sábado, 12 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire: vice

"Não decidimos nem quem vamos apoiar em 2014, como discutir vice de alguém?
Temos a opção de candidatura própria e levamos em consideração duas candidaturas oposicionistas, ambas merecedoras de nosso apreço.

Roberto Freire, deputado federal e presidente nacional do PPS. In “PSDB avalia que ainda é cedo”, Correio Braziliense, 12/10/2013

Pesquisa Datafolha: Com Campos e Aécio, Dilma vence eleição no primeiro turno

Pesquisa Datafolha mostra que haveria segundo turno caso Marina Silva ou Serra concorresse com a petista

No cenário hoje mais provável, petista teria 42% dos votos, Aécio alcançaria 21%, Campos marcaria 15%

Ricardo Mendonça

SÃO PAULO - Pesquisa Datafolha realizada ontem mostra que a presidente Dilma Rousseff seria reeleita no primeiro turno se disputasse a eleição contra os dois candidatos mais prováveis do PSDB e do PSB, o tucano Aécio Neves e o socialista Eduardo Campos.

Nessa simulação, Dilma tem 42% das intenções de voto; Aécio, 21%; Campos, 15%. Votos em branco, nulo ou nenhum somam 16%. Outros 7% não sabem em quem votar.

O instituto testou quatro cenários para a eleição presidencial de 2014, alternando os nomes de Campos e Marina Silva, pelo PSB, e os de Aécio e José Serra, pelo PSDB.

Nas outras três combinações, Dilma não alcança índice suficiente para garantir vitória no primeiro turno.

No simulação em que a disputa aparece mais apertada, a petista tem 37% das intenções de voto, Marina marca 28%, Serra atinge 20%.

Trata-se, porém, justamente do cenário mais improvável da eleição, já que, hoje, os principais líderes do PSB e do PSDB trabalham pelas candidaturas de seus presidentes nacionais, Campos e Aécio.

Desta vez, o Datafolha fez 2.517 entrevistas em 154 municípios, o que resulta numa margem de erro de dois pontos para mais ou para menos.

As simulações do atual levantamento não podem ser diretamente comparadas com as anteriores porque não há coincidência de cenários.

No quadro que era tido como o mais provável no início de agosto, Dilma tinha 35%; Marina marcava 26%; Aécio alcançava 13%; Campos, 8%.

Após o fracasso da criação do partido Rede no prazo para concorrer em 2014, Marina filiou-se ao PSB. Com isso, não há mais como ela e Campos disputarem o mesmo cargo.

Os números da pesquisa de ontem sugerem que o eventual espólio eleitoral de Marina ficaria dividido de forma quase idêntica entre Dilma, Aécio e Campos.

Daqueles 26% que Marina tinha em agosto, Dilma teria herdado 7 pontos; Aécio, 8; Campos, também 7.

O levantamento de ontem confirma que Marina seria a adversária mais competitiva de Dilma. Após um período de forte exposição na mídia --em especial por causa da filiação ao PSB--, ela atinge 29% em seu melhor cenário. É quase o dobro da melhor situação de Eduardo Campos.

Nos recortes por idade, renda e escolaridade, Marina vence Dilma entre os mais jovens (16 a 24 anos), os que têm ensino superior e os que têm renda acima de cinco salários mínimos.

Dilma ganha em todas as simulações de 2º turno

A vitória mais apertada seria numa eventual disputa final contra Marina

Pesquisa Datafolha de ontem mostra ainda que o tucano José Serra, ex-governador de São Paulo, é o mais rejeitado

Conforme as simulações feitas ontem pelo Datafolha, a petista Dilma Rousseff venceria qualquer adversário num eventual segundo turno da eleição presidencial

A vitória mais apertada seria contra Marina Silva, recém-filiada ao PSB. Dilma teria 47% dos votos, a neossocialista ficaria com 41%.

Em relação à pesquisa anterior, de 7 a 9 de agosto, a diferença é mínima. Naquela ocasião, Dilma somava 46%, Marina tinha os mesmos 41%.

A margem de erro dos dois levantamentos é de pontos para mais ou para menos.

Na pesquisa de ontem, a vitória mais folgada de Dilma em hipóteses de segundo turno seria contra o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o outro possível candidato do PSB na disputa. O resultado seria 54% a 28%.

Contra o senador Aécio Neves (MG), o nome mais provável do PSDB na disputa de 2014, a petista ganharia por 54% a 31%. No enfrentamento ao tucano José Serra, ela seria reeleita por 51% a 33%.

Apesar de possuir mais intenções de voto que Aécio tanto no primeiro quanto no segundo turno, Serra tem algumas desvantagens em relação ao seu rival interno no PSDB.

A principal delas é a rejeição ao seu nome. O Datafolha de ontem mostra que 36% dos eleitores brasileiros não votariam no ex-governador de São Paulo de jeito nenhum.

Dilma, Campos e Aécio ostentam patamares parecidos de rejeição. Entre os nomes testados, Marina é a menos rejeitada, 17%.

Outra vantagem de Aécio está na taxa de conhecimento aos nomes dos candidatos.

Serra é conhecido por quase 100% do eleitorado. Assim, tem tem menor potencial de crescimento. Já o mineiro não é conhecido por 22%.

Por este critério, o maior potencial é o de Campos, um desconhecido de 43%.

Fonte: Folha de S. Paulo

Governador é chamado de traidor após se afastar do PT

Petistas protestaram contra Campos no RN

Aclecivam Soares

MOSSORÓ - Chamado de "traidor do PT e do Brasil" em faixa estendida perto da Câmara Municipal de Mossoró (RN), onde participou ontem de evento partidário, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, disse que o PSB abdicou de candidatura à Presidência em 2010 por um pedido do ex-presidente Lula.

"O partido atendeu a apelo do presidente", afirmou.

Quando o governador chegou ao local do evento, duas pessoas seguravam uma faixa com os dizeres "Eduardo Campos, traidor do PT, traidor do Brasil".

"O presidente Lula disse que precisava vencer as eleições logo no primeiro turno, mas a campanha foi para o segundo turno diante da força política de Marina", disse.

Campos defendeu sua gestão em Pernambuco e afirmou que a população "quer um Brasil diferente". Ele minimizou a orientação de Lula ao PT no sentido de isolar o PSB para alianças estaduais para 2014. "A nossa rede será de alianças para o bem do Brasil."

Após criticar o fatiamento de cargos no governo federal, Campos enviou à Assembleia Legislativa de Pernambuco projeto de lei que obriga que 969 dos 3.536 cargos do Executivo sejam exercidos exclusivamente por servidores aprovados em concurso.

A lei trará, segundo o governo, uma economia de R$ 25 milhões por ano pois o Estado pagará uma única gratificação.

Fonte: Folha de S. Paulo

Hostilizado por petistas, Campos diz que PSB vive outra dinâmica

Fernanda Francisco e Chico de Gois

MOSSORÓ (RN) e RECIFE- O presidente nacional do PSB e pré-candidato a presidente da República, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi acusado de "traidor do PT e do Brasil" em uma faixa colocada nas imediações da Câmara Municipal de Mossoró, onde participou de encontro de seu partido, e disse que compreendia "qualquer reação que qualquer partido venha a ter" numa resposta a pergunta sobre orientação do ex-presidente Lula para isolar o PSB nos estados.

— Na verdade, o PSB está vivendo outra dinâmica desde sábado passado. Há um fato novo na política brasileira, um verdadeiro terremoto, com a aliança que construímos com a Rede — destacou Campos.

Segundo o presidente do PSB, o partido não vai focar no debate eleitoral, mas político.

— Acredito que eles (PT) também vão respeitar nosso direito, nós somos um partido político que tem 60 anos de história — afirmou Campos, ao lado da ex-governadora do Rio Grande do Norte Wilma Faria.

De volta a Recife, Campos anunciou a extinção de 969 cargos comissionados que eram ocupados por indicações políticas, com economia anual de R$ 25 milhões; ele não associou a extinção de cargos à saída de antigos aliados. Campos recebeu a visita do senador Armando Monteiro, presidente do PTB no estado e virtual candidato ao governo, com apoio do PT, que foi lhe comunicar a entrega dos cargos.

O rompimento do PTB com o PSB já era esperado após críticas do aliado petista ao governo estadual. Ontem, o PT ensaiou dar início à entrega de cargos, prevista para as próximas semanas, depois que Campos engrossou o discurso quanto ao governo Dilma.

Fonte: O Globo

Lula sugere reforçar apoio de aliados

Fernanda Krakovics e Chico de Gois

BRASÍLIA - O ex-presidente Lula alertou a presidente Dilma Rousseff e o presidente do PT, Rui Falcão, em reunião anteontem, que, com a saída do PSB da base aliada, é preciso reforçar a aliança com o PMDB e assegurar o apoio de partidos médios, como PDT, PR e PP, à reeleição da petista. A ordem é evitar que esses partidos migrem para a órbita do pré-candidato do PSB à presidência da República, governador Eduardo Campos (PE). Dilma deve usar a reforma ministerial que fará em dezembro para agradar aos aliados.

