sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Rubens Bueno

"Eu já entrei com um pedido junto à Comissão Representativa do Congresso Nacional para que ela possa de imediato convocar o senhor Jorge Hereda, presidente da Caixa, para que ele dê explicações cabais, porque você não pode imaginar que de repente brasileiros sejam tomados da noite para o dia com uma instituição do governo, portanto pública, a buscar seu lucro fácil em detrimento de milhares de brasileiros com pequenas poupanças depositadas na Caixa Econômica Federal."

Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara, “Agência Câmara destaca pedido de explicações do PPS para Caixa”. Portal do PPS, 16 de janeiro de 2014

Juro a 10,5% não atrai investidores nem reduz a inflação

A taxa Selic só não faz verão

Sozinha, a sequência de altas na taxa básica não será suficiente para combater a inflação e trazer de volta os investimentos dos estrangeiros

Liana Verdini, Marcelo Loureiro

A nova alta da Selic, embora louvada por economistas e especialistas do mercado, não será suficiente para atrair de volta os investidores financeiros que estão partindo para aplicações mais seguras em outros países nem para baixar a inflação para o centro da meta. Para esses profissionais, será preciso combinar outras medidas que resgatem a confiança dos agentes econômicos no Brasil. O comportamento dos mercados de câmbio e juros demonstrou isso ontem.

As taxas dos títulos de swap atingiram o nível mais alto em três meses, com os títulos de vencimento em janeiro de 2015 subindo 19 pontos base. O dólar no mercado à vista, que começou o dia caindo, terminou a sessão em alta de 0,35%, influenciado por operações de saída de recursos do país. Os contratos de juros futuros também subiram e a taxa DI para janeiro de 2015 chegou a 10,93%. “O efeito da alta dos juros sobre a inflação é fraco.

Os canais de transmissão da alta de preços passam por outros fatores, como o mercado de crédito, por exemplo, e as expectativas dos agentes econômicos”, disse o professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Pedro Rossi. Concorda com ele a economista e sócia da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro, para quem a eficácia da política monetária está sendo afetada pela atuação dos bancos públicos. “O crédito subsidiado oferecido por eles pouco se abala com a subida da Selic”, explicou ela.

Esse baixo impacto fica demonstrado nas projeções da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac). As taxas para empréstimo pessoal tomadas em banco, por exemplo, que estavam em média a 3,20% ao mês, passam agora a 3,24%,alterando pouco as prestações. O mesmo ocorre com os empréstimos tomados em financeiras, que sobem da média de 7,16% para 7,20%. O juro do cartão passa de 9,37% para 9,41% e o CDC para financiamento de automóveis, de 1,65% para 1,69%.

Para Rossi, a nova alta da Selic não atrai nem mesmo os investidores financeiros. “Eles não respondem ao simples aumento das taxas de juros, mas à expectativa de rentabilidade”, explicou. Não é o que pensa o economista da Rosenberg Partners, Luiz Eduardo Mello, que destaca a rentabilidade das letras do Tesouro - estão rendendo IPCA mais 6,75% ao ano pelas próximas duas décadas. “Isso é extremamente atraente. Difícil o investidor internacional achar ativo melhor oferecido por outros países do mundo coma mesma qualidade econômica que temos no Brasil”.

Mas para o economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Vinícius Botelho, a nova subida da Selic serviu apenas para o BC mostrar que “não está satisfeito com o atual nível da inflação”, já que a percepção de risco sobre o Brasil subiu muito e se descolou dos indicadores de México e Colômbia, países com os quais o Brasil é comparado. “Os investidores percebem uma dificuldade das autoridades no manejo da política fiscal e promoveram esse descolamento.

É a resposta para o superávit primário que não abate a dívida”, disse Botelho. O economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank (Besi), Jankiel Santos, entende que o processo de subida recente dos juros trouxe resultados. “Não fosse a alta, a inflação teria estourado o teto da meta. Em meados de 2013, a taxa anualizada passou dos 6,5%”. O especialista destaca, porém, que o centro da meta está muito longe de ser alcançado. “No patamar atual, a Selic não é suficiente.

Imagino que se a intenção é trazer a inflação para o centro da meta, a taxa básica ideal seria em torno de 12,5% a 13%, um ajuste bem mais pesado do que parece estar em curso”. Os economistas acreditam, no entanto, que não basta subir a Selic. “É necessária uma série de outras medidas para resgatar a confiança dos investidores, especialmente na área fiscal, com o governo mostrando como vai fazer para voltar à dinâmica anterior de gerar superávit primário suficiente para abater a dívida pública”, disse o economista da FGV.

Para ele, tem havido uma deterioração das expectativas de inflação e da economia porque o governo está tendo dificuldade de transmitir boas perspectivas. Nessa mesma linha, o professor da Unicamp sugere que o governo trabalhe com bandas para as metas fiscais, o que permitiria atuação anticíclicas, poupando mais quando a receita aumenta e investindo mais quando a arrecadação cai. “Mas é preciso cuidar do mercado de derivativos de câmbio, onde vemos investidores institucionais e estrangeiros com grandes posições em aberto, especulando contra o real”, disse Rossi.

Fonte: Brasil Econômico

Dilma perde batalha contra os juros altos

Em 1º de maio de 2012, a presidente da República prometeu derrubar as taxas e os spreads bancários cobrados dos consumidores, considerados por ela"inadmissíveis". Mas os encargos estão maiores hoje do que no início da cruzada do governo

Sílvio Ribas

A presidente Dilma Rousseff está vendo a sua cruzada contra os juros altos ir por água abaixo. Além de o Banco Central aumentar, com maior vigor que o esperado, a taxa básica de juros (Selic) — o indicador já está em 10,50% ao ano —, os bancos elevaram, sem dó, os encargos cobrados da clientela em todas as operações de crédito. Também subiram os spreads, a diferença entre o que as instituições financeiras pagam aos poupadores e cobram dos devedores. Foram eles, os detonadores da guerra santa contra o sistema financeiro, iniciada por Dilma em um discurso realizado em 1º de maio de 2012, Dia do Trabalhador.

Dados do BC mostram que, naquele mês, os juros médios cobrados das pessoas físicas nos empréstimos e financiamentos estavam em 37,10% ao ano. A taxa chegou a cair à mínima de 25,58% em dezembro de 2012. Mas voltou a subir e alcançou, em novembro último, 38,50% anuais. Ou seja, os bancos não só incorporaram todo o corte dos juros, como ampliaram os encargos.

No pronunciamento em rede nacional de tevê, naquele 1º de maio de 2012, Dilma disse ser “inadmissível” o Brasil continuar com “um dos juros mais altos do mundo”, num recado direto aos bancos privados, que resistiam a baixar suas taxas, mesmo após seguidos cortes da Selic. Uma semana após essa cobrança da presidente, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reagiu à pressão, insinuando que o recuo da taxa básica não chegaria, necessariamente, ao consumidor.

Em relatório da entidade, o economista-chefe, Rubens Sardenberg, foi irônico. “Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água”, afirmou, para ilustrar a tese de que, apesar de haver condições mais favoráveis à expansão do crédito, a ampliação efetiva das operações dependeria da agressividade dos emprestadores e do apetite dos tomadores por dívidas.

Esse embate começou em abril daquele ano, quando o presidente da Febraban, Murilo Portugal, declarou, na saída de uma reunião no Ministério da Fazenda, durante a qual entregou uma lista de reivindicações encabeçada pela redução de tributos, que “a bola” da derrubada dos spreads estava com o governo. No mês seguinte, a presidente devolveria a bola aos bancos privados, ao obrigar as instituições públicas — Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, em particular — a abrirem os cofres a custos menores. O apetite foi tamanho, que hoje elas dominam mais de 50% do mercado de crédito brasileiro.

Apagar das luzes
O fato é que o quadro atual jogou uma pá de cal sobre a cruzada de Dilma, item central de seu plano para mudar a matriz econômica do país. Com a taxa básica de juros menor, o governo queria estimular o consumo via crédito ao baratear seus custos e, assim, estimular a atividade econômica. No apagar das luzes de 2013, já com os juros de volta aos patamares de maio de 2012 e a oferta de dinheiro pelos bancos escasseando, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a economia tinha, na falta de crédito, uma “perna manca”, ignorando os fatores que levaram a esse defeito.

Para o professor de economia da PUC-SP Antonio Corrêa Lacerda, a resistência da inflação forçou o BC a agir e os bancos, a repassarem os custos maiores de captação de recursos à clientela. Ele ressaltou que a escalada dos juros decorreu da série de erros cometidos pelo governo nos últimos dois anos. “Em 2012, os artifícios contábeis para fechar o superavit primário minaram a confiança e elevaram as estimativas dos índices de preços. O discurso oficial não foi coeso o suficiente para respaldar as metas”, analisou. Assim, só em 2015, com a posse de novo governo ou início do segundo mandato de Dilma, será possível “ancorar as expectativas” e voltar a perseguir juros reais de 1,5% a 2% ao ano.

Sendo assim, os consumidores devem se preparar. Como a Selic continuará aumentando nos próximos meses, os bancos reajustarão as taxas cobradas dos consumidores. “Não haverá escapatória. Comprar a prazo ou fazer um empréstimo ficará cada vez mais caro”, destacou Jason Vieira, diretor-geral do Portal de Informações Financeiras Moneyou.

