terça-feira, 22 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: leilão arrumadinho

Um fracasso o resultado do leilão do pré-sal que definiu os responsáveis pela exploração do campo de Libra. Foi uma doação e não um leilão. Todo esse processo de atração de investidores terminou em um fracasso e no final o governo teve que recorrer a ‘arrumadinho’.

O leilão teve de tudo, menos concorrência. Isso demonstra que os investidores brasileiros não confiam no governo brasileiro. O segundo aspecto, e preocupante, é com relação a Petrobras. A empresa teve o pior momento de sua história nos governos Lula/Dilma. Houve gestão temerária e até prejuízos, com a Petrobras tendo que se desfazer de seu patrimônio. Agora terá que fazer grandes investimentos. Será que isso vai funcionar?

A que ponto chegou o governo Lula/Dilma. É um absurdo usar as forças Armadas para garantir a realização de um leilão. Isso demonstra o descrédito da população com o governo e revela ainda as incoerências do PT, que em campanhas acusava a oposição de tentar privatizar a Petrobrás. Agora fazem uma privatização e chamam as Forças Armadas para garantir a segurança. É uma desmoralização.

Roberto Freire, “Campo de Libra: "Foi uma doação e não um leilão", critica presidente do PPS”, Portal do PPS, 21 de outubro de 2013

Primeiro leilão do pré-sal: Sem disputa, Petrobras, Shell, Total e duas chinesas vencem

Libra sai pela oferta mínima e setor cobra novas regras para futuras licitações.

Dilma comemora resultado

Em pronunciamento, presidente diz que 85% da renda produzida em Libra ficarão no Brasil. “Não é privatização" rebateu.

Batalha campal na orla da Barra

Após manifestação pacífica, infiltrados viraram carro e puseram fogo em banheiro químico. Confrontos deixaram 4 feridos.

Dinheiro para fechar as contas

Os R$ 15 bilhões que serão recolhidos pelas empresas aos cofres públicos vão engordar o caixa do governo para pagar juros.

Seis anos após o anúncio da descoberta do pré-sal no Brasil, o Campo de Libra foi leiloado ontem, o primeiro pelo regime de partilha. Apenas um grupo fez oferta e arrematou o megacampo, na Bacia de Santos, pela oferta mínima, pagando ainda R$ 15 bilhões de bônus ao governo. Mesmo sem concorrência, o resultado do leilão surpreendeu especialistas porque reuniu duas gigantes europeias do setor privado — a anglo-holandesa Shell e a francesa Total, cada uma com 20% do consórcio vencedor —, duas estatais chinesas — CNOOC e CNPC, com 10% cada — e a Petrobras, que ficou com 40%, acima do mínimo exigido. A exploração e a produção em Libra exigirão R$ 400 bilhões nos próximos 30 anos. A PPSA, nova estatal do pré-sal, será responsável pela gestão e pela fiscalização dos investimentos. Representantes do setor privado, no entanto, cobraram mudança de regras para que outros leilões desse tipo tenham concorrência. Homens da Força Nacional e do Exército garantiram a segurança do leilão, realizado num hotel na Barra da Tijuca, apesar dos confrontos na orla. As ações da Petrobras subiram 5% no dia.

Apenas um lance para Libra

Consórcio de Petrobras, Shell, Total e estatais chinesas vence leilão do pré-sal com oferta mínima


Bruno Rosa, Danielle Nogueira, Henrique Gomes Batista e Lucianne Carneiro

RIO e SÃO RAULO- Em meio a protestos violentos e um esquema de segurança que envolveu mais de mil homens de Exército, Força Nacional de Segurança e polícias, o governo realizou ontem o leilão da maior área de petróleo da história do país, o primeiro do novo regime de partilha. A área de libra, no pré-sal da Bacia de Santos, recebeu apenas uma oferta, do consórcio formado por Petrobras, a anglo-holandesa Shell, a francesa Total e as estatais chinesas CNOOC e CNPC. A forte participação das empresas privadas gerou surpresa entre especialistas. As ações da Petrobras fecharam em alta de mais de 5%. Como não houve concorrência, o governo vai receber o mínimo exigido, 41,65%, de lucro em óleo. Por isso, especialistas e empresas do setor já defendem mudanças para os próximos leilões no modelo de partilha — que obriga a Petrobras a ser operadora única e cria a figura da PPSA, estatal com poder de veto nas decisões de exploração.

O megacampo de libra tem reserva entre oito e doze bilhões de barris de petróleo, segundo estimativas da Agência Nacional do Petróleo (ANP). A única proposta recebida teve a Petrobras com a maior fatia do consórcio, de 40% — acima, portanto, dos 30% mínimos previstos no edital. Em seguida vêm Shell e Total, com 20% cada uma, e as chinesas CNOOC e CNPC, com 10% cada. Das 11 empresas habilita das, a japonesa Mitsui e a malaia Petronas não depositaram as garantias. Antes do leilão, a Repsol/Sinopec informou que não faria proposta.

— Estamos muito satisfeitos. Não há frustração (pelo fato de ter tido apenas um consórcio). Vamos receber R$ 15 bilhões de bônus fixo e o mínimo de lucro em óleo estabelecido — disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, após o leilão. — Nos próximos anos, esse consórcio fará pesados investimentos na exploração do petróleo. Só comparecem a um leilão dessa natureza grandes empresas.

Mesmo com só um consórcio, Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), disse que houve competição entre as empresas:

— A competição não se limitou a esse momento do leilão. Houve competição pela formação do consórcio. Das 11 empresas, cinco se apresentaram, mas todas as 11 conversaram entre si em busca da formação do consórcio. O resultado não podia ter sido melhor. Sucesso maior do que esse é difícil de imaginar. Temos nesse ! consórcio a segunda, a terceira, a sétima, a oitava e a décima maiores empresas de energia em valor de mercado do mundo.

Governo: acima de 80% no Brasil

O governo fez questão de ressaltar que o petróleo será brasileiro. À noite, em rede nacional, a presidente Düma Rousseff afirmou que 85% dos rendimentos de libra ficarão com o Estado brasileiro. Desse total, a maior parte virá do bônus, dos royalties, dos 41,65% de lucro em óleo, além de Xm~ posto de Renda e Contribuição Social. E 5% perfazem os lucros da Petrobras que cabem à União e ao fundo social.

— É uma das maiores participações governamentais do mundo. Será da ordem de R$ 1 trilhão em 30 anos — afirmou Magda.

Ainda que a percentagem de lucro em óleo tenha ficado no patamar mínimo, Magda destacou a capacidade técnico e financeiras das empresas:

— Se tivesse uma percentagem maior, claro que que poderia ter sido melhor, desde que os concorrentes tivessem sido os mesmos. O fato é que temos as cinco empresas e estamos absolutamente seguros que Libra terá o desenvolvimento o mais correto possível em prol da sociedade brasileira. A área vai demandar muitos investimentos. São de 12 a 18 plataformas e entre 60 e 90 barcos de apoio

Segundo a ANP e o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Libra vai exigir US$ 200 bilhões. Cerca de R$ 610 milhões apenas para a fase de exploração, no mínimo. Haroldo Lima, ex-diretor-geral da ANP, comemorou o resultado. Segundo ele, com o resultado, 80% do petróleo fica no Brasil:

— Além da Petrobras, temos as duas maiores petroleiras europeias e as duas maiores asiáticas.

Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), ressaltou o equilíbrio no consórcio, o que ajuda a dar segurança de que os investimentos serão realizados:

— Temos um bom equilíbrio entre empresas privadas e estatais, empresas de três continentes, o que nos dá segurança do desenvolvimento de Libra.

O presidente da EBP, João Carlos de Lucca, destacou o capital privado europeu:

— Shell e Total entraram muito forte, com isso conquistam o governo, aprendem a se relacionar com a Petrobras e se posicionam melhor, pois ainda há muita coisa a vir pela frente com o pré-sal. Assim, 80% de Libra ficará com empresas ocidentais e 20% com as asiáticas.

Segundo lido Sauer, ex-diretor da Petrobras e diretor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, o resultado do leilão não tem "nada de positivo" mesmo com a maior participação das europeias. Sauer, que tentou suspender na Justiça o leilão,argumenta haver conflito de interesses entre o plano energético brasileiro e o chinês. Diz ainda que a participação das empresas estrangeiras "servirá apenas para conseguir o financiamento"! Sua estimativa é de que terão de aportar US$ 60 bilhões.

— À primeira vista parece bom porque a Petro-bras, pelo menos, aumentou a sua participação mínima. É a maior privatização da história do Brasil.

Para Marcus Sequeira, analista do Deutsche Bank, a participação de Shell e Total, deu um "selo de aprovação" para o consórcio. Segundo ele, a área de Libra tem riscos regulatórios e de exploração:

— As duas gigantes europeias confirmam que Libra é um projeto interessante, apesar de apenas um consórcio participar da disputa.

São empresas que buscam retorno, diferentemente do perfil semi-estatal chinês, que foca em ter grandes reservas mesmo com baixo ganho.

Márcio Reis, sócio do escritório Siqueira Castro, diz que a participação dos chineses no leilão foi tímida.

— Provavelmente interessava mais para a Petrobras e ao govemo dar prioridade para Shell e Total, que têm mais tradição. Mas, claro, a presença das empresas chinesas é importante.