A estratégia de Lula é impedir que Campos aumente seu tempo de TV e negocie palanques fortes nos estados. Diante da consolidação da pré-candidatura do governador de Pernambuco, Lula disse ainda que não há como Dilma dividir palanque com o ex-aliado nos estados, como era defendido, por exemplo, pelo pré-candidato do PT ao governo do Rio, senador Lindbergh Farias.

Para reforçar essa tática, Dilma não pretende esperar abril para substituir os ministros que disputarão as eleições do ano que vem. O PMDB, aliado preferencial, já colocou na mesa o nome do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para a Integração Nacional. E deve ser atendido.

Um dos partidos que preocupa o comando de reeleição é o PP, que se manteve neutro na eleição de 2010 e negocia com o PSB em alguns estados, como o Rio Grande do Sul. Com o troca-troca partidário dos últimos dias, o PP se tornou a quarta maior bancada da Câmara e agora quer mais um ministério, além de Cidades.

O líder do partido na Câmara, Eduardo da Fonte (PE), disse que, por enquanto, a avaliação é que a legenda deve apoiar a reeleição de Dilma, mas, em relação aos estados, pondera:

— No plano nacional, devemos apoiar Dilma. Mas, nos estados, temos liberdade para optar por alianças mais convenientes.

Apesar de comandar o Ministério do Trabalho, o PDT ainda não definiu apoio à reeleição de Dilma. Anteontem, Lula fez um afago público no ministro Manoel Dias, que acaba de enfrentar um escândalo de corrupção em sua pasta, ao chamá-lo de "companheiro de longa data"

O líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), avalia que nos estados a legenda está dividida entre apoios ao PT e ao PSB. No Rio Grande do Sul, em Mato Grosso e no Distrito Federal é praticamente certo que o PDT buscará aliança com o PSB. lá no Paraná e na Bahia, há possibilidade de aliança com o PT.

O primeiro secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira, critica a estratégia governista e diz que o PSB vai continuar fazendo as alianças que achar convenientes nos estados:

— Não temos essa história de isolar ninguém. Não temos caráter autoritário de quem trata adversários como inimigos.

PT e PSB pretendiam dividir palanques no Espírito Santo, Sergipe, Amapá e Acre. Com a consolidação da pré-candidatura de Campos, essas alianças serão revistas. No Acre, estado de Marina, o PSB tem o vice-governador e deve apoiar a reeleição do petista Tião Viana.

Fonte: o Globo

PSB e Rede negam 'ruptura' com PT

Marina Silva e Eduardo Campos negaram traição ao ex-presidente Lula. "Não é ruptura. Só estamos pensando diferente do PT", disse o líder do PSB.

Em 4 Estados, PT e PSB resistem a romper aliança

Apesar do racha nacional, diretórios alegam que fim de parcerias regionais, algumas históricas, comprometeria planos eleitorais

Fernando Gallo

Diretórios do PT e do PSB em quatro Estados resistem a romper as alianças regionais entre as siglas apesar do racha nacional que deve resultar na candidatura ao Planalto do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Esses acordos existem no Acre, no Amapá no Espirito Santo e em Sergipe.

No Espírito Santo, mesmo diante de informações de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria orientado o PT a isolar Campos nos Estados, o governador Renato Casagrande (PSB) se reuniu ontem pela manhã com líderes petistas e, segundo relatos de dirigentes do PT, afirmou a eles que deseja manter o partido de Dilma em sua chapa - seu vice é petista - e que guarda uma vaga para a sigla na eleição majoritária -a vice ou o Senado. Também manifestou a intenção de se coligar com o partido na chapa proporcional. Em troca, prometeu se manter neutro em relação à eleição nacional, na qual não faria campanha para nenhum presidenciável. Participaram desse encontro a senadora Ana Rita (PT-ES), o ex-prefeito de Vitória João Coser, deputados estaduais e dirigentes do partido.

Dos petistas, Casagrande ouviu que o desejo de permanecerem juntos em 2014 é recíproco. "O PT não discute nenhum outro plano que não seja esse com o governador", afirmou José Roberto Dudé, presidente do PT capixaba e participante da reunião. Segundo ele, o diretório não recebeu nenhuma orientação da Executiva Nacional para desfazer a aliança. "Eles sabem da preferência de montar palanque com o governador e concordam com essa tática."

Plano. No Acre, onde o PT governa com Tião Viana e o PSB tem a vice, os petistas também resistem a romper a Frente Popular, que já dura 14 anos. Lá, os filiados do partido de Campos querem fazer campanha para o governador de Pernambuco e para a ex-ministra Marina Silva - que foi senadora pelo PT acriano -, mas querem apoiar a reeleição de Viana. Os petistas concordam com esse plano.

"O PSB é um aliado de primeira hora que está nos apoiando. É uma relação histórica, hoje tem o vice-governador. É importante o apoio deles", declarou o presidente do PT-AC, Leonardo de Brito. Ele lembrou que, em 2010, o PV apoiou a eleição de Viana, embora tenha feito campanha para Marina, que era a candidata ao Planalto dos verdes.

Em Sergipe, PT e PSB também integram o mesmo grupo há mais de uma década. Os diretórios sergipanos das duas siglas desejam manter a aliança, apoiando a eleição do governador em exercício Jackson Barreto (PMDB). Barreto é vice do governador Marcelo Déda (PT), que está afastado para tratamento de um câncer.

Após a filiação de Marina ao PSB, os petistas receberam um telefonema do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) reafirmando o compromisso com o bloco. Segundo o PT sergipano, uma ruptura forçada com o PSB fragilizaria o bloco no Estado. "Qualquer defecção traria prejuízos importantes para a disputa e para esse projeto que vem sendo liderado pelo PT", afirmou o presidente do partido em Sergipe, Silvio Santos.

No Amapá, a vice-governadora Dora Cavalcante (PT) afirmou que só se manifestará depois das eleições internas do partido, em novembro. A presidente do diretório não foi localizada, Integrantes dos dois partidos afirmaram ao Estado que querem querem manter o bloco. O governador Camilo Capiberibe (PSB), após a filiação de Marina a seu partido, disse no Twitter que "realidade e conjuntura nacional nem sempre refletem as especificidades locais". "No Amapá aliança PSB-PT é importante e promove a mudança."

Vice-versa
2
governadores do PSB contam com PT para se reelegerem na disputa de 2014
1
Governador do PT tem vice do PSB e também disputa reeleição

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aliado de Marina veta PDT no acordo entre ex-ministra e Campos

Para Walter Feldman, denúncias impedem aliança com partido; Lupi reage e diz que tendência da sigla é apoiar Dilma

Após vetar ruralistas na aliança presidencial da candidatura de Eduardo Campos (PSB), a Rede da ex-ministra Marina Silva quer agora travar negociações do pernambucano com o PDT de Carlos Lupi. Um dos principais articuladores do grupo, o deputado Walter Feldman, que há uma semana assinou a ficha de filiação do PSB, afirmou que o partido de Lupi não se enquadra dentro da ótica da Rede devido à onda de denúncias de corrupção que costuma rondar o Ministério do Trabalho.

“O PDT não cabe (na aliança) por causa do Lupi. As coisas do ministério são muito complicadas. A regra da política de ter mais partidos para aumentar o tempo de TV não pode ser para liderar o atraso. O PDT está com problemas sérios e que precisam ser respondidos, equacionados. Então, teria certo incômodo sim”, disse.

Para ele, a aliança deve ficar circunscrita a poucos partidos. “Acho que pela Rede só cabem PPS e PV. Eventualmente partidos pequenos.”

A restrição das possibilidades de acordos eleitorais é o preço inicial pago por Campos após a aliança com Marina. O governador de Pernambuco havia articulado uma chapa em Goiás com o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado, mas diante dos protestos de Marina abandonou este projeto. Agora, vê a chance de ampliar o tempo de televisão na campanha restringido com o novo veto defendido por integrantes da Rede.

O PDT era uma das apostas de Eduardo Campos para engrossar a coalizão. Mas, para o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, a situação agora é nova. Ele sinalizou que o partido deverá aceitar o veto. “O PDT nunca nos disse que apoiaria. Houve conversas com vários partidos e agora temos uma nova situação e vamos discutir juntos todas as alianças no plano nacional no momento certo.”

Dilma. Lupi afirma que só discutirá apoio em 2014, reconhece ter conversas com Campos, mas diz ser maioria no PDT a preferência por continuar com a presidente Dilma Rousseff Ele também rebateu os questionamentos de Feldmann afirmando não responder a qualquer processo em 33 anos de vida pública. “Gostaria que ele apontasse algum problema para justificar essa posição”, disse.