Inadimplência recua
Jason Vieira, diretor-geral do Portal de Informações Financeiras Moneyou, disse não ter dúvidas de que a batalha contra os juros baixos no Brasil encampada pelo governo foi derrotada. “Falta muito pouco para a presidente Dilma apresentar a mesma taxa Selic que herdou do antecessor. Isso deixa evidente que o país não criou as condições para conviver com um custo mais moderado e civilizado do dinheiro”, comentou. Ele lembrou que os juros e os spreads voltaram a subir, mesmo com a inadimplência em queda, o que, teoricamente, reduz os riscos do sistema financeiro.

Canetada faz mal
Os especialistas alertam que não adianta o governo vociferar contra os bancos se não fizer nada para superar os gargalos que impedem a economia de usufruir de uma infraestrutura adequada. Também seria de bom tom aliviar a carga tributária. Eles ressaltaram ainda que o condicionamento das decisões do Banco Central à orientação do Palácio do Planalto contribuiu para tornar o controle de preços um mal ainda mais difícil de lidar. “A inflação foi provocada pela demanda aquecida. E derrubar os juros na canetada não é a melhor saída”, concluiu.

Fonte: Correio Braziliense

Dilma tenta evitar que insatisfação do PMDB afete o governo no Senado

Raymundo Costa 

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff e o PMDB estabeleceram uma trégua, pelo menos até o fim deste mês, quando voltam a conversar sobre a reforma ministerial. Nos termos acordados, os pemedebistas param de fazer pressão por mais cargos, enquanto a presidente avalia a reivindicação do partido por mais espaços no governo. A aliança eleitoral não está ameaçada, mas a frustração do PMDB com a reforma pode ter reflexos, sobretudo, nas votações de interesse do governo federal no Senado.

O PMDB entrou nas negociações da reforma ministerial de Dilma com cinco ministros, esperava sair com seis e descobriu, na semana passada, que poderia ficar com quatro, ou seja, com um a menos. Isso porque o PTB entrou nas cogitações para o Ministério do Turismo, atualmente na cota pemedebista, e a presidente descartou a hipótese de oferecer um sexto ministério ao partido. Filiado recentemente, o empresário Josué Gomes da Silva, do grupo Coteminas, é cogitado para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, mas o PMDB considera a indicação, se for confirmada, da "cota pessoal" da presidente.

O principal foco de insatisfação é a bancada do Senado, que em 2013 mais ajudou que atrapalhou o governo no Congresso. O PMDB queixa-se de que a presidente deixou correr solta a notícia de que o senador Vital do Rêgo (PB) seria nomeado para o Ministério da Integração Nacional, no lugar de Fernando Bezerra Coelho, do PSB, partido que entregou seus cargos no governo e deve lançar candidato contra Dilma nas eleições.

A indicação de "Vitalzinho", como é mais conhecido, é da bancada de senadores, mas tem o aval do presidente da Casa, Renan Calheiros, que se considera credor do atual governo. Um exemplo: Renan votou a polêmica MP dos Portos em menos de doze horas após a medida ter passado na Câmara, impedindo que ela vencesse e perdesse a validade. Renan tem o poder de segurar como destravar a pauta.

A questão dos senadores é pior porque envolve também o líder da bancada, Eunício Oliveira. O senador é candidato ao governo do Ceará e esperava contar com o apoio de uma coligação entre o Pros, partido do governador Cid Gomes, o PT e o PMDB. Ciro Gomes, no entanto, veta qualquer aliança com o PMDB. Chamado de "chefe da quadrilha" por Ciro, o vice-presidente Michel Temer não seria obstáculo ao entendimento cearense, mas agora não esconde sua insatisfação com a manutenção de Francisco Teixeira, que é ligado a Cid, na Integração Nacional.

Diante da insatisfação dos senadores que ameaçam se rebelar, Dilma conversou com Temer e Renan, anteontem, e prometeu avaliar a reivindicação pemedebista. A chave é o Senado, mas é improvável que o PMDB saia da reforma ministerial com mais que os cinco ministérios atuais - Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria da Aviação Civil. Outro problema parlamentar pode surgir na Câmara. Dilma não gostou nada do perfil dos indicados pelos deputados para Turismo e Agricultura. Apesar disso e das disputas nos Estados entre PMDB e PT, é praticamente zero a chance de a reforma azedar a aliança eleitoral.

A nomeação de Josué, filho do falecido vice-presidente José Alencar, é uma questão mais específica. Na realidade, Josué é uma indicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas para ser nomeado, o empresário precisa se afastar do comando de suas empresas, como ocorreu com o ex-ministro Luiz Fernando Furlan - o ministro do Desenvolvimento preside o conselho do BNDES.

Fontes do PMDB dizem que Josué não está inclinado a deixar a administração direta da Coteminas, no momento. Auxiliares da presidente, nos últimos dias, também começaram a falar que talvez a melhor solução fosse Josué disputar o Senado por Minas Gerais - perderia para o atual governador Antônio Anastasia, considerado pule de dez pelos partidos, mas faria algo em torno de 2 milhões de votos, credenciando-se a entrar no próximo governo com o aval pleno do PMDB, onde atualmente é considerado "cristão novo".

Fonte: Valor Econômico

PTB apoiará Dilma Rousseff, mas quer vice de Alckmin

Partido trabalhista ocupará um ministério no governo federal e contará com presidenta no palanque do senador petebista Armando Monteiro ao governo de Pernambuco. Expectativa é eleger 35 deputados federais

Eduardo Miranda

Líderes do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) se reuniram com o presidente nacional do PT, o deputado estadual Rui Falcão, para um acordo, onde ficou decidido que a legenda apoiará a reeleição da presidenta Dilma Rousseff e, em troca, receberá um ministério num eventual segundo mandato. Presidente do diretório do partido em São Paulo, o deputado estadual Campos Machado disse que o ministério a ser ocupado pelo partido é fruto da unidade que o PTB vem tentando criar em torno de um apoio unânime à reeleição da presidenta.

“A conversa com Rui Falcão só aconteceria no final de janeiro, mas ela acabou sendo adiantada, porque acredito que há um interesse das duas partes em relação a uma aliança nacional. É importante, também, ressaltar que o nosso partido é muito forte em São Paulo e, portanto, necessário na campanha da presidenta Dilma”. Na prática, porém, a coalizão em torno da reeleição de Dilma não é a única frente do PTB nas eleições de outubro. No nível estadual, o partido trabalhista apoiará a reeleição do governador Geraldo Alckmin, de quem o próprio Machado já foi vice em candidaturas anteriores.

Dessa vez, porém, o deputado quer emplacar o nome de sua mulher, Marlene Campos Machado, como vice na chapa encabeçada por Alckmin. A contrapartida para não desagradar a cúpula do PT com o enfraquecimento dos palanques para a presidenta no estado mais importante do Brasil é promover eventos públicos pelo interior paulista. “Mesmo reconhecendo que nosso compromisso político aqui é com Geraldo Alckmin, faremos eventos de apoio à presidenta. Não temos nenhum acordo com Aécio Neves (pré-candidato do PSDB à presidência). Nosso compromisso é coma Dilma”, contemporizou o deputado paulista.

Em Pernambuco, a situação é mais confortável para ambos os lados da aliança PT-PTB. Nas pesquisas mais recentes de intenção de voto do estado do presidenciável e atual governador Eduardo Campos (PSB), quem desponta na liderança é o senador petebista Armando Monteiro, que estará no mesmo palanque da presidenta. Monteiro admitiu que não está acompanhando as conversas entre os dois partidos nos estados, mas confirmou que o palanque único com a presidenta está garantido no primeiro turno das eleições.

Nome de liderança nacional, o senador afirmou que, em linhas gerais, a campanha nacional do seu partido não deve apresentar muitas divergências em relação às políticas do governo federal. “Sempre nos posicionamos com independência em relação ao governo. A marca forte e histórica do partido é trabalhista. Eu me alinho à renovação dessas bandeiras, que consideram as transformações do mundo e do ambiente de trabalho. Temos poucos pontos de divergência em relação ao governo petista, como o projeto do trem bala e a questão tributária, mas, de um modo geral, não há grandes divergências”, analisou o senador.

Monteiro diz, ainda, que não acredita num possível mal estar gerado entre os partidos aliados por conta das reivindicações públicas do PMDB por mais espaço no governo. “Cada partido reclama legitimamente o seu espaço. O PTB reivindica a ampliação dos espaços no governo e isso, às vezes, pode gerar algum conflito, mas é mais por uma dificuldade de acomodação. A base aliada é muito ampla”, argumenta o senador.

No Congresso, o PTB — que conta com7 senadores e 18 deputados em exercício, além de 2 suplentes, 2 licenciados e um que renunciou para assumir cargo majoritário no Executivo — tem expectativa de eleger, nas eleições de outubro, entre 35 e 40 parlamentares para a Câmara e manter o número de cadeiras no Senado.

