com marqueteiro, sobre estratégia de campanha. É a visita do presidente do partido do governador ao governador", afirmou. "Não se pode fazer do palácio do governo um cenário de debates eleitorais. A visita do presidente do partido é absolutamente natural".

PSDB entra com ação contra PT por perfis falsos de Aécio na web

• Páginas foram usadas a partir de escritório de prefeitura petista

Alexandre Aragão, Daniela Lima – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O PSDB entrou com uma ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) requisitando que o PT seja multado pela criação e administração de perfis em redes sociais com críticas ao pré-candidato tucano à Presidência, senador Aécio Neves (MG).

Servidores e equipamentos da Prefeitura de Guarulhos, que possui administração petista há 14 anos, foram usados para gerir a página "Aécio Boladasso" no Facebook.

A descoberta ocorreu após o tucano conseguir a quebra do sigilo dos administradores do site, em processo movido contra 27 empresas de tecnologia no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), conforme a Folha revelou no último domingo (25).

Caso o TSE decida que a atitude do PT se enquadra no artigo que pune propaganda eleitoral antecipada negativa --como argumenta o PSDB--, o partido pode ser condenado a pagar uma multa que varia de R$ 5.000 a R$ 25 mil.

O PSDB também entrará com um pedido na Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo para que Nataly Galdino Diniz, servidora de Guarulhos citada como administradora do site, seja punida por improbidade administrativa.

"Essa prática não só afeta o equilíbrio eleitoral como causa prejuízo ao erário", afirma o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), que coordena a área jurídica da pré-campanha de Aécio.

Outro lado
Em nota, a Prefeitura de Guarulhos afirmou que desconhecia o uso de seus equipamentos para fins eleitorais. A gestão disse ainda que uma investigação foi aberta para apurar "o uso indevido de seus equipamentos e serviços por parte da referida funcionária [Nataly Galdino Diniz] e tomar as medidas cabíveis".

A prefeitura ressaltou ainda que "tem como política instalar, em todos os anos eleitorais, um grupo para orientar todos os seus servidores no sentido de não utilizarem os equipamentos públicos para fins eleitorais".

Aecistas do PMDB querem Cesar Maia na chapa com Pezão no Rio

• Conversas contam com apoio de Aécio, que busca reforçar palanque

Marcelo Remígio – O Globo

RIO - O PMDB e o PSDB querem uma aliança com o DEM do ex-prefeito e vereador Cesar Maia para reforçar a chapa à reeleição do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o palanque no estado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato a presidente. As conversas com caciques nacionais do DEM são conduzidas pelo próprio Aécio e ganharam força com o lançamento do movimento “Aezão” — grupo de dissidentes que defende a aliança com o PSDB e rompimento com o PT.

— As conversas com o ex-prefeito Cesar Maia são conduzidas pelo próprio Aécio, que tem defendido que somente uma união de forças numa aliança que reúna no Rio PMDB, PSDB, PP, PSD, Solidariedade e DEM garantirá a vitória de Aécio no estado. Quanto ao Senado, nosso candidato ainda é Sérgio Cabral. Só ele pode abrir mão da vaga — afirma o deputado federal Leonardo Picciani, integrante da Executiva Nacional do PMDB.

O ex-prefeito tem dito que mantém sua candidatura ao Palácio Guanabara e negou ontem que aceitará a proposta de tucanos e peemedebistas para apoiar Pezão. Cesar afirmou ainda que qualquer negociação majoritária será conduzida pela Executiva Nacional. Ele cita os estados de Goiás, Rio e Pará como exemplos de negociações lideradas pelo senador Agripino Maia (RN); o prefeito de Salvador, ACM Neto (BA); e o deputado Mendonça Filho (PE) — caciques nacionais. Além da tentativa de atrair Cesar, o PMDB negocia como será a participação do PSD na aliança. O PSD quer indicar Ronaldo Cezar Coelho ou Wagner Montes para a vaga de senador na chapa de Pezão.

Dilma não preservou avanços e Brasil parou de crescer, diz Campos

Pedro Teixeira e Luis Eduardo Leal - Valor Econômico

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, disse noite desta segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que a polarização do debate político sobre os legados dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso não contribui para uma avaliação serena da realidade – e que a atual presidente, Dilma Rousseff, apesar dos avanços herdados, não conseguiu preservá-los, de forma que o país passou a crescer pouco.

Comparado recentemente por Lula ao ex-presidente Fernando Collor, Campos, sem entrar na polêmica, disse ter aceitado o desmentido de Lula sobre as declarações que teria feito. “O presidente Lula teve uma oportunidade de desmentir essa matéria. Eu aceitei o desmentido”, disse Campos.

“Eu acho que o Brasil vinha melhorando e parou de melhorar. Melhorou quando construímos a democracia, e o PMDB teve papel importante nisso; depois com a transição econômica, com o presidente Fernando Henrique, e melhorou com o presidente Lula, que teve a responsabilidade de manter conquistas na economia e aprofundar mudanças que fizeram com que 40 milhões de pessoas passassem a consumir bens básicos. Cresceu a economia”, disse Campos.

“Essa polarização que fica negando a realidade, e não admite erros de parte a parte, impede o Brasil de construir um relacionamento mais sereno”, observou o pré-candidato. “A presidente Dilma teve a oportunidade de corrigir as falhas, preservando os avanços, mas se enrolou no modelo da velha política, na inflação, nos juros. Há um desejo generalizado de mudança”, afirmou Campos.

Campos citou como um problema a quantidade de ministérios que o Brasil tem, 39, e afirmou que vai reduzir esse número à metade, mas não disse quais seriam extintos.

Por outro lado, afirmou que sua chapa, com Marina (Silva), vai garantir a preservação de conquistas sociais. “Podemos não apenas ampliar sua rede de ação para pequenos municípios, como colocar o que é emancipatório, a educação, que terá forte peso no nosso programa de governo”, disse o pré-candidato do PSB.

Ele procurou se colocar como uma terceira via, entre PT e PSDB, sem, contudo, negar os “avanços” observados nos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso.

“A agenda que a gente tem para o futuro exige a união dos brasileiros. O povo está cheio dessa picuínha, do hoje contra o ontem, e o amanhã chegando, o Brasil perdendo posição”, afirmou Campos.

Economia
O pré-candidato também abordou, ainda que de passagem, questões econômicas. “O mercado precisa de regras, regulação mais segura que anime os investimentos, e a sociedade precisa de agências mais seguras”, disse. “A independência do Banco Central é importante para retomar o desenvolvimento, que é um programa histórico da esquerda”, afirmou o pré-candidato do PSB.

Questionado sobre o papel que pretende atribuir ao BNDES, Campos, disse que a instituição de fomento precisa retornar a seu “leito natural”, após o papel extraordinário que precisou desempenhar, especialmente em 2009, quando as condições de crédito às empresas se restringiram.

“O BNDES tem um grande corpo funcional e merece todo nosso respeito. Mas uma coisa foi o papel que o BNDES teve de fazer em 2009, com as dificuldades de crédito de então, uma fase totalmente atípica. E o atípico não pode virar o habitual”, disse o pré-candidato.

“O BNDES tem que voltar ao leito natural dele. Está exposto a R$ 400 bilhões em financiamentos e não podemos achar que isso é sustentável no tempo. A diferença entre o custo de captação e a taxa de empréstimo quem paga é o contribuinte”, acrescentou Campos.

Ele defendeu também um modelo mais progressivo de tributação, com menor taxação sobre o consumo, mas que não seja adotado “da noite para o dia”. “O Brasil tem um sistema tributário extremamente regressivo, e o resultado disso é que o pobre acaba pagando mais tributos”, afirmou. Sobre um possível aumento da carga do Imposto de Renda, disse apenas que poderiam existir outras faixas de tributação abaixo da alíquota de 27,5%.

Ao abordar temas econômicos e de gestão, o pré-candidato não poupou críticas à presidente Dilma Rousseff, especialmente quando questionado sobre a Petrobras e o setor de energia. “Ela tem responsabilidade porque comandou essa área desde o primeiro dia”, disse ele, referindo-se às passagens de Dilma pelo conselho de administração da Petrobras, pelo Ministério de Minas e Energia e pela Casa Civil, antes de chegar à Presidência da República.