O presidente do PDT afirma ter conversado com Campos em algumas oportunidades e o identifica como alternativa para 2014. Diz que seu partido só decidirá o caminho no próximo ano, mas sinaliza apoio à reeleição de Dilma. “Podemos apoiar o Eduardo, ter candidatura própria ou apoiar a Dilma, que é hoje a tendência majoritária.”

O líder do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), minimiza o posicionamento do integrante da Rede e afirma não ser hora de discutir a amplitude das alianças. “Nós não estamos antecipando essa discussão

Faxinada - O PDT está no Ministério do Trabalho desde o governo Lula, Carlos Lupi foi demitido na gestão Dilma na chamada “faxina”. Em maio, o comando da pasta foi devolvido a Lupi, que indicou IManoel Dias. Novas irregularidades vieram à tona.

Fonte: O Estado de S. Paulo

'Sombras' que atormentam

Dilma, Aécio e Campos convivem com a possibilidade de que possam ser substituídos por Lula, Serra e Marina, respectivamente, na eleição presidencial do ano que vem

Germano Oliveira

SÃO PAULO - A corrida presidencial rumo a 2014 apresenta um quadro inédito, onde os pré-candidatos convivem com "sombras" de peso dentro de seus partidos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é a sombra de Dilma Rousseff, pode ser chamado para disputar o pleito pelo PT caso a presidente caia na avaliação popular, enquanto o ex-governador José Serra é a sombra de Aécio Neves no PSDB, podendo assumir a candidatura na eventualidade do senador mineiro não decolar. Já Marina virou uma sombra de luxo no PSB, com avaliação popular muito maior do que a de Eduardo Campos, hoje o nome que está posto, pelo domínio que o governador pernambuco exerce na máquina partidária socialista.

O ex-presidente Lula tem dito que não será candidato novamente, mas seu retorno à articulação política aumenta os comentários de que poderia disputar a Presidência da República. Nos eventos públicos do PT, a militância frequentemente grita "volta, Lula" — Lula é reserva de luxo de Dilma. Só será chamado a disputar novamente se houver uma tragédia, com piora nos indicadores econômicos, se a inflação voltar, o desemprego aumentar, e a renda cair — avaliou o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP.

No PSDB, Serra volta a assombrar Aécio Neves. A preferência da maioria dos tucanos é pela candidatura de Aécio, mas Serra pediu que a definição só ocorra em março, quando ele espera

poder estar à frente de Aécio nas pesquisas de intenção de voto. Serra ainda não desistiu da candidatura presidencial, embora Aécio seja imbatível no PSDB hoje.

O cientista político David Fleisher, da Universidade de Brasília (UnB), acha que Serra ainda tem chances.

— Se em abril ou maio o nome de Aécio não decolar, Serra pode ser chamado de volta pelo PSDB para disputar a Presidência. Ele é uma sombra que estará sempre à disposição — disse Fleisher.

De todas as sombras desta eleição, Marina é a que pode provocar uma inversão na chapa hoje liderada pelo governador de Pernambuco.

— Caso Eduardo Campos não decole até abril do ano que vem, será inevitável que a sombra de Marina cresça — afirmou Teixeira.

Fonte: O Globo

A difícil tarefa de medir o valor do vice

Entre os prováveis protagonistas da corrida presidencial, apenas Dilma sinaliza definição e deve repetir a chapa de 2010. Principal incógnita paira sobre a aliança entre Marina e Eduardo

A polêmica sobre quem será o cabeça de chapa na aliança entre o PSB e a Rede e quais são os ganhos eleitorais herdados pelo presidente do partido socialista e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, após a parceria com Marina Silva, reacendeu o questionamento sobre quanto vale o segundo posto em uma coligação. O tema é tão delicado que entre os principais pré-candidatos ao Planalto em 2014, apenas a presidente Dilma Rousseff sinaliza definição e deve repetir a aliança com Michel Temer, do PMDB. Já a chapa do tucano Aécio Neves segue indefinida (veja reportagem abaixo).

"A primeira missão de um vice é não atrapalhar. Em alguns casos, eles até ajudam, mas isso ocorre em uma segunda etapa", brincou o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Desde a redemocratização, em 1985, o Brasil já teve cinco vice-presidentes. Dois deles, José Sarney e Itamar Franco, acabaram assumindo o Planalto. Os demais foram escolhidos por razões distintas e específicas.

O debate atual envolve a aliança de Marina e Eduardo. Para o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a entrada da ex-senadora na chapa traz para o campo dos socialistas o discurso ambiental, que sempre ficou em segundo plano nos debates programáticos, além de aumentar a influência da candidatura no eleitorado urbano. "Não podemos esquecer que Marina também representa o eleitor que não está satisfeito com o modo atual de fazer política", completou Amaral.

Para Valdir Raupp, sonháticos e pessebistas estão equivocados no debate sobre a transferência de votos. Na opinião do peemedebista, se já não é segura a transferência de votos do titular da candidatura, o fenômeno se dilui ainda mais quando o escolhido assume uma posição de menos destaque na aliança. "Duvido que Marina leve para Eduardo os quase 20 milhões de votos que teve em 2010. Se levar 50% disso, está muito bom", completou Raupp. Ontem, Dilma classificou a aliança de "oscilações conjunturais próprias do processo eleitoral".

O senador assegura que tem conversado com possíveis eleitores da Rede que estão desiludidos com a decisão de Marina e não pretendem votar em um candidato que não conhecem. Raupp lembra que, no caso do PMDB, a decisão da presidente Dilma em compor uma chapa com Michel Temer agregou votos à petista, mas de maneira indireta. "O PMDB é o partido com maior capilaridade no país, com o maior número de prefeitos e o maior número de vereadores, potenciais cabos eleitorais", reforçou.

Mensalão
No caso da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, a escolha de José Alencar foi fundamental para acalmar o setor produtivo do país, que ficou em alerta com a iminente chegada do ex-sindicalista ao poder. Devido ao desgaste sofrido com o mensalão, Lula chegou a cogitar, em 2006, a aliança com o PMDB, mas continuou com Alencar, a quem até hoje se refere como o melhor vice que alguém poderia ter. "Escolher Alencar foi bom para Lula e para o país, um sinal de que o PT não colocaria fogo no circo", disse o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula, também escolheu o vice, o pernambucano Marco Maciel (ex-PFL, hoje no DEM), por uma questão específica: trabalhar a candidatura perante o eleitorado nordestino.

O número 2 da República

Confira o que representou o posto de vice-presidente desde o fim da ditadura

1985-1989
Presidente: Tancredo Neves
Vice: José Sarney
Tancredo passou mal na véspera da posse, morreu em 21 de abril e Sarney assumiu a Presidência da República

1990-1994
Presidente: Fernando Collor de Mello
Vice: Itamar Franco
Collor sofreu o impeachment em 1992 e Itamar foi alçado ao Planalto

1995-2002
Presidente: Fernando Henrique Cardoso
Vice: Marco Maciel
A escolha do pernambucano Marco Maciel, do PFL, foi importante para o PSDB ganhar capilaridade no Nordeste

2003-2010
Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva
Vice: José Alencar
Alencar fez a ponte com o empresariado e tranquilizou o setor produtivo quanto à eleição do petista

2011-atualmente
Presidente: Dilma Rousseff
Vice: Michel Temer
Dilma escolheu o cacique do PMDB em busca de governabilidade

Fonte: Correio Braziliense

PSDB avalia que ainda é cedo

Juliana Cipriani

BELO HORIZONTE — O pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, senador Aécio Neves (MG), está longe de conhecer quem o acompanhará na briga pelos votos dos brasileiros em 2014. No que depender dos tucanos e dos possíveis partidos aliados, caso Aécio seja confirmado na disputa — a sigla deve bater o martelo nos próximos meses —, ele terá total liberdade para escolher o nome. O único conselho é tentar aliar a questão partidária ao potencial geográfico, ou seja, apostar em alguém que possa acrescentar votos em regiões em que Aécio é menos conhecido.

Segundo um dos vice-presidentes do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), a prerrogativa de escolher o vice será unicamente do cabeça da chapa. "Está muito cedo, acho cedo até para indicar o candidato. Os partidos no Brasil estão muito apressados no meu modesto entendimento", afirmou.

Para DEM e PPS, é cedo até mesmo para se falar em fechar coligação com o PSDB. "Não decidimos nem quem vamos apoiar em 2014, como discutir vice de alguém?", afirmou o presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP). Apesar de não ter aceitado de imediato uma união com Eduardo Campos (PSB) e a ex-senadora Marina Silva — que se filiou ao PSB no sábado e trocará de sigla assim que obtiver o registro da Rede —, o deputado disse que ainda pode escolher os socialistas. "Temos a opção de candidatura própria e levamos em consideração duas candidaturas oposicionistas, ambas merecedoras de nosso apreço", afirmou, referindo-se a Aécio e a Eduardo.