Fonte: Brasil Econômico

Presidente inicia ofensiva de pré-campanha em MG

Bruno Peres

BELO HORIZONTE - A presidente Dilma Rousseff inicia hoje, em sua primeira aparição pública de 2014, uma pré-campanha ofensiva por Minas Gerais, reduto eleitoral de seu principal adversário na sucessão presidencial de outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Dilma vai a Belo Horizonte acompanhada do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, nome do PT para concorrer ao governo local.

Apesar do tom de campanha eleitoral da cerimônia - os projetos a serem anunciados já estão em andamento - Dilma não terá encontros políticos, retornando a Brasília logo em seguida para reunião formal com Pimentel. Preparada e confirmada em menos de três dias, a cerimônia anunciará recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para obras de mobilidade urbana. Originalmente, a viagem ocorreria em dezembro.

O governo federal, por meio da Caixa Econômica Federal, assinará três contratos com a prefeitura de Belo Horizonte, todos voltados para obras de mobilidade urbana, inclusive construção de encostas, drenagem e pavimentação, por meio do PAC. O total de recursos federais a ser divulgado hoje não foi informado oficialmente, pois Dilma pode improvisar novos anúncios em sua passagem pelo Estado, mas os três contratos ultrapassam o montante de R$ 300 milhões para a região metropolitana de Belo Horizonte, segundo apurou o Valor.

A intenção das lideranças políticas aliadas no Estado é que a presidente venha ao menos uma vez por mês a Minas Gerais para apresentar "resultados" do governo federal em diversas áreas, principalmente aquelas em que Dilma concentrará suas bandeiras durante a campanha eleitoral, como educação, saúde, habitação e mobilidade urbana.

Os articuladores políticos da presidente na região, porém, negam viés eleitoreiro nas ações de Dilma por Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Segundo o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), que preside o PT no Estado, a viagem da presidente é "meramente institucional", tendo ficado sob a responsabilidade das lideranças petistas locais as articulações políticas em curso, por exemplo, para composição de chapas.

"É normal que ao final de um período de governo, a presidente tenha o que entregar para a população. Isso justifica a presença dela mais assídua aqui em Minas", disse o petista. "Nossa expectativa é que ela venha sempre a Minas. Quem governa tem o que apresentar. Quanto mais ela puder vir, melhor para nós", completou. De acordo com ele, "todas as pontes e conversas" com partidos políticos estão "abertas", em busca de uma aliança que viabilize a vitória de Dilma e Pimentel em Minas Gerais, embora ainda não haja um cenário totalmente concreto entre as legendas aliadas. É o caso do PSD, apoiador de Dilma no âmbito federal, que está dividido quanto à candidatura em Minas Gerais ao governo.

O PT, por sua vez, aposta no baixo nível de rejeição de Pimentel entre o eleitorado local e em uma candidatura do PSDB "sem nenhuma conexão com o cidadão mineiro". "Adversário não se escolhe, mas nós entendemos que há um esgotamento do ciclo dos tucanos aqui no Estado, com um nível de paralisia de políticas públicas gigantesco", disse Odair Cunha. O partido tucano indicou o ex-ministro Pimenta da Veiga para concorrer ao governo estadual.

A expectativa é que já em fevereiro a presidente retorne ao Estado para entrega de unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida, em Montes Claros.

Fonte: Valor Econômico

Alianças no cardápio tucano

Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, e o governador Geraldo Alckmin discutem durante almoço o quadro de coligações do partido nos estados e avaliam a economia do país

Maria Clara Prates

Aécio e Alckmin se reuniram na sede do governo paulista: polêmicas com o PSB fora da pauta

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República, e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), discutiram ontem o quadro de alianças da legenda para as próximas eleições. Os dois principais líderes tucanos almoçaram juntos no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e no cardápio, elaborado pelo mineiro, foi apresentada uma "radiografia das alianças". "Eu ouvi o governador sobre muitos deles (estados) e todas essas decisões passarão sempre por essa consulta", afirmou Aécio. Ele destacou ainda a experiência de Alckmin como governador e também como ex-candidato a presidente. "Estamos selando aqui, na minha avaliação, o que é essencial para vencermos as eleições, que é a unidade do PSDB", disse o senador mineiro e presidente nacional do partido.

Segundo Aécio, a conversa serviu para fazer uma análise "das preocupações de muitos brasileiros" com a economia, que sofre com o "o recrudescimento da inflação, a perda da credibilidade, que afeta investimentos importantes para termos empregos de melhor qualidade". "Foi uma boa conversa sobre as preocupações com as políticas econômicas", avaliou o governador paulista.

Ao apresentar a radiografia das alianças, o senador mineiro voltou a afirmar que o partido estará competitivo em muitos estados, "com o maior número de candidaturas próprias do que qualquer outro". "Estaremos disputando com candidaturas próprias ou coligações em 20 estados", garantiu. Aécio afirmou, porém, que a campanha eleitoral só vai começar para valer em julho. "As alianças, os entendimentos, a formação de chapa, tudo isso virá com naturalidade no tempo certo, mas campanha para valer no Brasil só depois da Copa do Mundo", disse.

Apesar do clima de cordialidade, pelo menos um tema não foi bem digerido: o impasse da aliança do PSDB com o PSB, que pretende lançar a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à Presidência da República, tendo como vice Marina Silva. A ex-ministra do Meio Ambiente quer que o PSB rompa a aliança pela reeleição de Geraldo Alckmin. "Não existe nem candidato", desconversou o governador, que foi socorrido pelo tucano mineiro: "Onde existe impasse, a palavra do governador será sempre extremamente importante".

Aécio Neves também evitou polêmicas sobre o tema. Ele se recusou a rebater as críticas feitas pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, que afirmou que o tucano "perdeu a oportunidade de ficar calado" ao dizer que é o PSB que tem mais a perder se não se aliar ao PSDB. "Não vou responder ao Roberto Amaral. Eu o conheço muito pouco para isso", disse Aécio. Na visão do senador mineiro, as declarações de Amaral não estremeceram a relação entre os partidos. "A minha interlocução com o PSB é feita prioritariamente com o presidente do partido", disse, referindo-se a Campos, seu provável adversário nas eleições.

O tucano reforçou ainda que sua relação com o pernambucano "é antiga e precede as candidaturas e é natural". "Repito: acredito nas coisas naturais na política", afirmou. Segundo Aécio, foi o PT que introduziu "algo perverso na política", de tratar adversários como inimigos. "Não acho que quem está em outro campo só tenha defeitos nem que alguém só por ser aliado só tenha virtudes", cutucou. O tucano voltou a dizer que acha a candidatura de Campos "saudável". "Queremos um debate plural."

Programa de governo
O governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), vai coordenar o programa de governo de Aécio Neves, durante a campanha eleitoral. Anastasia já vem participando das discussões e montagem do plano de governo, ao lado de integrantes da Executiva Nacional do partido. As conversas têm ocorrido desde o ano passado. Ele fez parte da equipe que auxiliou o senador na elaboração das 12 propostas apresentadas em dezembro e que vão servir de base para as propostas para o país, caso Aécio seja eleito. Além do governador, o senador confirmou outros dois nomes de sua equipe de campanha: o do ex-deputado Xico Graziano, que vai coordenar as ações na internet, e o da sua irmã, Andréa Neves.

Segurança
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato dos tucanos à Presidência da República, criticou ontem a política de segurança pública do governo federal. Ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), o mineiro disse que o governo Dilma Rousseff (PT) "empurra para os ombros dos estados" os problemas da área, numa postura "absolutamente irresponsável". Sem fazer menção direta ao caso da rebelião no presídio de Pedrinhas (MA), que culminou com dezenas de mortes, Aécio disse que o governo não investe o que deveria em segurança prisional e que 87% dos gastos com a área saem dos cofres de estados e municípios.

Fonte: Estado de Minas

Contrariado com reforma ministerial, PMDB cogita alianças regionais com PSDB

Partido pressiona PT com a ameaça de união com tucanos em alguns estados

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA — Após conversar com o vice Michel Temer e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, a presidente Dilma Rousseff conseguiu colocar em banho-maria o princípio de crise do PMDB com o governo. Mas a insatisfação rapidamente mudou de destinatário e agora o alvo é o PT. As dificuldades nas alianças regionais marcaram o jantar da cúpula do partido, quarta-feira, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice. Dois dos líderes presentes — Eunício Oliveira e Vital do Rêgo — deixaram claro que podem se unir em seus estados ao arquirrival PSDB. Além disso, ressurgiu no partido um debate sobre a possível antecipação da convenção do partido para abril.

Temer e Renan chegaram ao jantar afirmando que a presidente havia sinalizado ainda haver possibilidade de o PMDB crescer na Esplanada, seja com mais um ministério, seja melhorando o que já tem. Assim, convenceram os presentes que a melhor alternativa é baixar o nível dos ataques até o dia 29 deste mês, quando a presidente volta de uma viagem internacional a Davos, na Suíça, e a Cuba.

Prontamente o encontro se transformou em uma análise dos palanques estaduais. Ao menos três dos presentes defenderam que o PMDB realize prévias em abril para definir os rumos da aliança com o PT. A antecipação é um tradicional instrumento de pressão para forçar o governo a ceder nas negociação de palanques locais.

