quinta-feira, 10 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA – José Serra: candidatíssimo

Sou candidatíssimo a continuar batalhando pelo país, analisando o que está acontecendo e fazendo propostas. Questões eleitorais, de candidatura, são coisas para o ano que vem. Ainda tem muita coisa para acontecer. É tudo muito cedo e, aliás, o inesperado já mostrou a sua presença nesta aliança, que foi uma novidade completa, da Marina Silva com o Eduardo Campos.

José Serra, ex-prefeito e ex-governador de S. Paulo. In Entrevista. Zero Hora, 10/10/2013

Brasil grande: País volta a ter maior taxa de juro real do mundo

BC eleva Selic para 9,5% mesmo com inflação menor.

Para analistas, decisão do Banco Central mira controle do custo de vida em 2014, quando haverá eleições. Em 12 meses, acumulado ficou abaixo de 6%.

Apesar do recuo da inflação em 12 meses para 5,86%, abaixo de 6% pela primeira vez este ano, a diretoria do Banco Central decidiu, por unanimidade, subir a taxa básica de juros de 9% para 9,5% ao ano, na quinta alta seguida. Com isso, o Brasil volta a ter o maior juro real (acima da inflação) do mundo, com 3,5%, o que não acontecia desde abril de 2012. Segundo analistas, o objetivo seria controlar a inflação em 2014, ano de eleição.

Inflação cai, e BC eleva juro

IPCA recua para 5,86%, mas Selic sobe para 9,5%. Brasil volta a ter a maior taxa real do mundo

Gabriela Valente e Roberta Scrivano

No mesmo dia em que a inflação medida pelo IPCA em 12 meses recuou para 5,86%, patamar abaixo de 6% pela primeira vez este ano, o Banco Central (BC) decidiu aumentar os juros pela quinta vez seguida. Atento aos riscos de os índices de preços continuarem num patamar alto em 2014 — ano eleitoral — o BC elevou a taxa básica (Selic) de 9% para 9,5% ao ano. Com a medida, o país volta a ter o juro real mais alto do mundo, de 3,5%, segundo levantamento do economista Jason Vieira, à frente de Chile e China. Desde abril do ano passado, o país não ocupava o primeiro lugar na listagem. A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) foi tomada depois de o governo começar a ajustar o discurso político para justificar o abandono da bandeira dos juros baixos. A cúpula do BC também indicou que a taxa pode subir mais e deixou o caminho aberto para a Selic voltar à casa dos dois dígitos ainda neste ano.

Essa foi a leitura feita pelos economistas do mercado financeiro do comunicado publicado após a reunião. O texto enxuto foi exatamente o mesmo divulgado nos três encontros anteriores do comitê. Nele, os diretores do BC afirmam que a decisão mira no controle de preços no ano que vem.

"O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano" diz a nota. Para os economistas, esse é um sinal de que o Palácio do Planalto diminuiu a interferência no trabalho do Banco Central por entender que a inflação alta pode representar um perigo político ainda maior do que a fragilidade do crescimento.

— O discurso político está sendo ajustado de olho nas eleições de 2014. Vão deixar claro que elevar os juros para dois dígitos não é retrocesso, mas uma ação conjuntural para manter conquistas — frisou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Para o economista-chefe da Asset Votorantim, Fernando Fix, é cedo para mudar o cenário original: juros básicos em 9,75% ao ano no fim de 2013. Essa é a aposta da maioria dos analistas.
— Não seria recomendável declarar vitória (no combate à inflação) neste período — disse.

Segundo analistas, havia argumentos para indicar que os juros não continuariam a subir no mesmo ritmo. A economia não voltou a crescer na velocidade desejada. O dólar caiu e pressionará menos
a inflação no Juturo, e a incerteza em razão do possível calote da dívida dos EUA embaralha de vez as previsões. De outro lado, o BC tem dito que o mais importante é ancorar expectativas de consumidores e empresários. E as apostas para a inflação no ano que vem são altas. O próprio BC espera que o IPCA feche o ano em 5,8%. E projeta taxa de 5,7% para 2014. A meta anual é de 4,5% com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais.

— É um desafio muito grande entrar no ano que vem corn previsão de inflação alta e uma i pressão forte que vem dos preços administrados — ponderou o ex-secretário do Tesouro Nacional Carlos Kawall.

FiRJAN e FIESP criticam decisão

O economista referiu-se ao prometido aumento de gasolina e às perspectivas de alta de tarifas de trans-j portes. Nas projeções de Kawall, o BC deve começar 2014 com mais altas de juros. Ele aposta em dois aumentos de 0,25 ponto percentual nas duas primeiras reuniões do Copom. Com isso, a Selic chegaria a 10,5% ao ano.

A ata da reunião de agosto já indicava maior preocupação com a inflação. Vários trechos destacavam seus efeitos na economia: aumento de riscos, depressão de investimentos, encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos e deterioração da confiança de empresários. Além disso, ressaltava que inflação alta subtrai poder de compra de salários e de transferências, diminui o consumo, reduz o potencial de crescimento da economia e geração de empregos e de renda.

Entidades empresariais e sindicais criticaram a decisão do BC. Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) a alta foi equivocada e o ciclo de aperto monetário deve ser encerrado. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), avalia que o novo aumento prejudica um momento propício à retomada da atividade econômica,

— É hora de baixar os juros e aumentar o investimento público em concessões, para voltarmos a crescer — disse Skaf.

Fonte: O Globo

Réus do mensalão podem cumprir pena este ano

Presidente do STF diz que tradição é encerrar julgamento após recurso

Carolina Brígido

BRASÍLIA- Pelo menos 13 dos 25 condenados no processo do mensalão já podem começar a cumprir a pena este ano. Ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, explicou que é tradição na Corte decretar o trânsito em julgado, ou seja, encerrar um processo, depois da análise dos segundos embargos declaratórios. Esse recurso serve para esclarecer pontos dúbios do julgamento. Com o fim da ação penal, só restaria ao j tribunal mandar prender os condenados que não tenham direito aos embargos infringentes, o recurso que pode dar um novo julgamento a outros 12 dos 25 condenados. A expectativa é que os segundos embargos sejam analisados ainda em outubro.

— Essa é a tradição do tribunal — disse Barbosa, sobre o trânsito em julgado ao fim dos segundos embargos.

Nessa hipótese, pode haver prisões no mensalão ainda este mês. O presidente afirmou, contudo, que caberá ao plenário decidir quando as prisões serão decretadas:

— Quem decide é o colegiado.

Em junho, o STF analisou os segundos embargos de declaração do deputado Natan Donadon (sem partido-RO). O recurso foi negado, foi decretado o fim do processo e o tribunal mandou prender o réu.

Mais cedo, em um evento no Congresso Nacional sobre o 25º aniversário da Constituição Federal, Barbosa avisou que conversaria com os demais ministros sobre as prisões. Mas não disse quando faria isso. Ontem, ele embarcou para a Itália, onde representará o tribunal em um evento em Veneza. Barbosa só estará de volta à Corte na próxima segunda-feira.

— Vamos ver, vamos ver. Vou conversar lá com os colegas para saber o que fazer — afirmou o presidente.

O ministro Gilmar Mendes concordou que as prisões sejam discutidas com os colegas. Ele espera que o caso seja solucionado logo.

— Vamos aguardar agora a submissão dessa matéria ao plenário, eventualmente por iniciativa do relator, para que nós tenhamos uma definição. Devemos ver se, de fato, haverá esses segundos embargos e certamente o relator vai provocar uma questão de ordem — declarou Mendes. — Imagino que não vai demorar muito tempo para uma definição. O processo tem que andar pra frente.

Marco Aurélio também defende prisão

Mendes explicou que o plenário também terá de decidir se mesmo os condenados com direito a embargos infringentes poderão começar a cumprir pena antes do julgamento do último recurso. Isso porque, em alguns casos, os infringentes teriam o poder de diminuir a pena em pouco tempo, deixando os condenados ainda com muitos anos a cumprir atrás das grades.

— Vejam, por exemplo a situação do réu Marcos Valério. Ele tem um cumulado de penas e, salvo engano, dois anos da quadrilha. Só esta parte está suscetível de embargos infringentes. Então, isso tem que ser analisado, talvez seja expletivo de todo esse dilema — disse.

O ministro Marco Aurélio Mello defende as prisões depois do julgamento dos segundos embargos declaratórios, mesmo que o réu ainda tenha direito aos embargos infringentes. Nesse caso, o condenado começaria a cumprir as penas referentes aos crimes que não serão mais alvo de recurso.

Fonte: O Globo

Com Dilma em ‘fase de beijos’, ministro vai ao ataque contra Marina e Campos

Sucessão 2014. Enquanto presidente evita falar em público sobre acordo que une ex-ministra do Meio Ambiente e governador de Pernambuco, Paulo Bernardo, titular das Comunicações, questiona competitividade da chapa e diz que no Brasil 'ninguém vota em vice'

Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura

BRASÍLIA - Enquanto Dilma Rousseff evita comentar em público a aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos e pede respeito à ex-ministra do Meio Ambiente em reuniões privadas com aliados, seus auxiliares e correligionários iniciaram nessa quarta-feira, 9, uma ação para minar a dupla que se uniu pelo projeto presidencial do PSB.

A estratégia consiste em mostrar as contradições da união da ex-ministra com o governador de Pernambuco. A aposta dos petistas é que haverá uma disputa entre os dois pela vaga de cabeça de chapa na campanha ao Palácio do Planalto no ano que vem.

