quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA – Davi Zaia

Nós aprovamos um apoio com base em um cenário de aliança em São Paulo. Se isso mudar, nós temos que reanalisar.

Davi Zaia, presidente do PPS de S. Paulo, “PPS quer rever apoio a Campos”. O Globo, 15 de janeiro de 2014.

Aécio: Caixa confisca recursos de poupadores ao encerrar contas

Aécio diz que Dilma deve explicações sobre confisco de poupanças da Caixa

PSDB e DEM pedirão convocação de Hereda e Mantega. PT não comenta

Maria Lima

BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), acusou o governo e a direção da Caixa Econômica Federal de terem agido, “no mínimo, com esperteza”, ao se apropriar dos recursos de 525.527 contas de poupadores brasileiros para “turbinar” e “maquiar” as contas da Caixa. Ele disse que mais uma instituição pública brasileira está sendo jogada no descrédito e que o presidente Jorge Hereda é reincidente, pois teria sido responsável pelo tumulto provocado por mudanças no pagamento do programa Bolsa Família.

Aécio exigiu explicações do governo em relação ao que chamou de confisco e apropriação indébita de recursos privados ao encerrar, sem um edital de convocação dos correntistas, as mais de 525 mil contas poupança da Caixa, com posterior uso do dinheiro para inflar em R$ 420 milhões os lucros da empresa em 2012. A Caixa informou outro número de poupadores. Segundo a instituição, foram 496.676 contas com CPF ou CNPJ irregulares.

- Esse episódio é extremamente grave. Uma apropriação indevida, um verdadeiro confisco da poupança de inúmeros brasileiros sem que eles fossem adequadamente comunicados. Que mostrem o edital convocando esses correntistas para sanar as eventuais ilegalidades nessas contas - disse Aécio.

O presidente do PT, Rui Falcão, disse que não vai responder ao senador.

O PSDB entrou com um pedido para que o Ministério Público Federal avalie se a operação configura crime de gestão temerária financeira, com anuência da diretoria da Caixa, do Conselho Deliberativo e do Ministério da Fazenda. O partido também pediu ao Ministério Público que entre com ação civil pública para garantir a defesa dos correntistas eventualmente lesados. Em outra frente, assim que o Congresso retornar do recesso parlamentar, em conjunto com o Democratas, o PSDB vai tentar aprovar requerimentos de convite e convocação de Hereda, do ministro Guido Mantega, do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, e do controlador geral da União, Jorge Hage.

Caixa e Fazenda não comentam
Aécio também enviou um requerimento de informações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o que chamou de “lucro fraudulento”. O presidente do PSDB solicitou informações sobre as irregularidades dos correntistas prejudicados e o número de contas encerradas pela Caixa desde a resolução de 1993, que autoriza o procedimento, assim como provas de que os poupadores foram comunicados das falhas em suas contas:

- A intenção foi confiscar. Houve, no mínimo, uma esperteza. Talvez seguindo o exemplo que vem de cima, o governo federal tenha estimulado essa criatividade para apresentar números cada vez mais inflados. Isso só serve para minar cada vez mais a credibilidade e afugentar parcerias com empresas lá fora e afetar, lá na frente, o grau de risco.

Ele relacionou o fato à credibilidade do Brasil, que estaria em decadência, segundo o provável candidato do PSDB à Presidência da República. A Caixa e o Ministério da Fazenda preferiram não comentar as declarações.

Fonte: O Globo

Aécio anuncia ações do PSDB sobre caso da poupança

Ricardo Brito

BRASÍLIA - O possível candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, anunciou nesta terça-feira, 14, uma série de medidas que o partido vai tomar para buscar os esclarecimentos sobre a retenção pela Caixa Econômica Federal de recursos de poupanças. O tucano disse que, no episódio, houve a intenção de se fazer "um verdadeiro confisco da poupança" dos brasileiros.

A Caixa encerrou 552.527 contas poupanças cujos CPF tinham sido cancelados, suspensos ou pendentes de regularização com a Receita Federal. No conjunto, essas contas de poupança detinham R$ 719 milhões, que descontados dos impostos, aumentaram o lucro líquido da instituição em R$ 420 milhões em 2012.

Entre as medidas tomadas, o PSDB entra nesta terça com um pedido para que o Ministério Público Federal (MPF) investigue por crime de gestão temerária e fraudulenta de instituição financeira por parte de diretores e conselheiro da Caixa Econômica e de autoridades do Ministério da Fazenda. Em outro movimento, o partido também pedirá ao MPF que mova uma ação civil pública a fim de assegurar que os recursos retidos das poupanças sejam devolvidos aos poupadores.

Na volta do recesso parlamentar, o PSDB, em conjunto com o DEM, vai apresentar um convite para que o presidente da Caixa, Jorge Hereda, preste esclarecimentos na Câmara ou no Senado sobre o episódio. Por se tratar de convite, a presença de Hereda não é obrigatória. Também em parceria com o DEM, os tucanos vão propor a convocação dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.

Aécio Neves também apresentará um requerimento para que Mantega dê esclarecimentos sobre o episódio. Segundo ele, a Caixa só poderia se apropriar dos recursos das poupanças dos correntistas nos casos em que houve irregularidade graves, o que, na opinião dele, não seria o caso de irregularidades cadastrais com CPF.

"Quero lamentar mais uma irresponsabilidade cometida contra uma instituição", disse Aécio Neves, para quem o lamento é "duplo" pelo fato de ele já ter trabalhado na própria Caixa. "No mínimo houve esperteza, talvez seguinte o exemplo de cima", criticou.

Para o provável candidato do PSDB à Presidência, a intenção foi de se fazer um "confisco" nas contas dos correntistas. Contudo, isso só não ocorreu porque o caso foi revelado pela imprensa no final de semana.

Ao lembrar o episódio que resultou na correria de beneficiários do Bolsa Família ano passado, o tucano disse que ocorreu uma reincidência de irregularidades na Caixa. Para Aécio, naquela ocasião o banco estatal "mentiu" para os brasileiros quando houve mudança na data do pagamento do benefício do programa.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Peemedebistas recorrem a Lula para tentar desfazer mal-estar com Dilma

Descontentamento com reforma ministerial e desacerto nas alianças estaduais opõem principal partido da base aliada ao Planalto; segundo Henrique Alves, presidente da Câmara, 'está tudo muito tenso' na relação

Vera Rosa e João Domingos

BRASÍLIA - Insatisfeitos com os rumos da anunciada reforma ministerial e sem acordo para as disputas nos Estados, dirigentes do PMDB vão pedir socorro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar apaziguar a relação com a presidente Dilma Rousseff. O clima de tensão no principal parceiro do PT na coalizão será escancarado hoje à noite, em reunião do vice-presidente Michel Temer com a cúpula do PMDB em Brasília.

Lula está em férias, mas retornará às atividades no fim do mês. Para uma ala do PMDB, somente o ex-presidente - articulador político da campanha da reeleição de Dilma - pode ajudar a solucionar o conflito. Ele já foi acionado em outras situações de emergência com o PMDB, definidas informalmente pelo Planalto como de Tensão Pré-Ministerial.

A nova crise começou porque, em conversa mantida com Temer na segunda-feira, Dilma disse a ele que não entregará ao PMDB o Ministério das Cidades, hoje controlado pelo PP, e que também terá dificuldades para substituir agora o afilhado do governador do Ceará, Cid Gomes (PROS), na Integração Nacional. O indicado dos irmãos Gomes assumiu a pasta em setembro, depois que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável adversário de Dilma na eleição, entregou os cargos que o PSB mantinha na equipe para ficar mais à vontade na disputa pelo Planalto.

Responsável pelas obras de transposição do Rio São Francisco, a Integração é uma das pastas mais cobiçadas da Esplanada, com previsão de orçamento de R$ 8,5 bilhões. Com cinco ministérios sob seu comando (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Aviação Civil e Turismo), o PMDB insiste em desbancar "a turma dos irmãos Gomes" - Ciro e Cid - da Integração para dar a vaga ao senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) na reforma do primeiro escalão.

Apesar de não ter batido o martelo sobre o destino desse ministério, Dilma avisou a Temer que precisará abrigar novos aliados no governo, como o PROS, o PTB e o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Na contabilidade da presidente, a empresa Transpetro - subsidiária da Petrobrás que é controlada pelo PMDB - entra na cota dos ministérios, tamanho o seu poder de influência.

'Tenso'. "Está tudo muito tenso e vamos tentar manter o partido unido", afirmou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Com a frustração na seara do PMDB, crescem as pressões para que a legenda antecipe de junho para abril a data da convenção que decidirá a aliança presidencial. Na tarde de ontem circularam rumores de que, se a convenção for antecipada, os defensores do rompimento com o governo Dilma poderão ganhar espaço.

"É muita ingenuidade achar que o PMDB vai romper com a presidente Dilma por causa de cargos", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). "O que nós queremos é chegar a um acordo porque ou o partido é reconhecido do tamanho que tem ou não precisa ter nada no governo." A crise se reflete na montagem dos palanques nos Estados, o que, no diagnóstico dos peemedebistas, prejudica a campanha de Dilma.