O mais exaltado era o líder no Senado, Eunício Oliveira (CE). Pré-candidato ao governo do Ceará, ele vem sendo preterido pelo PT, que deve formalizar aliança em torno do candidato do governador Cid Gomes, do PROS. Para completar, Dilma já avisou que Cid deve manter o controle sobre o Ministério da Integração Nacional, o sonho de consumo dos peemedebistas. Eunício avisou que pode formalizar uma aliança com o tucano Tasso Jereissati.

O senador Vital do Rêgo (PB), nome escolhido pelo PMDB para ocupar uma nova pasta na reforma, também deixou claro que, caso seja preterido, poderá apoiar o candidato do PSDB na Paraíba.

. Fonte: O Globo

Condenado, João Paulo diz que reeleição de Dilma é fundamental para mostrar ‘armação da ação’ do mensalão

Em ato de desagravo a seu favor em Osasco, petista ainda acusou Joaquim Barbosa de ser cruel

Sérgio Roxo

OSASCO (SP) - Condenado no processo do mensalão, o deputado federal João Paulo Cunha afirmou, na noite desta quinta-feira, que para ele os demais petistas condenados no mensalão, a vitória da presidente Dilma Rousseff na reeleição é fundamental.

- Para nós da ação penal 470, eu, José Dirceu, Genoino, e companheiro Delúbio, é fundamental e importante ganhar a eleição porque a gente quer mostrar que toda essa armação em torno da nossa ação é política - afirmou, ao destacar que pela primeira vez o partido deve ter candidatos competitivos na eleição para governador nos três principais estados: São Paulo, Rio e Minas.

João Paulo ainda chamou de cruel o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, por não ter assinado o seu mandado de prisão, apesar de já ter redigido o documento.

- Além de tudo, o ministro Joaquim Barbosa é cruel. Acha que eu não tenho mulher, mãe, filhos, que não tenho família. Deve achar que eu sou um bandoleiro que anda por aí - disse o deputado, durante um ato de desagravo realizado em um clube de Osasco, seu reduto político na região metropolitana de São Paulo.

Barbosa, que está de férias e só deve assinar a ordem de prisão na volta ao trabalho, também foi atacado por João Paulo por ter assinado as primeiras ordens de prisão do mensalão em um feriado, por ter influenciado na troca do juiz de Execução Penal do Distrito Federal e por manter o ex-ministro José Dirceu em regime fechado, sendo que ele teria direito a sair da cadeia para trabalhar.

A ausência de dirigentes do PT no ato provocou mal-estar. Mesmo convidados, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, e estadual, Emídio de Souza, não compareceram. Emídio é ex-prefeito de Osasco. João Paulo foi irônico ao agradecer a presença de prefeitos de pequenas cidades paulistas no evento.

- Prefeito pra vir nesse ato tem que ter coragem. Essa história de mensalão é quase uma doença. Em algumas lugares, as pessoas não podem encostar na gente - disse.

Aliado de Emídio, o prefeito de Osasco, Jorge Lapas (PT), também não foi. O objetivo do evento era fazer o lançamento no estado de São Paulo da revista publicada no final do ano passado em que o deputado contesta o processo do mensalão. A revista já havia sido apresentada no Congresso Nacional pelo próprio João Paulo.

Uma das filhas de Dirceu, Joana Saragoça, compareceu. Ao falar sobre Dirceu, João Paulo, em mais um indício de ressentimento com uma ala do partido, deu a entender que o ex-ministro foi abandonado por companheiros.

- José Dirceu não precisa de defesa. O José Dirceu carregou o piano para muita gente que está tocando e muita gente é incapaz de dizer: essa musica que está tocando é para você, Dirceu.

Numa rápida fala, Joana afirmou ter certeza de que seu pai e João Paulo vão conseguir reverter as condenações. Os filhos do ex-presidente do PT José Genoíno, Miruna e Ronan, mandaram uma mensagem de apoio em vídeo, que foi exibida em um telão.

O ato reuniu cerca de 300 pessoas. Integrante do Diretório Estadual, Miza Boioto criticou, em discurso, a ausência dos dirigentes petistas:

- Tem muita gente que deveria estar aqui e não está. É incompreensível que o nosso partido não esteja todo na rua - disse.

Quatro deputados federais do PT de São Paulo compareceram: Carlos Zaratini, Devanir Ribeiro, José Mentor e Newton Lima. Devanir também atacou os ausentes. Zaratini disse que o PT deve enfrentar o pedido de cassação de João Paulo no Plenário da Câmara. Mentor e Devanir atacaram a imprensa.
João Paulo fez coro com os colegas de bancada.

- Oposição no Brasil é uma aliança entre a mídia e o Judiciário -disse.

Ele acusou ainda a imprensa de auxiliar o PSDB na guerra política com o PT.

- Botam uma materiazinha contra qualquer coisa do PT e o PSDB entra no Judiciário (com representação).

Fonte: O Globo.

Aécio Neves diz que governo deixou de responder aos atos de rua

Para principal opositor, gestão federal só reage, não planeja e não percebe aquilo que vem

Carla Araújo e Débora Álvares

A oposição classificou os encontros realizados por jovens na periferia de São Paulo em shopping como "fenômenos naturais". Para parlamentares do DEM e do PSDB, os chamados "rolezinhos" têm sido motivados pela ausência de respostas do governo aos movimentos que tomaram as ruas do País em junho do ano passado.

"Eu acredito que essa ainda não é uma questão de segurança, é uma questão que tem de ser tratada como fenômeno natural, como nós teremos outros ao longo do tempo", avaliou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), após participar de um almoço com o governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes.

O provável adversário da presidente Dilma Rousseff nas eleições deste ano aproveitou para criticar a postura reativa do governo aos problemas do País. "Nós temos no Brasil historicamente um governo federal que reage, que não planeja e não percebe aquilo que vem acontecendo no Brasil", afirmou. Aécio, contudo, não discordou da postura que o governo tem adotado em relação aos "rolês" e disse achar "saudável que pelo menos eles percebam aquilo que está acontecendo no País".

Segunda época. Para o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), essas manifestações são um "filhote" dos movimentos de junho passado. "Estão acontecendo porque não houve respostas à altura. É uma segunda época das manifestações do ano passado", disse Agripino.

O democrata acredita em uma expansão dessas manifestações até junho, na época da Copa do Mundo. "A tendência é encorpar, porque a situação econômica do País se esgotou e o governo não está tomando providências."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aécio exalta relação com Campos

SÃO PAULO - O senador e presidente nacional do PSDB Aécio Neves se recusou a rebater as críticas feitas pelo vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, que afirmou que o tucano "perdeu a oportunidade de ficar calado" ao dizer que é o PSB que tem mais a perder de não se aliar ao PSDB. "Não vou responder ao Roberto Amaral, conheço muito pouco para isso", disse Aécio, em São Paulo.

Segundo o senador, as declarações de Amaral não estremeceram a relação entre os partidos, pois "a minha interlocução com o PSB é feita prioritariamente com o presidente do partido", disse, referindo-se ao seu provável adversário nas eleições Eduardo Campos.

O tucano reforçou ainda que sua relação com Campos "é antiga e precede as candidaturas e é natural". "Volto a repetir: acredito nas coisas naturais na política", disse.

Segundo Aécio, foi o PT que introduziu "algo perverso na política" de tratar adversários como inimigos. "Não acho que quem está em outro campo só tenha defeitos e nem que alguém só por ser aliado só tenha virtudes", afirmou. O tucano voltou a dizer ainda que acha a candidatura de Campos "saudável".

O presidenciável tucano acrescentou que, na sua avaliação, a campanha eleitoral "só vai começar para valer" em julho. "As alianças, os entendimentos, a formação de chapa, tudo isso virá com naturalidade no tempo certo, mas campanha para valer no Brasil só depois da Copa do Mundo", disse, ao lado do governador Geraldo Alckmin (SP).

Repetindo o discurso de Alckmin, Aécio disse que ainda não há "candidaturas colocadas formalmente". "Esse é momento de discussão de programa, de projeto, de nos comunicarmos melhor com a população", afirmou, ressaltando que falava como presidente do PSDB. Segundo o senador, o partido precisa mostrar "de forma muito clara" como vai enfrentar questões como a segurança pública e a saúde.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Claudia Safatle: A inflação e sua perversa trajetória

IPCA acima de 6% às vésperas das eleições preocupa

A trajetória da inflação neste ano é perversa. As expectativas tanto do mercado quanto do governo são de uma variação do IPCA em doze meses muito próxima do teto da meta (6,5%) no terceiro trimestre, período que coincide com o auge da campanha presidencial. Só no fim do ano é que o índice pode cair abaixo de 6%.

Há uma janela favorável para o controle da inflação até abril. Entre janeiro e abril do ano passado, as taxas estavam bastante pressionadas, o que levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a iniciar um ciclo de aperto monetário que elevou a taxa Selic, desde então, em 3,25 ponto percentual, de 7,25% ao ano para 10,5% ao ano. Como o IPCA tende a ser mais moderado neste ano até abril, a inflação de doze meses deve cair. Daí por diante os ganhos vão ficar muito difíceis e, entre julho e setembro, a inflação volta para a casa dos 6% ao ano, podendo novamente superar o teto da meta, como os 6,7% de junho do ano passado.