Para Walter de Vitto, analista da Tendências Consultoria, não se vislumbrava o apetite das europeias. Apesar da alta nas ações da Petrobras, o analista da Tendências diz que ainda é cedo para avaliar se a participação de 40% da empresa no consórcio será lucrativa.

Lobão afirmou que não deve haver um novo leilão do pré-sal em 2014, mas admitiu a possibilidade de realizar a 13§ Rodada de Licitação (pós-sal) no próximo ano. Segundo Magda, é possível pensar numa nova licitação para o pré-sal entre dois e três anos.

(Colaboraram Sérgio Vieira, Bruno Villas Boas, Nice de Paula, Roberta Scrivano e Ronaldo D"Ercole) .

Fonte: O Globo

Declaração do presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, sobre o leilão do pré-sal

O resultado do leilão do pré-sal realizado nesta tarde traz boas e más notícias. A boa é o reconhecimento, ainda que tardio e envergonhado por parte do governo, da importância do investimento privado para o desenvolvimento do país.

A má é que o atraso na realização do leilão e as contradições do governo vêm minando a confiança de muitos investidores e, no caso da Petrobras, geraram uma perda imperdoável e irrecuperável para um patrimônio construído por gerações de brasileiros.

Nos últimos seis anos, assistimos o valor da empresa despencar, a produção estagnar e o país gastar somas crescentes importando combustíveis, tudo por conta da resistência petista ao vitorioso modelo de concessões. Perdemos tempo, deixamos de gerar riqueza e bem-estar para os brasileiros e desperdiçamos oportunidades.

Senador Aécio Neves (MG), Presidente nacional do PSDB

Fonte: Portal do PSDB

Palanque duplo no Planalto

Palanque duplo no Planalto Sanção do Mais Médicos reforça o discurso eleitoral de Dilma Rousseff e Alexandre Padilha. Apesar da festa que o governo fará hoje com a presença de prefetos, CFM diz que não basta contratar profissionais sem investir em infraestrutura

Paulo de Tarso Lyra, Julia Chaib

O Palácio do Planalto vai se transformar hoje, durante a sanção do programa Mais Médicos, em um grande palanque para destacar a principal bandeira eleitoral da presidente Dilma Rousseff e do pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, o ministro Alexandre Padilha. O cerimonial do Executivo federal convidou prefeitos de pequenos municípios e, até o início da noite de ontem, escolhia um deles para dizer como o Mais Médicos mudou a realidade de sua cidade. A solenidade servirá também para esconder as dificuldades da União em investir na melhoria da infraestrutura na área de saúde.

Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) com base em dados do Siafi (sistema de monitoramento das contas do governo) mostra que, nos últimos 12 anos, o governo federal pecou no investimento direto em infraestrutura, como a construção, a ampliação e as reformas de unidades de saúde, e também falhou na compra de equipamentos, como ambulâncias. Dos R$ 62 bilhões autorizados no período para essa finalidade, apenas R$ 27,5 bilhões (41%) foram efetivamente gastos. O valor não aplicado em infraestrutura— R$ 39,5 bilhões — representa pouco menos da metade de todos os recursos que o ministério deixou de gastar em pouco mais de uma década (R$ 94 bilhões de R$ 852,7 bilhões autorizados).

Os números explicitam a queda de braço entre o governo e as entidades médicas. Enquanto o primeiro afirma que o problema de saúde no país está na falta de médicos, sobretudo no interior, as associações rebatem dizendo que não adianta multiplicar os profissionais sem lugares decentes para trabalhar ou materiais adequados para exercer a medicina. Para o especialista em contas públicas Gil Castelo Branco, esse é o aspecto mais grave do montante não aplicado. "O investimento é um gasto nobre. Isso quer dizer que não foi usado nem metade dos recursos disponíveis para esse fim."

Campanha
Apesar das críticas, o PT comemora a sanção do programa em um prazo até mais rápido do que o esperado pela legenda. Dessa forma, Padilha terá mais tempo para se dedicar a atividade em São Paulo. Setores do partido, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acreditam que não se pode repetir o erro de 2010, quando o então senador Aloizio Mercadante (PT-SP) demorou a começar a campanha e não teve tempo para consolidar a candidatura ao governo estadual. O presidente do partido em São Paulo, deputado estadual Edinho Silva, no entanto, acha que são situações diferentes. "Já estamos conversando com aliados e construindo a pré-candidatura de Padilha desde agosto passado. No caso de Mercadante, iniciamos esse trabalho seis meses antes da eleição", comparou.

Com isso, a desincompatibilização de Padilha poderá acontecer no início de 2014, com os demais ministros que deixarão o governo para concorrer a cargos eletivos. "É melhor, dá mais tempo para "surfar" na popularidade do programa", justificou um aliado do ministro.

Sobre a pesquisa do Conselho Federal de Medicina, o Ministério da Saúde afirmou, por meio de nota, que houve aumento nos gastos com obras e equipamentos, que passaram de R$ 2,4 bilhões para R$ 5,2 bilhões no período analisado. Além dos recursos federais diretos, a pasta repassa também outros valores para que estados e municípios invistam em infraestrutura. O ministério disse ainda que, entre 2001 e 2012, usou, anualmente, 99% do valor disponível, sem considerar o montante contigenciado.

Fonte: Correio Braziliense

Devolução de cargos no Recife amplia crise do PT

João Valadares, Tércio Amaral

BRASÍLIA e RECIFE — A lentidão do PT em Pernambuco para efetivar o desembarque do governo Eduardo Campos (PSB), virtual candidato a presidente da República em 2014, acentuou ainda mais o racha na sigla. Só no domingo, após um mês do rompimento de Eduardo Campos com a presidente Dilma Rousseff, o partido decidiu entregar todos os cargos que ocupava nas gestões pessebistas, incluindo as prefeituras do Recife e de Paulista. Há uma semana, uma ala do partido, liderada pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e pelo deputado federal João Paulo (PT-PE), se antecipou e anunciou a devolução dos cargos.

O presidente do PT no Recife, Oscar Barreto, secretário executivo de Agricultura, era o mais resistente a deixar o governo. Em entrevista a uma rádio local, chegou a dizer que ninguém deveria entregar os cargos e fez várias críticas ao grupo liderado por Humberto Costa. "Eu fui chamado pelo governador. Meu cargo não pertence ao PT", afirmou. O diretório decidiu expulsar aqueles que não cumprirem a decisão.

A disputa interna esquentou ontem à tarde. Um grupo liderado pela deputada estadual Teresa Leitão, ligada ao ex-prefeito do Recife João da Costa, promete encaminhar denúncia à Direção Nacional do PT contra a tendência majoritária da legenda, Construindo Um Novo Brasil (CNB).

Candidata a presidente estadual do partido, ela alega que a CNB não cumpriu o acordo de formar uma comissão para debater o desembarque da gestão Eduardo Campos. Durante a reunião ocorrida no domingo, que oficializou a saída, a temperatura foi elevada. O grupo de Leitão se retirou do local e houve bate-boca entre alguns militantes.

Mesmo diante de toda a confusão, o presidente estadual do PT em Pernambuco e deputado federal, Pedro Eugênio, se reuniu com Eduardo Campos, na tarde de ontem, e oficializou a devolução. O parlamentar entregou uma carta ao governador para explicar a decisão. "Temos assistido a vários posicionamentos por parte do partido presidido por vossa excelência que se colocam, claramente, em posição crítica ou até mesmo em clara oposição àqueles seguidos pelo governo federal, conduzido pela presidenta Dilma Rousseff. Nesse sentido, a direção do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco deliberou que os filiados que ocupam, a qualquer título, cargos de confiança na administração pernambucana devem deles se afastar", diz.

A guerra do PT em Pernambuco, alimentada por Eduardo Campos com o objetivo de enfraquecer o palanque da presidente Dilma no estado, teve início nas eleições municipais do Recife do ano passado. O então prefeito da capital pernambucana, João da Costa (PT), que seria o candidato natural à reeleição, foi retirado da disputa. Após muita lavagem de roupa suja em público, o PT, enfraquecido, lançou, de última hora, a chapa formada por Humberto Costa e João Paulo. Resultado: Geraldo Julio, candidato do PSB, venceu a disputa no primeiro turno. A vitória potencializou Eduardo Campos e serviu de combustível ao voo nacional.
Nos últimos dias, alguns petistas migraram para o PSB. O caso mais simbólico é de Isaltino Nascimento, secretário de Transportes. Após resistir a deixar o governo, resolveu trocar de partido. Em Pernambuco, uma ala do PT é chamada de "queijo do reino": vermelho por fora e amarelo por dentro, numa referência às cores do PT e do PSB.

Renovação
Eduardo Campos defendeu ontem a alternância do poder como a única forma de o Brasil avançar. A entrevista do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal espanhol El País, publicada no fim de semana, serviu de pano de fundo para que o governador de Pernambuco reforçasse as críticas ao PT. Na entrevista, Lula fala sobre os efeitos negativos do crescimento petista com a chegada ao poder, refletidas em denúncias de corrupção e fisiologismo. Campos analisou o caso dizendo que tem a obrigação de "aprender com os erros do outros" para não repeti-los, e apresentou como remédio para esses problemas "a renovação política", possível apenas com a alternância de poder.