“Temos uma crise no setor elétrico muito expressiva. Esse setor, que já teve um planejamento, hoje se resume a um debate entre uma ou duas pessoas que conversam com a presidenta”, afirmou.

Alianças
Questionado sobre a dificuldade que todo presidente enfrenta no país, tendo em vista a necessidade de alianças com lideranças políticas associadas ao atraso, Campos disse esperar uma renovação, inclusive no Congresso, nas eleições deste ano. “Uma parte a sociedade vai fazer: ajudar a renovar o Congresso”, disse ele. Referindo-se a políticos associados a oligarquias nos Estados, Campos afirmou: “Já tiraram do Brasil o que tinham para tirar. Os que ficarem, nós temos que ter a coragem de colocar na oposição.”

Campos também disse não ter, no momento, qualquer acordo com o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves. “Não tenho acordo com nenhuma candidatura. Em uma aliança de dois turnos, tratar de alianças sobre o segundo turno no primeiro turno seria um erro e uma irresponsabilidade”, disse.

O pré-candidato do PSB também não quis comentar a hipótese de abandonar a candidatura caso o ex-presidente Lula venha a ser o candidato do PT em outubro, em resposta ao movimento “Volta Lula”. “Lula já disse que não é candidato. A candidata é a Dilma”, afirmou.

Eduardo Campos diz que Dilma virou madrinha da inflação

• Presidenciável ironizou título de mãe do PAC dado pelo ex-presidente Lula

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta segunda-feira que a presidente Dilma Rousseff se transformou de mãe do Programa de Acerelação do Crescimento (PAC) em madrinha da inflação. O presidenciável disse ainda que o atual governo "não é de esquerda".

- Quem era mãe do PAC ficou sendo a madrinha da inflação - declarou Campos, em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura

Antes de ser oficializada candidata a presidente em 2010, Dilma passou a ser chamada de mãe PAC pelo então presidente e seu padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva.

Campos também afirmou que o governo Dilma "não é de esquerda", porque não conseguiu manter o desenvolvimento econômico, não aprofundou a reforma a agrária e não garantiu a soberania internacional do país.

O presidenciável descartou fazer novas privatizações em seu eventual governo, mas negou ter restrição ideológica ao tema.

- Não tenho nenhum preconceito com privatizações. Mas não enxergo no Brasil o que privatizar. Enxergo o que (é preciso) conceder.

Campos defendeu que pode implantar um novo modelo político no país para acabar com o fisiologismo seguindo o que aconteceu na aprovação do Plano Real.

- O presidente Itamar Franco fez a votação do Plano Real sem distribuição de cargos

Novamente, se comprometeu a reduzir pela metade o número de ministérios, mas se recusou a listar quais pastas fecharia. Depois de insistência dos entrevistadores, admitiu que o Ministério da Pesca poderia ser extinto.

Dentro do modelo que pretende implantar, disse que gostaria de unir PT e PSDB em seu eventual governo. Elogiou as gestões de Fernando Henrique Cardoso e Lula e disse:

- O presidente Lula fez mais porque encontrou um Brasil já arrumado

Questionado sobre o impasse do PSB na eleição de São Paulo, reconheceu a possibilidade de o seu partido e a Rede, dos aliados de Marina Silva, caminharem separados:

- Se não tivermos um acordo vamos respeitar a decisão de cada partido.

O PSB quer apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) e a Rede quer uma candidatura própria no estadual.

Campos se disse contrário a uma mudança na legislação para permitir a legalização da maconha, como no Uruguai:

—- Num país que vive uma epidemia do crack, a gente que acha a questão da droga não é se legaliza ou não a maconha. A questão hoje que a cidadania quer é que a gente aumente o efetivo da Polícia Federal, que tomem conta das nossas fronteiras, que combatam o tráfico que está matando centenas de jovens, levando o furto a explodir nas cidades pequenas, médias e grandes e gerando um ambiente de insegurança.

Mais uma vez, o pré-candidato se declarou contra a legalização do aborto, "mantendo a posição que já tinha antes de ser candidato". Ainda dentro dos temais sociais, se declarou contra a homofobia.

— Tenho uma posição muito clara contra a homofobia. Não podemos discriminar nenhum cidadão por orientação sexual.

O ex-governador também afirmou que poderia implantar em seu eventual governo novas faixas para o Imposto de Renda, mas abaixo do teto de 27,5% de hoje.

Marina não é ameaça ao agronegócio no país, afirma Campos

• Pré-candidato ao Planalto comparou a resistência à sua vice à preocupação do empresariado com Lula em 2002

• Integrante do Partido Socialista Brasileiro, Campos disse que, se eleito, governará o país no "sistema capitalista"

Marina Dias – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Durante café da manhã com empresários nesta segunda-feira (26), em São Paulo, o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, afirmou que a ex-senadora Marina Silva, sua vice na chapa para a disputa pelo Palácio do Planalto, será "uma grande oportunidade em vez de uma ameaça" ao agronegócio brasileiro.

Campos foi questionado sobre o quanto Marina poderia "atrapalhar" a atuação de um futuro governo do PSB frente ao setor, devido a sua atuação como defensora da causa ambientalista.

"Acho que aí tem uma grande oportunidade em vez de uma ameaça, porque vejo uma preocupação permanente de se ter uma produção sustentável, a recuperação de áreas degradadas, de se fazer o agronegócio evoluir sem ser por cima das florestas", afirmou em evento do jornal "O Estado de S. Paulo".

O ex-governador de Pernambuco comparou a resistência que o setor apresenta em relação à sua vice à preocupação que o empresariado tinha diante do ex-presidente Lula que, segundo Campos, fez um governo que se tornou "uma surpresa agradável".

"Não foi uma surpresa para mim [a atuação de Lula na área econômica], como não vai ser surpresa ver o agronegócio compreendendo o quanto é importante a Marina se tornar vice-presidente do Brasil", disse Campos.

"Quem disser que dá para fazer agronegócio sem sustentabilidade está mentindo. Esses valores vieram para ficar", completou. Ele prometeu um ambiente de "segurança jurídica" para o setor.

Presidente nacional do PSB (Partido Socialista Brasileiro), Campos afirmou que, se eleito, irá dirigir o país no sistema capitalista.

"Como presidente da República, desejo deixar muito claro ao país que o presidente não terá nenhum tipo de preconceito contra o capital privado e contra o lucro. Nós vamos dirigir o país no sistema capitalista", declarou.

Recentemente, o partido abriu a discussão sobre a possibilidade de alterar trechos do manifesto da sigla, de 1947. O documento defende "socialização dos meios de produção" e limites à propriedade privada.

Ditadura
O ex-governador afirmou que o setor energético padece de falta de planejamento e vive uma "ditadura absoluta", com decisões concentradas nas mãos de "um, dois ou três", sem citar nomes.

Ele também afirmou que o governo faz "política macroeconômica com as estatais", no caso da Petrobras, ao, por exemplo, controlar o preço dos combustíveis.

"É preciso devolver governança à Petrobras, blindá-la da politicagem e com regra das receitas que não submeta à petroleira (ao controle)", disse Campos.

Campos vê ‘ditadura’ no setor elétrico

• Em evento promovido pelo ‘Estado’ e pela agência Corpora, pré-candidato diz que decisões são tomadas apenas por Dilma e ‘dois assessores’

Isadora Peron - O Estado de S. Paulo

São Paulo - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, disse nesta segunda-feira, 26, em São Paulo, que o Brasil vive uma "ditadura" no setor elétrico, cujas decisões ficam concentradas nas mãos da presidente Dilma Rousseff e de mais "dois assessores".

A uma plateia de cerca de 200 empresários, durante evento promovido pelo Estado e pela agência Corpora Reputação Corporativa na capital paulista, Campos voltou a acusar a presidente de não dialogar com o setor.