Até hoje há problemas de convivência entre o PT e o PMDB em São Paulo, no Rio, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Rondônia, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Após o encontro com Dilma, Temer se reuniu com Cunha, Vital do Rêgo, com o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, e com o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Os peemedebistas não se conformam por serem preteridos por um apadrinhado de Cid e Ciro e lembram que o PROS, nova sigla dos irmãos Gomes, tem só um senador. Quando era ministro da Integração, Ciro, hoje secretário da Saúde do Ceará, definiu o PMDB como um "ajuntamento de ladrões".

O presidente do PT, Rui Falcão, foi chamado ontem à tarde por Dilma para uma reunião no Planalto. Ela começou a intensificar os contatos políticos porque quer acelerar a reforma na equipe. De oito a dez ministros devem deixar seus cargos, até março, para disputar as eleições.

Colaborou Tânia Monteiro

Fonte: O Estado de S. Paulo

Temer tenta controlar PMDB após ver frustrada chance de novo ministério

Jeferson Ribeiro

O vice-presidente Michel Temer tentará conter a irritação no PMDB, contrariado com a informação de que a presidente Dilma Rousseff dificilmente dará mais um ministério à legenda na reforma do primeiro escalão que deve começar no final deste mês.

Para fazer um relato detalhado da conversa com Dilma e tentar acalmar os ânimos no partido, Temer convocou uma reunião com os principais dirigentes peemedebistas para quarta-feira.

Dilma disse a Temer, que é presidente licenciado da legenda, numa longa reunião na segunda-feira que enfrenta dificuldades para atender ao pedido do PMDB, porque terá que usar parte das nomeações para abrigar novos aliados na reforma ministerial, segundo relato de uma fonte do Palácio do Planalto.

Com isso, os peemedebistas devem ter que se contentar com o comando das atuais cinco pastas (Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Aviação Civil e Previdência).

A informação deixou a cúpula peemedebista surpresa e irritada, segundo membros do partido ouvidos pela Reuters. O partido dava como certa a escolha do senador Vital do Rêgo (PB) para o Ministério da Integração Nacional, que estava sob comando do PSB, que deixou o governo em setembro para ter uma candidatura própria à Presidência.

Há demandas do PP, que hoje comanda o ministério das Cidades e quer assumir pelo menos mais uma pasta, do PSD, que comanda a pasta de Micro e Pequenas Empresas e já se comprometeu a apoiar a reeleição de Dilma, e do recém-criado Partido Republicano da Ordem Social (Pros), do PTB, que reivindica um ministério, entre outras.

A conversa não será fácil, na avaliação de um peemedebista que falou com a Reuters sob condição de anonimato. "O cenário é difícil, porque se junta às dificuldades das alianças estaduais (entre PT e PMDB), à situação no Maranhão (onde a governadora Roseana Sarney enfrenta uma crise no sistema penitenciário e depende da ajuda do governo federal) e à questão do Vital", afirmou, referindo-se ao senador.

Além disso, desde o final do ano passado há pressão por parte da cúpula do partido para antecipar a convenção partidária que definirá se o PMDB continuará ou não aliado a Dilma pela reeleição. Os defensores da antecipação querem pressionar o PT e a presidente a apoiar peemedebistas em algumas alianças regionais.

Essa ideia, segundo uma das fontes do PMDB, deve voltar com mais força agora.

"Isso já estava na mesa, por causa das alianças regionais. Não é uma novidade", minimizou o presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO). Ele afirmou que Temer pediu aos peemedebistas para não ampliar a polêmica sobre a reforma ministerial nesse momento e que Dilma deixou claro que ainda não havia uma decisão final sobre a reforma.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), disse que o ideal é que a reforma ministerial sirva para "consolidar o apoio parlamentar ao governo" e também "ajude na aliança eleitoral" para a reeleição. "Mas essa é uma decisão da presidente", disse à Reuters.

Temer teria dito à Dilma que ao não atender à reivindicação do partido poderia haver implicações na aliança nacional e que teria dificuldades de contornar esse problema. "Mas a presidente não se mostrou tão sensível", relatou uma das fontes.

Vital do Rêgo, que aguardava a indicação para o ministério, evitou comentar a situação, argumentando que só estava envolvido na questão "por fruto de um acordo inédito entre (os peemedebistas da) Câmara e Senado".

"Não me cabe avaliar se o partido deve ter mais espaço ou está subdimensionado no governo", disse.

A reunião de Temer com a cúpula partidária deve ocorrer na noite de quarta-feira, segundo Raupp.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PPS quer rever apoio a Campos

Partido integra base de Alckmin em SP; Marina vetou aliança com PSDB

Silvia Amorim

SÃO PAULO - O PPS ameaça rever o apoio anunciado ao pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, se o PSB romper a aliança que tem em São Paulo com o PSDB do governador Geraldo Alckmin. A parceria com Campos havia sido aprovada em dezembro no congresso nacional do PPS, e a ala paulista do partido teve peso decisivo na decisão sobre a aliança com o governador de Pernambuco.

Agora, diante da pressão vinda de Marina Silva e seus aliados para que o PSB rompa a aliança com o PSDB em São Paulo e lance candidatura própria à sucessão estadual, o presidente do PPS paulista, David Zaia, disse nesta terça-feira que a decisão de apoiar o governador pernambucano terá de ser reavaliada se o rompimento entre PSB e PSDB for confirmado.

Ele disse que uma das questões conversadas com Campos, antes do anúncio do apoio à candidatura dele, foi a aliança existente entre PPS, PSDB e PSB em São Paulo.

— Nós aprovamos um apoio com base em um cenário de aliança em São Paulo. Se isso mudar, nós temos que reanalisar — afirmou Zaia, que é secretário no governo Alckmin.

Para o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, não é hora para exigências, mas ele considerou natural que o assunto seja rediscutido se a maioria do partido assim decidir.

— É natural que cada um tenha a sua opinião dentro do partido. Se houver a necessidade, vamos reavaliar. Qual o problema nisso? Agora, isso não pode ser colocado como uma exigência. Nós temos que ter em mente que o principal objetivo é construir essa alternativa com Eduardo Campos — afirmou Freire, que torce para que o pernambucano tenha o palanque de Alckmin no estado.

Assim como o PPS, o PSB também tem espaço no primeiro escalão da gestão tucana. Freire classificou como “praticamente impossível" uma saída do PPS da aliança eleitoral de Alckmin, e defendeu a permanência do PSB nesse bloco como a melhor opção para o próprio Eduardo Campos em São Paulo.

— O melhor para a candidatura Eduardo Campos é estar junto ao bloco político liderado pelo PSDB, e não partir para uma candidatura própria apenas simbólica — avaliou Freire.

Encontro em São Paulo
Campos e Marina se encontraram a sós nesta terça-feira na capital paulista. O encontro se deu num momento em que integrantes do PSB e da Rede medem força sobre as alianças eleitorais. Aliados de Marina exigem que o PSB se desligue do PSDB em São Paulo e outros estados, e tenha candidatura própria a governador para reforçar o discurso da terceira via na eleição nacional.

A aliança com o PSDB no maior colégio eleitoral do país, tendo o partido como seu candidato à Presidência o senador Aécio Neves, pode, na avaliação do grupo, enfraquecer a candidatura de Campos.

O pernambucano teria aceito o veto ao PSDB sob a condição de Marina antecipar para o início deste ano o anúncio da sua candidatura a vice. Por enquanto, nada foi oficializado.

O rompimento com os tucanos, já admitido por Campos, desagrada ao PSB em São Paulo. Mas o presidente estadual do partido, deputado Márcio França, que já não descarta o rompimento, disse ontem que a sigla acatará o que for decidido por Campos.

— A decisão será dele (Campos). Nós conversamos hoje e ele me disse que não há nada decidido — disse França.

Se isso se confirmar, uma nova disputa dentro da aliança PSB-Rede está por vir no estado. França disse que, se opção for pela candidatura própria, ele se colocará como candidato para disputar o governo de São Paulo. A Rede também tem interessados na vaga. Um deles é o deputado Walter Feldman. O desejo de Marina de ter a deputada Luiza Erundina como candidata em São Paulo já foi descartado, por conta da recusa da parlamentar.

Numa tentativa de manter o PSB na sua coligação, Alckmin esteve na semana passada com o vice-presidente do PSB paulista e prefeito de Campinas, Donizette Braga. A ele ofereceu o posto de candidato a vice ou a senador para o partido. No encontro, o tucano disse que pretende se reunir com Eduardo Campos em fevereiro para formalizar a proposta.

Às voltas com a formação da coligação para a sua candidatura à reeleição, Alckmin receberá amanhã Aécio em um almoço no Palácio dos Bandeirantes.

Já a reunião convocada pelo governador pernambucano para sexta-feira, em Recife, para discutir as alianças para a eleição de 2014, foi adiada para a próxima semana. Nesta terça-feira, Campos embarcou para Washington (EUA), para uma evento do Banco Mundial. Ele retorna ao país na quinta-feira.

Além de São Paulo, Campos tenta buscar um consenso entre o PSB e a Rede sobre as alianças estaduais em Minas Gerais, Paraná, Pará, Ceará, Paraná e Piauí.

Nesta terça-feira, também aconteceu na capital paulista uma reunião entre lideranças do PSB e da Rede pra discutir o documento que conterá as diretrizes que nortearão o futuro programa de governo da candidatura Campos.