Fonte: Correio Braziliense

PT ainda não devolveu cargos em Pernambuco

Campos não irá demitir e deixa a petistas decisão de se desligar das funções que ocupam no governo

Letícia Lins

RECIFE - Um dia após o Diretório Regional do PT ter decidido pela devolução de todos os cargos que o partido possui no governo de Pernambuco, até o fim da tarde de ontem nenhum havia sido entregue, segundo informou o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar. Ele assegurou, ainda, que o governa¬dor Eduardo Campos (PSB) não vai demitir nenhum petista lotado na gestão. E que os desligamentos serão efetuados à medida que os pedidos de afastamento forem sendo encaminhados aos órgãos competentes.

O presidente do PT de Pernambuco, Pedro Eugênio Cabral, ratificou a posição do partido em carta entregue a Eduardo Campos ontem à tarde. No documento, que foi ratificado por 56% do diretório regional do partido, os petistas lembram que Campos, na qualidade de presidente nacional do PSB e pré-candidato à sucessão presidencial, não deixou para o PT outra alternativa, depois da entrega dos cargos ocupados no governo Dilma Rousseff.

"Nesse período, temos assistido a vários posicionamentos por parte do partido presidido por V. Ex^ que se colocam, claramente, em posição crítica ou até mesmo em clara oposição àqueles seguidos pelo governo federal, conduzido pela presidente" diz a carta.

Acrescenta, ainda, que o partido deliberou que "seus filiados que ocupem, a qualquer título, cargos de confiança" na administração conduzida pelo socialista "deverão deles se afastar". Após o encontro, Campos designou o secretário da Casa Civil para dar a posição do governo.

Alencar disse que ainda não tem o inventário dos petistas lotados no governo, mas lembrou de três que ocupam posições de destaque: o secretário de Cultura (Fernando Duarte), o secretário-executivo de Agricultura (Oscar Barreto) e o presidente da Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (Amaro João da Silva).

— Três ocupam posições mais relevantes, embora haja um elenco grande de outros quadros. Vamos proceder a apuração sem pressa. Recebemos o documento, e não faremos nenhum açodamento para retirar as pessoas que se dedicaram ao trabalho com seus talentos e que deverão acompanhar naturalmente a posição do PT sem traumas — afirmou o secretário.

Ao sair da reunião, Pedro Eugênio informou que a posição do PT é definitiva, mas que não foram estabelecidos prazos . para que o desembarque ocorra. Ressaltou, porém, que "a não observância" da decisão do partido implicará em desligamento dos resistentes.

— Se ficar comprovado que houve deliberada intenção de não obedecer, essas pessoas estarão se excluindo automaticamente do partido — disse.

Fonte: O Globo

Uma máquina federal de fazer votos

O peso eleitoral do Bolsa Família pode ser medido nos votos. Neste terceiro dia de reportagem, o JC mostra que nas regiões onde o governo Lula (2003-2010) mais investiu no programa, o retorno veio através dos sufrágios. A estatística é mensurada nos resultados nas urnas e em análises de estudiosos. Porém, a forma como essa expressão política vai dominar a eleição presidencial, em 2014, divide opiniões. Amanhã, na editoria de Economia, confira o impacto financeiro gerado pelo programa no País.

Quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a "Carta ao Povo Brasileiro", em 2002, ato que marcou o início de sua campanha presidencial, poucos imaginariam que, dez anos depois, ele e o PT conseguiriam transformar o programa Bolsa Família numa das principais máquinas eleitorais petistas. A observação é constatada por aliados e adversários do PT. E por estudos. Nas regiões aonde houve maior transferência de renda, como no Nordeste, o retorno veio através dos votos. E de vitórias, como em 2006, na reeleição de Lula, e em 2010, com a eleição da presidente Dilma Rousseff.

Embora para a maioria da população o Bolsa Família tenha relação direta com Lula, a ideia de transferência de renda sem contrapartidas tem o DNA do PSDB. No governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi criado um dos primeiros programas, o Bolsa Escola. Proposta do Banco Mundial, a ideia era que o mercado de trabalho e as políticas públicas não resolveriam as disparidades sociais no Brasil. Por isso, dentro da ideia de reformas liberais, a concepção era de que o Estado brasileiro precisava compensar a população não absorvida pela geração de emprego, dando origem a uma renda mínima à classe situada abaixo da linha da miséria.

Você pode perguntar: e como o Bolsa Família "turbinou" os governos do PT e o ex-presidente Lula? A resposta pode parecer simples: a ampliação do universo dos beneficiados, aliado ao marketing político.

Com o fim do governo FHC, os programas sociais ajudavam 3,6 milhões de famílias. Para cada bolsa, o governo federal detinha um cadastro específico. A jogada do ex-presidente petista foi unificar todo o banco de dados, através do Cadastro Único, e ampliar o horizonte de beneficiários. O salto chegou a quase 12,7 milhões de famílias, no fim da era Lula, em 2010. Em valores reais, subiu de R$ 570,1 milhões para R$ 14,3 bilhões.

O carisma do ex-presidente, aliado ao discurso político-eleitoral e a injeção de recursos na economia informal, também contribuíram para que o Bolsa Família e a figura de Lula se transformassem num só.

A consolidação do programa federal auferiu força ao ex-presidente Lula ao ponto de os adversários prometerem a ampliação das conquistas. Isso ocorreu na eleição de 2006, com Geraldo Alckmin (PSDB), e em 2010, com José Serra (PSDB).

"O mérito de Lula foi ter se apoderado da transferência de renda como "pai dos pobres", discurso que não foi abraçado pelo PSDB. Só dois instrumentos no País tiveram esse efeito: o salário mínimo, de Getúlio Vargas, e o Bolsa Família", ressalta o presidente do Centro Josué de Castro, José Arlindo. "O salário mínimo se incorporou à Constituição. O Bolsa Família continua sendo um programa. Lula nunca quis transformar num direito. No momento que ele diz que é um direito, ele perde a força política", acrescenta.

Arlindo reflete que o efeito do Bolsa Família ao PT e Lula foi tão forte que, nas duas últimas eleições presidenciais, era quase impossível derrotar um candidato opositor ao indicado pelo petista. "Lula passou a ser uma figura sacralizada porque representava essa renda a mais às pessoas", analisa.

Para o professor da Fundação FGV, Carlos Pereira, Lula fez com que mais famílias tivessem acesso ao programa. "Nos municípios onde povo teve maior acesso, Lula teve mais voto. E isso se reproduziu com a presidente Dilma. Era de se esperar o retorno eleitoral", observa. "O Bolsa Família é um dos raros programas que o governo federal conseguiu reivindicar o crédito. O programa ficou anexado à figura de Lula", completa o acadêmico.

O economista Tarcísio Patrício de Araújo lembra que, antes do Bolsa Família, o rendimento médio por familiar em Pernambuco era de R$ 73,31. Dez anos depois, subiu para R$ 148,61, um crescimento de 27,5% acima da inflação. "O programa teve um impacto econômico e social grande", sublinha.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Campos defende alternância no poder e 'renovação'

Daniel Carvalho

RECIFE - Presidente nacional do PSB e provável candidato à Presidência da República, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, defendeu ontem "alternância de poder" e recomendou "renovação" aos partidos para que seja estabelecido um "fio terra" com as demandas da sociedade.

Durante visita a obras de um hospital, Campos foi questionado sobre entrevista do ex-presidente Lula ao jornal espanhol "El País", em que reconhece que com o tempo foram "aparecendo defeitos" no PT, como a "corrupção".

"A gente tem a obrigação de aprender com os erros dos outros", disse Campos, indagado sobre como fazer para que o PSB não incorra em erro semelhante.

Ele também fez coro com Aécio Neves (PSDB-MG) nas críticas à lentidão de obras federais, como a transposição do rio São Francisco --conduzida pelo Ministério da Integração Nacional, que até o início do mês era comandado por Fernando Bezerra, do PSB.

O governador afirmou que "dá para fazer" as obras dentro do cronograma, desde que haja capacidade de gerenciamento.

Fonte: Folha de S. Paulo

Governador não precisa de defesa do PT, diz sigla

Daniel Carvalho

RECIFE - Apesar de ainda não se declarar oposição ao PSB na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o líder do PT na Casa, Manoel Santos, disse que o partido não fará mais a defesa do governador Eduardo Campos.

Santos disse que o PT não faz mais parte da base do governo. "Não temos hoje compromisso de defender o governo do PSB. O governo e o PSB já têm muita gente para defendê-los, não precisam do PT", afirmou o deputado ontem, antes de se encontrar com o presidente do PT-PE, Pedro Eugênio, para entregar os cargos que a legenda tem no governo do Estado.

Há um mês, o PSB entregou os cargos que tinha no governo federal, oficializando a ruptura entre os partidos e abrindo caminho para que Campos dispute a Presidência da República no ano que vem.

Oficialmente, o PT afirma que vai adotar posição de independência.

A assessoria do governo informou que Campos não irá se pronunciar.

Após conversa com o governador, o presidente do PT-PE disse ter entregado a ele um documento oficializando o desembarque do governo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Críticas de Lula ao apego por cargos acirram disputa interna de petistas

Por Fernando Taquari

SÃO PAULO - A crítica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao apego de petistas por cargos públicos foi entendida no PT como mais um recado para o partido renovar suas bandeiras e buscar o apoio de eleitores insatisfeitos com os rumos do país. A ideia é evitar que potenciais adversários da presidente Dilma Rousseff possam emergir como representantes dos manifestantes que desde junho tomam as ruas das maiores cidades brasileiras. As declarações, no entanto, acabaram provocando uma cizânia entre as correntes do PT que disputarão a eleição interna em novembro.