"O planejamento foi completamente relegado às decisões da presidenta e de mais dois assessores. Há uma ditadura no setor elétrico absoluta. Quem não concorda não é ouvido", afirmou o pré-candidato do PSB, partido que até setembro do ano passado fazia parte da base aliada do governo federal.

Campos repetiu a estratégia de culpar Dilma diretamente pelo que chama de atual crise no setor energético, já que a presidente foi ministra de Minas e Energia durante o primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em tom de ironia, disse que "nem mesmo se o País tivesse reunido talentos para dizer ‘vamos complicar a economia’" teriam conseguido resultados "melhores" do que os atuais. "Perdemos a governança e a capacidade de planejar", afirmou.

Ele também voltou a acusar o governo de esconder a existência do problema no setor da sociedade por interesse eleitoral. "A população está sendo endividada sem ter consciência disso."

A atual crise no sistema energético, segundo Campos, é uma combinação de chuvas escassas e nível baixo de reservatórios, mas também de decisões tomadas pelo governo que considera equivocadas, como a de reduzir a tarifa de energia elétrica em 2012. O governo teve de anunciar um pacote de R$ 12 bilhões para socorrer as distribuidoras de energia. A conta será dividia pelo Tesouro, pelo próprio setor elétrico e pelos consumidores, mas o impacto sobre as contas de luz só deverá ocorrer em 2015, depois das eleições.

Com relação à Petrobrás, Campos disse que o controle de preços dos combustíveis mostra que o governo faz "política macroeconômica com as estatais", e que essas medidas têm causado sérios danos ao setor sucroalcooleiro. "É preciso devolver governança à Petrobrás, blindá-la da politicagem."

Campos não propôs nenhuma medida concreta, mas defendeu que é preciso retomar o planejamento estratégico para o setor.

Líder de uma legenda que leva a bandeira "socialista" no nome, ele iniciou o seu discurso para a plateia de empresários afirmando que gostaria de "deixar claro" que, se for eleito presidente, "não terá nenhum tipo de preconceito contra o capital privado e contra o lucro" e que vai dirigir o País através da lógica do "sistema capitalista".

Agronegócio. Durante o evento, Campos também defendeu as posições da sua pré-candidata a vice, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. As bandeiras ambientais de Marina costumam ser vistas com resistência por representantes do PIB nacional, especialmente ligados ao agronegócio.

Questionado sobre como iria convencer o setor de que a ex-ministra não causaria entraves, o presidenciável afirmou que ter Marina como pré-candidata a vice-presidente do Brasil representa uma "grande oportunidade" e não uma "ameaça" ao agronegócio. "Acho que há aí uma grande oportunidade em vez de uma ameaça. Até porque vejo uma preocupação permanente de se ter uma produção sustentável", disse. "Quem vier dizer que vai dar para fazer agronegócio hoje sem uma visão de sustentabilidade estará mentindo."

Campos comparou a resistência em relação a Marina à preocupação que os grandes empresários tinham em 2002, quando Lula estava prestes a vencer a sua primeira eleição presidencial.

"Eu via o empresariado brasileiro também com grande preocupação durante a campanha do ex-presidente Lula. Preocupação que se assemelha ao que se tenta passar hoje em relação a Marina. No final, muitas pessoas que tinham esse mesmo tipo de preocupação tiveram uma surpresa muito agradável. Não foi uma surpresa para mim, como não vai ser surpresa ver o agronegócio compreendendo o quanto é importante a Marina Silva se tornar vice-presidente do Brasil", disse.

Reforma política. Ao comentar os prejuízos que os atrasos em obras causam aos cofres públicos, o pré-candidato afirmou que não será possível "resolver o problema da governança no Brasil se não resolver o problema político". O presidenciável do PSB repetiu que, caso eleito, pretende acabar com a troca de favores e cargos que se estabeleceu no presidencialismo de coalizão e que vai romper com "as velhas raposas" da política.

Ele argumentou ainda que a reforma política não é colocada em prática por causa da atual conjuntura. "Cheguei à conclusão de que a reforma não sai porque não afastamos os interesses imediatos das pessoas envolvidas. Na reforma política, antes de discutir sistemas, temos que discutir o mandato de cinco anos sem reeleição."

Campos propõe governo transparente com visão de Estado

Suzana Inhesta, Ana Fernandes e Fernando Travaglini - Agência Estado

O ex-governador do Estado de Pernambuco e pré-candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) afirmou, há pouco, em seu discurso de abertura no evento com empresários promovido pelo Grupo Estado e a Corpora, que o presidencialismo de coalização precisa de um Estado que não atrapalhe, que remova um serviço de qualidade ao País. "Do ponto de vista institucional, precisamos de um governo de visão de Estado, de reforma, com transparência, com marcação de metas, de produtividade. Para termos segurança jurídica", falou.

Já com relação à macroeconomia, Campos afirmou que o governo precisa ter uma percepção de clareza nas regras. "E foi exatamente isso que faltou. Nos últimos anos, quebrou-se a confiança entre a liderança e liderados. Temos que ter um Banco Central independente, com conselho de responsabilidade fiscal, que pode dar a sociedade o mapa do caminho que o País está segundo", disse.

Segundo ele, o governo hoje está aumentando os gastos em energia em R$ 100 milhões, mas não ara promover melhoras, e sim para "piorar a situação do setor". "Precisamos reconduzir o Brasil a um ambiente de negócios com confiança interna e externa, o que for perdido nos últimos anos", ressaltou. (Colaborou Wladimir D''Andrade).

Aliança não resolve entraves

• PP confirma hoje apoio à campanha de reeleição de Dilma Rousseff, que tenta atrair outros partidos, como o PR e o Pros. Nos estados, entretanto, essas legendas resistem em aderir à campanha da petista

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

Ao acertar em almoço hoje o apoio do PP à campanha presidencial, a presidente Dilma Rousseff amplia o tempo de televisão a que terá direto nas eleições de outubro em comparação aos principais adversários — Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) —, mas os problemas regionais estão longe de serem contornados. Pelos cálculos do Correio, Dilma teria, hoje, aproximadamente 22 minutos e 12 segundos na propaganda eleitoral partidária, divididos pelos dois blocos diários de inserção a que os candidatos têm direito. Aécio Neves aparece em seguida, com quase 8 minutos, e Eduardo Campos em terceiro, com 4 minutos.

Apesar da aliança nacional com o PT, em vários estados, pepistas e petebistas apoiarão outros presidenciáveis. No caso do PP, as seções gaúcha, mineira e fluminense da legenda estarão com Aécio Neves. No último sábado, o senador tucano estava no pré-lançamento da candidatura da senadora Ana Amélia (PP-RS) ao governo gaúcho. "Eu quero saber se poderei apresentar Aécio na minha propaganda eleitoral", questiona Ana Amélia. No caso do PTB, os problemas também ocorrem em São Paulo e em Minas Gerais, e a sigla espera resolver todas as pendências na convenção nacional.

O levantamento dos minutos na tevê leva em consideração as legendas que já declararam apoio formal ou informal aos presidenciáveis. O tempo de Dilma ainda poderá aumentar, pois três partidos que demostram interesse em dar suporte à petista ainda não sacramentaram essa decisão: PDT, Pros e PR. O presidente do PDT, Carlos Lupi, tem conversado tanto com Dilma quanto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, após a sigla ter recuperado o Ministério do Trabalho, não deve ter empecilhos para sacramentar a parceria.

Incertezas
Mas há maiores dificuldade no PR e no Pros. A exemplo do PDT, o PR também foi vítima da faxina presidencial no primeiro ano do governo Dilma, mas recuperou o Ministério dos Transportes. Entusiasta da aliança com o Planalto, o presidente nacional do partido, senador Alfredo Nascimento (AM), enfrenta a resistência de parte da bancada republicana, sobretudo dos deputados, ainda influenciados por Valdemar Costa Neto, preso devido ao envolvimento com o mensalão. Eles, inclusive, defenderam, há três semanas, o "volta, Lula".