São muitas, ainda, as incertezas que permeiam os dados de inflação para este ano e dificultam as projeções do Banco Central. Não está claro, por exemplo, qual será a política de reajuste dos derivados de petróleo, se haverá aumento da gasolina e se este será antes ou depois das eleições. Não se sabe qual será a conta de energia. O orçamento de 2014 prevê gastos de R$ 9 bilhões com o setor, cifra que se subestimada pressionará os reajustes das tarifas das distribuidoras. A performance dos preços dependerá, também, de qual será a atitude dos prefeitos das capitais em relação às tarifas de ônibus, congeladas desde 2012.

O mais decisivo, contudo, será o comportamento da taxa de câmbio. Em situação normal, não se contaria com uma desvalorização cambial importante após a depreciação acentuada dos últimos dois anos (de 16% em 2012 e de 11% no ano passado).

Os operadores do mercado financeiro, porém, já consideram favas contadas um rebaixamento do grau de investimento do país e da Petrobras pela agência de rating Standard & Poor's neste ano. O que fará diferença no preço atual do câmbio será o que a S&P vai colocar como perspectiva para o país. Se for "estável", menos mal, já está implícito na cotação da moeda. Mas se a agência de rating considerar a perspectiva "negativa", os efeitos podem ser muito ruins, com a saída dos investidores institucionais e um déficit de cerca de US$ 80 bilhões em conta corrente para financiar.

Nem tudo é negativo para a inflação deste ano. Há fatores que vão colaborar, mas é prematuro considerar factível uma ligeira queda em relação ao inesperado IPCA de 5,91% de 2013.

O principal deles é a expectativa de que, finalmente, os alimentos tenham um melhor comportamento depois de vários choques de preços nos últimos anos. A projeção do governo é de que a variação do índice de preços desse setor fique na casa dos 6%, em comparação com os 8,48% de inflação de alimentos e bebidas no ano passado. Uma queda para esse patamar poderia reduzir a inflação anual em 50 pontos base, neutralizando parte do impacto da eventual descompressão dos preços administrados.

Embora o Banco Central trabalhe com um aumento de 4,5% nos administrados, vários economistas de bancos consideram que a variação será menor, de 3,5%, depois da inflação de administrados e monitorados em 2013 ter sido de somente 1,5%.

Outro fator que vai ajudar o Banco Central na tarefa de controlar a inflação é o reajuste do salário mínimo em vigor este mês, de 6,78%, o menor desde que o ex-presidente Lula começou a política de recuperação do valor do salário mínimo, em meados do primeiro mandato.

Há, no governo, quem ainda alimente alguma esperança na contribuição da política fiscal para a contenção dos preços. O Ministério da Fazenda prepara o decreto de contingenciamento do orçamento da União, que deve ser divulgado em fevereiro. Economistas do setor financeiro, no momento, não esperam qualquer auxílio vindo de uma suposta austeridade do gasto público.

É a política de aperto monetário que pode definir o futuro da inflação. O aumento da taxa Selic para 10,5% na quarta-feira mostrou um BC disposto a agir, mas também indicou que o próximo passo do Copom pode ser menor, de 0,25 ponto percentual, com os juros parando em 10,75% ao ano - exatamente a taxa de juros que Dilma Rousseff recebeu de Lula.

Para levar o IPCA a níveis mais próximos da meta de 4,5% - algo na casa dos 5,5% -, a Selic de 10,5% ao ano ainda estaria aquém do necessário, avaliam economistas do mercado financeiro.

Muitas iniciativas oficiais alimentaram a resistência inflacionária: a abertura dos cofres públicos, a expansão do crédito dos bancos federais, a super indexação do salário mínimo, a depreciação do real e os juros insustentavelmente baixos, de 7,25% ao ano, entre outubro de 2012 e março de 2013. Não deu frutos o empenho da presidente Dilma Roussef em concluir o primeiro mandato com taxa de juros reais de 2% ao ano. A taxa real, que chegou ao pouco mais de 1% ao ano, já voltou para a casa dos 4%. Ontem o swap de 360 dias estava pagando 4,67% ao ano.

C; erca de 84% dos investimentos das 18 concessões realizadas pelo governo em 2013 vão ser feitos nos primeiros cinco anos. Segundo cálculos da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda (Seae), os aportes totais, estimados em R$ 80,3 bilhões, devem corresponder a uma média de R$ 13,5 bilhões por ano, nos primeiros cinco anos. A parcela restante, equivalente a R$ 12,8 bilhões, deverá ocorrer no curso das concessões cujos prazos variam de 25 anos a 30 anos, conforme as obrigações contratuais.

Esses investimentos, algo como 0,28% do PIB ao ano, devem ter impulso mesmo só a partir de 2015, pois os contratos ainda estão sendo assinados e os primeiros meses após a assinatura são inevitavelmente dedicados à montagem das empresas e à obtenção de licenças para as obras.

Fonte: Valor Econômico

Roberto Freire: A ‘tungada’ da Caixa na caderneta de poupança

Um dos grandes patrimônios reais e emblemáticos para os brasileiros, especialmente os de menor renda, a caderneta de poupança não está imune à incompetência reinante na administração petista. Especialista na “contabilidade criativa” que desmoraliza o pouco que resta de sua reputação na área econômica, o governo de Dilma Rousseff se vê aturdido diante de mais um escândalo, desta vez envolvendo a Caixa Econômica Federal, que protagonizou uma espécie de confisco secreto em mais de 525 mil contas e usou esse dinheiro para inflar seu lucro em 2012 e distribuir maiores dividendos para o governo.

Segundo reportagem publicada pela revista “Istoé”, uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União aponta que a Caixa encerrou 525.527 contas supostamente sem movimentação por até três anos e com valores que variam entre R$ 100 e R$ 5 mil. O saldo ilegalmente “tungado” dos poupadores foi lançado como lucro no balanço anual da instituição, sem que os correntistas ou os órgãos reguladores do sistema financeiro nacional fossem comunicados, somando um montante de R$ 719 milhões confiscados irregularmente.

A Caixa alega que encerrou as contas que apresentavam falhas cadastrais, mas a rapinagem escandalosa sobre mais de meio milhão de poupadores descumpriu a legislação. A resolução 2025/ 1993 do Conselho Monetário Nacional trata do encerramento de contas abertas “com documentação fraudulenta”, quando há indícios de crime contra a administração pública, mas é necessário obter autorização judicial para cada um dos casos. Além disso, a circular 3006/2000 do Banco Central prevê autorização do cliente para o fechamento da conta.

Sem qualquer embasamento legal, a Caixa tampouco encontra respaldo lógico em sua constrangedora tentativa de justificar o injustificável. Afinal, como as 525 mil contas encerradas estavam “inativas” se a caderneta de poupança rende mensalmente? E como insistir na tese de que a operação seguiu os preceitos legais se o próprio Banco Central determinou expressamente que o dinheiro “tungado” dos poupadores seja retirado do balanço financeiro da Caixa e volte para o passivo da instituição?

Esta não é a primeira vez que a Caixa protagoniza trapalhadas sob a chancela do governo petista. Em maio do ano passado, o banco alterou o calendário de pagamentos do Bolsa Família sem aviso prévio aos beneficiários, o que provocou correria às agências. Em um único fim de semana, mais de 1 milhão de pessoas realizaram 920 mil saques no valor total de R$ 152 milhões. Depois de acusar a oposição de criar boatos sobre o suposto fim do programa, o governo se viu obrigado a recuar e o próprio presidente da Caixa pediu desculpas pela lambança.

“tungada” na caderneta de poupança nos remete ao absurdo cometido pelo ex-presidente Fernando Collor, que confiscou parte das contas dos brasileiros e gerou um profundo trauma no imaginário popular. Mais de 20 anos depois, os petistas parecem ter se inspirado no antigo adversário, hoje fiel aliado de Lula e Dilma, para ludibriar os brasileiros e inflar o erário.

Além de desmoralizar ainda mais um governo que se arrasta com a credibilidade no chão, o confisco arbitrário da Caixa aumenta a desconfiança em relação ao Brasil e causa enorme prejuízo a correntistas e acionistas. O país não pode mais conviver com tamanho desmantelo e tantas ilegalidades.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Rogério Furquim Werneck: Difícil travessia

O quadro econômico mostra-se muito mais precário do que o Planalto esperava. E é bem possível que se deteriore ainda mais

Faltam menos de nove meses. Mas as duas primeiras semanas do ano já foram suficientes para que o governo se desse conta de que ainda tem pela frente longa e difícil travessia até as eleições.

O quadro econômico mostra-se muito mais precário do que o Planalto esperava. E é bem possível que se deteriore ainda mais ao longo do ano. A perspectiva de crescimento da economia continua medíocre. A margem de manobra para manipulação da inflação e das contas públicas estreita-se a cada dia. E o governo agora caminha em gelo fino, assustado com a possibilidade de ter de lidar com os desdobramentos de um rebaixamento do risco soberano do país em pleno ano eleitoral, em meio à contração da liquidez internacional.