Fonte: O Globo

Aécio faz alerta ao PSB caso desfaça aliança com PSDB em São Paulo

Toda decisão a fórceps na política não traz bons resultados’, disse o presidenciável sobre veto de Marina

Maria Lima

BRASÍLIA – O senador e pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, ainda acredita que o PSB poderá renovar a aliança com o PSDB em São Paulo, apesar de a ex-ministra Marina Silva ter vetado essa estratégia. Nesta terça-feira, Aécio disse que caso isso aconteça, quem sairá perdendo é o PSB de Eduardo Campos, porque os dois partidos têm uma parceria antiga e natural tanto em Minas Gerais como em São Paulo. Segundo o senador, uma reunião com o governador Geraldo Alckmin na quinta-feira vai ter na pauta as alianças regionais.

— Se houver veto, altera o quadro sim em São Paulo, mas em prejuízo maior do PSB — disse Aécio. — Desfazer agora uma aliança que é natural traz prejuízo maior para quem sai. (A parceria) É boa para os candidatos a deputados deles e até para majoritários.

Aécio afirmou que lamenta caso a aliança tenha de ser desfeita por uma decisão de Marina Silva e defendeu que a coligação continue em São Paulo.

— Toda decisão a fórceps na política não traz bons resultados — disse.

Questionado se ele não preferia ter palanque único em São Paulo, se a coligação com o PSB for desfeita, Aécio respondeu:

— Sinceramente, para mim não afeta. Quem disputa a Presidência da República não pode temer ninguém.

Decisão está nas mãos de Alckmin
Dependerá de decisão de Alckmin uma saída que tente fazer o PSB mudar de ideia, como a oferta do cargo de vice-governador ao partido de Eduardo Campos, afirmou Aécio, mas as alianças regionais dos tucanos deverão ser homologadas pelo diretório nacional. Segundo o senador, a executiva do partido fará reunião no começo de fevereiro na qual será publicada resolução dizendo que todas as alianças e coligações regionais precisam ser homologadas no diretório nacional, tendo como prioridade do projeto nacional, da candidatura para presidente da República.

Aécio ainda comentou a situação do PMDB na aliança com o PT, após a presidente Dilma Rousseff avisar que o partido não conseguirá aumentar seu espaço na Esplanada dos Ministérios na reforma ministerial. Em uma longa conversa na noite de ontem com o vice-presidente Michel Temer,Dilma informou que o partido continuará no comando de cinco pastas, contrariando expectativas do PMDB.

O senador tucano destacou que seu avó Tancredo Neves já dizia que não se faz política sem vítimas, e que o PMDB é vítima da “obsessão do PT por cargos”. Para Aécio, esse comportamento do PT vai levar a dissidências nos estados, o que vai ajudar a oposição.

— O PT nos ajuda ao querer tudo, querer a Presidência, querer cargos, querer os governadores. E pode acabar sem nada — disse.

Fonte: O Globo

Aécio: PSB é quem mais sairá perdendo se não apoiar Alckmin

Senador tucano e provável candidato à Presidência disse que PSDB vai se reunir em fevereiro para chancelar coligações estaduais para as eleições de outubro

Ricardo Brito

BRASÍLIA - O provável candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), afirmou na tarde desta terça-feira, 14, que o PSB é quem mais sairá perdendo, caso o partido aceite o veto proposto pela ex-ministra Marina Silva a apoiar a candidatura à reeleição do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin.

Na segunda, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, transmitiu a integrantes da Rede Sustentabilidade que aceita o veto de Marina desde que a ex-ministra antecipe o anúncio de que será sua vice na disputa pela Presidência da República. A intenção é que isso ocorra já no próximo mês.

"Se houver veto, altera o quadro, em prejuízo maior do próprio PSB", afirmou Aécio Neves, em entrevista coletiva na sede nacional do PSDB em Brasília, na qual falou principalmente das ações do partido após o episódio de retenção de recursos da poupança da Caixa de correntistas que tiveram suas contas canceladas por irregularidades cadastrais.

O tucano aproveitou a coletiva para anunciar que, em fevereiro, a direção nacional do PSDB vai se reunir para chancelar todas as coligações estaduais que serão firmadas com vistas às eleições de outubro.

Aécio comentou que toda decisão tomada "a fórceps" é artificial e, na opinião dele, imposições na política não trazem "bons resultados". Contudo, o presidente do partido destacou que, no que depender dele, o PSB continuará aliado ao governador paulista. Ele ressalvou que a negociação em São Paulo será conduzida pelas lideranças do partido no Estado.

O tucano disse que já fez avaliações de que em pelo menos 15 Estados PSDB e PSB podem firmar alianças eleitorais e, se "empurrarmos um pouco", os acordos entre os dois partidos podem chegar a 20 unidades da federação.

Aécio Neves disse que o PSDB "estará competitivo" na campanha eleitoral, em condições de disputar com o PT, principal adversário. Para ele, seria um "prazer" dividir palanque com Eduardo Campos e, na sua "modesta opinião", a aliança deve continuar. "Tenho estimulado que possamos respeitar as decisões locais", observou.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ala do PMDB defende antecipar convenção

Andrea Jubé

BRASÍLIA - Na reunião de hoje da cúpula do PMDB, na residência oficial do vice-presidente Michel Temer, os mais insatisfeitos vão defender a antecipação - de junho para março - da convenção do partido, que vai deliberar sobre a reedição da aliança com o PT. A hipótese de rompimento com o governo Dilma Rousseff, por causa de um sexto ministério, é considerada remota. Eventual desembarque da base aliada só é plausível caso se agravem as desavenças regionais, como no Rio de Janeiro e Ceará.

"O PMDB não vai romper com Dilma por causa de ministério, não queremos o carimbo de fisiologistas", afirma um cacique, que vai à convocação no Palácio do Jaburu. Esta liderança ressalva, contudo, que se Michel Temer - que é presidente licenciado do PMDB - perder o controle sobre os embates regionais, a aliança pode ruir.

Foi na conversa de quase três horas que manteve com Dilma na segunda-feira, que Temer ouviu da presidente que o impasse no Rio é incontornável, porque o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva insiste na candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo. Já o PMDB cobra apoio ao vice-governador Luiz Fernando Pezão, que tem a simpatia de Dilma.

No Ceará, o PMDB quer o apoio dos petistas à candidatura do senador Eunício Oliveira ao governo, mas o aliado deve marchar com o candidato do governador Cid Gomes (Pros). Para os pemedebistas, uma sinalização de que o PT deve optar pelo Pros, é que Dilma tende a manter o Ministério da Integração Nacional com o Pros. O ministro interino, Francisco Teixeira, é afilhado político de Cid.

Na convenção nacional, os diretórios do Rio e do Ceará estão entre os quatro com maior número de delegados, que votarão a favor - ou contra - a reedição da aliança com o PT. Rio detém o maior número de votos, 74, seguido de Minas Gerais, com 60. Em terceiro lugar vem o Paraná, com 52 delegados, e depois o Ceará, com 51.

Temer vai transmitir aos demais caciques o duro recado da presidente: o PMDB não pode ganhar mais um ministério, porque ela precisa de espaço para acomodar novos aliados, como o PTB.

Sem alternativa, já que a caneta é da presidente, os pemedebistas vão avaliar a possibilidade de permuta, ou seja, em troca de pastas menos atrativas que controlam hoje, como Previdência, ou Turismo, o partido seria contemplado com a Secretaria dos Portos. A pasta, que foi da cota do PSB, tem um orçamento expressivo, porque conduz obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e está sob a batuta de um interino - Antônio Henrique da Silveira, um funcionário de carreira, egresso do Ministério da Fazenda.

Um líder pemedebista, que pediu anonimato, mostra por que eventual rompimento não interessa à maioria dos caciques do partido. "Temer tem o burro amarrado na sombra, vai romper pra quê?", e enumera as prerrogativas do vice, que assume o posto mais alto do Executivo na ausência de Dilma.

O fim da aliança não favorece outras lideranças, como os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Henrique Alves (RN), que contam com o apoio do governo às respectivas reeleições. Renan cobiça, ainda, o suporte do Planalto à candidatura de Renan Filho ao governo de Alagoas.

Participam da reunião da cúpula o presidente interino da sigla, senador Valdir Raupp (RO), Henrique Alves, Renan Calheiros, e os líderes na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira.

Fonte: Valor Econômico

Abandonar Cabral, em vez de família Sarney, é mais racional para petistas

Cristian Klein

SÃO PAULO - A política de alianças do PT para as eleições deste ano tem pela frente o desafio de abandonar dois aliados intimamente ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o senador José Sarney, patriarca do clã que domina o Maranhão há quase 50 anos, e o governador do Rio, Sérgio Cabral, cuja popularidade jamais se recuperou depois dos protestos de junho.

Ciente de que não é aconselhável comprar duas brigas ao mesmo tempo com caciques do PMDB, maior parceiro no governo federal, o PT tende a jogar ao mar apenas um deles. A escolha de Sofia dos petistas, ao que tudo indica até agora, tem um nome: Cabral.