O Pros foi criado para ser governo e tem como principais líderes os irmãos Cid e Ciro Gomes, mas o presidente nacional da legenda, Eurípedes Júnior, tem pressionado para que o Planalto substitua Francisco Teixeira (ligado aos Gomes) no Ministério da Integração Nacional. Os políticos cearenses também estão incomodados com a indefinição na disputa pelo governo do Ceará. Por essas razões, o futuro do Pros na aliança ainda é incerto.

Para o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), o tempo de propaganda partidária de Dilma servirá para o governo expor todas as realizações — e atrair novos aliados. "Se analisarmos os números do Plano Safra Agricultura e Pecuária e o destinado aos pequenos agricultores, veremos que o governo tem muito o que mostrar", declarou Raupp.

Já o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), acredita que a população esteja vacinada contra a propaganda oficial. "A população percebe que o atual governo tem distribuído benesses e dinheiro público para conseguir apoio. Vamos nos concentrar no conteúdo, e não na quantidade de tempo disponível", afirmou.

O PSB, por sua vez, aposta na mídia espontânea decorrente da cobertura igualitária durante a campanha e nas redes sociais para reverberar o discurso de campanha. "Além disso, a população está cansada da velha política e verá que temos uma aliança coerente e programática", acrescentou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).

Merval Pereira: Acordos assimétricos

- O Globo

À medida que se aproxima o mês de junho, em que as convenções partidárias oficializarão as candidaturas nos diversos níveis, vão se aprofundando as negociações de bastidores para organizar as coligações partidárias que darão suporte a essas candidaturas. Juntamente com o tempo de propaganda eleitoral, são os dois elementos decisivos para o fechamento de acordos políticos.

Nenhum partido exemplifica melhor essa fase das negociações de acordos assimétricos, peculiares à política nativa, do que o PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. Com seus minutos de televisão disputados a tapa nesse mercado eleitoral, o PSD aproveita a regra eleitoral afrouxada depois que a verticalização foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal para fazer acordos díspares por todo o país, e no final das contas pode até mesmo ter coerência em suas decisões.

Por enquanto, Kassab é Dilma no plano nacional e se divide nos estados entre diversos partidos. Mas pode organizar essa bagunça caso feche um acordo com o PSDB em São Paulo, onde pode vir a ser vice na chapa de reeleição do governador Geraldo Alckmin, o que lhe daria a certeza de vir a disputar o governo de São Paulo no exercício do cargo em 2018.

Se, no plano nacional, José Serra vier a ser o vice de Aécio Neves, hipótese que ainda não está descartada, Kassab pode vir como um bônus, pois sua fidelidade política a Serra poderia justificar a “traição” a Dilma.

Até mesmo no Rio de Janeiro o PSD pode ter papel importante numa composição mais ampla de apoio à candidatura do governador Pezão do PMDB. Também no Rio há uma pendência entre o PROS e o PSB na questão da coligação proporcional que, se não for resolvida, poderá inviabilizar a candidatura do deputado Miro Teixeira ao governo do estado.

Em todos os casos, pelo do fato de ser uma das maiores bancadas partidárias no Congresso, o PSD dá ou retira tempo de televisão, o que lhe fornece um poder de negociação muito valorizado nesses períodos eleitorais.

Um dos maiores problemas para o estabelecimento de acordos eleitorais são as coligações proporcionais, que no sistema eleitoral brasileiro não seguem critérios programáticos coerentes e servem mais para garantir a eleição de candidatos que não têm votos suficientes para se eleger por conta própria, que, aliás, são a grande maioria dos que disputam a eleição.

A questão da fragmentação partidária e as coligações não encontra consenso entre estudiosos, como registrei aqui na coluna várias vezes. Enquanto o cientista político Sérgio Abranches defende o fim das coligações proporcionais, Argelina Figueiredo não considera necessário haver causalidade entre coerência e coligações.

Para ela, as coligações eleitorais têm objetivos, como não desperdiçar votos, por exemplo, que são exógenos à ideologia dos partidos e não têm efeito sobre eles. Os partidos ideológicos se coligariam, na sua visão, buscando por meio de aliança resultados mais eficazes na mobilização dos eleitores. Da mesma forma que ocorre com partidos não ideológicos.

Já Abranches considera a fragmentação partidária um problema, embora admita que qualquer solução é muito difícil, porque afeta os cálculos individuais de elegibilidade dos próprios parlamentares que teriam que votar as mudanças. Uma das soluções para reduzir a fragmentação dos partidos seria a mudança de cálculo da proporcionalidade, “para acabar com as sobras de votos que elegem representantes sem votos”.

Ele defende a mudança do sistema adotado atualmente, que permite sobras grandes, que produzem o “efeito Enéas” ou Tiririca, pelo qual um candidato muito bem votado elege outros praticamente sem voto, por outro, adotado nas sociais-democracias escandinavas, que “cobra” mais votos para eleger cada deputado e praticamente elimina as sobras.

A tendência seria reduzir o número de partidos que conseguem representação entre 4 e 6, o mesmo efeito que seria obtido com a implantação das cláusulas de desempenho, que restringem à performance eleitoral mínima de cada partido sua participação no Congresso.

Dora Kramer: Não dá para controlar


  • Revelações sobre mazelas na Petrobrás escapam ao cerco do governo às CPIs

- O Estado de S. Paulo

A ofensiva do governo para inviabilizar os trabalhos de investigações sobre a Petrobrás no Congresso foi bem-sucedida. Isso do ponto de vista imediato e olhando-se exclusivamente para o Parlamento.

A CPI do Senado caiu no ridículo. Com ela, seus integrantes e os dois depoentes (Sergio Gabrielli e Nestor Cerveró) que foram lá desmentir a eles mesmos. A comissão mista a ser instalada tampouco promete.

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva deu a ordem de "ir pra cima" para evitar a CPI, lembrando no que resultou aquela iniciada com denúncia sobre os Correios, o Palácio do Planalto captou a mensagem, a base aliada achou mais prudente suspender temporariamente a rebeldia e deu-se a blindagem.

Nem por isso param de surgir notícias sobre negócios altamente suspeitos envolvendo direta ou indiretamente a estatal ou personagens ligados a ela. Pelo simples fato de que as propostas de comissões parlamentares de inquérito apareceram quando já iam adiantadas investigações na Polícia Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas.

Portanto, não se depende de CPI para saber que a PF desconfia da existência de uma "organização criminosa" atuando dentro da estatal. A suspeita surgiu pela descoberta de ligação entre a compra da refinaria de Pasadena (EUA) e o esquema de lavagem de dinheiro descoberto na Operação Lava Jato.

Operação esta em que "brilham" um ex-diretor da Petrobrás cheio de amizades com políticos e um doleiro conhecido da polícia e da Justiça de outros carnavais e cujas ligações com o mundo político atingem amplo espectro partidário.

Também não é necessário CPI para que, de repente, a presidente Dilma Rousseff em pessoa se veja compelida a explicar melhor sua participação no negócio de Pasadena perante o Tribunal de Contas da União.

Esses e tantos outros casos que todo dia surgem no noticiário, como o saque de US$ 10 milhões da conta da refinaria em uma corretora feito mediante autorização verbal. O dado consta em auditoria da própria Petrobrás, que considera a transação "normal".

Essas investigações em algum momento chegarão a alguma conclusão. Produzirão resultados que deixarão mais evidente que o motivo de "melar" as CPIs era torpe.

Muito provavelmente o PT conseguirá evitar esse barulho na eleição. Mas, e se perder e voltar a ser oposição? Pode se arrepender de ter enterrado o instrumento da CPI com o qual chegou a prestar bons serviços ao País.

Tira-teima. Ronaldo Fenômeno disse que sente vergonha dos atrasos nas obras da Copa. A presidente Dilma rebateu afirmando que não devemos nos envergonhar.
Devemos, então, nos orgulhar?

Assim é. João é um jovem profissional na área de publicidade. Salário curto, parte vai para a família no interior, paga aluguel, despesa aqui e ali, não sobra para o plano de saúde.
Ele, como milhões de brasileiros, fica nas mãos do serviço público. No final da semana passada, com gripe forte, foi ao hospital. Diagnóstico: "uma gripezinha".