Os democratas também não reivindicam vaga e, apesar de a aliança com o PSDB ser considerada óbvia por muitos, consideram que está cedo para fechá-la. "O DEM vai definir na hora certa a aliança, mas, se for Aécio o nosso candidato, ele deve ter total liberdade para escolher quem melhor compõe a chapa. Ele tem de caminhar no rumo de escolher alguém dentro da geografia do país que agregue eleitoralmente", afirmou o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN). Para o senador, Aécio deveria pensar em aumentar os votos no Centro-Oeste, no Norte e no Nordeste do país.

"Está muito cedo, acho cedo até para indicar o candidato. Os partidos no Brasil estão muito apressados"
Alvaro Dias, senador e vice-presidente do PSDB

Fonte: Correio Braziliense

Falcão: Lindbergh é prioridade para o PT

Presidente do partido dá apoio a senador; PMDB reage e diz que decisão ameaça aliança nacional

Juliana Castro e Cássio Bruno

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, decretou ontem, em reunião no Rio, apoio absoluto à pré-candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo fluminense. Falcão disse que a eleição do parlamentar em 2014 é "prioridade total" e deu confiança aos petistas que vivem assombrados por uma possível retirada da candidatura em favor do vice-governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB.

— Poucas vezes, vi unidade tão ampla no PT como a que conseguimos produzir hoje (ontem). Primeiro, a reafirmação de prioridade total à eleição do senador Lindbergh como nosso governador aqui. Segundo, a convicção reafirmada aqui de que o palanque do PT, do senador Lindbergh e de nossos aliados é um palanque pela reeleição da presidente Dilma — declarou Falcão.

Esta semana, a hipótese de a chapa de Lindbergh dar palanque duplo à presidente Dilma Rousseff e ao pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, provocou uma crise no PT do Rio. Falcão negou ter tratado do assunto no encontro. Em seguida, divulgou que o PT estadual fará uma reunião em 25 de novembro, quando decidirá o dia da entrega dos cargos no governo de Sérgio Cabral (PMDB).

No primeiro escalão, o PT ocupa a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos e a de Meio Ambiente. O partido, porém, continuará no governo do prefeito Eduardo Paes (PMDB).

Lindbergh mostrou animação com as declarações:

— Foi a consolidação unânime em torno da minha candidatura e, agora, com o aval da direção nacional do PT.

Além de defender a saída imediata do governo Cabral, Lindbergh, na articulação de sua aliança, adota a tese de que o nome que vá concorrer ao Senado pela chapa seja do PSB. O nome dos sonhos do petista seria Romário, que trabalhará pela candidatura de Campos à Presidência.

— Eu não vou cogitar essas hipóteses, porque quem vai tratar das alianças é nosso pré-candidato e uma comissão da direção que estará trabalhando e sintonizada junto com ele. — afirmou Falcão.

Houve reclamação de que os peemedebistas tratam o PT como inimigo, e foi lembrado o episódio em que Cabral citou a sua relação com Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência, para tentar minar a candidatura do PT no Rio.

O governador Sérgio Cabral não quis comentar o caso. Luiz Fernando Pezão, pré-candidato do PMDB, não atendeu as ligações. O líder do governo na Assembleia Legislativa do Rio, André Corrêa (PSD), criticou a atitude dos petistas:

— Entregar cargos é uma esquizofrenia. Pode ser um risco para a aliança nacional entre PT e PMDB.

O deputado estadual Rosenverg Reis (PMDB) concordou:

— O PT caminhou quase sete anos com Cabral. E tem que caminhar agora até o final. É uma atitude infeliz.

Para o deputado estadual Edson Albertassi (PMDB), é uma medida precipitada:

— Foi uma atitude afobada. Durante todo o governo, Sérgio Cabral foi leal com os aliados.

Fonte: O Globo

Sobre nazismo e descrença política - Arnaldo Bloch

Numa das entrevistas concedidas ao jornalista "independente" David Barsamian entre 2010 e 2012, reunidas no livro "Sistemas de poder" (Editora Apicuri), o linguista, filósofo e ativista político americano Noam Chomsky alerta para os perigos da descrença na política.

A desilusão com os políticos e os partidos, ele recorda, já era forte antes da Depressão e foi uma das condições fundamentais para que o nazismo surgisse numa Alemanha que era considerada um modelo de democracia parlamentar e colosso da civilização nas artes e nas ciências na década de 1920.

Chomsky faz então uma analogia que ele mesmo considera imperfeita, mas irresistível, com o que ocorre hoje nos Estados Unidos, onde a raiva contra empresas, governo, partidos e instituições leva metade da população a achar que todos os que estão no Congresso deveriam ser postos no olho da ma.
Diz Chomsky: "Em 1925 houve uma votação popular maciça em Paul von Hindenburg para presidente. Ele era um aristocrata prussiano, mas seus eleitores eram lojistas pequenos burgueses, trabalhadores desiludidos etc. — na realidade, eram demografica-mente pouco diferentes do Tea Party. E se tornaram a massa de base do nazismo"

É óbvio que a descrença política é a expressão de um sentimento legítimo que pode, e muitas vezes deve, ter viés positivo: alimenta a massa crítica e está também na base de ações nobres, de manifestações redentoras, nas formas não violentas de anarquia (e das controversas "ações diretas" que vão de flash mobs aos agressivos black blocs) e na filosofia. Quando, contudo, a desilusão toma uma forma difusa e contamina a consciência cívica do cidadão com um ânimo de dissolução, nutrido por medo, frustração pessoal ou associativa, mágoas e ímpetos de expiação — um monstro, então, sempre responde à evocação da massa, disposto a salvá-la do suposto abismo.

Isso não significa que tais fenômenos entre o niilismo (a busca do aniquilamento pelo aniquilamento, a descrença radical) e seu oposto (quando se aspira à destruição seguida de uma reconstrução salvadora, a qualquer preço) sejam fábricas de hitlers em série. Hitler foi um monstro singular e único, de sua época.

Por isso, sempre que se usa o nazismo como parâmetro comparativo, os circunstantes protestam, pelo caráter emblemático da tragédia. Mas emblemas servem para isto: para se diferenciar pela semelhança. Para não esquecermos que tudo pode acontecer de novo de outro jeito, com outro nome e com outros alvos. Monstros há para todos os gostos, desde que haja condições propícias para sua emergência. A Guerra ao Terror pós -11 de Setembro viu germinar George W. Bush, o monstro da mediocridade, cercado por uma corte de fundamentalistas, num país ameaçado por monstros criados pela sua própria política externa, e transformados em seus algozes. Isso naquela que é considerada por muitos a democracia por excelência, como o era a República de Weimar nos anos 1920.

Na França, onde a alma do colaboracionismo de Vichy continua viva e os líderes de qualquer cor adoram depositar flores no túmulo de Pétain, a detestável Frente Nacional, partido de extrema-direita cuja persistência vem dando seus frutos mais gordos neste tempo de alta xenofobia europeia, ameaça ganhar as eleições parlamentares depois que Marine le Pen transformou o discurso de seu pai, JeanMarie le Pen, numa paçoca de fascismo light. Nessa família-monstro não se sabe quem é pior, se o pai, puro, ou a filha, dissimulada.

No Brasil, um caldo ruim está se formando. Ao ativismo pseudossimbólico dos black blocs, espécie de brigada oportunista que aposta no caos e que não tem a estatura de seus ascendentes americanos e europeus, as autoridades de São Paulo respondem com a Lei de Segurança Nacional, que deveria estar extinta. No Rio, a política de segurança frente às manifestações já se provou um desastre completo, com suas obscuras estratégias, suas simulações e sua tentativa de criminalizar, por tabela, o direito de protesto.

São os monstros, sempre de plantão, respondendo aos apelos dos que torcem pelo pior. Isso porque o Brasil está com pleno emprego (ou quase) e não há uma crise econômica no sentido clássico. Imaginem se houvesse. Nas ruas, como sempre, ouvem-se os saudosistas da ditadura. E sempre dizemos do Brasil que é um país complexo demais e que suas instituições estão maduras o suficiente para que nossa jovem (já nem tanto) democracia resista, sempre.

É preciso, contudo, não se fiar nisso, lembrar diariamente que a história não é uma linha reta evolutiva e que democracia não é ciência exata. Como se disse e se repete, é apenas o melhor regime até prova em contrário.

É preciso lutar por ela antes que alguém prove o contrário na base da porrada.

Fonte: O Globo / Segundo Caderno

Eduardo e Marina - Adriano Oliveira

Eventos políticos são distintos de eventos eleitorais. Os primeiros podem conduzir aos segundos. Mas não necessariamente isto ocorre. Os eventos políticos são aqueles que ocasionam impacto entre os atores políticos, por exemplo, entre os candidatos que disputarão dada eleição. Os eventos eleitorais são advindos dos eventos políticos e provocam os eleitores.