Em entrevista ao jornal espanhol El País, o ex-presidente disse que o crescimento do PT como partido expôs defeitos, como "gente que valoriza muito o parlamento, outros os cargos públicos". Para o deputado federal Paulo Teixeira (SP), candidato a presidente da legenda pela corrente Mensagem ao Partido, Lula fez uma constatação dos problemas internos e ressaltou a necessidade de reequilíbrio partidário. O campo majoritário Construindo um Novo Brasil (CNB) ocupa cerca de 60% de espaço no diretório nacional. "Essas preocupações casam com os ideais da nossa chapa, que se propõe a ser um polo de mudanças. O campo majoritário não tem essa agenda entre as suas propostas", afirmou Paulo Teixeira.

"Vejo [as declarações de Lula] como palavras de estímulo que mostram a importância de mudarmos nossa visão e nos voltarmos mais aos movimentos sociais", acrescentou. O atual presidente do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), que concorre à reeleição pela corrente Novo Rumo, com o apoio de Lula e do CNB, disse por meio de sua assessoria que não comentaria as declarações. Defensor da candidatura de Falcão, o deputado federal Carlos Zarattini (SP), da Novo Rumo, rebateu Teixeira ao afirmar que a Mensagem Partido é a corrente com mais ministérios no governo Dilma e por isso não teria condições para criticar a ocupação de cargos públicos. Na verdade, o campo majoritário comanda a maior parte das pastas sob a administração do PT - pelo menos nove das 17 petistas.

O presidente do PT paulista, deputado Edinho Silva (SP), disse que o ex-presidente mostra sensibilidade política aguçada ao expressar a necessidade de o partido renovar propostas e quadros políticos. "Lula foi quem mais entendeu no Brasil o recado das ruas. Um partido envelhece quando suas bandeiras envelhecem. Ele quer que o PT tenha capacidade de ler isso". Segundo Edinho, a reconstrução do partido e de um projeto de governo não implica em "termos cargos no parlamento ou em qualquer instância de governo, mas na reaproximação com os movimentos sociais".

Edinho afirmou que o ex-presidente não quer que correligionários com cargos públicos disputem as eleições internas no PT, pois devem estar concentrados apenas em cuidar dos interesses da legenda em sua fase de renovação. O pedido teria, inclusive, sido feito ao ex-prefeito de Osasco Emídio de Sousa, favorito para suceder Edinho no comando do partido em São Paulo.

Fonte: Valor Econômico

Alckmin antecipa aliança com PSB em SP

Governador vai oferecer ao partido de Eduardo Campos a candidatura de vice ou senador

Fábio Zambeli e Marina Dias

SÃO PAULO - O governador Geraldo Alckmin (PSDB) pretende antecipar os termos da aliança com o PSB para a eleição paulista.

O objetivo do tucano é evitar que a sigla do governador Eduardo Campos (PE) lance candidato ao governo ou se alie a Gilberto Kassab (PSD).

Alckmin oferecerá formalmente aos socialistas a vaga de vice ou a candidatura ao Senado na coalizão do PSDB.

Nesse cenário, o nome mais cotado para compor a chapa majoritária é o do presidente estadual do PSB, Márcio França, ex-secretário estadual de Turismo.

Dois fatores precipitaram o desenho do acordo, que só seria fechado em 2014: o desejo dos partidários da Marina Silva, recém-incorporada ao projeto do PSB, de alçarem voo solo no Estado e o fracasso das negociações tucanas com o PMDB.

A legenda do vice-presidente Michel Temer, que se aliou a Alckmin em 2010, reafirmou no sábado a candidatura de Paulo Skaf ao Palácio dos Bandeirantes.

O núcleo político de Alckmin indica que só o apoio do PSB possibilitaria ao tucano alcançar tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV próximo a oito minutos, o que marqueteiros acreditam ser o patamar ideal para uma campanha competitiva.

Alckmin e Campos conversaram duas vezes por telefone na semana passada e marcaram para os próximos dias uma nova conversa. A ideia é que seja formalizado então o compromisso entre os dois partidos.

A oferta de Alckmin abriria palanque duplo no maior colégio eleitoral do país, dando à coligação do governador, pré-candidato à reeleição, o apoio de dois presidenciáveis.

Além do escolhido por seu partido --o senador Aécio Neves (MG) detém maioria folgada no PSDB--, o governador contaria com o apoio do candidato do PSB --hoje, o mais provável é Campos.

A retomada das tratativas coincide com nova investida de Aécio pelo apoio do eleitorado paulista.

Na sexta e no sábado, o senador mineiro percorrerá duas cidades do interior, Olímpia e Presidente Prudente, para encontro com prefeitos e dirigentes políticos.

Na semana passada, o pré-candidato tucano à Presidência pediu a congressistas aliados que evitassem palanques duplos nos Estados, sob pena de ver suas pretensões ao Planalto fragilizadas.

Aliados de Alckmin, porém, afirmam que Aécio está ciente das negociações com o PSB e que sem PMDB e PR -- possível aliado do PT do ministro Alexandre Padilha (Saúde) nas eleições estaduais --, a aproximação com o partido de Campos teria papel decisivo no embate com o petista.

Além de São Paulo, o PSB deverá se alinhar aos tucanos no Paraná, em Pernambuco, em Minas Gerais e em outros três Estados na eleição do ano que vem.

Fonte: Folha de S. Paulo

Ato de Dilma beneficia operadora de saúde

Ato presidencial dispensa a Geap Autogestão em Saúde - fundação de direito privado sob intervenção da ANS - de participar de licitação para vender planos de saúde a servidores públicos da União, informam Julia Duailibi e Valmar Hupsel Filho. A entidade não precisará disputar concorrências para atuar em um mercado potencial de 3 milhões de usuários e que movimenta cerca de R$ 10 bilhões anuais. TCU, STF e Procuradoria-Geral da República entendem que deveria haver licitação.

União atropela Justiça e abre brecha para monopólio de plano de saúde do servidor

Julia Duailibi, Valmar Hupsel Filho

Decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff em 7 de outubro atropela o Supremo Tribunal Federal -(STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Tribunal de Contas da União (TCU) ao beneficiar uma entidade sob intervenção da Agência Nacional. de Saúde Suplementar (ANS) e que está na órbita de influência política do PT.

O ato presidencial dispensa a Geap Autogestão em Saúde, uma fundação de direito privado, de participar de licitação para vender planos de saúde para servidores da União. Com isso, a entidade não precisará concorrer com operadoras do setor privado para participar de um mercado potencial de 3 milhões de usuários e que movimenta cerca de R$ 10 bilhões por ano, de acordo com integrantes do setor.

Bastará que o órgão público interessado em contratá-la firme convênio por meio do Ministério do Planejamento, conforme o decreto publicado no Diário Oficial da União. A medida abre espaço para concentrar na Geap o atendimento ao funcionalismo público, hoje pulverizado entre 34 operadoras. No dia 8 de outubro, no mesmo dia da publicação do decreto presidencial, a Geap registrou em cartório o novo estatuto, em que confirma ser uma fundação de direito privado. A União, pelo estatuto, é a patrocinadora da entidade.

Apesar de ter recebido repasses do governo federal de mais de R$ 1,9 bilhão nos últimos 10 anos, a entidade é considerada uma caixa-preta porque não presta contas ao TCU.

Em março, a ANS decretou intervenção da Geap em razão dos resultados negativos que vinha apresentando - dívida de cerca de R$ 260 milhões.

A Geap é uma entidade.de autogestão em Saúde criada pelos próprios servidores para atuar originalmente em apenas quatro órgãos públicos: os ministérios da Previdência e da Saúde, a Empresa de Tecnologia e Informação da Previdência Social (Dataprev) e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A entidade, no entanto, firmou convênios sem licitação com cerca de outros 80 órgãos (hoje diz atender 99, segundo informa em seu site), e atende mais de 600 mil servidores.

Na Justiça. Os acordos foram alvo de questionamentos na Justiça. Em 2004, o TCU analisou a questão e disse que a lei só permitia aos patrocinadores originais da Geap (Previdência, Saúde, Dataprev e INSS) contratá-la sem licitação - os convênios com outros órgãos não poderiam nem ser renovados. Em 2006, a Procuradoria-Geral da República deu respaldo à tese do TCU ao afirmar que não era "admissível o enquadramento do acordo firmado entre a Geap e os órgãos e entidades da administração pública, exceto seus patrocinadores7". Em março deste ano, o STF negou pedido feito por 18 associações de servidores que questionavam decisão e respaldou o TCU.

Na visão do TCU, da PGR e do Supremo, a Geap é uma entidade de direito privado e, por isso, só lhe é permitido fazer convênios com seus patrocinadores originais. A relação com qualquer outro órgão, portanto, é caracterizado como "prestação de serviço para terceiros" e deveria ser objeto de licitação.

Manobra. O decreto de Dilma permite que a Geap firme convênios com o Planejamento, pasta que gere a folha de pagamento do funcionalismo, Na prática, abre-se a possibilidade para que a Geap firme convênios com todos os servidores da União, sem licitação e sem qualquer prestação de contas dos repasses recebidos. Ao tomar a União sua patrocinadora, a Geap tenta driblar as restrições jurídicas à extensão de convênios com toda a Esplanada.