Se pudessem, os petistas se livrariam dos dois. No Maranhão, porque o cálculo é que a dívida de gratidão de Lula por Sarney ter lhe apoiado nos momentos mais difíceis da crise do mensalão, em 2005, já teria sido paga. Em 2010, o PT nacional tratorou o diretório regional para impor a adesão à reeleição de Roseana Sarney. Agora que o clã quer eleger um sucessor apagado - o secretário da Casa Civil Luís Fernando Silva - os petistas cogitam apoiar Flávio Dino (PCdoB), preterido há quatro anos. O momento é mais do que apropriado para o descolamento. O descalabro das condições carcerárias no Maranhão, que vem chocando a opinião pública com dezenas de mortes de presidiários, alguns degolados, deixa o PT numa situação de constrangimento.

No Rio de Janeiro, a história também vem desde 2010, quando o petista Lindbergh Farias, ex-prefeito de Nova Iguaçu, ensaiou disputar o governo estadual, contra a reeleição de Cabral. Com o projeto abortado, Lindbergh se cacifou para o Senado - derrotando um dos capos da máquina do PMDB fluminense, Jorge Picciani, que ficou em terceiro - e passou a acumular força. Sua candidatura já era vista com simpatia por integrantes da direção do PT antes das manifestações de junho. Depois da derrocada de Cabral, tornou-se praticamente irreversível.

Ao comprar essa briga com o PMDB do Rio, no entanto, o PT sabe que perde graus de liberdade em outras frentes. Fazer o mesmo no Maranhão pode ser por demais arriscado. Insatisfeita, a cúpula pemedebista ressuscita a ideia de antecipar a convenção nacional da legenda, numa ameaça de não apoiar a reeleição de Dilma Rousseff. Se vários Estados se opuserem - as seções gaúchas e baianas, por exemplo, são refratárias - fica mais difícil repetir a aliança e a chapa presidencial com Michel Temer como vice.

A escolha por abandonar Cabral é mais racional: deixar de concorrer no Rio, num cenário de fragmentação e desintegração da base, seria perder oportunidade única. O Estado é o segundo maior PIB, terceiro maior colégio eleitoral do país, e o PT tem um candidato competitivo, com mais intenção de votos do que o vice Luiz Pezão, apadrinhado do governador. No limite, o PT pode argumentar que Cabral caiu com as próprias pernas e escândalos: o escárnio dos guardanapos na cabeça em restaurante de Paris, a relação estreita com o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, o estilo de governo à distância, com inúmeras viagens internacionais, e a ação truculenta da polícia durante os protestos de rua.

No Maranhão, o PT não conta com um candidato forte, nem tem expressão eleitoral. Ainda depende de uma estrutura de poder que ajudou Dilma a obter 79% dos votos no segundo turno de 2010. Foi o segundo melhor desempenho nas 27 unidades da Federação, atrás apenas do Amazonas, onde amealhou 80% dos eleitores.

O sangue do presídio de Pedrinhas representa o horror mas, pelo jeito, pesará pouco na equação política dos petistas.

Fonte: Valor Econômico

Sem novo ministério, PMDB prepara a reação

Caciques do partido discutem os rumos da aliança com PT após a negativa de Dilma em entregar a Integração Nacional

Paulo de Tarso Lyra

Surpreendida pela recusa da presidente Dilma Rousseff em dar mais espaço para a legenda durante a reforma ministerial, a cúpula do PMDB reúne-se hoje à noite no Palácio do Jaburu, sede da vice-presidência da República, para saber o que fazer. A hipótese de abandonar o governo é remota, mas a intenção do grupo é encontrar uma maneira de mostrar a insatisfação com a decisão da presidente de avisar ao vice-presidente Michel Temer que não cederá o Ministério da Integração Nacional para a legenda. “A notícia dada pela presidente foi complexa demais para nós. Precisamos ver como ficam as coisas daqui por diante”, avisou o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). “Foi mais que um balde de água fria. Ainda tinha pedras de gelo para bater na nossa cabeça”, reclamou um peemedebista.

Como avisou um interlocutor do partido, existem peemedebistas mais radicais e alguns mais ponderados. Cunha está no primeiro grupo, já que, segundo o relato feito por Temer após a conversa com a presidente, se a Integração Nacional for entregue ao partido, uma das duas pastas ocupadas por deputados é que deverá ser sacrificada, provavelmente o Turismo. O PTB já avisou que se isso acontecer será o primeiro a pleitear o novo cargo.

O jantar de hoje contará com a toda a cúpula do partido. Além do anfitrião Temer, estarão presentes os presidentes da Câmara e do Senado, Henrique Eduardo Alves (RN) e Renan Calheiros (AL); Eduardo Cunha e o líder no Senado, Eunício Oliveira (CE); o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM); o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO); e o senador José Sarney (AP). “Todos sabem que o espaço do PMDB hoje, no governo, não corresponde, na qualidade, à importância do partido. Vamos conversar e tomar uma posição de unidade”, avisou Henrique Alves.

A decisão da presidente de avisar que não haveria espaço para a indicação do senador Vital do Rêgo (PB) surpreendeu até mesmo governistas que acompanham de perto os movimentos da reforma ministerial. “A presidente trucou com o PMDB”, disse um aliado, em uma referência ao tradicional jogo de cartas no qual os jogadores usam e abusam do blefe na tentativa de vencer a partida.

Esses interlocutores lembram que, até o fim de 2013, não se duvidava de que Vital do Rêgo seria o novo ministro da Integração. A hipótese mais provável para a mudança de humor de Dilma é de que a presidente tenha ficado irritada com informações que circularam nos jornais de que o PMDB queria mais do que uma pasta, com notícias de que o partido estaria de olho no Ministério das Cidades, ocupado atualmente pelo PP. “Dilma, com certeza, quis deixar claro que é ela quem manda no processo”, disse uma pessoa próxima à presidente.

Assuntos locais
Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, o deputado Danilo Forte (PMDB-CE) disse que, nos últimos anos, o partido tem sido um dos mais fiéis ao governo. E que isso pode ter atrapalhado o PMDB, em vez de ajudá-lo. “No início do governo, éramos vistos como uma ameaça. Deixamos de ser e acabamos perdendo prestígio. Pelo nosso tamanho, além de mais espaço, deveríamos ter um maior protagonismo na definição das políticas públicas”, reclamou Forte.

As questões locais também podem ter pesado nessa decisão da presidente. Um dos principais caciques do PMDB, o senador José Sarney (AP) está fragilizado com a situação do Maranhão após a explosão de violência deflagrada no presídio de Pedrinhas, em São Luís. No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral Filho enfrenta os piores índices de avaliação do mandato. Disse que concorreria ao Senado, mas o presidente estadual do PMDB fluminense, Jorge Picciani, avisou que, se o PT abrir mão da candidatura de Lindbergh Farias ao governo do Rio, poderá indicar o senador na chapa.

Os sinais vindos do PMDB mostram um partido confuso e rachado, com diversos estados, como a Bahia, Pernambuco e o Mato Grosso do Sul, sinalizando que não darão palanque para Dilma nas eleições de outubro. O próprio Ministério da Integração Nacional envolve uma disputa local: o interino é Francisco Teixeira, ligado aos irmãos Cid e Ciro Gomes, do Partido Republicano da Ordem Social (Pros).

No Ceará, circula a informação de que Dilma poderia manter Teixeira como sendo uma indicação dos Gomes — logo, dentro da cota do Pros. Mas eles não estariam dispostos a aceitar isso, preferindo negociar o espaço do partido — e deles próprios — em um eventual segundo mandato de Dilma. “Não sei se procede. Deixar o PMDB irritado e não atender os Gomes me parece uma estratégia arriscada demais”, disse um analista político.

Ninguém aposta em um rompimento total. Mas o Planalto lembra que, por comandar as duas Casas do Congresso, o PMDB pode ditar o ritmo de votações, desengavetar a temida “pauta bomba” de aumento de despesas. “Basta voltarmos no tempo até a MP dos Portos. Nós penamos por causa do PMDB da Câmara”, disse um aliado de Dilma.

Fonte: Correio Braziliense

Para Dilma, crise não será revertida a curto prazo

Vera Rosa

O governo Dilma Rousseff avalia, nos bastidores, que a situação dos presídios no Maranhão é de "descontrole total" e não tem perspectiva de que a crise seja revertida a curto prazo. Em conversas reservadas, auxiliares da presidente Dilma dizem que os conflitos em Santa Catarina diminuíram porque o governador Raimundo Colombo gerenciou pessoalmente a crise.

Eles não veem, porém, a mesma sintonia com Roseana Sarney (PMDB). No Estado comandado pela filha do senador José Sarney (PMDB-AP), aliado do Palácio do Planalto, há disputas e brigas por todos os lados, até mesmo entre secretários escalados para cuidar do drama no Presídio de Pedrinhas. A resistência a programas propostos pelo governo Dilma também atinge os mutirões de Defensoria. Além disso, até hoje o governo não conseguiu mapear com segurança as facções que dominam Pedrinhas.

O Planalto já prevê mais desgaste para Roseana, com possível pedido de intervenção federal a ser encaminhado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Mesmo com dificuldades para ser aprovado pelo Supremo, o pedido criará mais problemas na relação entre Dilma e a governadora. A presidente quer o apoio da família Sarney na campanha da reeleição e pisa em ovos para administrar a crise. Para piorar, sua relação com Roseana nunca foi das melhores. No ano passado, a governadora ameaçou romper com Dilma só porque ela esqueceu de citar seu nome, na convenção do PMDB. Avisada, Dilma pediu desculpas em público e corrigiu a "gafe".