No caso, eleitores mostram empatia ou antipatia por dados competidores. A aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva representa um evento político. Não posso afirmar que proporcionará conquista de eleitores para Eduardo. Ou se o capital eleitoral de Marina será enfraquecido. É possível que o suspense dure até meados de 2014. A não ser que Marina declare que não será candidata e que integrará a chapa de Eduardo. Caso tal ação não seja realizada, dois cenários serão considerados pelas pesquisas: Cenário 1: Eduardo x Dilma x Aécio, Cenário 2: Marina x Dilma x Aécio. Testes eleitorais considerando estes cenários poderão trazer problemas para o PSB, pois intenções de voto orientam as decisões. Se Marina mantiver até abril o seu bom porcentual de votos de antes da aliança, quem será o candidato do PSB? Por outro lado, a aliança Campos/Marina pode contagiar eleitores e possibilitar o crescimento célere do governador até lá.

Com isto, Eduardo exercerá força centrípeta entre os partidos, por ora, aliados de Dilma e Aécio. Mas a força centrípeta não pode ser forte a tal ponto de esvaziar substancialmente o capital eleitoral de Aécio. Se Aécio não tiver considerável tempo de TV, a possibilidade de sucesso de Dilma no 1º turno se fortalece. Portanto Eduardo tem como o seu adversário imediato o PSDB, mas este não pode ser amplamente enfraquecido. Reflito sobre a seguinte possibilidade: caso Marina tivesse optado por outro partido, poderia ser vice-presidente de Eduardo e ainda levar para ele tempo de TV. Com a filiação dela ao PSB, os partidos que não desejam Dilma poderão optar por Aécio ou Eduardo. Mas se a possível chapa Eduardo/Marina não conquistar eleitores até meados de 2014? Tais partidos poderão rumar para Aécio, e, talvez, para Dilma.

Além disto, Marina em outro partido garantiria a possibilidade de que a disputa ocorresse com três oposicionistas com potencial de crescimento. A aliança assusta, por enquanto, mais Aécio. As pesquisas após as manifestações mostram que, quando Dilma decresceu, Marina cresceu. E vice-versa. Portanto parte dos eleitores de Marina rumará para Dilma em razão da aliança com Eduardo? Neste ponto, observo que Eduardo e Marina precisam construir discurso alternativo a Dilma nos âmbitos objetivos e subjetivos. Com isto, será possível conquistar eleitores e enfraquecer a candidatura Dilma? Construir conclusões é ato prematuro. Opto por sugerir possibilidades eleitorais. Considero que a chapa Eduardo/Marina tem condições de conquistar eleitores, mas isto não significa que eles irão para o segundo turno ou que a eleição não findará no primeiro turno. Tenho, entretanto, uma conclusão política: a aliança possibilita que as escolhas do governador tenham forte impacto na eleição.

Adriano Oliveira é doutor em Ciência Política

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

A favor da cláusula - Fernando Rodrigues

A disfuncionalidade do sistema partidário não está no fato de haver 32 siglas. Uma democracia comporta centenas de legendas.

O problema real é dar dinheiro público a partidos sem representação popular. Uma sigla nasce do nada, sem voto, e já recebe cerca de R$ 50 mil por mês. Abre-se também uma porta da esperança de cinco minutos a cada semestre, às 20h30 na TV e às 20h no rádio. Quem arca com o custo é o contribuinte, pois as emissoras pagam menos impostos por cederem o horário aos políticos.

Outro aspecto nefando é partido sem voto com direito a estrutura de liderança no Poder Legislativo. São cabides de emprego. Quando há uma votação relevante, esses nanicos se agigantam --ocupam ao máximo seus espaços no microfone para retardar votações. Produzem dificuldades e vendem facilidades. Isso não tem nada a ver com democracia.

Uma cláusula de desempenho disciplinaria essa balbúrdia. Um grupo de deputados e senadores discute recuperar de maneira mais consistente o dispositivo criado em 1995, mas depois derrubado pelo Supremo Tribunal Federal antes de ter vigorado.

Fala-se em uma cláusula progressiva. Começaria com 3% dos votos para deputados em todo o país em 2018. Depois, iria a 4% em 2022. Até chegar a 5% em 2026. Partidos sem esse desempenho não seriam barrados, como se costuma dizer. Seriam tratados conforme seu tamanho.

Há quem enxergue nessa regra uma barreira intransponível para novos grupos políticos serem criados. O argumento é frágil. Deputados de microssiglas poderiam ser eleitos e tomar posse --mas não seriam "líderes" de si próprios. A ajuda estatal aos nanicos, é verdade, seria mínima. Teriam de se virar na internet e nas ruas, o que não mata ninguém.

Já o eleitor enxergaria a política de maneira mais clara, com menos partidos aparecendo quase diariamente na TV e vendendo apoios à custa do dinheiro dos pagadores de impostos.

Fonte: Folha de S. Paulo

Liberdade de informação - Merval Pereira

O debate sobre a proibição de biografias que não tenham sido autorizadas expressamente pelo biografado ou por sua família tem tudo a ver com o momento político que vivemos, em que se perdeu a noção dos limites dos direitos e deveres da cidadania, onde se discute a morosidade da Justiça como sintoma de atraso cultural de um país em que leis são feitas para favorecer os poderosos, e tentativas de controle da liberdade de expressão estão sempre presentes.

Como o artigo 20 do Código Civil, que, a pretexto de proteger a imagem, cerceia a liberdade de informação. Paradoxalmente, a ação do herdeiro do músico Renato Russo contra uma paródia da canção "Eduardo e Mônica" publicada no blog do PPS para criticar a união de Eduardo (Campos) e Marina (Silva) mostrou como a ação judicial pode ter efeito imediato, pois o PPS teve que tirar a paródia do ar mesmo sob protestos do presidente do partido, deputado Roberto Freire, que muito acertadamente afirmou que paródias não são crimes. Nesse caso específico, porém, ainda é aceitável a ação do herdeiro de Russo, já que a música foi usada com fins políticos, e ele diz na ação que não deseja "qualquer associação indevida com partidos políticos".

A questão da Justiça entrou na discussão porque um dos argumentos dos que defendem a censura prévia às biografias é que, no Brasil, os processos levam tempo demasiado tramitando na Justiça e, como disse Djavan, "nos países desenvolvidos, você pode abrir um processo. No Brasil também, com uma enorme diferença: nós não somos um país desenvolvido" Durante o período de litígio na Justiça, enquanto os biógrafos ganhariam "rios de dinheiro" (o que não acontece) às custas do "sofrimento" do biografado, as infâmias e as calúnias continuariam circulando em forma de livro. Mesmo que verdadeiro na maioria dos casos, o argumento parece não servir para as ações contra biografias de famosos, pois Roberto Carlos conseguiu tirar de circulação o livro de Paulo Cesar de Araújo, uma excelente biografia, e as herdeiras de Cãrrincha impediram que sua história, contada com maestria por Ruy Castro, chegasse aos leitores.

O argumento de que não somos um país desenvolvido e, portanto, temos que nos contentar com as informações controladas pelas celebridades e seus herdeiros é risível, pois nunca seremos desenvolvidos se nossas elites usarem a Justiça para se protegerem antecipadamente de eventuais desvios de conduta de jornalistas e escritores, assim como usam as brechas da lei e os recursos intermináveis para não serem condenadas. Por esse raciocínio, a censura prévia do noticiário é bastante aceitável, e, sempre que governos autoritários ou ditatoriais exercem seu poder de força para impedir a circulação de informações que não lhes agradam, alegam que o fazem para proteger a segurança nacional, ou os bons costumes.

Quando uma música de Caetano ou Chico Buarque era censurada durante a ditadura, o objetivo era justamente proteger a sociedade de suas mensagens "subversivas" e de suas "mentiras" sobre o país.

O mais espantoso, porém, é a tentativa de acordo proposta por alguns dos membros do grupo que defende a censura prévia: que o biografado receba uma parte dos direitos autorais da obra. Como disse Alceu Valença, "definitivamente, a questão não é financeira. A ideia de royalties para os biografados ou herdeiros me parece imoral. Talem mal, mas me paguem"? É essa a premissa??? Nem tudo pode se resumir ao vil metal".

O uso de ações na Justiça para proteger a "imagem" chega a abusos como o de Roberto Carlos proibir uma publicação sobre a moda da Jovem Guarda. Ou como o caso que me foi contado pelo poeta Ledo Ivo, que não podia nem mesmo usar em livros fotos em que aparecia com seu amigo Manuel Bandeira porque os herdeiros deste queriam cobrar "direito de imagem" Assinei recentemente um manifesto a favor do fim da proibição das biografias sem autorização, e um dos trechos acho que resume bem a questão: "A dispensa do consentimento prévio do biografado não confere ao autor imunidade sobre as consequências do que escrever. Em casos de abuso de direito, uso de informação falsa e ofensiva à honra, a lei já contém os mecanismos inibidores e as punições adequadas à proteção dos direitos da personalidade".