O deputado Augusto Carvalho (SDD-DF) disse que formulará um decreto legislativo para sustar os efeitos do decreto presidencial "É inconstitucional, uma aberração, uma afronta", Carvalho pretende também solicitar ao Supremo que torne pública a decisão sobre o tema, "Até hoje não foi publicado o acórdão", disse o deputado.

Relator de uma proposta de Fiscalização e controle na Comissão de Defesa do Consumidor para. investigar convênios da Geap, o deputado Antonio Reguffe (PDT-DF) disse que se surpreendeu com o decreto. "Uma vez que a Geap foi considerada pela Justiça corno urna empresa privada, deveria haver uma licitação para que fosse escolhida a empresa que melhor atendesse o interesse público um o governo teria que criar uma empresa, estatal para tocar o plano de seus servidores. Agora, quem vai fiscalizar isso, se o TCU se julga incapaz de fiscalizar porque considera uma empresa privada?", declarou.

A Geap teve como dirigentes quadros do PT e está sob a influência do partido - os ministérios patrocinadores indicavam seus dirigentes.

A nova diretoria da Geap foi definida na última sexta-feira, mas os nomes dos seis conselheiros não foram divulgados nem pela ANS nem pelo Ministério do Planejamento.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Pré-sal, pré-eleições - Eliane Cantanhêde

Como era previsível, acaba o leilão do campo de Libra e começa automaticamente a guerra política de versões sobre as vantagens e desvantagens do resultado.

Para a oposição, o formato imposto pela presidente Dilma é demasiadamente intervencionista, dando de mão beijada a operação e o mínimo de 30% de participação à Petrobras, empresa que vem despencando em confiança e valor nos anos petistas. Esse formato afugentou, assim, as gigantes internacionais do setor. Tanto que um único consórcio se apresentou, e com a oferta mínima, sem ágio.

De quebra, os tucanos afiaram o bico para lembrar que o PT condenou as privatizações no governo FHC e agora vai pelo mesmo caminho, seguindo a obviedade de que, sem capitais privados e internacionais, nada feito. Segundo eles, os petistas no poder só mudaram o nome do regime para "partilha".

Ao largo da gritaria oposicionista, raros no Congresso, como o senador Roberto Requião (PMDB-PR), puseram-se radicalmente contra o leilão e a favor dos sindicalistas. Ali, os protestos tiveram pouca repercussão.

Do lado governista, o Planalto e o PT batem bumbo para um consórcio que, apesar de vencer sem concorrentes e sem ágio, tem 40% de participação da Petrobras, 40% das europeias Total e Shell e 20% das chinesas CNPC e CNOOC.

Para eles, repetindo o jargão dos leilões da era FHC, ontem foi "um dia histórico". O consórcio é gigante e o Brasil, segundo o senador Jorge Viana (PT-AC), vai explorar "esse bilhete premiado [o pré-sal] pondo à frente o interesse do cidadão, não apenas o do setor privado".

Na guerra política, ganha quem fala mais grosso e tem os canais à disposição para falar. A maioria da população não sabe do leilão, e a maior parte dos que sabem não toma partido ou, no mínimo, tem dúvidas. O que tende a prevalecer é o pronunciamento ufanista de Dilma. Ela ficou longe e a salvo no leilão, mas soube tirar votos do "dia histórico" pela TV

Fonte: Folha de S. Paulo

O peso de Libra - Miriam Leitão

O leilão não teve competição, mas o governo pode respirar aliviado porque o consórcio que vai explorar Libra terá mais diversidade do que se esperava. A entrada da Shell e da Total mudou a cena de uma privatização estatizante. Mesmo assim, há inúmeras dúvidas para o futuro que terão que ser resolvidas no próximo leilão do pré-sal, que será só daqui a dois ou três anos.

Petrobras aumentou a parcela que já tinha garantido pela modelagem e terá 40% do consórcio. Por lei, será a operadora. Outra surpresa foi o recuo da China, que parecia que iria com muita sede ao pote, mas acabou ficando apenas com 20% do capital, 10% da CNOOC e 10% da CNPC. Com a Petrobras, serão três estatais com 60%. A Shell e a Total terão cada uma o equivalente ao que o capital chinês conquistou. E ainda haverá outra estatal que não entra com o capital, mas com direito a veto e voto, a PPSA. A declaração de ontem da Total de que só entrou depois de ter certeza de que as nomeações para a PPSA eram técnicas mostra a desconfiança do investidor em relação ao Brasil e ao excesso de nomeações políticas para órgãos reguladores e estatais.

O governo está batendo bumbo de vitória, mas ele já está avaliando a mudança do formato. Nem a Petrobras quer ter a obrigação de ser a operadora de todos os campos do pré-sal. Ela está descapitalizada pela política de controle dos preços dos combustíveis, terá que desembolsar R$ 6 bilhões de bônus de assinatura e isso é só o começo. A necessidade de investimento é muito alta para os próximos anos.

O governo cometeu uma sucessão de erros desde que ficou claro que o país tinha grandes reservas de petróleo no pré-sal. Demorou demais a tomar as decisões, paralisou por cinco anos os leilões e isso fez cair 66% a área que está em exploração. O Brasil tem tido queda da produção de petróleo.

Criou um modelo tão complexo para conquistar o apoio dos mais nacionalistas, mas ontem fez um leilão no qual houve uma participação muito menor do que chegou a sonhar, com a Petrobras em greve, e o Exército enfrentando manifestantes. .....

Nesse período, o governo fez uma complexa capitalização da Petrobras para reduzir o endividamento da empresa e prepará-la para os grandes investimentos. Mas a capitalização derrubou o valor de mercado da empresa, e hoje ela está tão endividada quanto estava antes e acabou de ter a nota de risco rebaixada.

A despeito de todos os problemas de formatação do modelo de exploração que de quebra abriu uma guerra federativa pelos royalties — a Petrobras estar no comando é até natural. Ela poderia conseguir isso sem qualquer empurrão, por ser a empresa líder em exploração de petróleo de águas profundas: tem 25% do que é explorado no mundo. A Total também tem experiência em exploração em águas profundas na África, em áreas com geologia parecida com a do Brasil.

Claro que bem mais difícil é a produção em águas ultraprofíindas, tendo que perfurar dois mil metros de sal, a 170 quilômetros da costa. A empresa, no entanto, tem capacidade de superar dificuldades tecnológicas, como já provou ao longo de sua história.

Libra era a joia da coroa. Já se sabia de suas potencialidades. Nesse aspecto não há como esconder que seu leilão não foi o sucesso que o governo dizia que seria, quando afirmava que 40 empresas disputariam. Não houve disputa, mas formou-se um consórcio sólido, de boas empresas, com experiências diferenciadas. E a partir dessa experiência, o governo começará a pensar em mudanças no formato do pré-sal e na 12^ rodada, que será feita no bem sucedido modelo de concessão.

Fonte: O Globo

Procure pensar - Dora Kramer

Na política costuma-se dizer que quando os fatos criam pernas as pessoas perdem a cabeça, Pois é o que ocorre na polêmica das biografias.

Muitas análises consistentes e ponderadas foram feitas em reação ao grupo Procure Saber, defensor da manutenção do artigo do Código Civil que dá a biografados e herdeiros o direito de impedir a circulação das obras.

Inúmeros, no entanto, foram os desaforos dirigidos a Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan e Paula Lavigne, coordenadora do movimento. Exclui-se daí o detonador da bomba, Roberto Carlos, porque ele age como o ex-presidente Lula da Silva: na hora do aperto some e faz de conta que não é com ele; nada sabe, nada viu, nada diz.

Troca de insultos não é discussão. É cabeça perdida, é evasão de impulsos (primitivos). De onde Paula Lavigne perdeu a razão em seu apelo à civilidade quando a perdeu no trato com a jornalista Bárbara Garcia no programa Saia Justa. Bárbara argumentava, Paula quis ferir.

O referido artigo não fala apenas de biografias. Vejamos pelo texto o alcance da coisa. "Salvo de autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou Grapo Procure Saber não pesou nem mediu o alcance de seus atos se se destinarem afins comerciais".

Convido o senhor e a senhora a lerem de novo, com a calma que faltou aos nossos grandes artistas e à empresária que atua como porta-voz, afim de perceber que não estamos falando exclusivamente de biografias. Toda pessoa que se sentir atingida de alguma forma por "escritos", "transmissão de palavra" ou exposição de "imagem" pode requerer a interdição de divulgação. Por essa lei, os acusados no processo do mensalão poderiam ter pedido à Justiça a proibição de quaisquer notícias sobre o assunto dado que ao juízo deles obviamente isso lhes atingia a "boa fama" e a "respeitabilidade".

O mesmo serve a todo personagem de noticiário desfavorável. Também pode ser invocado por gente citada em letras de músicas, propagandas, romances baseados em fatos reais, aplica-se a toda gama de manifestação artística, cultural, jornalística, cotidiana.

Se a Justiça iria acatar tal pedido é outra história, mas o instrumento está ali e a ele dá-se o nome de censura; não há outro. Quando não aceitam ser chamados de censores os integrantes do Procure Saber têm razão. Certamente não os motivou o desejo de interditar a livre manifestação.

Faltou discernimento e sobrou açodamento a seus autores. Não avaliaram corretamente a seara em que entravam nem examinaram com o devido tirocínio o alcance da "causa" nem imprimiram estratégia aos movimentos.