Coube ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, fazer nessa quarta a mais crítica declaração do governo até agora contra a parceria de Marina com Campos. "Não sei se a chapa é competitiva. Ela (Marina) acrescenta para ele (Campos), mas se você for pensar, se ela for vice, no Brasil ninguém vota por causa do vice", afirmou o ministro logo após deixar reunião com Dilma no Palácio do Planalto ontem.

"As pessoas votam no candidato. Precisamos saber quem vai ser o candidato, porque hoje, nos jornais, ela tá falando claramente que pode ser candidata. Temos de observar isso com tranquilidade: vai ser o Eduardo com a Marina de vice, ou vai ser a Marina com o Eduardo de vice, ou vai ser um dos dois candidatos sem o outro como vice?"

Bernardo disse ainda que ambos, por articularem uma candidatura contrária ao PT, mudaram o discurso - Marina foi ministra do Meio Ambiente de Lula e Campos, da Ciência e Tecnologia, também na gestão do ex-presidente. Para o ministro, a aliança anunciada no sábado passado aumentou as chances de Dilma vencer a eleição do ano que vem ainda no 1.º turno.

"Eles tiraram pelo menos um candidato. Se tiraram a Marina, significa tirar uma candidata que tinha mais de 20 pontos (de intenção de voto) nas pesquisas. Não podemos supor que todos esses 20% vão migrar para o Eduardo Campos, com certeza a presidente Dilma vai receber um porcentual disso", disse.

Horas depois da reunião com o ministro, Dilma esteve no Congresso. Questionada sobre Marina e Campos, respondeu: "Hoje estou na fase dos grandes beijos". Na segunda-feira, disse em reunião de líderes que a parceria de Marina com Campos deveria ser tratada com precaução. "Marina não é qualquer pessoa", afirmou, segundo aliados.

Petistas. No mesmo evento do Congresso em que Dilma disse estar na "fase dos grandes beijos", os petistas repetiam as críticas de Bernardo. "Em eleição, dois mais dois não é quatro: a redução do número de candidatos fortalece quem está no governo", afirmou o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE).

"Os votos tendem a se pulverizar, é uma aliança que vai para a direita", disse o petista, lembrando a adesão ao PSB de Paulo Bornhausen, filho do ex-senador Jorge Bornhausen, e do ex-senador Heráclito Fortes (PI), ambos do antigo PFL, adversário histórico do petismo.

'Conservadores'. O secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), afirmou que a aliança tem incoerências que decepcionaram os militantes da Rede - partido que teve o registro negado por falta de assinaturas - e que não garantirão a transferência de votos de um para o outro. "Há um descontentamento da militância da Rede. Ele (Campos) trouxe setores muito conservadores para o partido", disse o petista, segundo quem o posicionamento do PSB em temas ambientais, como na votação do novo Código Florestal, tende a afastar os eleitores que apoiaram Marina nas eleições de 2010.

As falas coincidem com a tese dos assessores mais próximos de Dilma, como o marqueteiro João Santana, para quem a presidente poderá aparecer nas próximas pesquisas ainda mais bem colocada do que antes do fechamento da aliança do PSB.

Para alguns assessores do Planalto, há chance de as intenções de voto apontarem vitória no 1.º turno. A melhora nas pesquisas, apostam petistas, poderá ajudar o governo na negociação com os partidos aliados no Congresso Nacional, um dos principais gargalos do Planalto. Outro efeito, afirmam, pode ser o maior poder de sedução do PT para atrair outras legendas ainda sem aliança para a eleição do ano que vem.

Colaboraram Débora Bergamasco e Ricardo Della Coletta

Fonte: O Estado de S. Paulo

Para ex-ministra, atual governo põe em risco legado de FHC

Marina diz que presidente vai bem ao manter conquistas sociais, mas patina na estabilidade econômica

Eduardo Bresciani e Daiene Cardoso

BRASÍLIA - A ex-ministra Marina Silva afirmou nesta quarta-feira, 9, que a presidente Dilma Rousseff tem dificuldade de manter a estabilidade econômica alcançada no governo Fernando Henrique Cardoso. A nova colega de partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou que um dos principais objetivos da aliança recém-fechada é manter essa estabilidade, além de conservar o legado social do sucessor do governo tucano, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

As declarações foram dadas após ela participar de reunião da comissão executiva provisória da Rede, partido cuja criação foi rejeitada por falta de assinaturas, fato que a fez aderir ao PSB de Campos e ao seu projeto presidencial do ano que vem.

Questionada sobre se não havia nada a manter do governo Dilma, a ex-ministra afirmou: "Eu acho que a presidente Dilma manteve as conquistas do governo do presidente Lula e está manejando a dificuldade de manter a conquista da estabilidade econômica e eu espero sinceramente que ela consiga evitar que tenhamos retrocesso em relação a essa questão.

O presidente Fernando Henrique tem uma marca: a estabilidade econômica. O presidente Lula tem uma: a inclusão social. A presidente Dilma precisa deixar sua marca e torço para que ela deixe, não a marca do retrocesso na área ambiental. Não torço pelo quanto pior melhor".

Marina atribuiu o acordo com Campos à disposição dele de incorporar as ideias defendidas pela Rede à plataforma que defenderá nas próximas eleições. "Acho que a candidatura do Eduardo Campos sinalizou que precisa das ideias e das propostas da Rede Sustentabilidade, e foi isso que nós nos dispomos a fazer, esse encontro de ideias. Vamos aprofundar esse programa e temos consciência de que suscitamos no Brasil a manutenção da esperança de que não vai ter a polarização PT-PSDB e que uma terceira via tem a possibilidade de se constituir", afirmou a ex-ministra.

A ex-senadora também comentou as negociações para a formação dos palanques regionais. Ela disse que o limite para a aliança, nacional e nos Estados, é a "coerência". Questionada se o PV, partido pelo qual foi candidata à Presidência, mas depois abandonou por causa de disputas internas, poderia ser um aliado, respondeu de forma positiva. "Não saí do PV por causa do programa, mas por causa da democracia interna. O programa é inspirado na luta pela sustentabilidade e é próximo do nosso."

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos e Marina agem contra crise

Eduardo Campos e Marina Silva atuaram ontem para tentar desfazer a tensão entre seus aliados, depois de críticas da ex-senadora a apoiadores do governador de Pernambuco. Eles também mantiveram dúvidas sobre qual dos dois vai liderar a chapa presidencial na eleição do ano que vem.

Ruídos na aliança

Declarações de Marina afastam aliados, e Campos deixa dúvida sobre cabeça de chapa

Chico de Gois

BRASÍLIA- De forma separada, mas com objetivo comum, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-senadora Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, procuraram ontem desfazer o clima de crise criado com as críticas que ela fez a alianças que estavam em andamento por parte da direção do PSB nos estados. Eles mantiveram também dúvidas sobre qual dos dois vai liderar a chapa presidencial na eleição do ano que vem. Em entrevista ao GLOBO publicada ontem, Marina criticou abertamente uma união entre o partido de Campos e o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado, afirmando que, para a Rede, não há lugar para um inimigo histórico dos trabalhadores sem terra.

Pela manhã, Campos procurou desanuviar a tensão, mas acabou gerando outro mal-estar, desta vez com o próprio Caiado. Em entrevista à Radio CBN, o pré-candidato a presidente negou que o PSB estivesse negociando uma aliança com o líder do DEM, o que provocou a ira dos representantes do agronegócio no Congresso, que afirmaram que, deste jeito, será impossível o apoio a Campos em 2014.

— Não há aliança com o Ronaldo Caiado desse conjunto do PSB e da Rede. Existe um quadro em Goiás, de um conjunto de partidos na oposição ao PMDB e ao PSDB que vinham discutindo, e que, claro, com a aliança PSB-Rede, isso vai mudar o curso do debate na política nacional e nos estados — declarou Campos.

Integrantes da cúpula do PSB admitem que será mais fácil interromper um entendimento com Caiado, que, dizem, não está ainda amarrado, do que desfazer uma aliança já consolidada com a família Bornhausen, em Santa Catarina. O deputado Paulo Bornhausen foi empossado como presidente do diretório do PSB no estado pelo próprio Eduardo Campos. No caso de Caiado, dizem, o que há, por enquanto, é só uma possibilidade de aliança com o candidato do PSB ao governo de Goiás, Vanderlan Cardoso.

— As declarações de Marina, em relação a Caiado, vão facilitar para o PSB explicar o novo momento que o partido vive. Não tem nada acertado ainda com ele — disse o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, indicado pelo partido para discutir com integrantes da Rede como serão feitas as coligações estaduais e o programa conjunto da coligação.

Ex-senadora cobra coerência

Depois de provocarem a ira de representantes do agronegócio no Congresso, Marina e Campos : voltam a se encontrar hoje, em São Paulo, com integrantes do setor produtivo. Ela vai apresentar o pré-candidato do PSB aos empresários que vêm apoiando a Rede, entre eles Neca Setúbal, do banco Itaú, e o pessoal da Natura. Será uma forma de demonstrar que o partido de Marina tem apoio entre os empresários também, embora não seja bem vista pelos ruralistas.

Marina, por sua vez, embora não tenha voltado a rechaçar abertamente uma suposta união entre o PSB e Caiado, afirmou, em entrevista coletiva, que é necessário ter coerência.