Não obstante a vigorosa repressão de preços administrados, a taxa de variação do IPCA terminou o ano encostada em 6%, depois de ter registrado a maior inflação de dezembro dos últimos 11 anos. Já não há mais dúvida de que o Banco Central vai de fato se permitir atravessar todo um mandato presidencial com a inflação substancialmente acima da meta.

Permanecem as preocupações com a evolução das contas públicas. A política fiscal continua claramente expansionista. E a disparatada ideia do ministro da Fazenda de antecipar a divulgação do resultado fiscal de 2013, para acalmar os mercados, acabou tendo o efeito inverso. Serviu tão somente para deixar claro que o governo já nem tenta fingir que tem um discurso minimamente coerente sobre a condução da política fiscal.

É inacreditável que, a esta altura dos acontecimentos, ainda se alegue que o que falta é explicar ao distinto público que a deterioração das contas públicas é simples consequência da necessidade de conciliar as demandas sociais com a queda de receita tributária. E que não há razões para preocupação com a evolução da dívida bruta porque, em contraste com que o que foi prometido e não cumprido no ano passado, o governo deverá afinal reduzir as transferências do Tesouro ao BNDES, em 2014, iniciando o que agora vem sendo pomposamente rotulado de “taperingdo BNDES”.

Mas a verdade é que nem mesmo o próprio Planalto acredita nesse discurso descosido. O governo tem plena consciência de o quão precário é o quadro econômico do País e da vulnerabilidade que isso representa para o projeto da reeleição. Sem possibilidade de assegurar redução crível dessa precariedade em tempo hábil, a presidente, em seu pronunciamento de fim de ano à Nação, preferiu apelar para a denúncia à “guerra psicológica” que instila “desconfiança injustificada” nas perspectivas da economia.

A indisfarçável insegurança do Planalto com a situação econômica do país tem sido fonte de grande tensão na coalizão governista. E, nesse clima tenso, o PT vem claramente enfrentando dificuldades para manter a frieza necessária para conduzir uma campanha eleitoral complexa que, com alta probabilidade, só terá desfecho no segundo turno. Basta ter em mente as desastradas diatribes apócrifas contra Eduardo Campos e Marina Silva publicadas na página oficial do partido no Facebook, na semana passada.

Mas não é só da economia que poderão advir dificuldades inesperadas. Fazer o amplo arco da base governista avançar no mesmo compasso, em movimento harmônico, nos próximos meses, será um grande desafio. E a presidente agora se dá conta de que marchar ao lado de certas falanges pode acabar sendo proibitivamente oneroso, como bem ilustra o tétrico e desgastante circo de horrores com que o governo teve se envolver na capital maranhense neste início de ano.

Na sexta-feira passada, os principais jornais do país estamparam imagens emblemáticas do ministro da Justiça, ao lado da governadora do Maranhão, em São Luís, contorcendo-se para tentar sair bem numa foto em que visivelmente não queria estar. Queixo apoiado no punho, em pose que lembrava “O pensador”, de Rodin, o ministro parecia se indagar que cálculo político ainda justificaria manter o projeto da reeleição atrelado a forças tão escancaradamente associadas à vanguarda do atraso no país.

Rogério Furquim Werneck, economista e professor da PUC-Rio

Fonte: O Globo.

Fernando Gabeira: Memórias do Maranhão

Fui algumas vezes ao Maranhão. Não é, para mim, uma região distante que possa analisar racionalmente em laboratório. Gosto de lá e tenho apreensão por seu futuro.

Os primeiros contatos que tive com o Maranhão foram estimulados pelo interesse por Alcântara, uma bela cidade, ligada a São Luís pela Baía de São Marcos. Alcântara são ruínas deixadas pelos ricos que a abandonaram, levando consigo maçanetas de porta, janelas, tudo o que puderam carregar.

Em Alcântara trabalhei na mediação entre os interesses das comunidades negras e indígenas e a base espacial, marcada por fracassos e até uma tragédia. Minha hipótese era de que, recuperando o casario colonial, harmonizando o interesse de quilombolas, indígenas e a própria base, seria possível construir um modelo em que várias épocas do Brasil convivessem no mesmo espaço. Isso ampliaria as possibilidades turísticas do Estado. Quase ninguém se animou com a ideia.

Mais tarde voltei ao Maranhão para cobrir as enchentes em Trizidela do Vale. E, finalmente, fiz um trabalho em Buriti Bravo sobre saúde, tendo de percorrer hospitais e postos em vários pontos da região, incluindo cidades médias, como Caxias.

A visita da última semana a São Luís foi a segunda que fiz por causa dos conflitos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Cabeças decapitadas, superlotação, luta interna na cúpula da Segurança, quase tudo do mesmo jeito. Quase tudo porque o governo, em vez de refletir sobre a ideia de manter metade dos presos de todo o Estado num só presídio, contratou uma empresa de segurança de aliados.

A governadora Roseana Sarney afirma que dizer que o Maranhão é dominado por uma família há 48 anos se trata de ignorância ou má-fé. Para mim, soa como afirmar que é ignorante quem acredita que a Terra gira em tomo do Sol.

O que os olhos me dizem em São Luís e outras cidades? Que a família Samey é onipresente em nome de ruas, vilas, matemidades, escolas. O ponto máximo dessa ocupação simbólica é a transformação do Convento das Mercês numa espécie de museu José Samey, mascarado sob a denominação Fundação da Memória Republicana Brasileira. Se vejo TV, ouço rádio, leio o jornal diário e pergunto quem são os donos, a resposta é sempre a mesma: a família Samey.

Samey ganhou uma dimensão nacional superior à importância política do Maranhão. Ele não só enriqueceu mais, mas também ocupou mais espaços no poder do que seu Estado natal ocuparia sem ele. Com a crise de Pedrinhas, o Maranhão ressurge no noticiário e é razoável examinar a trajetória de Sarney em relação ao Estado que domina há quase meio século.

Quando foi eleito governador, em 1966, Samey foi tema de um filme de Glauber Rocha. Fazia discursos inflamados, prometia acabar com a corrupção, com a impunidade, enfim, revolucionar um Estado paupérrimo. Hoje o Maranhão tem 12% de miseráveis, mais da metade da população não tem banheiros. Samey tomou-se poderoso, os empreendimentos da família cresceram, mas tudo indica que agora essa relação dominadora pode ser derrubada.

Samey e Roseana são aliados do PT. Certamente se inspiraram na forma de argumentar do governo federal para se defenderem na crise. Roseana afirmou que o Maranhão se tomou violento porque ficou mais rico. Quem não se lembra, em junho de 2013, dos argumentos de que a prosperidade era a causa das manifestações de rua?

Mas ela errou o tom. Na mesma semana licitava lagostas e caviar para alimentar o Palácio dos Leões, como o próprio nome indica Samey também lançou mão da tática do governo federal: ressaltar um ou outro aspecto positivo e se fixar nele como tábua de salvação, como o ministro Aloizio Mercadante ao examinar o baixo resultado do Pisa ou o ministro Guido Mantega descrevendo criativamente os números da economia.

No Maranhão, disse ele, há conflitos nos presídios, mas não se espalham pelas ruas. E foi mais longe na tática de argumentação dos setores oficiais da esquerda: apontou para os problemas dos outros. Mencionou o Espírito Santo e Santa Catarina, onde houve conflitos de ma, até mesmo acabando com o carnaval capixaba. Horas depois, distritos policiais metralhados, ônibus incendiados, uma menina de 6 anos morta pelas chamas, em São Luís. Não estavam preparados para a crise precisamente porque todos esses anos de dominação criaram uma espécie de viseira, alimentada pela falta de uma imprensa independente mais forte, à altura do Maranhão.

Embora o declínio seja visível, a força de Samey no Maranhão também o é. As eleições maranhenses podem ter dimensão nacional. O adversário mais bem colocado é o presidente da Embratur, Flávio Dino, do PC do B. Depois de 48 anos de dominação do clã, passar às mãos do PC do B não deixa de ser uma trajetória singular para um Estado com tanto potencial.

Como o campo da política é mais pantanoso, não se sabe até que ponto virão mudanças. A sensação que tive em São Luís é de que, ao menos na capital, há um desejo de romper como longodonúnio. Com baixos índices sociais e alto nível de violência, os sobressaltos na sociedade são tão imprevisíveis quanto na política.

Devo voltar ao Maralhão para filmar os búfalos que importaram para desenvolver uma região do Estado. Os búfalos multiplicaram-se tanto que arrasaram a lavoura, e continuam aumentando. Quem sabe, correndo por fora, os búfalos não se tomem também protagonistas de destaque no Estado? Eles dão carne, leite e queijo, mas devastam tudo o que há ao redor.

Isso me parece muito com o destino de um Estado que cresce, mas deixa um rastro de destruição, violência e miséria. Os poderosos estão felizes. Os búfalos, também.

José Samey precisava ter acreditado nos seus discursos de 1966, quando se elegeu. Estão lá no filme do Glauber.

"Seguiu um caminho diferente. O filme agora é outro: poder, riqueza, glória e o mesmo povo pobre das imagens de Glauber.

* Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dora Kramer: Casamento de fachada

O PT é um parceiro difícil e, convenhamos, o PMDB também não é fácil. Nunca se deram bem, entre outros motivos porque nada têm em comum: desde a origem, o jeito de agir, os personagens, as identidades; são entes feitos de massas completamente diferentes.