Resultado: um tiro no pé. A questão não despertava maiores interesses, Tanto que quando o artigo foi. incluído na reforma do Código Civil, em 2002, não se viu essa celeuma. Ura projeto para na prática revogá-lo tramitava vagarosamente na Câmara e urna.Ação de Inconstitucionalidade contra a proibição se arrastava no Supremo Tribunal Federal desde 2011.

Agora o tema passou a ocupar o espaço das prioridades em ambas as instâncias, ultrapassou a fronteira do interesse de editoras c escritores, o engajamento das celebridades o fez ganhar dimensão e, embora não tenha siclo esse o objetivo, renovou o compromisso da maioria das vozes abalizadas com a liberdade de expressão.

Os desvios, corno assentou o STF na derrubada da Lei de Imprensa, ficam ao encargo do Código Penal

De métodos. Durante 16 dias o governo americano esteve sob o risco de calote por força da ação da oposição e não se ouvi falar na distribuição de cargos, afagos ou beijos para resolver o problema.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Jogo vencido - Tereza Cruvinel

A solidez indiscutível do consórcio vencedor do leilão de Libra neutralizará críticos à ausência de competidores

A descoberta de petróleo na camada do pré-sal, em 2010, foi anunciada com a retumbância das salvas de canhão com que os representantes da Coroa saudavam um novo e grande garimpo de ouro nas Minas, no século 17. O Brasil seria enfim uma potência petrolífera, com o futuro assegurado. Profecias à parte, o tempo do pré-sal começou ontem, com o leilão do Campo de Libra, festejado pelo governo Dilma como um "sucesso absoluto": o modelo de partilha adotado foi aprovado e o consórcio vencedor é de solidez indiscutível. Dilma teve um de seus dias mais felizes no governo, disseram auxiliares. Mas como só houve um competidor, vitorioso com uma proposta sem ágio, críticos e adversários poderão também dizer que houve desinteresse das outras petroleiras habilitadas, que não apresentaram propostas, quaisquer que sejam as razões delas.

Afora os aspectos econômicos de um negócio que não fará o óleo jorrar agora, embora vá aportar, na assinatura do contrato, cerca de R$ 15 bilhões ao Estado brasileiro, o êxito ou o fracasso do leilão teriam implicações político-eleitorais para a presidente Dilma Rousseff. Mesmo com os reparos que possam ser feitos ao resultado, um fracasso — como aquele do leilão da rodovia BR-50, em setembro, que foi anulado porque não apareceu um único grupo interessado na concessão — teria efeitos desastrosos, fosse para o programa de exploração em si, fosse para a imagem da presidente, que apostou no modelo de partilha, contra algumas opiniões especializadas, e no êxito do primeiro leilão ainda este ano. Para garantir a segurança jurídica, os advogados da União travaram uma guerra judicial para derrubar as tantas liminares que foram concedidas nos últimos dias contra o leilão. Num momento em que a proximidade da disputa eleitoral faz subir o tom das críticas ao estilo voluntarioso, ao centralismo e às certezas técnicas da presidente, um fracasso municiaria fortemente os adversários. Os sites e os perfis das candidaturas de Eduardo Campos/Marina Silva e de Aécio Neves na internet, sempre ativos, até o começo da noite mantinham silêncio sobre o resultado. Os tucanos poderão sempre dizer que, afinal, o PT ajoelhou e beijou a cruz, reconhecendo a importância do investimento privado e as limitações do Estado.

"Libra será um divisor de águas entre passado e futuro", trombeteou o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. As línguas críticas, ontem contidas, ainda vão se soltar. Mas, ainda que o maior campo petrolífero do mundo oferecido ao setor privado tenha sido arrematado por lance único e sem ágio, a junção de empresas como Petrobras, Shell (Reino Unido-Holanda), Total (França) CNPC (China) e CNOOC (China) já calou ensaios de críticos. A solidez é indiscutível. E tendo a Petrobras ficado com 40% da sociedade (30% que já teria mais 10% que adquiriu ao associar-se), o governo poderá acalmar setores do PT e da base aliada (como o senador Roberto Requião), que temiam a entrega total da reserva ao capital estrangeiro. Ainda que isso pouco signifique para os grupos anarco-esquerdistas que armaram uma praça de guerra na região do leilão. Dilma pode celebrar. Os adversários, nem por isso, deixarão de alfinetar. Estão na oposição porque têm ideias diferentes para o Brasil, seus problemas e riquezas.

Flores do mal
"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir." Isso é George Orwell, que apostou vida e obra na defesa da liberdade e no combate ao totalitarismo, que resume todos os ismos do mal.

O debate sobre limites ou não para biografias seria um bom exercício. Não está sendo, até aqui, porque há algo vagamente maccartista na forma como vêm sendo tratados os artistas e os agentes culturais do grupo Procure Saber. Na mídia e nas redes sociais, estão sendo verbalmente trucidados pelos que não gostaram do que eles disseram. Mais ainda, pelos que acham que não tinham o direito de dizer o que disseram. Logo, direito à divergência.

De repente, essas figuras míticas, sobre as quais pairava certa unanimidade, estão provando deste ácido que vem se infiltrando entre nós, o do pensamento único. O que disseram Chico Buarque, Caetano Veloso e outros, quem resumiu foi Paula Lavigne, ao afirma que estamos diante do duelo entre dois gigantes: as garantias constitucionais à liberdade de expressão e à privacidade. A defesa de um desses direitos não pode significar a negação do outro. Estigmatizá-los como defensores de censura prévia porque lembram o direito à privacidade parece-me um pouco demais. Um fruto verde dessa mentalidade que vem ganhando força, a de negar ao outro o direito a pensar diferente. Ela brotou na política e está se espalhando.

O STF prepara uma audiência pública sobre o tema, mas quem precisa correr é o Congresso, para aprovar uma lei pautada pelo bom-senso. Algum ponto de equilíbrio tem que existir entre o direito à liberdade de expressão, pelo qual esses artistas e todos nós lutamos na resistência e na transição, e a privacidade, essa legítima aspiração do ser humano a proteger o que é muito seu, especialmente a dor: aquilo que nada tem a ver com obra, vida pública ou coisa republicana.

Fonte: Correio Braziliense

O Lula continua o ladino de sempre - Rosângela Bittar

Os partidos de esquerda reagem ao hegemonismo do PT

A entrevista do ex-presidente Lula ao El Pais, no fim de semana, em que tece críticas ao Partido dos Trabalhadores, revela que o ex-presidente mantem-se em forma na esperteza. Quis claramente dar uma satisfação aos partidos aliados, até o pescoço insatisfeitos e desconfortáveis na aliança de governo com a persistente hegemonia do PT que, entra eleição, sai eleição, não cede um milímetro de todos os seus quinhões. Principalmente neste momento de definição de alianças estaduais para 2014.

Poucas vezes um chefe político foi tão claro numa mensagem, aparentemente ao seu partido, para efeito de mudanças de comportamento, correção de rotas e indicações para o futuro. Mas o efeito esperado é para fora (aliados), não para dentro (PT). "Gente mais ideológica trabalhava de graça, de manhã, tarde, noite", lembrou ele, na entrevista, sobre o início do PT, nos anos 80. "Agora você faz uma campanha e todo mundo quer cobrar. Algumas pessoas querem muito um lugar no Congresso, outras um cargo público...", lamentou.

Lamentou? À parte o fato de que foi com o ex-presidente que a militância petista ingressou na era da cobrança de honorários para militar, na fase de apego maior aos cargos, na voracidade da tomada dos meios, inclusive com disputas fatricidas pela ocupação de nichos conquistados antes por outras facções, para alguém servirá o recado de Lula. Na verdade jogou o ex-presidente para a arquibancada, deu uma satisfação aos aliados que já debandaram ou ameaçam debandar.

A cada entrevista do ex-presidente, contradições e descompromissos jorram por todos os lados, sem surpreender mais a ninguém. Mas não é preciso coerência ou compromisso para o discurso de Lula, que não cola no PT mas o partido acha que tem que colar nos outros. No fundo não quer perder os aliados, sobretudo à esquerda, que ainda lhe dão um lustre ideológico.

Tudo é exatamente igual ao que ocorreu desde sempre, é a linha mestra da peroração lulista. Se há alguém desligado da história, da realidade, de ideias, palavras e obras, é Lula. O ex-presidente é casuísmo e pragmatismo em estado puro.

Seus históricos aliados à esquerda rebelam-se. Só na conversa o ex-presidente não conseguiu segurar o PSB, que decidiu enfrentar o PT e a guerra contra si aberta pela cúpula petista e manter a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos, com uma duríssima campanha contra. Tenta, agora, segurar os outros. No PDT, o senador Cristovam Buarque vem criticando os dirigentes que jogaram o partido no colo da presidente Dilma muito cedo. Agora foi o PCdoB, mais à esquerda que os demais, demonstrando saturação do hegemonismo.

Sempre houve insatisfação e desconforto desses aliados com meios, modos e métodos do PT mesmo antes de o partido chegar ao poder federal. Depois que chegou, a cada ano, ora rebelava-se um, ora outro, e ninguém mais escondia do Presidente da República, fosse Lula ou Dilma, o desejo da independência, que se acirra com a proximidade de eleições. Como os aliados à direita são mais fortes, estava ficando fácil para o PT abafar a voz da esquerda.