É assim que se age nas democracias, e buscar justificativas para cercear a liberdade de informação e dar munição para quem não convive bem com ela

Os pontos-chave
1
O debate sobre a proibição de biografias não autorizadas tem tudo a ver com o momento político que vivemos
2
O artigo 20 do Código Civil, a pretexto de protegera imagem, cerceia a liberdade de informação
3
O argumento de que não somos um país desenvolvido e, logo, temos de nos contentar com informações controladas por celebridades e seus herderios é risível

Fonte: O Globo

5 movimentos de um acordo - Leonardo Cavalcanti

A união que revelou uma nova ordem eleitoral e desconcertou petistas e tucanos ainda é vista com reservas, principalmente pela fragilidade da relação entre Eduardo Campos e Marina Silva

Depois de uma semana do desconcertante acordo entre Marina Silva e Eduardo Campos, cinco movimentos podem ser percebidos no xadrez montado pelos dois ex-ministros do governo Lula. Até agora, o jogo se desenvolve de forma contida, como se para evitar rupturas logo no início. Enquanto o governo e o PT ainda não entenderam nada, os tucanos — os primeiros perdedores com a aliança — simplesmente se recolheram. Resta avaliar os riscos e os acertos de Marina e Eduardo. A eles:

1. Eduardo Campos orgulha-se de ser visto como um estrategista político, por mais que admita não ter previsto em momento algum a união com Marina. A ex-senadora, por sua vez, é vaidosa e gosta de deixar claro a independência. Qualquer desconfiança na relação nos próximos meses deve colocar tudo a perder. E isso pode ocorrer mais por divergências pessoais do que propriamente contradições políticas ou ideológicas, pelo menos é o que integrantes do PSB temem — e os governistas torcem.

2. Por mais que os dois neguem qualquer tensão na escolha da cabeça de chapa, em algum momento isso deve ocorrer, afinal, entre os aliados de primeira hora de Marina, há gente que não se conforma com o fato de ela ficar de coadjuvante. O PSB torce que, quando esse momento chegar, Eduardo tenha ganhado musculatura e aumentado os atuais índices de intenção de votos. Os petistas, evidentemente, acompanham esse jogo de longe, torcendo para que tal disputa não termine tão cedo.

3. É inquestionável que o grande ganhador na aliança é Eduardo, que, na pior das hipóteses, passou a ter mais importância nas eleições se comparado ao momento anterior ao acordo com Marina. No caso da ex-senadora, a história é outra. Vice na chapa, Marina só ganha se Eduardo for vencedor. Derrotada, terá o desafio de quebrar o tabu da maldição dos vices em busca de significância após as eleições. Aqui, basta ver o exemplo das chapas de Lula em 1989 (Bisol), 1994 (Mercadante) e 1998 (Brizola).

4. A busca de Marina por Eduardo ocorreu quando a ex-senadora estava nitidamente irritada com o PT. Ela queria não apenas arrumar uma saída para as eleições, mas também dar uma resposta à altura aos petistas. Ao longo da semana, Marina não parou de fazer referências a uma declaração do marqueteiro João Santana à revista Época, prevendo que, em 2014, existiria a "antropofagia de anões", numa referência à oposição. Em todas entrevistas e discursos, ela fez questão de citar a "união dos anões". A raiva nunca foi boa conselheira, por mais que tenha mudado radicalmente o cenário eleitoral.

5. Por mais que Eduardo e Marina se esforcem a mostrar a harmonia e a construção de uma aliança programática, as declarações da ex-senadora reforçando que não é militante do PSB apenas revelam que o partido serviu de uma legenda de aluguel. Não? Pois faça um exercício e troque os personagens. Em vez de Marina e Eduardo, dois caciques do Congresso ou da Câmara Legislativa. Seria ou não aluguel? Marina, com toda a força do discurso, não consegue mudar o nome da politicagem. Se tal coisa vai fazer alguma diferença na capacidade de votos da ex-senadora, isso fica para a próxima coluna.

Estresse
O momento mais tenso da noite de sexta-feira da semana passada, durante a reunião entre Eduardo e Marina, foi quando um militante da Rede informou à ex-senadora que o encontro dela com Roberto Freire, do PPS, marcado para a manhã seguinte, tinha vazado para a imprensa. Irritada com a notícia, Marina disse rispidamente que cancelaria a agenda de sábado com o deputado. Naquele momento, os interlocutores do PSB temeram pelo próprio acordo fechado com a ex-ministra. Tudo poderia ir por água abaixo caso alguma nota nos jornais fosse publicada antes mesmo do anúncio oficial da aliança do PSB com Marina. Chegaram mesmo a imaginar estar com uma sacola de votos reciclados na mão e, por uma reação intempestiva da ex-senadora, perder tudo por causa de simples comentários nas redes sociais ou nos jornais do dia seguinte. A tranquilidade só voltou depois que um dos assessores de confiança de Marina a convenceu de manter a reunião com Freire, mesmo com o vazamento para a imprensa.

Fonte: Correio Braziliense

Panorama Político - Ilimar Franco

A batalha pelo Nordeste
O presidente Lula vai sentar praça no Nordeste no primeiro semestre do ano que vem. Vai percorrer os estados fazendo propaganda das realizações dos governos petistas para a região. E vai entrar fundo em Pernambuco para lembrar que levou para lá a Fiat, uma refinaria e um estaleiro. Petistas dizem que é preciso minar Eduardo Campos (PSB) na região decisiva para sua arrancada.

A luta pelo voto
A presidente Dilma pediu a sua assessoria para programar, ainda neste ano, duas incursões ao Nordeste. A primeira será no quintal do candidato do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), para inaugurar, em Afogados da Ingazeira, um trecho da adutora do Pajeú. A seguinte será para inaugurar a quinta etapa do Eixão das Águas, no Ceará, que levará água ao Porto de Pecém. A presidente Dilma não gostou de o candidato do PSDB, Aécio Neves, em seu programa de TV, ter mostrado imagens tentando vender que as obras da transposição do São Francisco estão paradas. Ela quer mostrar que existem 99 frentes de serviço e que a obra gera 6.300 empregos.

"Upgrade"
Não é só o PMDB que quer emplacar um senador no governo Dilma na reforma ministerial. O PP quer colocar seu presidente nacional, Ciro Nogueira (PI), no lugar do atual ministro Aguinaldo Ribeiro (PP), nas Cidades.

Boquinha
Os socialistas romperam com o governo Dilma e anunciaram que entregariam os cargos no governo federal. Mas alguns continuam agarrados aos seus. Um dos que se mantêm é o diretor-superintendente da Sudeco, Marcelo Dourado. Ele segue na cadeira e foi indicado pelo líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), na foto.

Como assim?
Durante meses os tucanos repetiram que quanto mais candidatos, melhor para garantir um segundo turno. Eram três e ficaram dois, com a saída de Marina Silva. E os tucanos continuam afirmando que a oposição saiu fortalecida.

Quem ganha?
Levantamento por telefone feito pela equipe de Antônio Lavareda, a pedido do PSB, mostra que os votos de Marina Silva se distribuíram entre a presidente Dilma (PT) e Eduardo Campos (PSB). Nas 2.300 ligações, os entrevistados foram informados que Marina havia renunciado em favor de Eduardo. Dilma lidera e o socialista está em empate técnico com Aécio Neves (PSDB-MG).

Arrancada
O candidato do PSDB, Aécio Neves, vai lançar em novembro, em Poços de Caldas (MG), documento com os eixos de seu programa para presidente. Os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG) estarão ao seu lado.

De volta
O ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido Mares Guia tem ajudado o ex-presidente Lula nas articulações políticas. Auxiliou na filiação de Josué Alencar da Silva ao PMDB e está por trás de costuras eleitorais nos estados.

Proibido para maiores. Surpreendeu o PSB de São Paulo a faixa etária dos integrantes da Executiva da Rede. A idade média é 22 anos.

"A Marina (Silva) é uma espalha-brasas. Ela jogou o (Ronaldo) Caiado e o agronegócio no nosso colo"
Marcus Pestana
Presidente do PSDB mineiro e deputado federal

Fonte O Globo

Painel - Vera Magalhães

Vacina dolorosa
O PSDB de São Paulo leva ao ar a partir de segunda-feira propaganda que cita abertamente as denúncias de formação de cartel em licitações de trem e metrô no Estado. Na peça, Geraldo Alckmin menciona ações para investigar as suspeitas e diz que o governo age com firmeza para evitar desvios. O objetivo é desarmar a oposição e destacar a "coragem" do governador. Haverá quatro dias de inserções em uma semana. Outros spots citam ações em áreas como saúde e ensino técnico.