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSDB do Rio fala em Ellen Gracie para o Senado

Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal passou a ser cotada para integrar a chapa tucana no Estado

RIO - Filiada ao PSDB há apenas três meses, Ellen Gracie, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, passou a ser cotada para integrar a chapa tucana no Rio. O partido está em busca de nomes competitivos para compor a chapa no estado, onde o partido é historicamente fraco.

— A Ellen Gracie está filiada ao PSDB no Rio, é um grande nome que temos. O nome dela seria formidável para o Senado — disse o deputado Otavio Leite.

O técnico de vôlei Bernardinho, filiado há cinco meses, terá até março para definir se sairá candidato. Ele continua a ser o plano A dos tucanos para concorrer ao Palácio Guanabara.

Fonte: O Globo

Pacto vira mote eleitoral

BRASÍLIA - Uma semana após estourar a crise no presídio de Pedrinhas, em São Luís (MA), o governador de Pernambuco e provável candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, postou em sua página no Facebook que pretende lançar seu programa estadual de combate à violência, o Pacto pela Vida, para todo o País.

"Quero lançar aqui a proposta de levarmos o Pacto pela Vida para todo Brasil. Trata-se de uma iniciativa inovadora que fizemos em Pernambuco, construída junto com a sociedade e em articulação permanente com municípios, Ministério Público e Poder Judiciário", escreveu Campos.

De acordo com o governador, a ideia é apresentar "nos próximos dias cada detalhe do programa". "Vamos debater juntos, melhorar o que já existe e construir um modelo de segurança para o país. Conto com vocês." Campos disse ser necessária a união entre os governo federal, estaduais e municipais para solucionar o problema da segurança pública no Brasil. "ê preciso que União, Estados e Municípios assumam de vez suas responsabilidades sobre a segurança pública".

"Não dá para ficar nesse jogo de empurra-empurra. Temos mais de 50 mil homicídios por ano, no Brasil. ê mais que todas as guerras que assistimos todo dia no noticiário."

O governador está nesta quarta-feira em Washington, nos EUA, onde recebe duas premiações do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O Prêmio Governante: A Arte do Bom Governo escolheu a gestão de Eduardo Campos nas categorias Governo Seguro: Boas Práticas em Prevenção do Crime da Violência, pelo programa Pacto Pela Vida, e Governo Inteligente: Melhoria dos Procedimentos Burocráticos para as Cidades e Empresas, que premiou o trabalho da Junta Comercial do Estado de Pernambuco (Jucepe).

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Crimes eleitorais: MP recorre contra restrições a investigação em eleição

Procuradoria pede que TSE reveja decisão e ameaça até ir ao Supremo

Resolução proíbe procuradores de pedir à PF a apuração de violações à lei eleitoral

Júnia Gama

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu nesta terça-feira a revisão da resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que trata dos crimes eleitorais nas eleições de 2014. O texto proíbe o Ministério Público de requisitar instauração de inquérito policial contra crimes eleitorais. Caso o pedido não seja aceito, a procuradoria afirma que Janot vai propor ao Supremo Tribunal Federal (STF) ação direta de inconstitucionalidade para questionar a resolução.

A reação da PGR acontece após a repercussão negativa que a aprovação da resolução teve em entidades do Ministério Público. Nesta terça-feira, o Grupo Executivo da Função Eleitoral do Ministério Público Federal (MPF) se manifestou contra a resolução, em um abaixo-assinado. O grupo é composto por integrantes do MPF que atuam na função eleitoral.

Representantes da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) e da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) se reuniram hoje com o vice procurador-geral eleitoral, Eugênio Aragão, para pedir a derrubada da resolução.

- O procurador-geral já está convencido da inconstitucionalidade da resolução. A ação já está pronta e vamos aguardar a palavra final do TSE para impetrá-la junto ao Supremo – disse Eugênio Aragão, após a reunião. - A sede legal da iniciativa do MPF para requisitar inquérito é constitucional. Não se pode, através de uma resolução, relativizar uma norma que é constitucional – disse Aragão.

Uma moção assinada pelos integrantes do grupo de entidades do MPF pede alteração de parte da resolução por considerar que a restrição ofende diretamente a Constituição, que estabelece como função institucional do Ministério Público “requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial”.

Na tarde desta terça-feira, depois da reunião e das manifestações contrárias, o presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, afirmou que acredita que a resolução possa ser alterada pelo relator no tribunal, atendendo ao pedido do Ministério Público. Para ele, isso evitaria um desgaste que aconteceria caso o assunto chegasse ao Supremo.

Segundo o presidente, a decisão entra em conflito com o Código de Processo Penal e, portanto, não pode prevalecer. “Eu acredito no direito posto. A atuação do TSE, editando resoluções, não é a atuação como legislador, mas como órgão que regulamenta o direito posto pelo Congresso Nacional. No caso concreto, o Código de Processo Penal prevê que o inquérito pode ser instaurado de ofício, pela Polícia Federal, por requerimento de órgão judiciário, ou pelo Ministério Público", afirmou o presidente do TSE, em nota.

Ontem, Aragão afirmou ao GLOBO que vai entrar com um pedido de revisão no TSE para tentar mudar a resolução, e depois iria recorrer ao STF. O procurador-geral Rodrigo Janot também é chefe da procuradoria eleitoral, e por isso o pedido e possível ação no STF são feitas pela PGR.

Em nota de repúdio assinada pela ANPR, pelo CONAMP, pela Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM), pela Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) e pela Associação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (AMPDFT), as entidades afirmam que a resolução tem “ostensiva inconstitucionalidade” e foi feita com “casuísmo”, por retirar do MPF o poder de pedir esses inquéritos apenas nos crimes eleitorais e somente durante a eleição de 2014, segundo a entidade.

“A omissão da legitimidade do Ministério Público para a requisição destes inquéritos é inconstitucional, exótica, opaca em seus propósitos, imprevisível em suas consequências e atentatória à transparência do pleito e à própria Democracia”, afirmam as entidades.

A apreciação do pedido do MPF só poderá ser feita em sessão plenária a partir do dia 3 de fevereiro.

Fonte: O Globo.

Ricardo Noblat: O jardim do PMDB

No final dos anos 70, quando ocupava a secretaria-geral do então MDB, o deputado federal pernambucano Thales Ramalho cunhou a expressão “flores do recesso” para designar fatos irrelevantes ou falsos que ganhavam importância na imprensa durante as férias do meio ou do fim de ano do Congresso.

Estamos diante de uma dessas “flores”. O PMDB ameaça abandonar o governo Dilma Rousseff se não ganhar o ministério das Cidades ou da Integração Nacional. O segundo pertenceu ao PSB até o partido sair do governo para apoiar seu presidente, Eduardo Campos, aspirante a candidato à sucessão de Dilma.

O primeiro pertence ao PP, cabeça da terceira maior bancada da Câmara dos Deputados, e que até agora não garantiu a Dilma seu apoio à reeleição. A ambição do PP é acumular os ministérios das Cidades e da Integração Nacional. Deverá ficar apenas com um deles. O mais certo é que fique com o que já tem.

O PMDB tem cinco ministérios. Quer mais um sob a desculpa de que teve seis durante o segundo mandato de Lula.

Em conversa com Michel Temer, vice-presidente da República e presidente de fato do PMDB, Dilma rejeitou a pretensão do partido. Desde então, mediante a garantia do anonimato, fontes do PMDB sugerem a jornalistas que o partido examina a hipótese de separar-se de Dilma.

Para entrar ainda mais no governo o PMDB seria capaz de deixá-lo. Você acredita nisso?
Essa é uma carta velha que partidos aflitos por mais cargos costumam jogar quando o dono da mesa parece ou está aflito por mais apoios.

A coligação de partidos que sustenta o governo Dilma é a maior da história. Quanto mais apoios tiver, maior será o tempo de propaganda eleitoral de Dilma no rádio e na televisão a partir de agosto próximo.

Às vésperas de eleições gerais que partido ousaria abdicar de cinco ministérios só por que não conquistou mais um?

O PMDB se mudaria para o lado de quem? De Aécio, emperrado nas pesquisas de intenção de voto? De Eduardo, refém do apoio da ex-ministra Marina Silva?

Se pelo menos Dilma estivesse caindo nas pesquisas... Mas não está.

Vai sobrar para Temer.

Como nenhum político da situação com o mínimo de juízo se arrisca a criticar uma presidente de maus modos, Temer será criticado pela falta do sexto ministério.

O assunto acabará esquecido tão logo o Congresso volte a funcionar.

Fonte: Blog do Noblat

Dora Kramer: Oficial e paralelo

No oficial o que se diz no PSB é que a aliança com Marina Silva vai muito bem. Os vetos impostos por ela a potenciais aliados que a desagradam são contornáveis e que na realidade há muito menos divergências entre os parceiros do que relatam versões disseminadas alegadamente por interesse dos adversários.

No paralelo não é bem assim. O próprio governador de Pernambuco já deu a impressão a mais de um interlocutor de que a convivência com a ex-senadora não é desprovida de conflitos e desconfortos.

Na avaliação de gente que acompanha de perto o andar dessa carruagem, se tivesse pensado um pouco naquela madrugada do dia 4 para 5 de outubro do ano passado, não teria dito um entusiasmado sim à proposta de Marina de se abrigar no PSB até que a Rede Sustentabilidade obtenha o registro na Justiça Eleitoral.