— O limite é o limite da coerência. Agora, o limite da coerência a Rede vai discutir e o próprio PSB também vai discutir, porque eles vão procurar agir de acordo com sua coerência — afirmou a ex-senadora, lembrando que o partido de Eduardo Campos tem história e foi comprometido com a redemocratização do país, mas evitando comentar que o PSB atraiu para seus quadros ex-filiados do DEM, como os ex-senadores Jorge Bornhausen (SC) e Heráclito Fortes (PI).

— O esforço que estamos fazendo é perfeitamente compatível com as nossas coerências. O limite para qualquer empreitada deve ser a manutenção da coerência. Foi isso que aconteceu quando fizemos a escolha de conversar com o PSB. A coerência. Quem é a pessoa, qual é o partido que guarda coerência para que possamos fazer este gesto? É o partido que vem das lutas democráticas, da defesa da democracia, da luta do povo brasileiro; é um jovem líder que está surgindo, que tem todo tempo pela frente para construir, preservar sua experiência política.

Apesar de falar em limites, a ex-senadora fez questão de dizer que caberá ao PSB fazer as discussões que achar conveniente para definir cenários nos estados.

— O PSB vai tratar das questões internas que entenda que deva tratar. Só coloquei qual é o limite da Rede Sustentabilidade como termo de referência para nossa discussão. Obviamente, que o que vai ser feito desse limite será uma avaliação no tempo adequado ao processo do PSB, porque eles estavam num processo anterior.

Marina também declarou que, no momento, só há uma candidatura presidencial possível na aliança: a de Eduardo Campos. E que sua candidatura foi descartada pelos cartórios eleitorais, que não atestaram a validade das assinaturas para a legalização da Rede. Mas sua candidatura não parece descartada, embora Marina tenha dito o seguinte:

— Só tem uma posição na chapa: a do Eduardo, que está posta, e a Rede foi conversar com ele já tratando isso como um fato.

Eduardo Campos, por sua vez, não quis responder, na entrevista à CBN, se poderá abrir mão da candidatura caso Marina continue à frente nas pesquisas eleitorais. Mas disse que hão haverá problema na discussão desta questão no ano que vem:

— Nós não vamos ter nenhum problema em decidir chapa em 2014. Está redondamente enganado quem imaginar que existe essa contradição aqui dentro. Pelo contrário. Existe uma grande unidade entre PSB e Rede, entre a minha posição e a posição de Marina. O que nos desafia neste momento é a gente aprofundar o debate sobre uma plataforma a ser apresentada ao país e nós vamos estar muito juntos, sintonizados em tomo de um programa para vencer essa coisa do bipartidarismo.

Ataques também a Dilma

Campos acusou os adversários de tentarem minar a parceria entre o PSB e a Rede:

— Aqueles que estão incomodados com o surgimento de uma aliança que voltou a animar a política brasileira procuram de todas as formas, até meio desesperadas, tentar atrapalhar essa construção. Uma é imaginar que vão me jogar contra a Marina, ou a Marina contra mim, o que é completamente impossível.

Comparando a gestão da presidente Dilma Rousseff com a de seus antecessores — Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — Marina afirmou que o tucano deixou como marca a estabilização monetária, e Lula, a inclusão social. Mas Dilma, no entendimento dela, ainda não tem uma marca:

— A presidente Dilma precisa deixar sua marca e torço para que ela consiga e que a marca não seja a do retrocesso na questão socioambiental.

(Colaboraram Maria Lima e Cristiane Jungblut)

Fonte: O Globo

Nome que estará na urna é Eduardo Campos, diz PSB

PSB reage a Marina e diz que candidato em 2014 é Campos

Partido tenta evitar crise após ex-senadora rejeitar definição de chapa agora

Declaração de líder da Rede constrange aliados do governador; divergências nos Estados se acentuam

Ranier Bragon, Natuza Nery

BRASÍLIA - Um dia depois de a senadora Marina Silva afirmar em entrevista à Folha que tanto ela quanto o governador Eduardo Campos são "possibilidades" para 2014, integrantes do PSB afirmaram que o nome que aparecerá na urna no dia 5 de outubro de 2014 como o candidato do partido à Presidência será o de "Eduardo Henrique Accioly Campos".

"Não tem isso de discutir lá na frente posição na chapa. A candidatura posta é a de Eduardo e ela vai até o dia da eleição. A cabeça de chapa se chama Eduardo Henrique Accioly Campos e esse será o nome na urna no dia da eleição", afirmou o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira.

Um dos congressistas que participaram da articulação para a aliança Campos-Marina, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também negou a possibilidade de que o governador possa vir a ceder a vaga a Marina, a depender das circunstâncias.

"Os que apostarem em uma disputa entre Eduardo e Marina vão perder. Não tenho nenhuma dúvida de que a Marina fez opção pela candidatura do Eduardo, e essa candidatura vai até o fim."

Ontem, Marina reclamou do destaque dado à sua declaração e disse que falava só em possibilidades para o Brasil, mas voltou a se negar a responder diretamente se descarta a sua postulação.

Apesar de reconhecerem o constrangimento, integrantes do PSB dizem, nos bastidores, que Marina não deixará clara agora a sua possível desistência de concorrer ao Planalto por dois motivos: risco de desmobilização na Rede, o partido que ela tentou criar, mas foi barrado pela Justiça Eleitoral, e possibilidade de que Campos vire o foco principal dos adversários.

De acordo com o Datafolha, Marina tem 26% das intenções de voto contra 8% de Campos, o que leva militantes da Rede a defender que ela seja a cabeça de chapa.

Anunciada no último sábado, a aliança entre Campo e Marina representou o lance mais surpreendente da corrida ao Planalto e teve o objetivo de criar uma terceira via contra as candidaturas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).

A ameaça tácita de possível "inversão" de papéis na chapa é só um dos potenciais curtos-circuitos que já surgiram após o anúncio da aliança.

Nos Estados, há chances reais de que Rede e PSB caminhem em lados distintos. Em São Paulo, o PSB tendia a apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB), mas integrantes da Rede já passaram a defender o nome do deputado federal Walter Feldman, "marineiro".

Em Goiás, a ex-senadora "vetou" publicamente a aliança do PSB com o deputado ruralista Ronaldo Caiado (DEM).

No Distrito Federal, Marina anunciou apoio à pré-candidatura do deputado federal Reguffe (PDT), apesar de o PSB também ter um nome para a disputa, o de Rollemberg.

"O Reguffe trabalhou pela criação da Rede, e é natural que ela manifeste preferência por ele", disse o senador.

Em entrevista ontem, Marina disse que o limite para os acertos com o PSB nos Estados será a "coerência".

Fonte: Folha de S. Paulo

Serra diz que é cedo para PSDB se decidir

Flávio Ilha

PORTO ALEGRE- O ex-governador de São Paulo José Serra aproveitou ontem uma declaração do colega de partido e senador Aécio Neves (MG) para alimentar mais uma vez seu desejo de concorrer à Presidência da República pelo PSDB. Em Porto Alegre, em reunião com empresários e líderes políticos, fez um discurso de candidato, recheado de críticas à atual administração federal, e disse que, após a aliança PSB-Rede, o quadro eleitoral do país ficou indefinido:

— As coisas estão bastante indeterminadas e realmente não há pressa para isso (anunciar candidaturas presidenciais). É muito difícil traçar um rumo neste momento. Nesse sentido, estou na expectativa e analisando também. Mas o PSDB deixou claro, o próprio Aécio Neves declarou isso mais de uma vez, que essa vai ser uma decisão para ser tomada em março, a partir de março — afirmou.

No último dia 30, Serra anunciou que ficaria no PSDB. Ele disse ontem não crer que a oposição esteja perdendo tempo ao não definir uma candidatura já. Contou que em 1993, menos de um ano antes da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência, o candidato preferencial do campo tucano-peemedebista era o então ministro da Previdência Social, Antônio Britto.

Segundo Serra, a antecipação do debate eleitoral "virou uma doença, cujo primeiro vírus foi inoculado pelo Lula"

Convidado pela Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul) para falar sobre economia, citou dez problemas que o próximo presidente terá de resolve — entre eles "questões graves" em Saúde, Educação e contas externas — e listou gargalos de infraestrutura. Disse que, se tivesse vencido a eleição em 2010, teria enfrentado essa questão com "competência" e "planejamento":

— Posso garantir que aquela maioria que o Rio Grande me deu (em 2010) ia ficar plenamente realizada. Nada disso teria sido assim, se a vontade do Rio Grande tivesse sido a do país naquele momento.

Críticas também a oposição

Serra classificou o programa Mais Médicos de "cortina de fumaça" para o governo não enfrentar a falta de investimentos públicos no setor Criticou a implantação do trem-bala entre Rio e São Paulo, projeto defendido pela presidente Dilma Rousseff.

O tucano afirmou que esse trem "não terá passageiros" e frisou que os R$ 70 bilhões previstos para o projeto seriam suficientes para construir metrôs nas principais metrópoles brasileiras.

Também atribuiu ao "decênio petista" no poder a partidarização do Estado, que provocou, segundo ele, um comércio de filiações e troca-troca de partidos nunca visto na política brasileira. Para Serra, tempo de TV e fundo partidário viraram mercadoria na política nacional:

— Isso é um acinte à nossa democracia, mas não aconteceu a partir do zero. De alguma maneira, o governo tem sido cúmplice dessas distorções — afirmou.