O PSB, sob a presidência de Eduardo Campos, foi o primeiro a levar a reação às vias de fato. Parte do PDT, onde se abriga o senador Cristovam Buarque, ele próprio um ex-candidato a Presidente da República, ameaça impedir o adesismo precoce. O propósito do ministro e deputado federal Aldo Rebelo de deixar o governo Dilma para se candidatar ao governo de São Paulo, ou negociar a disputa da vaga paulista ao Senado fazia também parte dessa onda de libertação.

Cansados de só reclamar, os partidos resolveram agir para se fortalecer, seguindo o princípio de que aliado fraco não se impõe. O PCdoB elegeu colégios prioritários para sua tentativa de crescimento. Na última quinta-feira Aldo foi obrigada a recuar de seu propósito de sair do governo para candidatar-se, sobre o qual vinha conversando com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Foi impossível recusar o apelo para ficar, não tendo uma razão de Estado para sair. Ainda mais quando está responsável por um projeto que envolve governos federal, estaduais e municipais, como o da realização da Copa do Mundo.

Não houve compromissos, nem da Presidente nem dele, com permanência no cargo ou no governo caso Dilma seja reeleita. Depois da Copa o ministro verá como retomar a questão partidária, que foi adiada mas não perdeu o sentido de urgência. E não há qualquer esperança em uma mudança de postura do PT: foi só o ministro anunciar o fico que o partido de Lula colocou no palanque de Alexandre Padilha, em São Paulo, a candidatura de Eduardo Suplicy ao Senado.

O PT não quer perder seu aliado mais à esquerda, vez que já perdeu o PSB, mas nada quer fazer para mantê-lo. Tanto o PSB, quanto o PCdoB, vinham alertando o governo. Uma coisa é apoiar o projeto presidencial do PT, outra muito diferente é sustentar a conquista do governo de São Paulo, do Rio, do Maranhão, ou de qualquer outro lugar onde a chance maior não é dele.

O PT acha que tem que ter muito mais que a Presidência da República, os aliados pensam exatamente o contrário. O PT tem o gogó de Lula. Os aliados só o grito de independência ainda preso à garganta.

A partir de hoje a burocracia do Ministério da Saúde se responsabilizará pela qualidade e legalidade da atuação dos médicos no Brasil. Com a sanção da lei do médico estrangeiro, prevista para hoje, o governo federal fará o registro dos primeiros 220 médicos pelo critérios da liberação ampla, geral e irrestrita, sem cumprir critérios de formação, diplomação e qualidade ou pré-requisitos de qualquer espécie. A sanção teria sido feita ontem não fosse o leilão do Campo de Libra. O marqueteiro do governo quer um bumbo de cada vez e foi quase concomitante a batida do martelo do petróleo com o anúncio da assinatura da nova lei. Para hoje.

Fonte: Valor Econômico

Panorama Político -Ilimar Franco

Uma nova realidade
As eleições de 2014, concordam os partidos, serão marcadas por protestos. Não se sabe ainda se serão de massa ou limitados aos radicais. Nem se serão pacíficos ou violentos. A presidente Dilma e o governador Sérgio Cabral são alvos visíveis, mas ninguém acha que serão os únicos afetados. Os partidos não sabem como tratar as manifestações. Eles oscilam entre insuflar e descaracterizar.

Quem paga a conta?
União, estados e municípios estão empurrando, um para o outro, o pagamento dos encargos dos agentes comunitários de saúde. Por isso, o reajuste para a categoria pode não sair. Hoje os municípios gastam R$ 950,00 com salários e impostos. Os agentes querem um piso salarial de R$ 950,00. Os municípios organizam mobilização nacional de prefeitos para não ficarem com a conta dos encargos. Os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disseram ontem, aos líderes aliados, que a União não vai assumir a despesa. Os prefeitos querem que os Estados assumam, mas os governadores não querem nem ouvir falar.

“O PMDB dá liberdade para alianças e lançar candidatos. Mas, nos estados onde seremos adversários do PT, há compromisso de aprovar a aliança nacional na convenção”

Valdir Raupp
Presidente do PMDB e senador (RO)

Ladrão de galinha
Um servidor do Ministério da Previdência foi preso pela Polícia Federal por desviar folhas de papel. Há cinco anos, ele roubava resmas de papel A4 e levava para a empresa copiadora de um amigo, no Setor Comercial Sul, em Brasília.

Na onda do pré-sal
O ambiente no Planalto é de euforia com o leilão de Libra. A presidente Dilma comemora: o vencedor é o maior consórcio já formado no mundo, com grandes empresas privadas e estatais. A animação decorre também do volume de investimentos que será feito, a partir de 2014, ano das eleições, para que o petróleo possa jorrar em cinco anos.

Os ministros candidatos
A ministra Mário do Rosário (Direitos Humanos) está sendo sondada para concorrer ao Senado. O PT precisa de um candidato forte para enfrentar dois pesos pesados: o do PDT, o comunicador Lasier Martins; e, o do PMDB, o senador Pedro Simon ou o ex-governador Germano Rigotto.

Só pra contrariar
Os petistas contam que nem sempre a vontade de Lula prevalece. Citam: Ele queria uma aliança com o PMDB em 2010 e Zeca do PT (MS) concorreu ao governo; em 2012, queria apoiar o prefeito de BH, Márcio Lacerda (PSB) mas Patrus Ananias concorreu; e, queria que a candidata, em Porto Alegre, fosse Manuela D’Àvila (PCdoB).

Enterrada
Os líderes mais realistas do Congresso não creem na aprovação de nenhuma reforma política. Dizem que não haverá unidade para aprovar nada enquanto o PMDB defender o distritão, o PT o voto em lista e o PSDB o voto distrital.

Negócio da China
O vice Michel Temer embarca na semana que vem, com comitiva do agronegócio liderada pela presidente da CNA, senadora Katia Abreu, para Cantão, na China. Temer participa de reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível.

O vice do Rio, Luiz Fernando Pezão, não sai do interior do Rio e da Região Metropolitana: “Tô cuidando de obra. Entregando e anunciando”.

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

O petróleo é nosso?
Com o resultado do leilão do campo de Libra, a principal preocupação do Planalto ontem era neutralizar as críticas de que o pré-sal foi privatizado. Auxiliares de Dilma Rousseff relatam que, apesar da esperada crítica da oposição, o governo foi pego de surpresa com a resistência de grupos ligados ao PT. O pronunciamento da presidente na TV foi gravado para acalmar esses setores. O maior temor é o de que cole no governo o carimbo de incoerência com bandeiras históricas do PT.

Rindo à toa Ao final do leilão, José Eduardo Cardozo (Justiça) foi à sala de controle de segurança montada no hotel na Barra para cumprimentar os agentes pela operação.

Deu praia O comentário na sala era que havia "mais banhistas que manifestantes" cercando o prédio.

Rascunho Dilma mandou seu pronunciamento para integrantes do governo que participavam do leilão no Rio para que não houvesse erro.

Marcação Guido Mantega (Fazenda) rebate Aécio Neves (PSDB-MG), que chamou de "medíocre" o crescimento do PIB sob Dilma: "De que crescimento ele fala? Dos 3,6% dos últimos dez anos ou 2,3% de oito anos de FHC?".

Em tempo A se confirmar a previsão de crescimento de 2,5% neste ano, a média dos três primeiros anos de Dilma será de 2,15%, menor que a do período tucano.

Mimo Com apoio de Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Anthony Garotinho (PR-RJ) e sua mulher, Rosinha, prefeita de Campos, conseguiram a municipalização do aeroporto da cidade.

Vapt-vupt O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), diz ser favorável à publicação de biografias não autorizadas, mas defende que o autor, em caso de difamação, enfrente processo judicial em rito sumário. Ele processou Fernando Morais por citá-lo em um livro.

Banquete José Serra vai jantar com integrantes do PSDB baiano na quinta-feira. O anfitrião, João Gualberto, é pré-candidato da sigla ao governo da Bahia.

Em duplas Aliados de Serra justificam o périplo do tucano pelo país: "É uma maneira de dobrar a exposição do PSDB. Eduardo Campos fez o mesmo ao atuar junto com Marina Silva".

Resgate Pesquisa do PSDB detectou alta na avaliação de Geraldo Alckmin após divulgação de que a facção criminosa PCC teria planejado sua morte. Tucanos creditam o resultado à postura de "coragem" do governador.

Neutro O presidente nacional do PT, Rui Falcão, nega que tenha declarado apoio a qualquer um dos pré-candidatos do partido ao governo da Bahia. No fim de semana, José Sérgio Gabrielli lançou-se dizendo ter apoio de Falcão e do ex-presidente Lula.

De olho Interlocutores do Judiciário afirmam que Eliana Calmon entrou para valer na disputa pelo Senado na Bahia. Ela tem até abril para se filiar a algum partido.

Estrutura Segundo relatos, a estratégia da ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça passa por reativar o discurso de combate aos bandidos de toga, polêmica durante sua gestão no órgão, e fortalecer seu grupo no Tribunal de Justiça da Bahia.

Visitas à Folha Delcídio Amaral, senador pelo PT-MS, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Silvio Bressan, assessor de imprensa.

Paulo Pereira da Silva, deputado federal pelo Solidariedade-SP, visitou ontem a Folha. Estava com Jorge Luis Pires, assessor de imprensa.