Seja qual for o cenário mais próximo da verdade, fato é que os empecilhos até agora apontados não têm nada de extraordinário. Por isso mesmo, tampouco a movimentação pré-eleitoral dá qualquer sinal de que, juntos, Marina Silva e Eduardo Campos dão exemplo de como se faz a "nova política".

Por ora, tudo tem transcorrido nos moldes habituais: incorporação de novos aliados (PSDB) ao governo de Pernambuco, defesa dos interesses de cada um dos integrantes da aliança na formação de coalizões estaduais, pressão por candidaturas próprias, tudo o que nesta altura acontece nos demais partidos.

Inclusive gestos aparentemente inexplicáveis, comuns nessa fase em que ninguém ainda quer abrir totalmente o jogo.

Um mistério apenas ronda a união que causou frisson na política: o anúncio da decisão do governador Eduardo Campos de abrir mão do apoio aos tucanos em São Paulo em troca de Marina Silva aceitar ser candidata a vice. Ora, não era isso que estava combinado desde o início, não foi nesses termos que os dois se acertaram?

Pois então, qual o impasse a ser resolvido? Pela lógica inexiste a hipótese de a ex-senadora não compor a chapa. Se fosse para não ser candidata, ela não teria se filiado ao PSB. Ficaria sem partido e seu apoio seria cobiçado da mesma forma.

Empurra. Para atender a Lula, o PT do Rio já adiou três vezes a data do desembarque dos cargos que ocupa no governo Sérgio Cabral, tema que seria discutido ontem pelo partido.

A prática de "segurar" gente que quer se desgarrar é usual. Recentemente aconteceu com Geddel Vieira Lima. Ele levou quase três meses para conseguir a exoneração de uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal a fim de se "liberar" para fazer oposição ao PT como candidato ao governo da Bahia pelo PMDB.

O pedido de demissão foi enviado no dia 1.º de outubro. Sem resposta. No dia 23 de dezembro, depois de várias tentativas, Vieira Lima disse ao vice-presidente, Michel Temer, que não viraria o ano sem deixar a CEF.

Temer pediu então que fosse enviada nova carta com data de dezembro. Assim foi feito, mas com a inclusão da expressão "reitero meu pedido" no início do texto.

Puro-sangue. Assim como o senador Aécio Neves prefere escolher alguém do PSDB para vice na chapa presidencial, o governador Geraldo Alckmin também quer a companhia de um tucano na disputa à reeleição ao governo de São Paulo.

Os motivos são diferentes. Aécio acha que o critério regional vale mais que o partidário. Por exemplo, ganharia mais votos escolhendo um vice de São Paulo do que reeditando a aliança com o DEM. Já Alckmin, se ganhar, em 2018 precisará sair do governo em abril para concorrer a outro cargo - provavelmente o Senado - e não quer deixar o Palácio dos Bandeirantes nas mãos de um partido que não o PSDB.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Luiz Carlos Azedo: A ameaça de “cristianização”

Se a eleição for para o segundo turno, a conta do PMDB será muito mais alta. Seus caciques já piscam um olho para Aécio Neves (PSDB-MG) e outro para Eduardo Campos (PSB-PE)

Cristiano Monteiro Machado era um político mineiro de Sabará que fez uma carreira tradicional: foi oficial de gabinete do governador Raul Soares na década de 1920, depois se elegeu deputado estadual e prefeito de Belo Horizonte. Quando estourou a Revolução de 30, então deputado federal, participou da conspiração mineira que ajudou o gaúcho Getúlio Vargas a chegar ao poder. Foi constituinte em 1934 e renunciou ao mandato de deputado federal para ser secretário de Educação de Minas (naquela época o político tinha que escolher, não podia se licenciar do cargo). Quando o Estado Novo foi à breca, filiou-se ao PSD, pelo qual se elegeu para a Constituinte de 1946. Entrou para a história e para o folclore político quatro anos depois, como o candidato traído pelo PSD nas eleições de 1950.

O caso foi o seguinte: em 15 de maio daquele ano, foi lançado candidato à presidência da República; as eleições se realizariam em outubro. A ala getulista do PSD do Rio Grande do Sul, porém, que era favorável à indicação de Nereu Ramos, recusou-se a aceitar a candidatura. A seguir, o Partido Social Progressista (PSP), de Ademar de Barros, anunciou que pretendia apoiar Getúlio Vargas, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), cuja candidatura nem sequer havia sido lançada, o que só aconteceu em junho. Mesmo assim, o Partido Republicano (PR) indicou o vice de Cristiano, Altino Arantes, que ainda recebeu o apoio de Hugo Borghi, candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN). 

O desfecho foi este: nas eleições de 3 de outubro de 1950, a chapa Cristiano Machado–Altino Arantes (PSD-PR) concorreu com as de Eduardo Gomes–Odilon Braga (União Democrática Nacional) e Getúlio Vargas–João Café Filho (PTB-PSP), que voltou ao poder pelo voto popular. A transferência dos votos de Cristiano para Vargas, que teve 3.849.040 votos, 48,7% do total dos válidos, foi um “case” de esvaziamento eleitoral, que ficou conhecido no jargão político como “cristianização”. Eduardo Gomes recebeu 2.342.384 votos, 28,6% do total; e Cristiano Machado, 1.697.193, 21,5%.

Pois bem, o PMDB ameaça “cristianizar” a presidente Dilma Rousseff, canditata à reeleição, que acaba de dar um chega pra lá nos caciques da legenda. Eles reivindicavam um dos três ministérios mais cobiçados pelos aliados do governo na Esplanada: Cidades, Transportes ou Integração Nacional. Dilma disse ao vice-presidente Michel Temer que estão de bom tamanho os cinco ministérios que a legenda já ocupa: Agricultura, Aviação Civil, Minas e Energia, Previdência e Turismo. O peemedebista sempre soube disso, mas está sendo pressionado pelos demais caciques. 

O PMDB funciona como uma confederação de chefes políticos regionais e Temer caiu numa armadilha criada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que pôs na pauta das negociações com Dilma a indicação do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para o Ministério da Integração Nacional. O PMDB aceitaria qualquer outra pasta, mas mesmo assim Temer ficou com o mico na mão. Dilma não tem como entregar mais um ministério ao partido sem lotear de vez o seu governo entre os demais aliados.


Outros micos são demandas eleitorais, como a do Rio de Janeiro, onde o PMDB exige a remoção da candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o apoio dos petistas a Luiz Fernando Pezão (PMDB), vice do governador Sérgio Cabral (PMDB). Ambos são aliados de primeira hora de Dilma Rousseff. O alto comando petista não abre mão da candidatura própria e trata Pezão como cachorro morto, mas levou uma invertida de Cabral, que abriu mão da candidatura ao Senado para compor a aliança e pretende tratar do assunto diretamente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Outro aliado de primeira hora que também anda rangendo os dentes no Nordeste é o senador Eunício de Oliveira (PMDB-CE), candidato ao governo do Ceará. Ele não se opõe a que Cid Gomes, governador do Ceará, ocupe uma cadeira na Esplanada, mas não abre mão do apoio do PT à candidatura a governador, o que é difícil de acontecer. Há muita confusão também em Minas e no Rio Grande do Sul, sem falar na Bahia e em Pernambuco, onde o PMDB tomou outro rumo faz tempo.

No Palácio do Planalto, o PMDB é considerado um “tigre de papel”, para usar uma expressão de Mao Tsé Tung ao se referir ao poderio atômico dos Estados Unidos em plena “Guerra Fria”. A falta de unidade e o fisiologismo enfraquecem a PMDB nas negociações com o Palácio do Planalto, é verdade. 

Esse tipo de avaliação em épocas eleitorais, porém, pode ser um erro crasso. Seus caciques são sobreviventes de muitos embates e costumam “cristianizar” candidatos sem dó nem piedade quando estão eles em dificuldades. Foi o aconteceu com o deputado Ulysses Guimarães, em 1989, quando apoiaram Fernando Collor de Mello, e com o ex-governador paulista Orestes Quércia, em 1994, quando ajudaram a eleger Fernando Henrique Cardozo. O mesmo aconteceu com José Serra (PSDB) em 2002, quando muitos apoiaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Dilma leva a vantagem de estar no poder, mas tudo dependerá do ambiente eleitoral; se a eleição for para o segundo turno, a conta do PMDB será muito mais alta. Seus caciques já piscam um olho para Aécio Neves (PSDB-MG) e o outro para Eduardo Campos (PSB-PE).

Fonte: Correio Braziliense

José Nêumanne*: O reino da Dinamarca está podre, mas fica longe

O livro Assassinato de Reputações (Topbooks, 2013), do policial e advogado Romeu Tuma Júnior, faz revelações de alto teor explosivo sobre a atuação do mais popular político brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o autor, Lula foi o informante chamado Barba do pai dele, Romeu Tuma, delegado que chefiou o setor de informações da polícia política na ditadura militar, dirigiu a Polícia Federal (PF) e foi senador da República. A obra contesta a versão oficial da polícia estadual paulista, comandada por tucanos, e da direção do partido de Lula, o PT, sobre o assassínio de seu companheiro e prefeito de Santo André Celso Daniel, quando este coordenava o programa de governo na primeira campanha vitoriosa do petista-mor à Presidência. Como indica o título, ele relata minuciosamente o uso de dossiês falsos montados contra adversários em época de eleições. Tuma assegura ainda ter provas de que ministros do Supremo Tribunal Federal tiveram seus telefones grampeados. E registra a atuação ilícita de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência em operações da PF, caso da Satiagraha.