O ex-governador, que por duas vezes disputou a Presidência também não poupou a oposição. Reconheceu que é muito difícil ser oposicionista no Brasil, quando o governo tem maioria no Congresso, e que não surgiu um nome capaz de galvanizar as mudanças que a população exigiu nas manifestações este ano:

— Se você me perguntasse se a oposição merece nota 100, eu diria que não. E não estou me excluindo, não.

Fonte: O Globo

Ainda sem jogar a toalha

José Serra diz que o PSDB "não tem pressa" para indicar o nome do partido que disputará a Presidência. 

Definição deve ocorrer em março

Alice Maciel

O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) afirmou ontem que o rumo de seu partido nas eleições presidenciais no ano que vem será definido em março e não descartou a possibilidade de sair candidato ao Planalto. "As coisas estão bastante indeterminadas e realmente não há pressa para isso (anunciar candidaturas majoritárias para 2014). É muito difícil traçar um rumo neste momento. Nesse sentido, estou na expectativa e analisando também. Mas o PSDB deixou claro, o próprio (presidente da sigla e senador) Aécio Neves declarou isso mais de uma vez, que essa vai ser uma decisão para ser tomada em março", disse.

Em tom de campanha, o tucano, que participou de reunião com empresário e lideranças políticas em Porto Alegre, fez várias críticas à atual administração e disse que, depois da união entre PSB e Rede, anunciada no sábado, o quadro eleitoral do país está indefinido. Serra classificou as trocas de legenda das últimas semanas de "mercado partidário", e culpou a presidente Dilma Rousseff de ser "cúmplice" dessa prática.

Serra defendeu que a oposição trabalhe de maneira integrada para que o projeto de retirar os petistas do poder se concretize, mas não quis comentar eventuais acordos entre seu partido e a força política nascida da união da Rede de Marina Silva com o PSB, de Eduardo Campos. "Eu sempre disse que trabalharia para que houvesse uma alternativa capaz de derrotar o PT e oferecer ao Brasil uma mudança de rumo. Mas não avalio quem poderá fazer isso, tanto no PSDB quanto na oposição como um todo", ponderou. "A oposição não merece nota 100 — não estou me excluindo disso —, mas não tem sido fácil ser oposição, minoria", acrescentou.

Convidado pela Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (Federasul) para falar sobre economia, o ex-governador citou 10 problemas que o próximo presidente terá de resolver a partir de 2015 — entre eles, questões nas áreas da saúde, da educação e as contas externas — e também listou gargalos de infraestrutura que a atual gestão federal prometeu solucionar e que, de acordo com ele, "nunca passaram do anúncio".

José Serra ainda chamou o Mercosul de "bobagem", defendeu que o país reveja a participação no bloco econômico e disse que o governo federal faz "fru-fru" com a Bolívia. "A verdade é que a nave da economia brasileira não está subindo nem descendo, mas tem um viés para baixo, não está indo bem."

Fonte: Correio Braziliense

Para Serra, governo foi 'cúmplice' do 'comércio partidário'

Naira Hofmeister

O ex-governador José Serra (PSDB) disse ontem, em Porto Alegre, que o governo Dilma Rousseff foi "cúmplice" do troca-troca partidário no Congresso. "Fundo Partidário e tempo de TV viraram mercadorias. Isso é uma síntese da nossa democracia, a política está cada vez mais distante daquilo que o Brasil precisa", afirmou. "Não me lembro de um comércio, de um troca-troca com as características das deste último mês."

Para o tucano, a cláusula de barreira, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, poderia evitar esse problema. "O fato é que o governo não se dispôs a dar batalha: embora não possa mexer na Constituição, suas ideias e posições têm influência. Então, de certa maneira, o governo é cúmplice desta distorção."

Serra reiterou que a definição do nome tucano para a disputa pela Presidência ocorrerá apenas em março do ano que vem.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Entrevista: José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo

"É muito cedo para candidaturas"

Cleidi Pereira e Rosane de Oliveira

Um José Serra mais zen e risonho, mas com o mesmo discurso afiado de candidato, recheado de críticas ao PT, passou ontem por Porto Alegre.

Na Federasul, onde falou a empresários sobre o desenvolvimento econômico, o tucano elencou uma lista de 10 problemas que deverão ser enfrentados a partir de 2015, como inflação e gargalos logísticos. E demonstrou disposição para encará-los, mesmo que, hoje, o pré-candidato do PSDB seja o senador Aécio Neves (MG). Nas entrelinhas, ficou claro que ex-governador de São Paulo não irá desistir tão fácil de ser, pela terceira vez, o postulante tucano ao Planalto. O martelo – insistiu – só será batido em março.

No Tá na Mesa, o tucano reclamou do Mercosul e disse que o RS é vítima da falta de planejamento e do processo de desindustrialização.

Serra visitou a sede do Grupo RBS, onde foi recebido pela direção da empresa. Na sequência, deu entrevista aos veículos do grupo. Também participaram da conversa os jornalistas Cid Martins, da Rádio Gaúcha, Luciane Kohlmann, da RBS TV, e Nathalia Fruet, da TVCOM.

Zero Hora – O senhor é candidato à Presidência?

José Serra – Sou candidatíssimo a continuar batalhando pelo país, analisando o que está acontecendo e fazendo propostas. Questões eleitorais, de candidatura, são coisas para o ano que vem. Ainda tem muita coisa para acontecer. É tudo muito cedo e, aliás, o inesperado já mostrou a sua presença nesta aliança, que foi uma novidade completa, da Marina Silva com o Eduardo Campos.

ZH – A escolha do candidato do PSDB tem de ser por prévia?

Serra – Aécio Neves é presidente do partido, e ele já declarou que este é um assunto para ser abordado a partir de março do ano que vem.

ZH – Até que ponto a decisão de Marina transforma Campos em candidato competitivo?

Serra – Só o tempo vai dizer. Quem souber dizer o que vai acontecer no ano que vem está por fora. Quem disser que sabe é porque não está entendendo nada.

ZH – O governador Tarso Genro fez avaliação de que a eleição não vai se dar em torno do debate sobre as heranças dos governos FH e Lula. Ou seja, haverá um cenário para discutir o país daqui para frente.

Serra – De olhar para frente, sim. Mas não diria que é uma disputa em torno de heranças. Será um disputa em torno dos problemas que o país vai encontrar no começo de 2015. Hoje, não sabemos bem como vai evoluir o processo eleitoral, mas uma coisa tenho certeza: quais são os principais problemas que o novo presidente vai ter de tratar para governar bem o país.

ZH – O senhor falou em uma lista de 10 problemas. É síntese dos problemas do país ou o senhor fez para simplificar?

Serra – É a síntese. O próximo presidente vai encontrar uma economia em uma situação de desequilíbrio externo. O Brasil teve uma fase de bonança que não vai se repetir. Vai ter de fazer frente a um desequilíbrio externo que constrange o crescimento da economia, não vai ter muito raio de manobra do ponto de vista do gasto público, do ponto de vista fiscal, que a situação está muito apertada. Tem o problema da inflação, que, no mundo atual, é alta, mais ainda com os preços reprimidos. Tem o problema de falta de infraestrutura – me refiro a estradas, energia – que está estrangulando o desenvolvimento brasileiro. Tem o problema da saúde a curto prazo, que coloca demandas impactantes do ponto de vista econômico.

ZH – Que avaliação o senhor faz da realização da Copa e suas obras?

Serra – A Copa é uma coisa boa. Agora, teve muita megalomania, estádios demais e em lugares onde não há times e atropelos que, em obras, significam custos maiores.

ZH – Como o senhor avalia as respostas de Dilma aos protestos?

Serra – Nada a ver. São cortinas de fumaça. Mais médicos todo mundo quer. É como falar a favor da energia elétrica e da água encanada. Quem é contra? Todo mundo é a favor. O problema da saúde não é a escassez de médicos e, sim, de serviços de saúde, porque o médico não trabalha sozinho. No Brasil, a disponibilidade média de médicos é satisfatória. A questão é levar o médico onde ele é necessário. Para isso, você tem de ter salário e estrutura, enfermagem, medicamento, aparelhos. Você não vai resolver o problema de saúde com o médico andando em chinelos, perdido no Interior, sem apoio nenhum.

ZH – As denúncias de corrupção envolvendo o metrô de São Paulo podem repercutir na eleição?

Serra – Tem barulho e fumaça, nenhum fogo e pouca substância.

ZH – Tudo não passa de fogo de palha, inclusive as denúncias de formação de cartel?

Serra – Até agora, não teve nada de concreto. Cartel é uma associação de empresas da mesma área, e isso existe em tudo no Brasil, na área bancária, de alimentação. É um fenômeno de atividade econômica, que cabe ao governo combater. Mas existe no mundo inteiro.

ZH – A aliança Marina-Campos não enfraquece a chapa do PSDB?

Serra – Em princípio, olhando a oposição no conjunto, a aliança não faz mal à oposição. Faz bem. Agora, do ponto de vista de quem vai faturar ou deixar de faturar em torno disso, é muito difícil, é muito prematuro.

ZH – O que pesou na sua decisão de rejeitar o convite para ingressar em outros partidos?

Serra – Minha decisão foi continuar no partido que fundei e do qual fui coautor do programa original, ao lado do Fernando Henrique. E já disputei muito dentro do PSDB.

ZH – Faltou fortalecer a imagem de líderes do PSDB como fez o PT?