Ainda assim, a partir do segundo governo de Lula da Silva resolveram se casar oficialmente. Nada a ver com amor. A regra do interesse sempre foi clara: o PT entra com os lotes da administração federal e o PMDB, com a força no Congresso, resultantes de grandes bancadas conseguidas a partir da máquina partidária País afora e dos instrumentos recebidos do poder central para "fazer política".

A insatisfação entre os nubentes também sempre foi nítida. Reclamações de parte a parte, mas o reconhecimento de que precisavam um do outro.

Agora, contudo, depois de quase oito anos de convivência forçada, nada mais une um partido ao outro e quase tudo parece desuni-los. A motivação da aliança vai desaparecendo. O PMDB não recebe do PT os mecanismos considerados eficientes para "fazer política" - ministérios com dinheiro, obras e visibilidade - e por isso mesmo o partido está cada vez menos disposto a ceder palanques aos petistas nos Estados.

Teme perder esse espaço que lhe assegura peso congressual, deixando de eleger grandes bancadas. Nas contas para governos estaduais, os pemedebistas por ora vislumbram chance de vitória em Rondônia, Amazonas, Ceará e Bahia. Pouco para uma legenda cuja força é regional e precisa cuidar dessa seara.

O PMDB quer o Rio de Janeiro e em Minas já faz movimentos em direção ao PSB. Como ninguém atende ao interesse de ninguém nessa aliança, é de se perguntar o que ainda os une além do desejo de Michel Temer de ser vice, de Henrique Alves e Renan Calheiros de presidir mais uma vez a Câmara e o Senado.

O partido como um todo anda indisposto a se manter fiel a projetos individuais de expectativas não realizadas. Percebe o risco à sobrevivência do coletivo e chegou à conclusão de que onde houver os chamados palanques duplos Dilma e Lula darão preferência ao PT, deixando o PMDB no ora veja.

Como, aliás, já fizeram em outros carnavais.

Aposta real. Parecia blefe, mas a insistência do PMDB em manter candidatura própria ao governo do Rio de Janeiro é "à vera". Pelo seguinte: o partido tem certeza de que o vice-governador Luiz Fernando Pezão chega ao segundo turno.

Conta com as máquinas no Estado e da Prefeitura e não seria contaminado pelo desgaste do governador Sérgio Cabral exatamente pelos atributos opostos aos que fizeram Cabral ser mal avaliado: deslumbramento, imprudência e arrogância.

Pezão é bem quisto, pé de boi e refratário a excessos sociais. O PMDB acha que, partindo do patamar de 25% de aprovação de Cabral, o vice multiplica o patrimônio assim que o governador se afastar da cena.

Sobre os adversários a avaliação é a seguinte: PSDB e PSB estão fora do páreo. No campo governista, Anthony Garotinho e Marcello Crivella têm boa largada, mas teto insuficiente para uma boa chegada. Lindbergh Farias, do PT, não deslanchou ainda.

Verdade seja dita, em boa medida por ação de Cabral junto a Lula para que o PT não saia do governo e, assim, impeça o petista de fazer oposição contundente ao PMDB.

Mal menor. O PSDB não vê grandes danos na adesão do PPS ao PSB (agora ameaçado pela resistência de Marina Silva em apoiar Geraldo Alckmin em São Paulo).

Significa apenas 15 segundos de acréscimo na propaganda eleitoral, enquanto boa parte das alianças nos Estados está acertada entre os tucanos e Eduardo Campos. Notadamente para o segundo turno, onde houver.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Luiz Carlos Azedo: Mais uma Batalha de Itararé

Uma decisão agora seria arriscada: poderia provocar uma romaria de peemedebistas a São Bernardo do Campo para pedir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que seja o candidato do PT

Itararé, a 320 quilômetros de São Paulo, guarda com carinho a foto histórica que mostra restos mortais de soldados gaúchos do 8º Regimento de Passo Fundo sendo retirados das sepulturas, em 1934, para o traslado à terra natal. Seria a prova de que Itararé resistiu aos invasores, nas Revoluções de 1930 e de 1932. Na divisa do Paraná com São Paulo, a cidade ficou conhecida pela “batalha que não houve” entre as tropas federais do coronel Paes de Andrade e o general Miguel Costa, comandante das tropas gaúchas lideradas por Getúlio Vargas em 1930. A batalha decisiva para a derrubada da República Velha havia sido anunciada com estardalhaço, mas com a rendição de Paes de Andrade, as tropas revolucionárias entraram em Itararé sem disparar um tiro. Dois anos depois, no mesmo lugar, os constitucionalistas paulistas amargaram nova derrota para as forças federais. “Nossa cidade entrou para a história pela porta dos fundos e virou motivo de piada”, diz o historiador José Maria Silva, em seu livro As batalhas de Itararé, editado em 1997. Segundo o jornalista e pesquisador Hélio Porto, as ossadas recolhidas no cemitério local são de soldados mortos na Revolução Constitucionalista de 1932.

Desde então, a política brasileira é pródiga em batalhas de Itararé. Nesta semana, assistimos a mais uma, entre a presidente Dilma Rousseff e o PMDB. A cúpula do PMDB quer de volta o Ministério da Integração Nacional, prometido ao governador do Ceará, Cid Gomes, e seu irmão Ciro, que trocaram o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pelo recém-criado Pros a fim de permanecer na base do governo. A pasta era ocupada por Fernando Bezerra, apadrinhado do governador pernambucano, que deixou o governo após a confirmação da pré-candidatura de Campos a presidente da República. A avaliação dos peemedebistas é de que o controle desse ministério pelo irmãos Gomes desequilibrará a disputa eleitoral no Nordeste em favor do Pros e do PT, não só na Bahia e em Pernambuco — cujas seções do PMDB estão na oposição ao Palácio do Planalto —, mas também em Alagoas, na Paraíba, no Ceará e no Rio Grande do Norte, cujos líderes peemedebistas são governistas.

Dilma adiou a reforma ministerial para fevereiro para ganhar tempo. Ainda não sabe bem o que fazer. Precisa resolver o problema do PMDB com o mínimo de sequelas, não porque tema um rompimento com o governo — o que a legenda, conhecida por seu fisiologismo, não costuma fazer —, mas por causa das retaliações que pode sofrer no plano regional, durante a campanha, o risco de “cristianização”. O problema é compor também com outras legendas importantes no Congresso, como o PP, o PTB e o Pros, sem aumentar o número de ministérios, o que seria dar à oposição o argumento de que está loteando de vez o governo. Diante do impasse, preferiu decantar os conflitos locais entre o PT e o PMDB. Uma decisão agora seria mais arriscada: poderia provocar uma romaria de peemedebistas a São Bernardo do Campo para pedir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que seja o candidato do PT, reacendendo a chamado “Volta, Lula!” entre os próprios petistas. A propósito, o substituto do ministro Alexandre Padilha, que deixa a Saúde para ser candidato a governador de São Paulo, provavelmente sairá do reduto histórico do PT. O nome indicado por Lula é o secretário de Saúde de São Bernardo, Arthur Chioro.

Onde mora o perigo…
Tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o PT estão agindo como se o favoritismo nas pesquisas fosse a certeza de que a reeleição será no primeiro turno. Tratam os candidatos de oposição, o senador Aécio neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo campos (PSB-PE), igualmente como inimigos, o que pode ser um equívoco em caso de dois turnos. Além disso, o PMDB e os demais partidos são considerados importantes apenas por causa do tempo de televisão, na suposição de que seus caciques perderam o poder de mediação com os eleitores nos estados; seus representantes no governo são considerados estorvos na cozinha do Palácio do Planalto. Será?

O ex-prefeito carioca Cesar Maia (DEM), em seu ex-blog, faz agourentas previsões sobre as condições da economia para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. “O binômio inflação-economia não a ajuda. Em 1998, FHC foi reeleito com uma inflação de 1,65%. Em 2002, seu candidato foi derrotado com uma inflação de 12,53%. Em 2006, Lula foi reeleito com uma inflação de 3,14%. Em 2010, elegeu Dilma colada à sua imagem, com uma inflação de 5,91%, mas um crescimento econômico de 7,5%. Agora, em 2014 — se repetir 2013 —, Dilma vai com uma inflação de 6% e um crescimento de 2%. Uma equação que exigirá apelar ao máximo para sua imagem e ainda à de Lula.” Trocando em miúdos: o mais provável é uma disputa em dois turnos.

Fonte: Correio Braziliense

Marina Silva: Campanha de limpeza

É intolerável a situação que vivemos em anos eleitorais, marcados por uma degradante agressão verbal contra candidatos e lideranças políticas. Não bastassem a indústria dos dossiês, as notinhas maldosas nos jornais e as "reportagens" encomendadas para expor fraquezas reais ou inventadas, temos agora a guerrilha virtual que cria territórios inóspitos na internet. Calúnia, difamação, injúria e ofensas formam uma espécie de enxurrada que arrasta o Brasil para o atraso onde prosperam várias modalidades de protofascismo.