Linha cruzada O Palácio dos Bandeirantes atribui ao Judiciário, que negou a prisão preventiva de 161 denunciados por ligação com o PCC, a culpa por "jogar por terra" uma operação que "desmontaria" a facção criminosa.

Salve Marco Camacho, o Marcola, recebeu no dia 8 notificação da Justiça de que havia um pedido de RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) contra ele. Isso, segundo o governo, alertou o PCC sobre a operação sigilosa.

Genérica Já o Judiciário vê inépcia da denúncia do Ministério Público, que, apesar de ter 890 páginas, só dedica duas a justificar as centenas de pedidos de prisão, sem individualizar o perigo que cada um representaria.

Veja bem Ricardo Lewandowski diz que precisou escolher "entre a aristocracia do velho regime e a democracia constitucional", ao decidir que todos os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo podem disputar cargos de direção.

Onde pega A liminar do ministro do STF, que é oriundo do TJ-SP, abre brecha para a reeleição do presidente do tribunal, Ivan Sartori.

In love Dilma Rousseff e Lula brincaram anteontem que Aloizio Mercadante deveria mandar "um grande beijo" na entrevista após reunião no Alvorada. A presidente disse nesta semana que está em fase de beijos. O ministro deu um jeito de dar o recado.

Aperto... Guido Mantega (Fazenda) determinou que o Tesouro feche o cofre para os governos estaduais. O ministro não atendeu (nem vai atender) neste ano nenhum pedido de empréstimos pelo Programa de Ajuste Fiscal.

... no cinto O PAF é um programa do governo federal que permite que os Estados contratem operações de crédito com mais facilidade. Entre os governos que solicitaram essa linha estão os de São Paulo e Rio de Janeiro.

Em família Marina Silva vai jantar na casa de Eduardo Campos, no Recife, na segunda-feira. Sentará à mesa com a família do governador, amigos e aliados mais próximos. No fim de agosto, o presidente do PSB recebeu Aécio Neves (PSDB) e posou para fotos com o tucano em sua sala.

É a economia Ontem, Marina continuou seu contato com o mercado financeiro. Pela manhã, deu palestra em evento reservado do banco Crédit Suisse em São Paulo.

Valendo Campos encomendou pesquisa telefônica de intenção de voto após o anúncio da aliança com Marina. Foram testados cenários com ambos como candidatos. O levantamento foi feito por Antonio Lavareda, sócio de Duda Mendonça.

Tô fora 1 O PSB do Rio decidiu ontem romper com o prefeito Eduardo Paes (PMDB). A sigla entregou seus cargos na Secretaria de Ciência e Tecnologia, ocupados por indicação do ex-presidente pessebista, Alexandre Cardoso.

Tô fora 2 O deputado federal Glauber Braga assumiu a direção do partido na capital fluminense. O PSB também decidiu emitir uma carta aberta em apoio aos professores do município, que protestam contra Paes.

Tiroteio

"Tem muita gente apressada em comprar ingresso para a final, esquecendo que ainda precisa jogar as eliminatórias."

DE AÉCIO NEVES (MG), presidente do PSDB e pré-candidato à Presidência, sobre o cenário eleitoral após a aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva.

Contraponto

Evolução da espécie

Durante votação no Congresso, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tentou incluir no texto da medida provisória do Mais Médicos uma emenda que acaba com o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

--O líder do PMDB quer Mais Médicos e menos advogados --provocou Sílvio Costa (PSC-PE).

--Quero mais advogados também! --reagiu Cunha.

--Mas de pior qualidade? --retrucou Costa.

--Isso não é um "jabuti", é uma tartaruga gigante --completou Ivan Valente (PSOL-SP), em referência ao apelido dado a emendas que destoam do texto original.

Fonte: Folha de S. Paulo

Brasília - DF -Luiz Carlos Azedo

A segunda frente
Embora a remoção de dois candidatos competitivos como José Serra (PSDB) e Marina Silva (PSB) seja uma vantagem estratégica para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, que inclusive aumenta o seu favoritismo, o fato mais relevante da semana, do ponto de vista eleitoral, foi a aliança entre Marina Silva, que se filiou ao PSB, e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). É que o surgimento de uma segunda frente na disputa pela presidência, à esquerda, altera a estratégia até aqui traçada pelos governistas.
» » »
A nova situação foi discutida no Palácio da Alvorada na quinta-feira à noite, em reunião do estado-maior de Dilma, do qual participam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o marqueteiro João Santana; o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o presidente do PT, Rui Falcão; e o ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins. Lula perdeu sua maior aposta até aqui: a remoção da candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que sobreviveu ao ataque especulativo do Palácio do Planalto para forçá-lo a jogar a toalha.
» » »
A estratégia de reeleição da presidente Dilma era binária: insistir na polarização entre o PT e o PSDB, confrontando as realizações dos governos Lula e Dilma com o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para isso, o adversário ideal é o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que aceita essa condição de inimigo principal de bom grado, porque isso também o beneficia. Agora, a aliança Marina-Campos pôs em xeque essa estratégia. Com essa segunda frente, quem será o inimigo principal? Errar de alvo na hora de desferir o golpe costuma ser fatal.

@dilmabr// "Estou feliz de estar em Novo Hamburgo para inaugurar creches. Atacar a desigualdade pela raiz é garantir creche e pré-escola de qualidade", tuitou a presidente Dilma no começo da noite de ontem. Na rede social, arrematou: "Cada pessoa é diferente, única. Mas, todos os brasileirinhos e todas as brasileirinhas merecem e devem ter as mesmas oportunidades."

Orçamento
O governo decidiu fechar todos os espaços para o senador Aécio Neves (PSDSB) no Congresso. Três emendas do pré-candidato do PSDB, que garantiam mais recursos para saúde, educação e segurança pública, foram rejeitadas pelo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), relator da PEC 22A, de 2000, que institui o Orçamento Impositivo. A Emenda 16, por exemplo, previa que as verbas de saúde destinadas nas emendas parlamentares não fariam parte do repasse já exigido pela lei.

Biotecnologia/ A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou uma agenda de investimentos em biotecnologia industrial, promoção da saúde humana e do agronegócio. A CNI quer um novo marco regulatório da biotecnologia. Dono da maior biodiversidade do mundo, o Brasil pode ser um dos líderes desse mercado.

Pesquisa/ Um estudo ouviu 369 pessoas do setor de biotecnologia entre fevereiro e julho, 76% são do setor privado. Do total, 62% dos entrevistados não têm orçamento e planos para investimento ou pesquisa em biotecnologia. Apenas 6% pretendem investir entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões nos próximos cinco anos.

Black Bloc
A violência dos protestos ou simplesmente o temor de que passeatas pacíficas terminem em tumultos provocados, segundo o presidente do Clube dos Diretores Lojistas e do Sindilojas, Aldo de Moura Gonçalves, já causaram prejuízos aos comerciantes do Rio de Janeiro da ordem R$ 1,3 bilhão. Os danos ao patrimônio e aos serviços públicos chegariam a R$ 19,1 milhão

Palanques
Os palanques regionais estão virando uma grande dor de cabeça para a aliança PT e PMDB. Além da Bahia, Pernambuco e Rio Grande Sul, onde as duas legendas sempre viveram às turras, a situação se complicou no Ceará e no Rio de Janeiro. O ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva recomendou cautela à presidente Dilma Rousseff em relação ao senador Eunício de Oliveira, candidato ao governo do Ceará, e ao governador Sérgio Cabral (PMDB), que não abre mão da candidatura de seu vice, Luiz Fernando Pezão.

Chineses
Com mão de obra e cursos escassos, operários chineses estão chegando para trabalhar na montagem de plataformas de petróleo. Na Ecovix, 55 soldadores chineses foram importados para trabalhar nos estaleiros gaúchos Rio Grande (ERG) e o Rio Grande 2 (ERG 2), onde serão construídos oito cascos de plataformas e três sondas para exploração na camada pré-sal. O Sindicato dos Metalúrgicos denuncia que a contratação de chineses chegará a 800 trabalhadores.

Sem afeto
Oito anos depois de aposentado, o ex-diretor da Petrobras Guilherme Estrella (foto) está cotado para presidir a PPSA, que administrará os contratos de partilha do pré-sal, mas garante que não aceita. Munido dos mapas dos gigantescos reservatórios do pré-sal brasileiro, Estrella foi quem convenceu o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a mudar o modelo de exploração de petróleo do sistema de concessão para o de partilha. Geólogo, é um dos maiores especialistas em pesquisas de petróleo do mundo e petista de carteirinha.