Serra – São partidos tão diferentes. O PT, na origem, é um partido bolchevique, sem utopia. O PT não tem um programa para o Brasil. E, além disso, tem uma liderança carismática que o PSDB nunca teve. Lula disputou a eleição quatro vezes consecutivas e ganhou na quarta.

ZH – Isso anima o senhor?

Serra – O Salvador Allende foi eleito na quarta vez, o Rafael Caldera, na Venezuela, disputou seis vezes e ganhou duas. O número de eleições que são disputadas não é tão relevante assim. A questão é política, se você tem um partido, se tem o que dizer, se tem programa, se tem clareza de propósitos.

ZH – O senhor acha que o PSDB tem mais chances se apostar no mesmo candidato?

Serra – Imagina (risos) se vou responder isso.

ZH – O senhor vai disputar as prévias no partido?

Serra – Isso não está posto. É a partir de março que vamos ver.

Fonte: Zero Hora (RS)

Fora do governo, PSB ataca gestão de Dilma

Partido de Campos e Marina tinha dois ministérios

Maria Lima

BRASÍLIA- O discurso é de terceira via, para quebrar a polarização PT/PSDB, mas, no programa de rádio e TV do PSB que vai ao ar hoje à noite, o pré-candidato Eduardo Campos fala sobre o que deu certo nos dois últimos governos petistas e deixa claro: o país desandou na gestão da presidente Dilma Rousseff — que o partido integrou até dez dias. Com a participação da ex-senadora Marina Silva em um terço do programa de dez minutos, Campos critica a falta de planejamento, aponta problemas em Educação, Saúde, qualificação profissional e falta de democracia no governo. Diz ainda que não cabe mais a conversa de governar se contentando em dizer que no passado já foi pior.

O programa começa questionando: "O que está acontecendo com o Brasil? Cadê aquele país que há alguns anos despertou a admiração do mundo? Que deixou de ser devedor para ser credor? O que está acontecendo com este país que voltou a ter receio da inflação? Que um dia levou um homem do povo ao poder e hoje sente que o poder não fala a língua do povo? Será que estamos no caminho errado?"

Eduardo Campos diz que o Brasil não trilha o caminho errado, mas está num caminho que já deu o que tinha que dar. Sem citar o Bolsa Família, afirma que está na hora de dar um salto adiante, seguir combatendo a miséria, protegendo os mais vulneráveis, mas emancipando o cidadão, dando a ele os instrumentos para crescer e evoluir.

Em seguida, dá o recado de que agora buscará, ao lado de Marina, um novo caminho: "É hora de reunir as boas ideias e as boas pessoas para fazer mais" , afirma, completando mais adiante que, para começar, é preciso abandonar as velhas práticas políticas para dar espaço e oportunidade para as novas lideranças. No encerramento, aparecem trechos dos discursos de Campos e Marina no lançamento da aliança dos dois.

Fonte: O Globo

Palanques duplos e até triplos na disputa no Rio

Depois do petista Lindbergh, agora PSDB e PR falam em apoiar no estado mais de um candidato à Presidência

Cássio Bruno

Ninguém se entende na pré-campanha do Rio. Depois de o senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo em 2014 pelo PT, anunciar a intenção de palanque duplo para a presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos (PSB), e provocar crise com os petistas, agora é a vez do PSDB. Tucanos fluminenses querem formar um bloco de oposição com sete partidos. Assim, apoiariam à Presidência o senador Aécio Neves e, ao mesmo tempo, Campos.

Outro pré-candidato ao governo, o deputado federal Anthony Garotinho (PR) vai além. Trabalha com possível palanque triplo aos concorrentes ao Planalto.

Neste caso, pediria votos para Dilma na Baixada. No interior, caminharia com Aécio. E, na capital, as atenções se voltariam para Campos e Marina Silva.

A proposta do PSDB será levada hoje a Aécio. Além de negociar com aliados, como PV PPS e DEM, os tucanos querem se aproximar do PSB e dos novos PROS e Solidariedade. Com isso, o nome para a disputa ao governo ficaria entre o técnico de vôlei Bernardinho (PSDB) e o deputado federal Miro Teixeira (PROS), Para o Senado, o sonho é o deputado federal Romário (PSB).

— Faremos reunião com Aécio amanhã (hoje). Mas não vemos dificuldades no campo nacional. Em SP, o vice na chapa do PSDB pode ser do PSB. Em Minas, o PSB deve apoiar o candidato de Aécio — diz o deputado federal tucano Otávio Leite.

Próximo de Aécio, o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) não descarta o palanque duplo:

— Aécio e Campos têm um canal direto e estão conversando. É possível (palanque duplo). Ambos têm relação de competição, mas também de cooperação. O Rio é estratégico para uma campanha presidencial, não só pelo contingente eleitoral, mas por ser vitrine para formação de opinião.

Filiado ao PSDB, Bernardinho ainda não deu resposta ao convite de Aécio. Já Miro saiu do PDT para o PROS justamente de olho na disputa ao governo. — Não posso falar nada sem antes conversar com o PROS e com a Rede. Mas pode existir aí uma discussão (sobre a proposta do PSDB) — diz Miro.

Fonte: O Globo

Para romper a inércia do atraso - José Serra

Na segunda-feira um homem falou comigo simpaticamente no elevador do prédio onde está meu escritório: "Olhe, desculpe-me a liberdade de lhe perguntar, o senhor nem me conhece, mas o que vai acontecer na disputa eleitoral do ano que vem?". Eu tinha apenas alguns segundos até chegar ao meu andar e sorri: "Francamente, não sei. E se alguém lhe disser que sabe, é porque está por fora, não compreende nada do que está acontecendo".

Uma certeza, no entanto, é possível ter: a diversidade e o tamanho dos problemas que o presidente que vier a ser eleito terá de enfrentar a partir de 2015 para administrar o País e corresponder às expectativas da população. O problema n.º 1 será o desequilíbrio externo da economia, que trava o crescimento com qualidade. O indicador mais sintético é a evolução do déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, perto de 4% do PIB este ano - cerca de US$ 75 bilhões. O Brasil, na última década, não utilizou a notável bonança externa - juros internacionais baixíssimos e preços de nossas exportações agrominerais nas nuvens - para investir e fortalecer a competitividade. O modelo lulista transformou os recursos dessa bênção em consumo privado e público, substituindo boa parte da produção doméstica da indústria, que vem regredindo em marcha forçada, perdendo mercado interno e capacidade para exportar.

O desequilíbrio no balanço de pagamentos não vai ser atenuado durante o próximo mandato por algum novo surto de bonança externa: pode não ocorrer um desabamento dos preços das commodities, mas não haverá novo salto para cima. E os juros internacionais vão subir, pois, tudo indica, as economias desenvolvidas vão puxar o crescimento mundial. Assim, o governo terá de enfrentar duas questões difíceis: a desvalorização do real, pressionando a inflação, e os juros reais domésticos elevados, a fim de atrair capitais para fechar as contas externas. As grandes reservas de divisas do Brasil não são panaceia nesse caso. Este ano o Banco Central já vendeu US$ 50 bilhões a câmbio futuro para segurar o valor do real.

O próximo presidente será o herdeiro da falta de uma política de comércio exterior, uma anomalia para uma nação continental e tão dependente do exterior. A ponta do novelo dessa aberração está no Mercosul, um monumental equívoco. Ao eliminar a soberania comercial brasileira, forneceu pretexto à inércia nos acordos bilaterais e à doutrina do dolce far niente do Itamaraty.

A inflação será o terceiro grande problema: não é explosiva, mas, no mundo de hoje, é alta, mesmo sendo reprimida. O novo governo não terá raio de manobra para expandir os atuais preços controlados - haverá pressão para absorvê-los. Até quando os preços de combustíveis e tarifas de transporte podem ser reprimidos? Mais ainda, o próximo presidente terá de lidar com a indexação da economia, ampliada e intensificada no último decênio.

Dominará a agenda uma quarta questão: a da infraestrutura de energia e transportes, hoje em estado crítico em razão da incapacidade das gestões petistas de investir, seja diretamente, seja mediante parcerias com a área privada. Nessa área, o PT não revelou apenas impaciência para aprender. Contaram também a ideologia, a propaganda e a malandragem com dinheiro público. Exemplo eloquente em transportes: o frete de livros brasileiros impressos na China, por navio, é inferior ao custo Rio-São Paulo.

Será preciso também encarar a estreiteza do espaço para manobras fiscais. Não há perspectiva de desastre até 2015, mas cessou o repertório abusivo do último decênio, que permitiu sustentar o consumo governamental, fazer financiamentos públicos sem critérios e, em suma, desperdiçar recursos. Nem mesmo é possível elevar a carga tributária, hoje a maior do mundo em desenvolvimento, expediente principal do combate ao déficit público desde a segunda metade da década de 1990. Essa carga explica três quintos do custo Brasil, que corresponde ao acréscimo de 25% nos preços da produção doméstica na comparação com a média dos nossos parceiros comerciais!

Essa perda do raio de manobra fiscal vai limitar não apenas a gastança em consumo governamental, mas também a chamada "bolsa BNDES" e, mais amplamente, a atuação do Tesouro Nacional como fonte transbordante de crédito da economia. Acrescente-se que o próximo presidente é que terá de arcar com os inevitáveis micos na cobrança dos juros e do principal desses financiamentos.