Tuminha, como o próprio autor do livro se autodenomina para se distinguir do pai, Tumão, teve o cuidado de esclarecer que o agente Barba não delatou nem prejudicou ninguém. Ao contrário, em sua opinião, ele teria prestado benignos serviços ao País e à democracia permitindo que o Estado (então sob controle dos militares) acompanhasse o movimento operário de dentro. Delatores nunca são benquistos nem benditos, mas Lula pode ser a primeira exceção a essa regra consensual que vige nos presídios, nos palácios, nas ruas, nas casas e em quaisquer outros locais, aqui como em outros países, e sob democracias ou ditaduras. No entanto, não há notícia de que nenhuma das Comissões da Verdade criadas pelo governo federal do PT e do PMDB e por administrações estaduais ou municipais tenha aberto alguma investigação a respeito da atuação de um dirigente político e gestor público importante como ele.

No livro O que Sei de Lula, de 2011, revelo que houve uma reunião em São Paulo do então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema com o major Gilberto Zenkner, subordinado do chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Octávio Aguiar de Medeiros. Este travava intensa luta pelo poder contra o chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, que enviara o presidente do partido do governo em São Paulo, o ex-governador Cláudio Lembo, para pedir ao líder dos metalúrgicos em greve apoio público à volta e reintegração dos exilados com a abertura e a anistia. O líder negou-o, Medeiros duvidou da informação dada a Figueiredo, mandou conferir e Lula reafirmou a negativa.

Justiça seja feita, Lula sempre confirmou em público ter mantido excelentes relações com o mais célebre xerife na transição da ditadura para a democracia. E chegou mesmo a gravar carinhosa mensagem usada por Tumão na sua propaganda política em campanha para o Senado. Quer dizer: ninguém pode afirmar que haja provas de que ele tenha sido delator, mas também ninguém apareceu para desmentir a versão de Tuminha nem a reunião com o emissário de Medeiros.

Tuminha faz no livro um relato de razoável verossimilhança do sequestro e assassinato de Celso Daniel com a autoridade de quem era, à época, o delegado de Taboão da Serra, onde o prefeito foi executado. O governador de então (e hoje), o tucano Geraldo Alckmin, afastou o policial do caso e transferiu a investigação para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, alegando que o funcionário poderia aproveitar-se da exposição na mídia para se eleger deputado estadual. O inquérito feito pela cúpula da polícia paulista, apoiado e aplaudido pelo comando petista, é contestado pela família da vítima e a sequência de fatos que o autor reproduz na obra sugere que o crime está longe de ter sido elucidado.

Tuma Júnior nunca foi oposicionista nem adversário de Lula. Ao contrário, foi nomeado por este para comandar a Secretaria Nacional de Justiça, ocasião em que muitas vezes, segundo afirma, foi procurado por figurões de alto coturno do governo e do PT para produzir inquéritos contra adversários. Novidade não é: o falso dossiê contra José Serra na campanha para o governo paulista é tão público e notório que, contrariando o seu hábito de nunca ver, nunca ouvir, nunca saber, Lula apelidou de "aloprados" os seus desastrados autores. Nenhum destes, contudo, foi investigado e punido. E seu eventual beneficiário, o candidato petista derrotado por Serra na eleição, Aloizio Mercadante Oliva, é ministro da Educação e tido e havido como um dos principais espíritos santos de orelha da chefe e correligionária Dilma Rousseff. Mas os fatos lembrados no livro de Tuminha impressionam pela quantidade e pela desfaçatez das descaradas tentativas de usar o aparelho policial do Estado Democrático de Direito para assassinar reputações de adversários eleitorais, tratados como inimigos do povo.

O policial denuncia delitos de supina gravidade na obra. No entanto, desde que o livro foi lançado e evidentemente recebido com retumbante sucesso de vendas, não assomou à cena nenhum agente público ou mesmo um membro da tíbia oposição que resolvesse ou desmascarar as possíveis patranhas do autor ou investigar as informações dadas por ele e que seriam passíveis de desmentido ou confirmação. Pois o protagonista das denúncias do delegado continua sendo o eleitor mais importante do Brasil e se prepara para consagrar seu poste Dilma Rousseff, reelegendo-a. Pelo simples fato de que não há eleitores preocupados com as aventuras do agente Barba na ditadura, com a punição dos assassinos de Celso Daniel ou com os inimigos dos poderosos do momento contra os quais foram fabricados falsos dossiês. Há algo de podre no Reino da Dinamarca, mas, como se sabe, a pátria de Hamlet fica longe daqui.

*José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marcus André Melo: Lulismo ou "qualunquismo"?

Política de transferência de renda não tem intermediários

Há duas visões rivais sobre a política brasileira na era dos governos petistas. A primeira aponta para um fenômeno supostamente novo - o lulismo - que representaria um realinhamento histórico que teria ocorrido na última década. A denominação lulismo - em lugar de petismo - chama a atenção para o fato de que os votos no PT e no presidente passaram a dissociar-se. Este realinhamento se daria pela conquista dos grotões atrasados pelo PT: o eleitorado petista teria se deslocado definitivamente para as regiões mais pobres - o Nordeste, o Norte - áreas que estiveram por décadas sob controle de setores conservadores. Para isso teria contribuído a ampliação de programas sociais, como o Bolsa Família, e uma estratégia de comunicação nova - por direta e eficaz - que o presidente Lula encarnaria. A visão alternativa é que este realinhamento não teria ocorrido e a "conquista do Nordeste" seria uma mera re-atualização da patologia recorrente da política brasileira: o governismo.

Em livro clássico sobre o clientelismo no "mezzogiorno" italiano, Chubb analisou o "qualunquismo" - o governismo arraigado somado à indiferença e cinismo cívico. Prefiro esse termo para caracterizar a situação brasileira porque o termo governismo tout court pode sugerir alguma forma de identificação política com o governo. "Qualunquismo" - derivado de "qualunque", qualquer um - é uma variante invertida do "hay gobierno soy contra". Mas a ela se conjugam o cinismo, o alheamento frente ao mundo da política.

A versão forte ou maximalista do argumento do lulismo é que finalmente os pobres acordaram de seu entorpecimento histórico. A metanarrativa presente nesta visão é que - permitindo-me recorrer a um termo meio esquecido do léxico político - os pobres passaram a ter "consciência de classe".

Que suporte empírico é mobilizado para sustentar o argumento do lulismo? O primeiro é que ocorreu uma inegável reorganização territorial do voto no Brasil a partir de 2006. O voto petista efetivamente concentrou-se nos Estados mais pobres. Inferir o comportamento individual dos eleitores de dados agregados (neste caso, municípios ou Estados mais pobres) é um dos erros elementares de análise estatística, mas há evidências que os mais pobres de fato votam no PT. Uma variante é que estaria ocorrendo uma polarização de base territorial. Esse argumento ecoa algo da literatura acadêmica sobre realinhamento partidário nos EUA. Só que no Brasil não há nenhum equivalente à clivagem entre o norte e o sul nos EUA em torno da questão racial. Os quatro realinhamentos que essa literatura identifica - desde a fundação do partido democrata por Andrew Jackson até a década de 60 - tiveram ela como vetor. Não há evidências que qualquer fator regional esteja associado ao lulismo, para além de comentários preconceituosos disparados no Facebook. Nesse caso o argumento parece uma ideia fora de lugar.

O argumento do "qualunquismo" tem sido defendido com base em evidências de que o eleitor dos grotões sempre tende a apoiar quem está no governo, mesmo quando não mantém afinidades eletivas com ele. De fato, as pesquisas mostram que nas últimas cinco eleições presidenciais o voto nessas regiões tem sido invariavelmente governista. A lógica por trás do voto "qualunquista" já foi discutida há mais de 50 anos atrás por Victor Nunes Leal em "Coronelismo, enxada e voto". A dependência dos grotões frente ao governo central impelia os moradores dessas áreas a apoiarem o governo. A intensa competição política local era apenas "uma disputa para ver quem iria ter o privilégio de apoiar o governo central". Nesse sentido, o voto petista concentrado no Norte/Nordeste não representou uma "marcha para o Nordeste" mas apenas a chegada do partido ao poder. O privilégio de quem vai apoiar o governo central continuaria sendo disputado por elites atrasadas. A força intuitiva desse argumento vem do fato de que o rol dos que têm o privilégio de apoiar o governo central é assustador: uma mirada para Alagoas e Rondônia, passando pelo Pará e Maranhão, seria suficiente. Quem está na oposição só tem a oferecer ideologia e princípios: por isso o PT, como o MDB antes dele, nasceu urbano e cosmopolita. Mas os testes estatísticos sustentam esse argumento robustamente.