Febril, voltou no dia seguinte e ouviu do médico: "Você não é homem para aguentar uma gripe de nada?".

No domingo amanheceu expelindo sangue e foi de novo ao hospital. A médica de plantão examinou, diagnosticou "uma infecçãozinha" o mandou o rapaz para casa.

João perguntou se ela se responsabilizaria pela vida dele. A doutora só então pediu uma chapa do pulmão. Resultado: princípio de pneumonia.

Essa história aconteceu em hospitais de áreas nobres de São Paulo, um deles o das Clínicas, tido como de excelência, onde não faltam equipamentos nem médicos.

Mas, assim como nos grotões das periferias, sobra descaso pelo cidadão.

Eliane Cantanhêde: Angústia antes, alívio depois

- Folha de S. Paulo

Três países, três Copas e três jornalistas, nesta segunda (26), na Folha, refletiram uma constante das Copas, que atraem os olhares do mundo inteiro e deixam o coração dos brasileiros batendo forte: muita angústia antes, alívio depois.

Na Copa da Coreia e do Japão, em 2002, Roberto Dias relata que uma central sindical prometia greves homéricas, mas o governo pesou a mão e cadê as greves? O gato comeu. E o aeroporto Incheon virou um dos melhores do mundo. O Brasil não tem nenhum entre os primeiros cem.

Na Copa da Alemanha, em 2006, Silvia Bittencourt cita uma "enxurrada que caiu do teto da Arena de Frankfurt" no ano anterior e críticas de uma instituição a detalhes de segurança dos estádios. Fichinha perto do que ocorre no Brasil, com atrasos, goteiras, superfaturamento e até morte de operários. Lá, descreveu Silvia, o resultado foi uma "Copa impecável".

Na Copa da África do Sul, em 2010, Fábio Zanini lembra logo do "Vá embora, máfia da Fifa!" e do "Se temos dinheiro para estádios, não podemos ter pessoas sem-teto!", citando maquiagens e atrasos arriscados. Igualzinho no Brasil, certo? Aí, a bola entrou em campo e as manifestações estouraram daqui e dali. Mas, no fim, prevaleceram a festa, a magia da Copa, o elogio final da Fifa.

E na Copa no Brasil, em 2014? Depois de tanto estresse, a grande torcida nacional é para que tudo dê certo e o país não precise se "envergonhar", como Ronaldo Fenômeno.

"Tudo dar certo" significa estádios, gramados e aeroportos funcionando --sem aumento da cerveja, por favor! Agora, é contar com a boa vontade dos gringos diante do caos urbano e "combinar com os russos", para uma trégua nos assaltos e tiros.

Manifestações haverá, mas sem o "cidadão comum" de junho de 2013, assustado com os quebra-quebras e constrangido com a hostilidade contra nossos craques. O que o Neymar tem a ver com baixo salário e falta de moradia? Quanto mais protestos desses, mais apoio a Copa terá.

Raymundo Costa: PSD apoia mas vê Dilma ameaçada


  • Projeção aponta para segundo turno empolgante

- Valor Econômico

Político por vocação e estatístico diletante, o secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, já se ocupa do segundo turno da eleição presidencial, quando a maioria das pessoas ainda especula sobre as chances de a presidente Dilma Rousseff vencer no primeiro turno. Saulo não só acha líquido e certo o segundo turno, como também que a reeleição da presidente não será tarefa fácil.

Os prognósticos do secretário-geral do PSD, primeiro partido a declarar formalmente apoio à reeleição de Dilma, costumam ser respeitados no Congresso. Ele em geral acerta. Em abril de 2010, quando José Serra tinha quase 60% das intenções de voto e o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, dizia que Dilma não chegaria ao segundo turno da eleição, Saulo cravou: não havia hipótese de vitória para Serra.

Em documento que enviou a amigos, Saulo prevê uma disputa empolgante em 26 de outubro, a partir da análise das duas últimas pesquisas Datafolha e Ibope. Os dados que devem preocupar a presidente, na avaliação de Saulo, "são aqueles que traduzem as preferências por região do país".

No Nordeste e no Norte, a intenção de votos em Dilma é de 52% e 53%, respectivamente. Um ótimo resultado, ele admite, mas o eleitorado das duas regiões representa apenas 34,52% do total. Por outro lado, nas demais regiões, que detêm 65,48% do eleitorado, as indicações em Dilma ficam na casa dos 30%. Mantidos esses percentuais, Dilma se assegura no segundo turno. "Apenas isso", diz.

Saulo ensaia uma explicação para a baixa performance de Dilma. "Existe na candidatura da presidente uma dualidade que não é comum nas eleições no Brasil", raciocina. "A candidata é forte, mas não tanto quanto seu partido. Eleitoralmente essa força dupla funciona para o bem e para o mal. A indagação primeira é de quem é a maior rejeição entre esses eleitores que não querem renovar o mandato da presidente: de Dilma ou do PT? Pesquisas qualitativas seriam capazes de oferecer muitas luzes sobre a questão, mas há indícios claros de que o desgaste maior é do partido". Ele mesmo não tem dúvida: "No cotidiano poucas vezes se escutará alguém dizendo que não aguenta mais a Dilma. O corriqueiro é o não eleitor de Dilma dizer que não aguenta mais o PT".

O secretário-geral do PSD vê no exclusivismo do PT outro peso a ser carregado pela candidata à reeleição. "Em um governo de coalizão partidária o mandatário tem que prestigiar sempre todos seus parceiros. Não foi bem o que aconteceu no governo Dilma, principalmente porque o PT sempre se recusou a partilhar o poder", argumenta Saulo. "O preço que se está pagando agora é visível: há uma frouxidão inconteste no apoio que a presidente está recebendo de seus parceiros, que, ao que parece, vão contribuir mais com o tempo de televisão do que vestindo a camisa".

Saulo questiona quem será o principal agente da propaganda da reeleição, "Dilma com seus feitos ou os 12 anos de governo do PT"? Para o pessedista, "pode parecer uma heresia, mas não me acanho em afirmar que a presença mandatária de Lula no programa eleitoral pode representar um prejuízo e não um ganho". Motivo? "Apesar de seu enorme prestígio pessoal ele é a própria imagem do PT. Ele encarna o PT como ninguém e tudo indica que parcela relevante do eleitorado brasileiro está querendo um descanso - mais ou menos o que aconteceu na Inglaterra em 1945, quando a população, embora grata e reconhecida, recusou nas eleições manter o poder nas mãos de Winston Churchill".

Saulo entende que "a estratégia da campanha de Dilma no horário eleitoral deve ser ela, muito ela, quase só ela, porque isso definirá os rumos de sua campanha no segundo turno. É vital que então, no segundo turno, o eleitor enxergue a Dilma mais e o PT menos, mas isso vai depender da imagem que será criada na campanha do primeiro turno. Não será impossível, poderá até ser provável, que os adversários de Dilma na campanha concentrem as baterias mais no PT do que na própria Dilma".

De volta aos números, Saulo registra que Dilma, em 2010, teve 47% dos votos válidos, no primeiro turno. As medições atuais "indicam uma possibilidade muito remota de que nesta eleição a presidente se aproxime desse desempenho". Mas na opinião de Saulo o que deveria mesmo "preocupar os comandantes da campanha petista, em um segundo turno acirrado, são as perspectivas de desempenho nos quatro colégios eleitorais mais importantes".

Nesses colégios - São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia - a presidente teve uma vantagem de 4,4 milhões de votos sobre José Serra, no segundo turno, diferença que dificilmente deve se repetir agora, pelo que indicam as pesquisas. "Pouco provável, mas digamos que em São Paulo o resultado se repita. Em Minas, principalmente se o adversário for Aécio Neves (PSDB), a presidente perderá por 3 milhões de votos. No Rio deve perder por 1 milhão de votos, consequência do isolamento do PT no Estado, e na Bahia deve ganhar por uma diferença muito menor, porque seus opositores tendem a ganhar a eleição de governador e isso comprometerá muito o desempenho da presidente no segundo turno. Uma vantagem de 1 milhão de votos já é uma previsão muito otimista".