Um sexto problema, mas não nessa ordem, será o enfrentamento das demandas de saúde, principal item de insatisfação no Brasil de hoje. A demonização da classe médica é só uma cortina de fumaça que esconde os problemas de má gestão e de encolhimento relativo dos gastos do governo federal no setor em relação a Estados e municípios. Com realismo, sem uma recomposição para cima da distribuição das despesas as dificuldades prosseguirão, com ou sem a fantasia dos recursos do pré-sal.

Os nós da educação são ainda mais difíceis de desatar. Apesar do expressivo aumento de despesas públicas, o setor é administrado com mediocridade e controlado pelo corporativismo. Os números da propaganda mal escondem a incapacidade de atrelar a educação à questão do desenvolvimento. Só por isso o setor é considerado estratégico mundo afora. Por enquanto, entende-se a educação só pelo viés de uma suposta justiça social. É evidente que isso faz sentido, mas é só primeiro passo da equação. Há ainda questões prementes como a epidemia de drogas ou a sustentabilidade ambiental, ignoradas pelo petismo.

O fecho da lista de problemas é a necessidade de um novo estilo de governar, que aposente a estridência publicitária e a balcanização do Estado brasileiro. Esse modelo não só não resolve as dificuldades, como cria entraves adicionais. O primeiro passo para romper a inércia do atraso é o reconhecimento de que os problemas existem. E as respostas certamente não podem ser dadas por quem fez dessas dificuldades a razão de sua força.

*Ex-governador e ex-prefeito de São Paulo

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aliança Marina/Campos. 2º turno e efeitos contra reeleição e Aécio - Jarbas de Holanda

A surpreendente iniciativa de Marina Silva de partir para filiar-se ao PSB e apoiar a candidatura de Eduardo Campos (como resposta ao papel que atribuiu ao lulopetismo no bloqueio ao registro do seu partido) tem um potencial de implicações capaz de reorientar significativa-mente a disputa presidencial de 2014. Na dependência de progressiva confirmação, ou não, desse potencial em pesquisas a serem feitas daqui para a frente. Mesmo antes dos testes dessa confirmação, tais implicações apontam para vários efeitos no campo governista e no da oposição. Entre os quais, no primeiro, um retorno do risco do 2º turno (reduzido pela recuperação da presidente Dilma nas pesquisas e considerado praticamente extinto com a rejeição legal da Rede Sustentabilidade). Com a agravante de que isso decorra de um forte adensamento da campanha de Campos sobretudo no Nordeste (e não apenas em Pernambuco), o qual tem constituído decisiva reserva eleitoral do PT. E no segundo campo, a emergência de possibilidade consistente de uma troca do tucano Aécio pelo concorrente do PSB no embate final.

Seguem-se outros efeitos ou desdobramentos, possíveis da iniciativa de Marina. O papel relevante dela na parceria com o PSB, de um lado, estende o adensamento nordestino de Campos aos centros urbanos do Sudeste e do Sul, mas, de outro lado, favorece uma opção do empresariado, a partir do agronegócio, para a candidatura de Aécio, (que, porém, terá maior dificuldade para crescer na chamada classe média). Uma persistência da superioridade – até agora muito ampla – dos índices de intenção de voto em Marina em relação aos de Campos poderá forçar uma mudança dos termos iniciais da parceria entre os dois, por meio da assunção por ela da candidatura presidencial. Mantendo-se forte durante a campanha eleitoral o peso das duas lideranças dissidentes coligadas, ao mesmo tempo que se enfraquecerá a polarização PT-PSDB, reduzir-se-á ou se diluirá a ênfase petista na retórica da luta de classes, pois a campanha governista terá de voltar-se também contra a “traição” dos dissidentes.

E mais dois desdobramentos significativos dessa iniciativa: 1º) a configuração, ao longo do primeiro semestre de 2014, do cenário de um 2º turno, de confronto entre Dilma e Aécio ou Campos (ou Marina) num contexto de provável aliança dos oposicionistas com os dissidentes, recolocará – para o PT e outros partidos da co-ligação eleitoral do Palácio do Planalto – o imperativo do “volta Lula”, com a substituição da candidatura de Dilma pela dele; e 2º) a presença de Marina no processo eleitoral evitará uma elevada taxa de votos nulos ou em branco, que seria muito negativa para a institucionalidade democrática.

Mas toda essa reorientação da corrida presidencial (com efeitos, menores, nos palanques estaduais), previsível após o inesperado apoio de Marina Silva a Eduardo Campos, está na dependência, primeiro, das reações dos “marineiros” a tal apoio, que podem ser frustrantes, no que o lulopetismo aposta. E, na sequência, entre outros fatores negativos, a incapacidade das duas lideranças de superar contradições partidárias no novo relacionamento, o que o governo e o ex-presidente Lula se empenharão em acentuar.

Jarbas de Holanda é jornalista

O pragmatismo da irmã e o sofisma do sinhorzinho – Michel Zaidan Filho

O que poderia ter em comum a agenda programática do partido-rede de Marina da Silva e as ambições políticas do governador de Pernambuco? - O que teria justificado o aceite da ex-senadora para ingressar nos quadros do PSB, na condição de simples cabo eleitoral do presidenciável do partido, abrindo mão da publicização da novel organização partidária, num momento crucial de sua autoafirmação política? - Essas, as perguntas que os crentes da Assembléia de Deus, os agnósticos, socialistas e ateus devem estar se fazendo a esta hora pela Brasil afora....

Como foi possível que uma pré-candidata de confissão pentecostal, avessa às relações homoeróticas, ao aborto,aos métodos contraceptivos e a pesquisa com célula tronco, com finalidades terapêuticas, aceitasse de bom grado o convite de um político "soi dissant" socialista, agnóstico, que só se preocupa com o poder pura e simplesmente, sem veleidades éticas, republicanas, democráticas, como o nosso sinhorzinho de Pernambuco?

Em outros tempos de cruzada, diríamos que seria o casamento de uma missionária de Deus com o representante do demo, tema bom para a literatura surrealista de cordel, apresentada nas praças públicas do interior do nordeste. Infelizmente, a realidade é outra: a ex-senadora e irmã, Marina da Silva, pela segunda vez em sua carreira dá mostras de que não está a altura de uma verdadeira líder de um grande, novo, autêntico movimento de mudança na sociedade brasileira.

Desde de sua clamorosa omissão no 2. turno das eleições presidenciais, quando ela teve 20 milhões de voto, permitindo a dispersão dos votos para as várias legendas, já se percebia que o idealismo político da irmã tinha um fôlego curto. Seu projeto político era pessoal, dela, de seu imaginado carisma, de sua história de vida, dos percalços de sua formação. A líder era um engodo, embalada numa aura de santidade e louvor. Nada mais do que isso.

No sábado passado, na ocasião de anunciar a sua decisão - esperada em clima de copa do mundo - disse a irmã Marina, em alto e bom som, que era uma gesto de pragmatismo político, aceitar o convite do sinhorzinho agnóstico ou cético, pois o partido "rede e sustentabilidade" ia continuar, talvez em busca de um momento mais favorável para ressurgir na cena política brasileira. Por enquanto, aceitava ser um mero cabo eleitoral (do voto evangélico, dos descontentes com a política do PT, da oposição realmente existente no país etc.)

Belo papel para uma líder reformadora do sistema partidário brasileiro: ser cabo eleitoral de uma aventura política, de um oligarca regional, que não encontra unanimidade nem em seu próprio partido e na sua base aliada. Nada desautoriza, por sua vez, a hipótese de que esse acordo já não existisse, por debaixo dos planos, na possibilidade bem concreta do partida da irmã não ser autorizado pela justiça eleitoral. E que haja um outro acordo com o candidato mineiro do PSDB, Aécio neves, de quem o sinhorzinho é um declarado fã. É bem possível que em face da posição relativa dos dos pré-candidatos na corrida presidencial, haja sim um pacto de reciprocidade no apoio mútuo de um a outro. Do nosso pequeno Maquiavel, tudo é possível, menos a sinceridade e a transparência.

Ora o que une a irmã Marina da Silva ao autodeclarado socialista de Pernambuco é o puro e simples pragmatismo político, na primeira ainda de forma acanhada e envergonhada: no segundo sem limites, sem pudor, abertamente escancarado. O avô ainda alimentava o apego ao "povo" e a "nação". O neto, globalizou-se.

Michel Zaidan Filho, sociólogo, é professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Sigam a história! - Demétrio Magnoli

"Sigam o dinheiro", indicou o Garganta Profunda aos repórteres do Washington Post que terminariam por desnudar o rei, provocando a renúncia de Richard Nixon. Bob Woodward e Carl Bernstein sabiam que andavam sobre o abismo, mas persistiram na investigação, pois o editor do jornal lhes garantiu apoio. "Sigam a história, custe o que custar", teria dito Ben Bradlee. Dois meses atrás, o Washington Post foi vendido por meros US$ 250 milhões a Jeff Bezos, proprietário da Amazon. "Nós agora pertencemos a um cara tão rico que o jornal vale cerca de 1% de seu patrimônio líquido", disse um tristonho jornalista após o encontro da redação em que a família Graham comunicou o negócio. O episódio lança um jato de luz sobre a encruzilhada em que se encontra o jornalismo - e não só nos EUA.