Tiroteio

"Não é o momento de tiroteio. É hora de celebrar a privatização do petróleo pelo PT, um divisor de águas histórico para o partido."
DE ELENA LANDAU, presidente do Instituto Teotônio Vilela do Rio e ex-diretora de desestatização do BNDES no governo FHC, sobre o leilão do campo de Libra.

Contraponto

Política da boa vizinhança
Em evento do PMDB no último fim de semana no município paulista de Tatuí, o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ganharam doces do anfitrião, José Manoel Coelho (PMDB), prefeito da cidade. Quando viu os presentes, o prefeito de Tietê, Manoel David (PSD), protestou:

--Esses doces são feitos em Tietê! Eles só foram embalados em Tatuí --brincou.

Diante da "denúncia", Skaf, que acabara de ser lançado candidato a governador de São Paulo, rebateu, rindo:

--Precisamos esclarecer essa questão!

Fonte: Folha de S. Paulo

Brasília-DF – Denise Rothenburg

A PEC 300 do momento
A alegria do governo com a sanção hoje do Mais Médicos vai durar pouco. A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já estão com dor de cabeça por causa da mobilização desta tarde no Congresso, onde são esperados 10 mil agentes de saúde. Eles chegam para pressionar a aprovação de um aumento salarial, embutido no projeto de lei que transforma em piso os R$ 950 repassados aos estados para o pagamento de um salário mínimo a cada um, mais os encargos. Discretamente, líderes e vice-líderes de plantão fizeram um pedido de urgência para votar o projeto e espalharam a boa nova à categoria que hoje vem cobrar a fatura — algo em torno de R$ 2 bilhões por ano a mais nos gastos do governo.
A perspectiva de acordo para aprovar a proposta repassa a conta dos encargos aos estados e a compra de material aos municípios. Afinal, se ficar por conta da União, a reserva dos R$ 15 bilhões de bônus de assinatura do pré-sal para investimentos já era. A guerra em torno desse projeto dos agentes de saúde lembra a muitos a velha briga da PEC 300, que volta e meia mobiliza policiais em busca da sonhada equiparação com os salários pagos no Distrito Federal. E, sabe como é, com a eleição logo ali, qualquer bondade que entrar em pauta emplaca. Por isso, a ordem será evitar que chegue ao plenário.

Guerra de versões
O próximo programa do PT que vai ao ar esta semana pretende tratar o resultado do leilão de Libra, do pré-sal, como um sucesso, sem entrar nos detalhes do negócio. Enquanto isso, a oposição baterá na tecla de que foi um fracasso. Só um consórcio apareceu e não deu um dólar sequer de ágio. Se o preço da gasolina subir muito até outubro do ano que vem, há quem diga que o eleitor é bem capaz de dar mais crédito aos oposicionistas.

Sem pai nem mãe
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia, anda meio desconsolado. Embora o filho, o deputado Felipe Maia, tenha uma votação para lá de expressiva, está sem coligação, o que torna difícil atingir o coeficiente eleitoral para assegurar a vaga na Câmara dos Deputados. Daí, a expectativa de aliança do Democratas com o PMDB no Rio de Grande do Norte.

Queda de braço
Um grupo do PMDB tenta forçar a porta para emplacar o diretor Marcelo Bechara no comando da Anatel. O problema é que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, não abre mão de reconduzir João Rezende ao cargo e já fechou tudo com a chefe, Dilma Rousseff. Caberá ao PMDB se contentar com Igor Vilas Boas numa diretoria, conforme antecipado aqui no domingo, ainda que a bancada esteja meio frustrada por não ter sido ouvida.

Novo afilhado
O ex-presidente Lula fez chegar aos aliados em Pernambuco que seu nome preferido para concorrer ao governo do estado com a bandeira de Dilma Rousseff no palanque é o senador Armando Monteiro Neto, do PTB. Assim, agrega vários partidos, reduzindo o poder de fogo do governador Eduardo Campos e os efeitos das brigas internas do PT.

Nem vem/ Quem liga para a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e faz a gracinha "futura governadora", ouve logo um "nem pensar. Tenho saudades daquele tapete azul. Se sair daqui, vou concorrer ao Senado".

Magoado/ O ministro do Supremo Tribunal Federal Antonio Dias Toffoli (foto) está hoje mais próximo da oposição do que da situação.

Isso são horas?!!/ O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) acordou ontem às 5h, pegou o celular e tocou no último número ligado na noite anterior. Ninguém atendeu. Às 8h, liga para ele o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, preocupado: "Qual era a emergência das quatro da madrugada?".

Isso são horas 2?!!!/ Rodrigo, meio sem jeito, respondeu: "Toquei sem querer na tecla da última ligação... Mas, pera aí. Não era quatro da manhã!". "Era sim. Aqui não tem horário de verão!". Bem, agora Rodrigo não vai esquecer. Quem quiser falar com alguém no Nordeste logo cedo, é bom se lembrar da diferença de horário.

Fonte: Correio Braziliense

Política – Claudio Humberto

• Conta dos cartões: R$ 150 milhões na era Dilma
A conta dos cartões corporativos já ultrapassou os R$ 150 milhões desde o início do governo Dilma, em 2011. O recorde ocorreu em 2012, quando foram torrados quase R$ 60 milhões. Para variar, a Presidência da República é quem mais gastou: mais de R$ 18 milhões em 3 anos. O contribuinte só pode conhecer o total da farra: o detalhamento virou “segredo de Estado” desde o escândalo da tapioca, no governo Lula.

• Inteligência
A Agência Brasileira de Inteligência (sic), última a saber da espionagem americana, torrou R$ 7,2 milhões com cartões somente em 2013.

• Sem declarar
Desde o início do governo Dilma, a Abin gastou quase R$ 40 milhões com cartões, sem prestar contas de nenhuma das despesas.

• Invasão chinesa
Associação da indústria têxtil (Abit) anuncia o fim de 598 mil empregos, após o Brasil importar US$ 5 bilhões em têxteis da China em 9 meses.

• PCC chinês
Após jejum, Diogo Mainardi volta ao Twitter avisando que “os diretores da chinesa CNPC (vencedora do leilão) estão na cadeia por suborno.”

• Governo cobra do contribuinte o lago que poluiu
Erros e omissões de burocratas de órgãos ambientais como Ibram, da estrutura do governo do Distrito Federal, e Ibama, do governo federal, além da leviandade de gestores públicos, favoreceram o vazamento de óleo da caldeira do Hospital da Asa Norte, que percorreu 5km, sem qualquer contenção, até poluir o lago Paranoá. Mas quem vai pagar tudo, além dos altos salários desses inúteis, é a vítima: o contribuinte.

• Custo da despoluição
Somente a despoluição do lago Paranoá, por empresa já contratada, vai custar R$ 2 milhões. É só uma estimativa. Pode sair bem mais caro.

• Sem responsabilidade
Burocratas que não fiscalizaram ou negligenciaram obras para evitar o desastre ambiental, não vão arcar com qualquer despesa.

• Hipocrisia
O omisso Ibram, do governo do DF, multou em R$ 280 mil a Secretaria de Saúde… do governo do DF. Noves fora, o contribuinte é quem paga.

• Estado de sítio
O Ministério Público do Rio ficou pianinho diante do “comprovante de residência” exigido de quem mora próximo ao Hotel Windsor, durante o leilão de Libra, e evitou falar sobre a “tese” do direito (suspenso) de ir e vir, como num Estado de Sítio. O Exército negou ter feito isso. Mas fez.

• No fundo do poço
A Petrobras pedirá grana aos chineses? Deve 3 meses de aluguel de plataformas em Macaé a Brasdrill, Diamond Offshore, Ventura Petróleo e GE. A Baker Hughes demitiu 600, e a Schulumber está parando.

• Os sem-acesso
Correspondentes de jornais estrangeiros vão pedir ao chanceler Luiz Alberto Figueiredo acesso ao governo. Dilma não quer papo, e até o falante ministro Guido Mantega não quer ouvir seus questionamentos.

• Até parece Cuba
O Tribunal de Contas da União apurou que nos principais hospitais públicos do Amapá faltam leitos, equipamentos, material básico e, no mínimo, mais 750 médicos. Os R$57 milhões do SUS não deram conta.

• Agressão
O governador tucano Siqueira Campos (TO) puxou as orelhas, uma com cada mão, do repórter Eduardo Azevedo, após ser indagado sobre suas relações nada amistosas com a senadora Kátia Abreu (PMDB).

• Duas conversas
O ex-ministro José Dirceu criticou publicamente Eduardo Campos e Marina Silva, ontem, mas em particular faz elogios ao presidenciável do PSB, como em almoço no dia 20 de setembro, em Brasília, diante de uma dezena de pessoas. Ele só foi mais enfático nas críticas a Dilma.

• Espelho meu
O Estadão divulgou que ministros do TCU têm salários acima do teto e a farra de servidores federais (até artífices, datilógrafos etc) em cargos do Itamaraty lá fora. Só não contou que leu as notícias nesta coluna.

• Nem pensar
Relator da cassação de Natan Donadon, José Carlos Araújo (PSD-BA) garante que jamais cogitou ouvi-lo no Conselho de Ética: “Tenho coisas mil vezes mais interessantes para ouvir, e elas certamente não saem e jamais sairão dos lábios de Donadon”.

• Pensando bem…
…ao contrário da “autossuficiência” em petróleo propalada por Lula, agora teremos autossuficiência de chineses na Petrobras.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)