Balanço final: "empata em São Paulo, perde por 3 milhões em Minas, perde por 1 milhão no Rio e perde 1,7 milhões de votos na Bahia. Perda total de 5,7 milhões de votos". Na eleição passada, Dilma teve 55,7 milhões de votos. Em 26 de outubro, portanto, pelas contas de Saulo, terá algo em torno de 50,1 milhões, enquanto seu adversário teria os 43,7 milhões de Serra, naquela eleição, mais os 5,7 milhões que Dilma vier a perder nessas eleições. "Esta estimativa significa que a presidente teria 55% dos votos da Bahia, 46% dos votos do Rio e São Paulo e 40% dos votos de Minas. Uma estimativa muito realista, senão otimista, diante dos números das pesquisas", diz Saulo.

São Paulo, Rio, Minas e Bahia concentram 69 milhões de eleitores, praticamente a metade do eleitorado. E o perfil básico desses eleitores não autoriza prever "uma mudança radical de rumo".

Arnaldo Jabor: A Copa da esperança e a Copa do medo

- O Globo

Meu avô chegou em casa chorando. As ruas estavam desertas e o silêncio era total. Isso, no dia 16 de julho de 1950, quando o Brasil perdeu para o Uruguai. Lembro de meu avô dizendo que só se ouviam os sapatos. Os chinelos, até pés descalços desciam as rampas do Maracanã e, vez por outra, alguém soluçava. Eu era pequeno e não entendia bem aquele desespero que excitava a criançada - ver adultos chorando! Muitos anos depois o Nelson Rodrigues me disse a mesma coisa: só os sapatos falavam. Mas por que isso aconteceu?

A guerra tinha acabado, a Fifa nos escolhera para a sede da Copa porque a Europa estava ainda muito combalida pela guerra. Tivemos de construir o Maracanã, que o prefeito Mendes de Morais inaugurou como se fosse o símbolo de um Brasil novo - o maior estádio do mundo. Getúlio Vargas já era candidato a presidente democraticamente eleito e tínhamos a sensação que deixaríamos de ser um país de vira-latas para um presente que nos apontava o futuro.

O governo Dutra tinha gasto a maior parte de nossas altas reservas do pós-guerra em importações americanas. Inteiramente submisso ao desejo dos gringos, nos enchemos de produtos inúteis: meias de nylon, chicletes de bola, bolinhas de gude coloridas com que jogávamos, ioiôs, carros importados, o novo clima do cinema americano, dos musicais da Metro, o sonho de alegria e orgulho que pedimos emprestado aos Estados Unidos. Com ingênua esperança de modernidade, achávamos que nossa vez tinha chegado. E fomos ao jogo para ver nossa independência.

Tínhamos certeza absoluta da vitória. Os jornais já fotografavam os jogadores do "scratch" como campeões invencíveis. Tínhamos ganho tudo. Apenas um empate com a Suíça, sete a um contra a Suécia, seis a um contra a "fúria" espanhola. O estádio estava cheio de ex-vira-latas, de ex-perdedores; como diria Nelson Rodrigues, todos éramos patrióticos granadeiros bigodudos e dragões da independência, Napoleões antes de Waterloo. Não queríamos apena uma vitória, mas a salvação. Só a taça aplacaria nossa impotência diante da eterna zona brasileira.

Queríamos berrar ao mundo: "Viram? Nós somos maravilhosos!".

Precisando de somente um empate, a seleção brasileira abriu o marcador com Friaça aos dois minutos do segundo tempo, mas o Uruguai conseguiu a virada com gols de Schiaffino e Ghiggia. Claro que foi um terrível lance de azar, mas, para nós, o mundo acabou. No estádio mudo, sentia-se a respiração custosa de 200 mil pessoas. Ouvia-se a dor. Foi uma mutação no País.

Não estávamos preparados para perder! Essa era a verdade. E a certeza onipotente leva à desgraça. Traz a morte súbita, a guilhotina. Sem medo, ninguém ganha. Só o pavor ancestral cria uma tropa de javalis profissionais para o triunfo, só o pânico nos faz rezar e vencer, só Deus explica as vitórias esmagadoras, pois nenhum time vence sem a medalhinha no pescoço e sem ave-marias. Isso é o óbvio, mas foi ignorado. E quando o óbvio é desprezado, ficamos expostos ao sobrenatural, ao mistério do destino.

Um amigo meu, já falecido, Paulo Perdigão, escreveu um livro essencial para entender o País naquela época - A Anatomia de Uma Derrota, em que ele cria uma frase que nos explicava em 50 e que nos explica até hoje: o Brasil seria outro país se tivéssemos ganho "aquela" Copa, "naquele" ano. "Talvez não tivesse havido a morte de Getúlio nem a ditadura militar. Foi uma derrota atribuída ao atraso do País e que reavivou o tradicional pessimismo da ideologia nacional: éramos inferiores por um destino ingrato. Tal certeza acarretou nos brasileiros a angústia de sentir que a nação tinha morrido no gramado do Maracanã..." E aí ele escreveu a frase rasgada de dor: "Nunca mais seremos campeões do mundo de 1950!".

Esta sentença nos persegue até hoje. Talvez nunca mais tenhamos o peito cheio de fé como naquele ano remoto.

Lá, sonhávamos com um futuro para o País. Agora, tentávamos limpar nosso presente. Somos hoje uma nação de humilhados e ofendidos, debaixo da chuva de mentiras políticas, violência e crimes sem punição. 

Descobrimos que o País é dominado por ladrões de galinha, por batedores de carteira e traficantes. E mais grave: a solidariedade natural, quase 'instintiva', das pessoas está acabando. Já há uma grande violência do povo contra si mesmo. Garotos decapitam outros numa prisão, ônibus são queimados por nada, meninas em fogo, presos massacrados, crianças assassinadas por pais e mães, uma revolta sem rumo, um rancor geral contra tudo. Repito: estamos vivendo uma mutação histórica.

Há uma africanização de nossa desgraça, com o perigo de ser irreversível. E não era assim - sempre vivemos o suspense e a esperança de que algo ia mudar para melhor.

Isso parece ter acabado. É possível que tenhamos caído de um 'terceiro mundo' para um "quarto mundo". O quarto mundo é a paralisação das possibilidades. Quem vai resolver o drama brasileiro? As informações criam apenas perplexidade e medo, mas como agir? Não há uma ideologia que dê conta do recado.

O mais claro sinal de que vivemos uma mutação histórica é esta Copa do Medo. Há o suspense de saber se haverá um vexame internacional que já nos ameaça. Será péssimo para tudo, para economia, transações políticas, se ficar visível com clareza sinistra nossa incompetência endêmica, secular. Nunca pensei em ver isso. O amor pelo futebol parecia-me indestrutível. O governo pensava assim também, com o luxo dos gastos para o grande circo. E as placas nas ruas se sucedem: "Abaixo a Copa!". "Queremos uma vida padrão Fifa!"

Como vão jogar nossos craques? Com que cabeça? Será possível ganharmos com este baixo astral, com a gritaria de manifestantes invadindo os estádios? Haverá espírito esportivo que apague essa tristeza?

Antes, nas copas do mundo, éramos a pátria de chuteiras. Hoje, somos chuteiras sem pátria.

Longe de sindicatos, mobilizações se multiplicam no país

Camilla Veras Mota - Valor Econômico

SÃO PAULO - Nos primeiros dias de maio a cobradora Maura Lúcia Gonçalves e outros três colegas organizaram pela primeira vez uma passeata. Insatisfeitos com o reajuste de 10% assinado pelo sindicato em abril, que elevou o salário dos motoristas para R$ 1.957,86, eles conduziram "debaixo de chuva" 500 rodoviários pelas ruas do Rio. A marcha não teve muita repercussão. Maura pediu ajuda a conhecidos do sindicato dos petroleiros do Rio e da Central Sindical Popular, a Conlutas.