No sal
Aeronautas e aeroviários da antiga Viação Aérea São Paulo (Vasp) estão no sal. A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu suspender provisoriamente as decisões da Justiça do Trabalho que pedem indenização pela falência da antiga. Entendeu que a competência para julgar os processos envolvendo a massa falida da Vasp é da Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo

Fonte: Correio Braziliense

Política – Claudio Humberto

• Lupi planeja passar a ‘rasteira’ em Dilma em março
A fim de segurar ao máximo o Ministério do Trabalho, comandado por seu braço direito Manoel Dias, o dono do PDT, Carlos Lupi, quer deixar para março o lançamento de candidatura própria à Presidência da República. Segundo disse a dirigentes, Lupi quer o senador Cristovam Buarque (DF) na disputa, com o objetivo de valorizar o passe do partido nas negociações de apoio em eventual segundo turno em 2014.

• Será que devo?
Apesar de apelos, Cristovam teme sair menor do que entrou na disputa à Presidência, devido à aliança de Marina Silva com Eduardo Campos.

• Desculpa esfarrapada
Lupi alega que o PDT “não pode deixar” agora o Ministério do Trabalho, alvo de denúncias, para não passar atestado público de culpa.

• É distinção…
A Câmara tem 513 deputados, mas decidiu realizar pregão para aquisição de cinco mil distintivos para os parlamentares.

• …ou deboche
Fontes afirmam que é pela praticidade. As excelências usam um broche em cada terno ao custo, nem tão prático, de R$ 4.700,00.

• Conab banca farra de servidores na Nigéria
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) bancou a viagem transatlântica de dois servidores para integrar comitiva em visita oficial para “promover o fortalecimento político” entre Brasil e Nigéria. Nem parece a Conab que passa por dificuldades financeiras, fecha pólos avançados e não consegue executar suas tarefas – como deixar de fiscalizar o Programa de Aquisição de Alimentos, em sete estados.

• Não é comigo
Apesar de o Diário Oficial atribuir o ônus das flanadas internacionais à Conab, a assessoria jura de pé junto que quem pagou foi a Apex.

• Prioridades
Após ter os gastos questionados, a Conab informou que uma segunda viagem, para o Chile, foi cancelada. “Não é prioridade neste momento”.

• Como sempre
Quem pagou pelo passeio ao continente africano não foi a Conab, muito menos a Apex. O ônus, como sempre, é do contribuinte.

• Cheio de gás
Com a Petrobras penando com a falta de gás de cozinha em cinco Estados, o presidente-companheiro da Bolívia, Evo Morales, ri à toa: faturou US$ 4,5 milhões vendendo gás natural ao Brasil e Argentina. Em 2006, o cocaleiro estatizou a Petrobras na marra, criando a YPFB.

• Estranho no ninho
O deputado Wilson Dib (PSDB-SP) não tentará sua reeleição em 2014, tampouco se decidiu ainda no apoio aos correligionários Aécio Neves à Presidência da República e Geraldo Alckmin, em São Paulo.

• Apelo aos russos
A bancada feminina coleta assinaturas no Congresso para encaminhar pedido à Embaixada da Rússia para a libertação da bióloga Ana Paula Maciel, presa com 29 militantes do Greenpeace, acusados de pirataria.

• Banco imobiliário
Militantes do PT reclamam nas redes sociais que pagam R$ 1,8 mil/dia ao Facebook para ter “curtidas” em seus textos contra opositores. “Voluntários”, dizem que não sabem mais como bancar as páginas.

• Passe valorizado
Após a aliança com Marina Silva, o PSB de Eduardo Campos (PE) está exigindo mais espaço nas alianças com o PSDB de São Paulo e Minas, onde o partido sequer era cotado para vaga majoritária em 2014.

• Propaganda negativa
Está mal na foto o prefeito de Caxias (MA), Léo Coutinho (PSB): o Ministério Público entrou com liminar suspendendo licitação de R$ 5 milhões para propaganda do município. Venceu a única concorrente.

• Aparando…
Receosos de inviabilizar o palanque de Eduardo Campos em Goiás, Márcio França e Pedro Valadares telefonaram ao colega Ronaldo Caiado (DEM) antes do anúncio da filiação de Marina Silva ao PSB.

• … as arestas
Apesar de divergências, Ronaldo Caiado disse aos interlocutores que não veta qualquer “ideia ou pessoa que tenha capacidade de diálogo”: “Democracia não é paz ou cemitério, mas conviver com opiniões”, diz.

• Pensando bem…
…depois de inaugurar creche no Rio Grande do Sul como se prefeita fosse, Dilma vai agendar o chá de boneca com a gurizada.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

A logística piorou - Míriam Leitão

Na campanha eleitoral de 2010, o marqueteiro João Santana escolheu ligar a então candidata Dilma Rousseff à mobilidade. Ela aparecia se deslocando por todo o Brasil em transporte rápido e eficiente. Mas no governo dela o que houve foi uma piora da logística. Não é que o Brasil estivesse bem antes, mas, apesar de um agravamento ser impensável, foi o que aconteceu, segundo pesquisa.

O custo logístico de produção no Brasil é alto e você já sabe disso, mas o que o Instituto Ilos de Logística e Supply Chain mostrou em um congresso internacional esta semana é que ficou mais caro entre 2010 e 2012. Uma pesquisa do instituto constatou que houve o primeiro aumento de custo desde 2004, em relação ao PIB. O Brasil vinha melhorando devagar, mas teve um piora no governo Dilma. O aumento do custo supera R$ 100 bilhões para quem usa os serviços logísticos no Brasil.

Os gastos das empresas com transporte, armazenamento, administração e estoques subiram de 10,6% do PIB para 11,5%, com forte aumento dos transportes. Em termos nominais, houve salto de R$ 391 bilhões para R$ 507 bi com logística. O governo falou muito, mas não executou. As ferrovias estão estagnadas há 10 anos.

De dois em dois anos o Instituto Ilos faz uma pesquisa sobre os custos logísticos no Brasil. Desde 2004, o primeiro ano da série, até 2010, houve quedas desse gasto como proporção do PIB: de 12,1% para 11,5%, entre 2004 e 2006; para 10,9% até 2008; 10,6%, em 2010. Mas agora, em 2012, houve a primeira alta, para 11,5%.

— A economia cresceu pouco e a demanda por transporte continuou crescendo muito, cerca de 5% ao ano. A produção agrícola aumentou e houve interiorização da produção, que fez a carga percorrer distâncias maiores. A política de incentivo à compra de carros aumentou o número de veículo nas estradas. A velocidade média dos caminhões diminuiu — explicou Maurício lima, diretor do Ilos.

O uso do modal rodoviário subiu de 66% para 67% na matriz de transportes. Isso quer dizer que mais de dois terços das cargas transportadas passaram pelas estradas. As ferrovias perderam participação, indo de 19% para 18%. A escolha do Brasil pelas rodovias é uma insensatez econômica: o custo de transporte rodoviário é cinco vezes maior do que o ferroviário, US$ 122 tku (toneladas transportadas por quilômetro útil,) contra US$ 22. Nos EUA, apenas 30% das cargas passam pelas rodovias, enquanto 38% se movem pelos trilhos.

Em 2003, o governo Lula lançou o Plano de Revitalização de Ferrovias. Depois, vieram PAC 1 e PAC 2. No ano passado, a presidente Dilma anunciou o Plano de Investimento em Logística. Nada deu resultado. A malha ferroviária era de 29.798 quilômetros em 2003, fechou 2012 em 30.379 quilômetros. Alta de 0,02%.

— Deveríamos ter 52 mil quilômetros de ferrovia para atender à demanda. Há falha de planejamento para o setor ferroviário — explicou o presidente da Associação de Transportes Ferroviários, Rodrigo Vilaça.

O uso do transporte rodoviário tem outras consequências. A balança comercial passou todo o ano em déficit pelo forte aumento da importação de diesel e gasolina. A Petrobras é afetada porque é obrigada a vender combustíveis a um preço mais baixo do que paga na importação. Segundo Maurício Lima, 56% do diesel consumido no país são para transporte de cargas.

Isso tira produtividade das commodities agrícolas. No caso da soja, o bom preço manteve a rentabilidade, mas a produção tem se deslocado para áreas remotas, o que eleva o custo logístico. Quando os preços dos produtos não estão bons, fica difícil superar o gargalo.

O marqueteiro João Santana terá que criar outra imagem porque nada será mais fantasioso do que insistir nos filmes da presidente se deslocando velozmente pelo país, Como todos sabem — e sentem — pessoas e mercadorias estão engarrafadas, perdendo tempo, dinheiro e produtividade nos gargalos logísticos do Brasil.

Os pontos-chave
1
Entre 2010 e 2012, o custo de logística no Brasil subiu em relação ao PIB, com aumento dos transportes
2
A malha ferroviária do país está estagnada há 10 anos. 0s vários programas para o setor não saíram do papel
3
O modal rodoviário é cinco vezes mais caro que o ferroviário. É preciso importar diesel e gasolina

Fonte: O Globo