John Milton pronunciou sua clássica defesa da liberdade de imprensa em 1644, quando surgiam os primeiros jornais modernos. Durante os dois séculos da "pré-história" do jornalismo, os jornais e a opinião pública configuraram um ao outro. Mas o jornalismo, tal como o conhecemos, nasceu em meados do século 19, com a primeira revolução da informação, propiciada pelo telégrafo. Antes dominados por textos de opinião, os jornais encheram-se de notícias - e firmaram-se como infraestruturas públicas das sociedades abertas. No 16 de abril de 1912, um dia depois do naufrágio do Titanic, milhares de pessoas aglomeraram-se diante das sedes dos jornais de Nova York, disputando edições extraordinárias com as notícias da tragédia.

Os Grahams renunciaram ao Washington Post, que controlavam desde 1933, depois de sete anos de prejuízos. A revolução da informação em curso tem efeitos opostos aos da revolução pioneira. A notícia tornou-se uma commodity, que já não paga o preço do papel de imprensa. O dinheiro deslocou-se das empresas jornalísticas para conglomerados de telecomunicações e de internet. Nos EUA, sob o pano de fundo de recuos gerais nas tiragens, na publicidade e na dimensão das redações, só o New York Times anuncia triunfos embrionários na árdua luta para se adaptar a um ambiente desafiador. O espectro da morte dos jornais ronda as sociedades - e provoca indagações sobre o futuro da democracia.

No Brasil a crise ainda é atenuada por uma expansão marginal das tiragens, mas o poder político tenta cavalgá-la para calar as vozes dissonantes. A paisagem salpicada de blogueiros chapa-branca que clamam pela censura em textos hidrófobos, circundados por banners da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, é apenas um sintoma superficial. O projeto de fundo não é censurar, mas sujeitar. O ex-ministro Franklin Martins, um destacado assessor de Lula, repete há anos, incansavelmente, uma ameaça velada. Os jornais, explica, só têm as alternativas de aceitar o "controle social da mídia" ou enfrentar mudanças regulatórias que permitiriam a aquisição das empresas jornalísticas por grupos bilionários fincados no mercado de telecomunicações. Bezos repetiu a célebre instrução de Bradlee, prometendo respeitar os valores do Washington Post. Não é prudente, porém, esperar o mesmo de outros magnatas pós-modernos - especialmente se operam concessões públicas.

Os jornais precisam mudar se pretendem sobreviver e resguardar sua independência. Um caminho é a revalorização dos textos de opinião. "Um bom jornal é uma nação dialogando com ela mesma", disse certa vez Arthur Miller. Na internet cada esquina funciona como um palanque autossuficiente de opinião. Só os jornais, porém, têm o condão de reunir os interlocutores numa mesma praça, que não tem compromissos com o poder de turno. Esse curioso retorno às origens da imprensa não representa, todavia, mais que uma decifração precária do enigma da era da internet.

Numa época de informação abundante, o Estado protege como nunca seus próprios subterrâneos. "Sigam a história": só o jornalismo possui as competências para desnudar o rei, expondo à luz do sol as vísceras dos governos. Edward Snowden procurou o Guardian e o Washington Post porque a denúncia da máquina de espionagem em massa da NSA precisava dos filtros e da credibilidade dos jornais. Uma investigação de O Estado de S. Paulo revelou nada menos que a montagem de um Estado paralelo, partidário, ilegal e clandestino, sob as asas do programa federal Minha Casa, Minha Vida. Sem jornalistas treinados, redações estruturadas e critérios éticos de apuração os cidadãos só conheceriam as notícias manufaturadas por marqueteiros e assessores de comunicação. O jornal, impresso no papel ou distribuído em versões eletrônicas, continua a ser uma infraestrutura pública indispensável à democracia.

Minha trajetória pessoal se enlaça em pontos diversos com a história do Estadão. No início da adolescência aprendi bastante sobre a natureza das ditaduras pelos vislumbres proporcionados em páginas do jornal preenchidas com trechos de Os Lusíadas. À época eu produzia fragmentos de textos mentais na tentativa de imaginar as linhas que, riscadas pelos censores, jaziam ocultas debaixo dos versos de Camões. Nos últimos sete anos, a cada duas semanas, sem uma única interrupção, experimentei o privilégio de assinar artigos nesta página. Foram 183 textos, o equivalente a um livro de 560 páginas, que agora se encerra. Os difamadores do jornalismo, em geral regiamente remunerados, espalham a lenda de que "liberdade de imprensa é liberdade de empresa". Eu testemunho que sempre escrevi exatamente o que quis - e, mais, que meus editores nunca souberam o que eu escreveria antes de receberem o artigo pronto.

"Sigam o dinheiro!", dizem os estrategistas do rei aos jornais, animados com a perspectiva de transferir essas infraestruturas públicas a conglomerados que orbitam em torno do governo.

"Sigam a história!", digo eu na despedida, repetindo aquele editor, que não tinha medo de cara feia.

*Sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP

Fonte: O Estado de S. Paulo

Lá Vem o Patto! – Urbano Patto

Diz o ditado: Esperteza quando é demais costuma comer o esperto.

Parece que o PT e o governo ao "fazer o diabo" para viabilizar a reeleição de Dilma, está correndo o risco de criar contra si uma unidade de forças políticas que tem sido pressionadas, negligenciadas, subestimadas e maltratadas pelo governo e pelo partido.

E isso não é uma prática nova do governo e da campanha atual. No governo Lula também foi assim, quando afastaram-se progressivamente das hostes governistas o PPS, o PSOL, o PV e o que hoje veio a ser a Rede Sustentabilidade, com Marina Silva a frente. Hoje já se afastaram ou caminham celeremente para o afastamento, o PSB, do pré-candidato Eduardo Campos e o Solidariedade, que consiste em significativa parte do PDT.

Dizem que o que atrai e mantém as alianças políticas é muito mais a perspectiva de poder do que o seu exercício no momento, ainda mais quando o poder do momento é avaliado de maneira duvidosa gerando incertezas futuras.

Na transição anterior dúvidas muito menores que as de hoje existiam. Havia uma certa estabilidade econômica, a inflação estava controlada, o crédito era dado a rodo para o consumo, a Bolsa Família era uma novidade funcionando, etc e mesmo assim fomos ao segundo turno graças a candidatura de Marina Silva, desgarrada do governo por insatisfação com os rumos que este vinha tomando.

As candidaturas de Eduardo Campos e Marina Silva, ambos para presidente até ontem, buscavam, com seus programas e projetos próprios e isolados, se constituírem como uma alternativas de poder futuro. Apertados pelos formidáveis esforços dos espertos, do governo e do PT, em obstruir-lhes espaços políticos, apoios, ações de governo e o fazer o que mais pudessem para lhes dificultar a vida, fizeram com que se unissem, com um ou outro candidato a presidente ou vice-versa, e iniciassem o que pode se transformar, se bem conduzido, em um polo político - e não só eleitoral - com real substância e perspectivas reais de poder.

Aguardam- se os novos movimentos. Se os espertos continuarem tão desenvoltos e prepotentes como o marqueteiro de Dilma, João Santana, que disse textualmente sobre a oposição: "Eles vão se comer, lá embaixo, e ela [Dilma], sobranceira! vai planar no Olimpo." não haverá surpresa se mais defecções ocorrerem na caravana governista e mais unidade se formar na oposição.

Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, dirigente do Partido Popular Socialista (PPS) de Taubaté e do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@gmail.com

Estruturas de poder - Merval Pereira

A tentativa de quebra da polarização entre PT e PSDB na disputa presidencial, independentemente do candidato que surja como a terceira via, não tem sido exitosa em nossa História política, e o cientista político da PUC-Rio Cesar Romero Jacob é cético quanto ao êxito dessa empreitada, pois, desde a redemocratização, não há repetição de uma terceira via solidamente implantada no território, que é onde se faz a política, com máquina, militância, uma ação no plano do territorial.

Seriam três os pilares das "estruturas de poder" que viabilizam a disputa eleitoral para presidente: as oligarquias nos grotões; os pastores pentecostais e os políticos populistas na periferia; e a classe média urbana escolarizada. Essa constatação fragiliza em parte a tese de que o eleitor vota no candidato, não no partido, pois o partido é fundamental para o candidato ter consistência eleitoral. A terceira via tem sido questão muito episódica, lembra Romero Jacob.

Em cada eleição houve uma preponderância: Brizola era bem votado no Estado do Rio e no Rio Grande do Sul; Enéas, no entorno metropolitano; Ciro Gomes era I muito centrado no Nordeste; Garotinho, muito no Rio j e nos territórios evangélicos; não há a repetição, de : uma eleição para outra, de uma terceira via com uma mesma base territorial. Isso se deve, segundo o cientista político, ao peso de São Paulo no jogo eleitoral: o estado tem 1/3 do PIB nacional e 1/4 do eleitorado, e os partidos solidamente implantados em São Paulo são o PSDB e o PT, o que, na sua opinião, condiciona o resto.

Ele ressalta que, em eleição presidencial, nosso sistema é bipartidário, no Parlamento é que há fragmentação eleitoral. O PSDB é forte na capital paulista e nos municípios do interior, e o PT no entorno da capital e no cinturão industrial. Esta é a primeira vez em que não há, por enquanto, candidato paulista na disputa, mas ao mesmo tempo Dilma e Aécio contarão com forças políticas importantes no estado de São Paulo.

Romero Jacob chama de "maldição do terceiro colocado" o que tem acontecido com os candidatos que a cada eleição surgem como novidade, mas não se firmam como alternativa de uma terceira via eleitoral que se contraponha à polarização entre PT-PSDB. Desta vez é Eduardo Campos quem aparece nesse papel.