Conseguiu imprimir panfleto, emprestou um carro de som e, em paralelo, passou a convocar "no boca a boca e pelas redes sociais" os funcionários que, como eles, não estavam satisfeitos com os termos da convenção coletiva. Uma das principais reclamações dos rodoviários do Rio é a dupla função, instituída em 2003, que obriga motoristas a atuarem também como cobradores. No dia 8 de maio aconteceu a primeira grande paralisação, com quase 500 ônibus depredados. Na semana seguinte, 30 mil dos 40 mil rodoviários do Rio cruzaram os braços por dois dias.

As mobilizações de trabalhadores fora da estrutura sindical tradicional têm se multiplicado desde o começo do ano. A greve dos garis no Rio de Janeiro durante o Carnaval, dos trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro em fevereiro e as paralisações dos rodoviários cariocas, goianos e paulistanos nas últimas semanas foram todas organizadas por grupos dissidentes, que rejeitavam o acordo coletivo fechado entre as entidades patronais e seus representantes sindicais. Na maioria das vezes, as redes sociais foram a principal ferramenta de articulação desses grupos. Para alguns especialistas, a emergência dessas mobilizações é resultado de um "efeito-Copa", em que as manifestações públicas de insatisfação reverberam na mídia global, mas também parte de um processo de reconfiguração pelo qual passa já há alguns anos o sindicalismo no Brasil, afetado pelas mudanças nas relações de trabalho e pela ascensão ao poder do partido que tem em sua base uma das principais centrais sindicais do país - a Central Única dos Trabalhadores (CUT) - com a eleição de Lula, em 2002.

Apesar dos pontos em comum, os movimentos têm se mostrado bastante heterogêneos. Em São Paulo, por exemplo, a paralisação dos rodoviários, ao contrário do que aconteceu na capital fluminense, foi feita sem muita organização prévia, nasceu da iniciativa de motoristas de uma empresa e acabou se disseminando por toda a cidade. Os dissidentes dos garis, por sua vez, foram os únicos que até agora manifestaram um interesse em fazer parte da estrutura sindical e montar uma chapa de oposição para as próximas eleições.

A cobradora Maura Lúcia, 50 anos, chegou a fazer parte do sindicato dos motoristas e cobradores do Rio (Sintraturb). Ela começou a trabalhar para a empresa Real em 1999, mas só dez anos depois resolveu sindicalizar-se, para "tentar mudar" as condições de trabalho a que ela e os colegas estavam submetidos. "Depois de pouco tempo vi que as mesmas pessoas se revezavam no poder e que ninguém fazia trabalho de base". Ela afirma que a campanha de dissídio foi fechada pelo sindicato sem a consulta dos rodoviários.

Célio Viana, que organizou os garis do Rio durante o Carnaval, conta que os funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) procuraram o sindicato formalmente pelo menos três vezes para pedir a reabertura da negociação de dissídio, também feita sem a consulta dos trabalhadores, segundo ele. "A partir daquele momento o sindicato não nos representava mais", diz. A insatisfação era antiga, admite Viana, mas até então faltavam recursos para que eles se organizassem por fora. "Marcamos os encontros por Facebook, por e-mail e conseguimos adesão de 70% da categoria". Após oito dias em greve, os garis conseguiram reajuste de 37% e elevaram o salário a R$ 1,1 mil.

Também pelas redes sociais os líderes dissidentes marcaram uma nova reunião na última sexta-feira para debater uma agenda de mobilizações e cobrar da empresa o que foi prometido no acordo de fevereiro e ainda não foi cumprido - o plano odontológico, a participação nos lucros e o plano de cargos e salários. Hoje com 48 anos, Viana trabalha varrendo as ruas do Rio desde 2002. Ele diz que planeja compor uma chapa para concorrer em abril do próximo ano à direção do sindicato, mas afirma querer divulgar o estatuto entre os colegas para estimular a criação de outros núcleos de oposição.

Hélio Alfredo Teodoro, um dos líderes do movimento dos rodoviários no Rio, rejeita a ideia de encabeçar uma reformulação do sindicato. O movimento das últimas semanas, afirma, tem como objetivo específico a reabertura do dissídio e a discussão de um novo reajuste salarial de 40%. "Se no próximo ano o sindicato não negociar como querem os trabalhadores, vamos para a rua novamente", diz.

Os dissidentes farão amanhã uma nova assembleia para discutir possíveis paralisações nesta semana. 

Segundo Maura, não houve até o momento nenhuma reunião com as empresas da Rio Ônibus, que representa os consórcios que operam o transporte público na cidade. Na semana passada, os líderes foram intimados a prestar esclarecimentos na Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD), na Cidade da Polícia (complexo de investigação policial), sobre as depredações de ônibus no começo do mês.

Centrais vivem dilema entre trabalhador e governo, diz sociólogo

Camilla Veras Mota – Valor Econômico

SÃO PAULO - As greves e paralisações dos últimos meses são resultado de uma "causalidade real" - um pedido plausível de aumento salarial e de melhores condições de trabalho - e de uma "oportunidade" apresentada pela Copa do Mundo, quando as demonstrações de insatisfação da população reverberam na imprensa em todo o mundo e as empresas e entidades públicas sentem maior pressão para negociar.

A avaliação, do sociólogo do trabalho e professor da Unicamp Ricardo Coltro Antunes, leva em conta ainda que esses movimentos são recentes, apesar de não necessariamente novos. "A grande greve dos trabalhadores da hidrelétrica de Jirau [em 2012], por exemplo, aconteceu fora de qualquer representação sindical", afirma.

As mobilizações dissidentes reiteram a crise do sindicalismo tradicional e o processo de criação de novos organismos de representação, argumenta o professor. O "fator novo", pondera, é o "efeito-manifestação". É difícil para uma categoria mobilizar uma greve contra o sindicato, afirma, organizar os trabalhadores por fora, bater de frente contra uma direção instituída. "Mas o Brasil mudou muito entre a Copa das Confederações e a Copa do Mundo. Esses movimentos acontecem agora em um momento em que a manifestação no espaço público se torna o predominante, visível para a sociedade, em um contexto de em que afloram todos os descontentamentos", completa.

O sociólogo chama atenção para a participação da CSP-Conlutas como coadjuvante em alguns desses movimentos - no caso dos rodoviários do Rio, por exemplo, a central apoiou a paralisação imprimindo panfletos e cedendo sua estrutura para as entrevistas coletivas.

A criação da entidade em 2010, afirma, é uma das consequências da reconfiguração do sindicalismo brasileiro, impulsionada, por sua vez, pela eleição do ex-presidente Lula, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), e pelas profundas mudanças no sistema produtivo e nas relações de trabalho. "Como há um cordão umbilical entre o PT e a CUT, a central passou a viver um dilema entre defender os trabalhadores ou apoiar o governo. Esse dilema acabou fortalecendo a Força Sindical, por exemplo, que entrou em várias áreas em que a CUT tinha hegemonia, e estimulou a criação de outras centrais, à direita e à esquerda, que também buscam seu espaço".

Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), lembra que o país passou por um incremento forte no emprego nos serviços. Não por acaso, as mobilizações têm acontecido via de regra justamente nesse setor, "que geralmente paga mal, em que o trabalho é muitas vezes precário e que tem menor experiência nas lutas coletivas".

Ele afirma que as reivindicações apresentadas até então são todas legítimas, mas ressalva que, muitas vezes, esses movimentos são incentivados por grupos com interesses políticos e até criminosos. "Mas sem dúvida é uma oportunidade para conquistar avanços", pondera. Lúcio, como Antunes, defende que o trabalhador não pode prescindir de uma estrutura sindical de representação para reivindicar suas demandas. 

O professor da Unicamp defende, porém, que a figura do sindicato burocrata e das lideranças acomodadas tendem a desaparecer, pressionados pela ascensão econômica e social dos trabalhadores e pelas exigências por melhores serviços. "Alguns sindicatos estão tentando acompanhar essas mudanças, outros estão satisfeitos em continuar atrelados à burocracia sindical, ganhando sua fatia do imposto, a comissão das negociações sindicais. Mas isso vai acabar virando parte minoritária da história".