Todos sabemos quem são os responsáveis por essa guerra. Eles estão na direção dos partidos mais poderosos, cujos militantes, geralmente remunerados, seguem sua pauta e comando no ataque aos alvos definidos. E chamam isso de tática e estratégia numa disputa supostamente ideológica entre esquerda e direita.

No final, todos perdem. O Brasil é derrotado. Quando as multidões foram às ruas no ano passado disseram claramente: essa política não nos representa. Na verdade, os que a fazem não representam nem a si mesmos. Não adianta ficarmos dois ou três anos nos tratando com cortesia diante das câmeras e preparando novos ataques para o período eleitoral.

Também sobre isso o Brasil necessita de um acordo, um pacto de não agressão. Críticas e divergências expostas com firmeza e veemência ajudam. Ninguém precisa ficar melindrado, o debate é próprio da democracia. Mas a linguagem chula dos desaforos anônimos ou "fakes" não devem ser estimulados nem acobertados. Assumimos um compromisso assim em 2010 e o levamos a cabo durante toda a campanha, insistindo que era um debate, não um embate. Por isso sei que é possível.

As cenas de violência que vemos nos presídios e nas ruas, o drama de milhões de pessoas nas enchentes, o caos do transporte urbano, tudo isso nos mostra a realidade e a urgência da crise civilizatória e deveria ser suficiente para nos dar um mínimo de consciência. Quem sabe, até um novo sentimento que, como ouvi do psicanalista Ricardo Goldenberg, tenha menos culpa e mais vergonha.

Ainda há tempo para o entendimento. A primeira condição é que os dirigentes assumam a responsabilidade, que de fato têm, sobre a ação de seus companheiros. A segunda é de que a decisão de manter o bom nível seja incondicional, nada de "responder na mesma altura", quer dizer, na mesma baixeza. O foco deve estar nas ideias e propostas.

Lembro de antigas campanhas, com Lula e o PT enfrentando calúnias e preconceitos em boatos, panfletos apócrifos e pichações nos muros. No Acre, pelos idos dos anos 90, criamos uma "campanha de limpeza da campanha" para combater a baixaria. Precisamos de uma assim, no Brasil.

Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente

Fonte: Site Rede &Folha de S. Paulo

Eliane Cantanhêde: Marcha a ré

Da presidente Dilma, em pronunciamento na TV para o Primeiro de Maio de 2012:

"A economia brasileira só será plenamente competitiva quando nossas taxas de juros (...) se igualarem às taxas praticadas no mercado internacional."

"Vem daí o esforço que o governo faz para equilibrar a economia, o que tem permitido a queda contínua da taxa básica de juros. Vem daí a posição firme do governo para que bancos e financeiras diminuam as taxas de juros cobradas aos clientes."

"É inadmissível que o Brasil (...) continue com um dos juros mais altos do mundo. O Brasil de hoje não justifica isso."

"Os bancos não podem continuar cobrando os mesmo juros para empresas e para o consumidor enquanto a taxa básica Selic cai. (...) A Selic baixa, a inflação permanece estável, mas os juros do cheque especial, das prestações ou do cartão de crédito não diminuem."

Desde então, muita coisa mudou no Brasil, as taxas de juros deram marcha a ré e os motivos para ufanismo evaporaram-se.

Em abril de 2012, a taxa Selic estava em 9% e animadamente em queda, o que insuflava a satisfação geral, a autossegurança de Dilma e o trabalho dos marqueteiros. Chegou a 7,25%, a mais baixa da história.

Depois, porém, a Selic voltou a subir em abril de 2013, foi subindo, voltou aos dois dígitos, aumentou 0,5 ponto percentual (acima da expectativa) já na primeira reunião do Copom em 2014 e está em 10,5%, sem previsão de baixa.

Se pudesse, Dilma apagaria aquele pronunciamento. Os juros voltaram ao patamar de antes e, como aponta meu colega Gustavo Patu, "com a inflação pior".

Mas não foi só. Depois, vieram as manifestações de junho de 2013 e a popularidade de Dilma, que já tinha caído, despencou. Recuperou-se um pouco, mas, diferentemente dos juros, não voltou mais aos altíssimos patamares de antes.

Fonte: Folha Online

Fabiano Santos: Zero a zero em 2013

Não há como subestimar impacto da cisão à esquerda

2014, ano de eleições gerais, ano de Copa do Mundo, Copa a ser realizada no Brasil. Tempo de grandes emoções, portanto. Expectativa que aumenta se se levar em consideração que em 2013 o jogo terminou empatado.

Lembrem-se que, para o governo, o fim de 2012 não foi bom politicamente, seja por conta de várias derrotas eleitorais em pleitos municipais, não obstante a espetacular vitória em São Paulo, seja e sobretudo por conta do anúncio de crescimento pífio do PIB. Ademais, na virada para 2013, um ensaio de descontrole de preços piora em muito o cenário. O problema do lado da oposição consistiu em canalizar as insatisfações potenciais em direção a uma liderança claramente identificada com discurso e agenda entendidos como alternativa consistente à linha seguida pelo governo. Em outras palavras, vastos segmentos da sociedade manifestavam descontentamento relativamente a várias questões de interesse público, todavia, não pareceu a estes mesmos setores, pelo menos para a maioria deles, que alternativas de oposição estivessem mais bem posicionadas para operar as mudanças requeridas.

Até meados de 2013, as pesquisas de apoio ao governo e projeção de cenários eleitorais apenas reforçavam a hipótese: Dilma batia recordes de popularidade ao passo que nenhum adversário demonstrava condições realistas de superação de uma eventual candidatura à reeleição. Algo, no entanto, não conectava a realidade dos dados econômicos e de avaliação dos serviços públicos com a avassaladora vantagem da presidente vis-à-vis concorrentes potenciais. O PIB tinha ido mal, a inflação crescia e o câmbio começara a se depreciar em velocidade aparentemente fora de controle por parte da autoridade monetária. Autoridade, diga-se de passagem, que via sua legitimidade drasticamente diminuída por conta do fosso abissal entre o que vinha anunciando sobre o que seriam os indicadores econômicos e a revelação dos números reais. Antes dos protestos de junho, é bom lembrar, a avaliação do governo já havia experimentado significativa queda de 10 pontos percentuais.

Vistas sob perspectiva, as jornadas de junho e julho impactaram o cenário político de maneira paradoxal. No curto prazo, no calor da hora, significaram o monumental desgaste da figura presidencial, de seu governo e embaralharam o cenário eleitoral projetado para 2014. No médio, entretanto, abriram um leque de ações e políticas a serem realizadas pela administração, oportunidade que foi bem aproveitada no caso do programa Mais Médicos, desde logo candidato a tornar-se um dos grandes trunfos eleitorais de Dilma no pleito de outubro. Em alguns outros casos, resultados ainda não vieram a púbico, mas decisões potencialmente relevantes atinentes à mobilidade urbana e a nova política de financiamento da educação pública, através do pagamento de royalties do pré-sal, também podem oferecer alguma vantagem discursiva ao governo. De toda forma, os índices de aprovação voltaram a crescer antes do fim do ano, embora longe dos patamares auferidos no início de 2013, sendo a presidente favorita a uma vitória no primeiro turno em praticamente todos os cenários plausíveis pesquisados pelos grandes institutos.

Desempenho bom para ótimo no âmbito de combate à pobreza, criação e fortalecimento de programas sociais e de inclusão, como o citado Mais Médicos e o Pronatec, além da manutenção em patamar alto do nível de emprego e o afastamento do risco de queda significativa no consumo, na renda e no poder de compra dos salários. Estes serão os pilares do discurso governista no segundo semestre do ano. Suas fragilidades, a serem exaustivamente exploradas pela oposição, por certo advêm do campo macroeconômico e na administração de problemas ligados à prestação de serviços públicos. O desempenho do PIB ficou em média próximo ou inferior ao observado durante o período do PSDB à frente do governo, com o agravante de que as projeções feitas para o mandato de Dilma estarem sempre na faixa de 4 a 5%. Isto é, não há como o governo escapar da avaliação segundo a qual medidas importantes deixaram de ser tomadas para que o país pudesse crescer de maneira mais consiste com o seu potencial. Questões de infraestrutura, marco regulatório de setores vitais para uma nova fase de investimento, público e privado, e desenvolvimento da indústria, foram enfrentadas de forma lenta e sofrida, e o que é pior, sem a definição de espaços claros de interlocução com os interesses envolvidos.

Seriam tais fragilidades suficientes para uma derrota eleitoral do governo? Segundo as pesquisas feitas até o momento, tal cenário de derrota ainda não apareceu. As candidaturas postas de oposição, no entanto, não são propriamente amadoras, com o agravante de ser uma delas forte aliado até pouco tempo, presidente de um dos partidos mais próximos do PT desde a transição para a democracia. Não há como subestimar politicamente o impacto de tal cisão à esquerda da coalizão de apoio ao governo. Em suma, os oposicionistas saberão jogar e aproveitar aquilo que o adversário, no caso Dilma e equipe, lhe oferecer. Se alguém projetou que 2014 será um ano de fortes emoções, embora certamente não tenha sido obrigado a nenhum grande esforço mental, acertou na mosca.

Fabiano Santos é cientista político, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Fonte: Valor Econômico