Embora a tese do qualunquismo seja mais persuasiva e esteja firmemente ancorada em evidências, ela é ainda insatisfatória. A conquista dos grotões não é nada mais que um reflexo da consolidação da democracia no Brasil. Quando se inaugura um mercado eleitoral competitivo - como o brasileiro - a tendência no médio e longo prazo é que ocorra um realinhamento de políticas. Essa é a essência do teorema do eleitor mediano - uma espécie de lei da gravidade da ciência política. Quando a renda é fortemente concentrada, a renda do eleitor mediano é significativamente menor do que a renda per capita. Haverá então pressões redistributivas - tanto mais fortes quanto maior o hiato de renda. Isso explica porque todos os principais contendores da disputa presidencial atual apoiam o Bolsa Família ou até prometam elevar seu escopo e valor. A política de transferências sociais é o que os cientistas políticos denominam "valence issue". Sua consensualidade - pelo menos no que se refere à redistribuição moderada de renda - implica que os políticos são avaliados apenas pela maior ou menor competência em garantir que os objetivos da política sejam atingidos. Assim não é o Nordeste, mas a maioria dos brasileiros, que tem baixa renda, que sob a democracia, apoia medidas redistributivas. O que há de novo na política nacional é a "federalização do crédito político" com a política social, o que antes só existia na fixação do salário mínimo. A política de transferência de renda não tem intermediários: o eleitor de baixa renda vota no presidente que redistribui mais e melhor (e no oligarca local que aprova a emenda ao orçamento). Mas o eleitor se defronta com um dilema: se deixar de apoiar seu candidato local que garante benefícios estará dando um tiro no próprio pé. Ele se alinhará ao que tiver mais chances - em geral o incumbente do cargo - qualunque!

Marcus André Melo é professor da UFPE, foi professor visitante da Yale University e do MIT

Fonte: Valor Econômico

Elio Gaspari: Robert Pastor, um atrevido campeão

Os americanos são perseguidos por uma praga: quando estão do lado certo, ninguém se lembra do que fizeram

Morreu há poucos dias o professor americano Robert Pastor. Tinha 66 anos e chegou à Casa Branca aos 29, como assessor do presidente Jimmy Carter para assuntos latino-americanos. Era miúdo, atrevido e tenaz. Quando as pessoas se acabam, é comum que delas falem os amigos. De Pastor deve falar um adversário, o general Carlos de Meira Mattos, destacado chefe militar da ditadura. Combateu na Itália com a FEB, ocupou militarmente o governo de Goiás em 1964, chefiou a brigada que ocupou a República Dominicana em 1965 e comandou o cerco e fechamento do Congresso brasileiro no ano seguinte. Autor de diversos livros sobre geopolítica, em 1976 estava em Washington, na Junta Interamericana de Defesa. Nessa época, Rosalynn, a mulher do presidente Jimmy Carter, visitou o Brasil e, surpreendentemente, entrevistou-se com dois missionários americanos que viviam com mendigos e foram metidos numa enxovia pela polícia pernambucana. A cena foi para a primeira página dos jornais brasileiros e americanos.

Meira Mattos escreveu ao seu chefe:

“Após a desastrosa repercussão na imprensa norte-americana da viagem da Sra. Carter, estou convencido de que tudo foi preparado com antecedência.” (Tinha razão.) “Quem está dirigindo a política particular de Carter é um grupo de jovens instalados na Casa Branca. (...) Sob o pretexto de política de direitos humanos, todos os esforços estão sendo feitos por esse grupo para afastar cada vez mais os EUA dos países governados por militares.” (Tinha razão, de novo.)

Entre os jovens, estava “Robert Pastor na Secretaria de Segurança Nacional, que funciona no próprio edifício da Casa Branca. O sr. Pastor acumula suas funções com as de assessor particular do presidente para assuntos latino-americanos”. Põe acumula nisso. Entrava no Salão Oval (vazio) às oito da noite, sem pedir licença a ninguém. Foi ele quem costurou o acordo que devolveu ao Panamá a soberania sobre o canal que liga os oceanos Atlântico e Pacífico.

Houve o dedo de Pastor no oferecimento de asilo territorial a Leonel Brizola em 1977, quando a ditadura uruguaia expulsou-o. (Nesses dias o governo brasileiro achava que, sem ter para onde ir, ele acabaria confinado no seu país. Mal sabiam que os generais uruguaios haviam reinventado Brizola.)

Visto assim, o professor Pastor seria um esquerdista, confirmando a opinião do general Meira Mattos. Contudo, sua atuação na Casa Branca tinha menos militância do que faria supor a vã filosofia. Pastor defendia os interesses dos Estados Unidos, desastrosamente associados a regimes repressivos. Cinco meses depois da cena de Rosalynn em Recife, ele preparava a visita de Carter ao Brasil e advertia:

“O Brasil não é o Chile ou a Argentina.” Entendida essa nuance que diferenciava as ditaduras, o presidente americano cumpriu um programa frio, sem hostilizar o governo. Marcou sua posição encontrando-se com representantes da sociedade civil no Rio de Janeiro (depois de ter deixado Brasília) e oferecendo uma carona ao cardeal de S. Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. Coisa de campeão: não ficaria bem encontrar um símbolo da defesa dos direitos humanos a sós, mas ficou a sós com ele no percurso da Gávea Pequena ao Galeão. Afinal, carona não é encontro.

Fonte: O Globo

Dário do Poder – Cláudio Humberto

• Dilma deve entregar Portos a aliado de mensaleiro
A presidenta Dilma revelou ao vice Michel Temer que deverá acomodar na Secretaria de Portos o presidente do PTB, Benito Gama, ligadíssimo ao mensaleiro Roberto Jefferson. A vaga foi aberta após o rompimento do PSB com o PT. Preterido na reforma ministerial, o PMDB também quer: dispõe-se a trocar o Turismo pela Secretaria de Portos, “mais empresarial que político”. Um cargo que “fura poço”, por assim dizer.

• Olha o nome dele
Vice-presidente de Governo no Banco do Brasil, o presidente interino do PTB é chamado jocosamente pelos petistas de “Benito Grana”.

• Vendem-se
Na tentativa de segurar apoio à reeleição, Dilma quer manter o PP no Ministério das Cidades, e o Pros dos irmãos Gomes na Integração.

• Já que é assim…
Os diretórios do PMDB no Rio, Paraíba e Bahia iniciaram movimento pela entrega dos cargos. Michel Temer tenta colocar panos quentes.

• Tuiteira-fantasma
De @margaretthatcher: aviso aos argentinos, que detesto, e aos brasileiros, amigos deles, que o dinheiro dos outros está acabando…

• Lucro maroto garantiu até 15º salário na Caixa
Acusada de se apropriar de R$ 719 milhões de 525 mil poupadores, somando-os ao seu lucro de 2012, a Caixa Econômica Federal usou esse desempenho fictício para distribuir R$ 950 milhões em “participação de resultado” a funcionários, inclusive aos responsáveis pela manobra contábil. O “lucro líquido” da Caixa em 2012 chegou a R$ 6,4 bilhões. Isso garantiu 14º e até de 15º salários aos funcionários.

• Ouvidos moucos
A Caixa não respondeu se os funcionários devolverão os cerca de R$ 105 milhões de poupadores distribuídos como “participação dos lucros”.

• A regra
A participação dos lucros e resultados (PLR) corresponde a 90% do salário, acrescido de R$ 1,6 mil, sendo limitado a R$ 9.087,49.

• A exceção
Acordo coletivo permite que a participação dos lucros seja calculada por até dois salários (extras) do empregado, limitada a R$ 19.992,46.

• De braçada
A história de pescador da despoluição da baía da Guanabara ganha novo ingrediente: com apenas 36% do esgoto tratado, deverá surgir nova competição nas Olimpíadas de 2016: nado sincronizado com lixo.

• Pior não fica
Em time que está embromando não se mexe em ano eleitoral, sugere a decisão de Dilma de manter o presidente da Caixa, Jorge Hereda, que substituiu Jorge Mattoso após invasão da conta do caseiro Francenildo.

• Pirotecnia ridícula
A mais recente presepada do governador cearense Cid Gomes (PSD), adorador de mordomias, é contratar uma empresa para promover ruidoso foguetório sempre que ele aparecer em eventos públicos.

• Causa estranha
O procurador-geral Rodrigo Janot não deveria mexer em time vitorioso, a menos que pretenda enfiá-lo na vala comum dos perdedores. Ele quer proibir colégios militares, caso raro de excelência na educação, de cobrar mensalidades que são essenciais para financiar essa qualidade.

• Tiros no pé
Presidente do PT, Rui Falcão disse ao deputado João Paulo (PE) que Lula quer o partido apoiando Armando Monteiro (PTB) ao governo de Pernambuco. Mas o PT-PE quer candidatura própria, com João Paulo.

• Deboche de gigantes
Mesmo depois de denúncias de preços abusivos das aéreas durante a Copa do Mundo, TAM e GOL nem se coçaram depois da estratégia de Azul e Avianca de criar teto de R$ 999 para suas passagens no período

• Mea culpa
A revista Brasileiros dedica 20 páginas da edição de janeiro à análise “Por que os generais não imitam a Rede Globo”. Nela, o jornalista Luiz Claudio Cunha, Prêmio Esso de Jornalismo, mostra por que militares se recusam a fazer mea culpa pelos crimes da ditadura, como a Globo.

• História da Carochinha
A Caixa quer fazer acreditar que abriu 525 mil poupanças “irregulares”, que ela mesma estimula, sem supostamente comprovar residência exigida pelo Banco Central, nem a validade do CPF. Conta outra…

• Pensando bem…
…a Caixa deu um “rolezinho” nas poupanças.

Fonte: Diário do Poder