Diário do Poder – Cláudio Humberto

Jornal do Commercio (PE)

• Propaganda dos ‘feitos’ da Petrobras induz a erro
A propaganda da Petrobras na TV utiliza gráficos desproporcionais para passar a impressão de “grande crescimento” da produção de petróleo desde o início da era Lula. Nos comerciais, um gráfico fora de escala faz parecer que a produção em 2013 foi quase 11 vezes maior que a de 2002, mas, segundo especialistas do setor, cresceu apenas 2,37% ao ano, em média: de 1,64 milhão para 2,12 milhões em 2013.

• Dois pesos, zero medida
O gráfico da Petrobras tem eixo X, que mostra a evolução cronológica em anos, mas não eixo Y. Ou seja, não contabiliza a produção de fato.

• Números reais
O crescimento real da produção da Petrobras é de 29,4% em 11 anos; com uma média de 2,37% ao ano.

• Pernas curtas
Se o gráfico divulgado pela Petrobras fosse correto, deveriam ter sido refinados 21 milhões de barris em 2013. Mas foram só 2,12 milhões.

• O conto do Lula
Pode dar com os burros n’água o conselho de Lula para o povo ir de jegue à falta de metrô: em 2010 a China propôs comprar 300 mil asnos.

• PMDB culpa Lula pelo fiasco de Friboi em Goiás
O PMDB nacional responsabiliza Lula pela desistência do empresário Junior Friboi de disputar o governo de Goiás. Após convencer o PMDB a acolher a filiação do bilionário, Lula passou a estimular a candidatura de Íris Resende. O ricaço se sentiu traído, sobretudo por Íris Rezende, sem perceber que a prioridade de Lula não era ajudar na sua eleição, mas prejudicar o esquema político de um adversário em Goiás.

• Sabe de nada, inocente
Junior Friboi caiu como um pato, sem perceber que Lula queria retirá-lo do PSB de Eduardo Campos, ao qual era filiado antes do PMDB.

• Fonte suprimida
Lula achava que o bilionário que saiu do comando do Grupo JBS era a principal fonte de financiamento privado de Eduardo Campos.

• Agora vai
O Brasil definiu padrões para a plantação, colheita, controle de pragas e armazenamento de batatas. O diabo será controlar o preço na feira.

• Preliminar
O deputado Marcos Rogério (PDT-RO) avisou ao Conselho de Ética que já está com parecer pronto para o processo de cassação de Luiz Argôlo, do partido Solidariedade, enrolado com doleiro Alberto Youssef.

• Fui!
Com Dilma ameaçada de vaias, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, poderá anunciar sozinho “declaro aberta a Copa do Mundo”. Até nos anos de chumbo, o ditador Emílio Médici era aplaudido nos estádios.

• Demissão
Agarrado à presidência da Confederação Nacional do Comércio há 33 anos, Antônio Oliveira Santos ameaça substituir advogados recrutados a peso de ouro para sua briga com Orlando Diniz, da Fecomércio-RJ. Já teria gasto mais de R$ 60 milhões com escritórios de advocacia.

• Tempinho extra
O PRP anunciou oficialmente que irá apoiar a candidatura de Eduardo Campos (PSB) a presidente. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo: agregará apenas alguns segundos à propaganda do PSB.

• Revolta na Valec
Servidores da Valec, estatal de construção de ferrovias, ameaçam rebelião contra o novo chefe de Planejamento e Desenvolvimento, Maurício Pereira Malta, um bacharel em teologia que chegou ao cargo indicado pelo irmão, senador Magno Malta (PR-ES).

• Dobradinha
Pré-candidata ao Senado, a líder Jandira Feghali (PCdoB-RJ) foi uma das poucas convidadas ao jantar para ministra Marta Suplicy (Cultura), em São Paulo. A dupla trabalhou em sintonia para aprovar vale-cultura.

• Renan.com
Um grupo de “investidores”, com fortes ligações ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comprou um site de notícias em Maceió. Negócio de mais de R$ 1,5 milhão.

• Voto de confiança
A chefe de relações com a mídia do Comitê Olímpico Internacional (COI) na Suíça rechaçou a chance de transferir os jogos 2016 do Rio para Chicago, como se chegou a noticiar. “É boato sem fundamento”.

• Pensando bem…
…o pessimista acha que, igual à África do Sul em 2010, dará tudo certo na Copa; o otimista, que a comparação é atestado de incompetência.

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Ensaio geral
Na véspera do depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, à CPI que investiga a compra da refinaria de Pasadena, o diretor Corporativo e de Serviços, José Eduardo Dutra, fez um périplo pelo Senado, acompanhado do relator da investigação, José Pimentel (PT-CE). Os dois passaram mais de 40 minutos no gabinete do presidente da CPI, senador Vital do Rêgo. Embora Dutra diga que nada tem a ver com essa parte política, ele foi sentir o clima, de forma a deixar a presidente da empresa mais tranquila. Embora essa CPI do Senado seja considerada mamão com açúcar, sabe como é, leitor: seguro morreu de velho. Graça depõe hoje a partir das 10h.

Ordem do dia
O governo luta com o que pode para evitar modificações no Plano Nacional de Educação (PNE) que terá a sua última rodada de votação por esses dias na Câmara. É que foi um custo evitar a vinculação de mais recursos orçamentários no texto. Agora, é bem capaz de os deputados tentarem retomar essa mudança.

Carros & bois I
Nem só o governo terá momentos de tensão hoje. Os agropecuaristas aguardam a votação do projeto de lei do Senado que regulamentará a PEC 57, que trata de desapropriação de terras onde houver trabalho escravo. Ocorre que existe um acordo para aprovar a regulamentação logo na Casa, antes de concluída a votação da PEC. O PSol estrilou. Não quer votar antes porque acha que, aprovada a lei, a PEC não sai.

Carros & bois II
Os ruralistas, entretanto, querem aprovar logo a regulamentação porque temem que, na ausência dela,
a PEC 57 seja aplicada automaticamente sem que se tenha a definição de trabalho escravo, o que poderia resultar em desapropriações em série. Essa briga está marcada para hoje à tarde.

Sob encomenda
O governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, é esperado hoje no jantar da presidente Dilma Rousseff a governadores e candidatos do PMDB. O governador apareceu entre os enroscados na Operação Ararath, da Polícia Federal. Agora, dizem alguns, poderá sair de lá com o discurso de que é tão inocente que Dilma até o recebeu no Palácio da Alvorada.

Vai que é tua, Geraldo!
O almoço entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi mesmo para que o candidato a presidente desse sinal verde a composições com o PSB. Afinal, na visão dos tucanos, é muito melhor ter o 45, o número do PSDB, reinando em Sampa, enquanto o 40, do PSB de Eduardo Campos ficará na sombra.

CURTIDAS
Torcedor ilustre/ Na festa de posse no domingo, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma (foto), comentou com o vice-presidente brasileiro, Michel Temer, que vai torcer pelo Brasil na Copa. "Já que a África do Sul está fora, vou lá torcer por vocês", disse Zuma.

Torcedores ilustres/ Zuma assistirá à partida final da Copa, que deve reunir também os demais presidentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Para quem não se lembra, no ano passado, a data da reunião foi transferida de abril para julho, a pedido do líder chinês, Xi Jinping, conforme noticiado em primeira mão por esta coluna.

Recesso branco/ A Mesa Diretora do Senado e os líderes definiram um dia de esforço concentrado por semana durante a Copa do Mundo. Se atualmente na quarta-feira à noite já está difícil quórum para sessões todas as semanas, vale o bordão...Imagina na Copa!

Pezão e os votos/ Candidato à reeleição, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, é esperado hoje no jantar com a presidente Dilma Rousseff. Apesar de o partido no Rio estar afastado da presidente da República, a expectativa do governo é que Pezão consiga reunir pelo menos 50% dos votos no estado em favor da reedição da aliança PT-PMDB no plano nacional.