A ex-senadora Marina, que não conseguiu partido para se candidatar e teve de entrar para o PSB como coadjuvante, pelo menos até agora vive essa "maldição" Segundo Romero Jacob, a "maldição" pode ser medida pelo retrospecto dos candidatos que chegaram em terceiro lugar nas recentes eleições presidenciais após a redemocratização.

Ninguém emplacou na eleição seguinte. Brizola, em 1989, teve 16% dos votos, quase foi para o segundo turno contra Collor. Em 1994, teve apenas 3%; em 1998, foi vice de Lula; e terminou a carreira política sendo derrotado para senador. Enéas teve 7% de votos em 1994, caiu para 2% em 1998 e, em 2002, candidatou-se a deputado federal. Ciro Gomes teve 11% em 1998; 12% em 2002; mas, em 2006, se candidatou a deputado federal.

Garotinho teve 18% dos votos em 2002; em 2006, o PMDB não lhe deu legenda para concorrer. A senadora Heloisa Helena teve 6% dos votos em 2006 e não se elegeu senadora em Alagoas. Eles se tomam políticos regionais, caso de Ciro e Garotinho, ou locais, como Heloisa Helena, hoje vereadora em Alagoas.

Um trabalho da PUC-Rio que Romero Jacob coordena mostra que, até agora, a terceira via não se mostrou possível porque não se observa nada em comum, do ponto de vista eleitoral ou geográfico, entre os terceiros colocados nas eleições anteriores. Na verdade, cada uma das situações que levaram um candidato ao terceiro lugar foi pontual. Romero Jacob diz que nos seus estudos só há um registro de transferência de votos no segundo turno, o de Brizola em 1989, que transferiu para Lula todos os seus votos. Em 2002, por exemplo, Ciro teve 12% dos votos, e Garotinho, 18%, e os dois propuseram apoio a Lula, mas os votos foram meio a meio para Lula e Serra. Isso porque os votos de Ciro na Bahia não eram dele, mas de Antonio Carlos Magalhães, que estava em dissidência, os votos no Maranhão eram de Sarney. Assim como Garotinho, que não tinha votos na Amazônia, onde sua força vinha da Assembleia de Deus, cujo voto ele não decidia.

Em 2010, apesar de sua grande votação, Marina não transferiu votos para o Partido Verde, pelo qual concorreu. O mesmo pode acontecer com sua ida para o PSB.

Os pontos-chave
1. Cientista político da PUC-Rio é cético quando ao êxito de uma terceira via, pois, desde a redemocratização, não há a repetição de uma alternativa solidamente implantada no território
2. O estado de São Paulo tem 1/3 do PIB nacional e 1/4 do eleitorado, e os partidos solidamente implantados lá são o PSDB e o PT, o que condiciona o resto
3. Em 2010, apesar de sua grande votação, Marina não transferiu votos para o PV, pelo qual concorreu. 0 mesmo pode acontecer com sua ida para o PSB

Fonte: O Globo

Frente de oposições - Eliane Cantanhêde

Em meio a tantas notícias e a tantas emoções, a coluna do mestre Elio Gaspari no domingo (6) está no topo da lista de importância, ao mostrar o que aconteceu com o núcleo dos "campeões nacionais", ou seja, das empresas que receberam perto de R$ 20 bilhões do BNDES para mergulharem no fantástico mundo das grandes mundiais.

Em resumo, foram para o vinagre, ou acabaram fundidas, ou perderam abrupto valor de mercado, o grupo OGX, a "supertele" Oi, o frigorífico Marfrig, a campeã do ramo de laticínios LBR, a Fibria e o Bertin. Gaspari deixou uma pergunta no ar: quanto custou a brincadeira?

Além do dinheiro jogado fora, há aí toda uma questão altamente política. A outra pergunta que não quer calar é se os tais "campeões nacionais" valiam por si, ou valiam pela então capacidade de sustentar o projeto de 20 anos do PT no poder.

O BNDES, portanto, vem se somar à Petrobras como carro-chefe do discurso de oposição ao PT e a Dilma nas eleições de 2014, invertendo o uso político. Se as duas instituições foram usadas a favor do projeto petista, serão agora usadas contra ele.

Isso é mais evidente na campanha de Aécio Neves, mas o que está se desenhando para o ano que vem não é mais a polarização entre PSDB e PT, mas, sim, uma frente de oposições contra a reeleição, unindo Aécio, Eduardo Campos e Marina Silva.

É melhor para Dilma forçar a vitória no primeiro turno, e é nessa direção que Lula se move, mas esse cenário parece cada vez mais distante.

Na hipótese de segundo turno, Aécio não tem outra alternativa senão apoiar a dupla Eduardo Campos-Marina Silva (que tende a ser nessa ordem, mas não necessariamente). E Campos e Marina tenderão a apoiar Aécio, pois entraram numa rota de oposição que não tem volta.

No quadro de hoje, Dilma é franca favorita. Mas os "anões" --como João Santana ironizou os candidatos de oposição-- dessa vez têm discurso e um objetivo comum.

Fonte: Folha de S. Paulo

O grande trunfo - Denise Rothenburg

Em todas as rodas do Congresso que discutem política o tema recorrente é a nova aliança entre Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato do PSB à Presidência da República. E há uma razão básica para isso: os dois juntos hoje formam uma dupla praticamente inatacável pelos adversários. Do ponto de vista estratégico, nem o PT de Lula e Dilma Rousseff nem o PSDB de Aécio Neves e José Serra podem se dar ao luxo de bater neles. Daí, a perspectiva de uma eleição de gigantes, muito além do “jogo dos anões” vislumbrado pelo marqueteiro João Santana que, por sinal, terá que se desdobrar para enfrentar antigos aliados de Lula.

No caso do PT, a impossibilidade de ataque vai além do embate político atual. Tanto Marina quanto Eduardo são frutos do processo político resultante do governo Lula. Marina, por exemplo, já foi tratada como “Lula de saias”. Eduardo, por sua vez, foi fundamental no momento em que o presidente enfrentou o processo do mensalão na pré-campanha pela reeleição, em 2006. O máximo que Lula pode dizer é que Eduardo está indo com muita sede ao pote, que Marina não tinha nada que ter brigado e por aí vai. Mas ele sabe que eles têm a legitimidade de defesa do governo Lula, daí a dificuldade de ataque.

O PSDB também evitará ataques por causa de um raciocínio diametralmente oposto. No papel de candidato a presidente da República, o senador Aécio Neves poderia até dizer que Eduardo e Marina são cópias melhoradas do governo Dilma, pois também são crias de Lula. Mas não o fará por um único motivo: O PSDB também pleiteia a vaga no segundo turno e, sendo assim, não baterá em quem pode virar um potencial aliado.

Nesse jogo, fica cada vez mais claro que os embates ferrenhos daqui para frente não se darão entre potenciais candidatos. A briga para valer terá como palco os estados, onde os adversários dessa nova construção política tratam de semear a discórdia no ambiente de Eduardo e Marina. Não faltaram deputados e senadores para dizer a José Antônio Reguffe, do Distrito Federal, que ele tem mais é que insistir na candidatura própria ao governo, ainda que se afaste do senador Rodrigo Rollemberg. Reguffe, até onde se sabe, não mordeu a isca. Tem dito apenas que prefere esperar para ver o que acontecerá lá na frente.

Enquanto isso, no Planalto...
A presidente Dilma Rousseff está ciente desses detalhes. Tanto é que já orientou o marqueteiro João Santana a deixar de lado adversários futuros, evitar entrevistas arrogantes e manter o trabalho focado nos resultados do governo. Ela não está brincando quando diz que qualquer sucesso eleitoral passa antes por realizações de projetos governamentais e pelo bom desempenho da economia. E, até aqui, pelo menos no que se refere à economia, o Copom sinaliza aumento de juros e, em termos de infraestrutura, as obras que parecem caminhar em maior velocidade são as dos estádios da Copa do Mundo.

Paralelamente à governança, a presidente avalia a reforma ministerial de dezembro. Já está praticamente definido que o Ministério de Portos ficará com o Ceará de Ciro e Cid Gomes. Ainda que a indicação seja técnica deverá ter o aval deles. O mesmo ocorrerá no caso dos outros 11 ministérios incluídos na reforma. A ordem com a consulta aos partidos é evitar que Eduardo Campos e Aécio Neves arrebanhem insatisfeitos com as mudanças no primeiro escalão.

E em São Paulo...
Enquanto Dilma trabalha com a reforma e a economia, Eduardo trata de seu programa. Hoje, ele se reúne com os economistas que apoiaram Marina Silva, André Lara Rezende e Guilherme Leal, da Natura. Começa aí a montagem do projeto de economia sustentável para apresentar em 2014. Aécio cuidou do tema em sua viagem a Nova York. É 2014 em plena avenida nessa reta final de 2013.

E por falar em 2013...
Muita gente estranhou a falta de um discurso da presidente Dilma Rousseff na cerimônia de comemoração dos 25 anos da Constituição de 1988, ontem na Câmara. Mas era para ser assim mesmo. Não estava previsto pelo cerimonial. Foi, aliás, o único momento de paz do parlamento nos últimos tempos. Tão logo terminou a solenidade, voltaram as rusgas em torno do Mais Médicos, do orçamento impositivo e da luta pelos cargos no governo, conflitos, que, sinceramente, ainda vão ocupar muitas páginas de jornal.

Fonte: Correio Braziliense