sexta-feira, 29 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA – Renato Pereira: 'Intenção de votos agora nada significa'

A um ano e oito meses da eleição, Aécio aparece em terceiro lugar nas pesquisas, com 10%. É um bom ponto de partida?

"É ótimo! Se bem que isso não quer dizer muita coisa agora. A presidente Dilma começou a campanha com 4% quando José Serra estava num patamar de 40%. O importante é o nível de conhecimento dos candidatos. Por mais que os governistas tentem transformar isso num fato relevante, intenção de votos agora não significa nada."

Renato Pereira, antropólogo e publicitário, entrevista em O Globo, 28/3/2013

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
ONU: 40% dos presos sem sentença
Emprego e renda em alta podem frear economia
Domésticos terão direito a PIS
Dilma cobra resultados do trabalho
Eletrobras tem alta de 16%

FOLHA DE S. PAULO
Com tarifa menor, Eletrobras atinge prejuízo recorde
BC prevê mais inflação para 2013
Nos últimos 12 meses, Brasil perde 133 mil domésticos

O ESTADO DE S. PAULO
Um dia após polêmica, BC admite que inflação ficará acima da meta
Eletrobrás tem prejuízo de R$ 6,9 bi
Servidores deixam Comissão de pastor
Governo agilizará patente de remédio prioritário

ESTADO DE MINAS
Faltam padres no país dos católicos
Nova tática para tirar Feliciano

O TEMPO (MG)
Ao menos 13 morreram na saída para a Semana Santa
Cem mil domésticas a menos
Contra pastor, PPS sugere renúncia geral
PT de Minas garante que não abre mão de disputar o governo
Papa Francisco inclui meninas em ritual de lava-pés em Roma

CORREIO BRAZILIENSE
Montadoras pedem para o governo congelar IPI
No país, 113 mil domésticas são demitidas
Quem diria: um distrital dá as cartas no Senado
Onu critica condições das prisões no Brasil

GAZETA DO POVO (PR)
A Curitiba que a gente quer
União repassa R$ 22 milhões a três hospitais
Projeto de reforma política chega em abril
PPS quer renúncia coletiva para tirar pastor da presidência
Papa lava pés de presos adolescentes

ZERO HORA (RS)
Efeito Francisco
Porto Alegre: Prefeitura vai rever preço da passagem para 2014
Três taxistas são mortos na Fronteira Oeste

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Trabalho: Governo tem pressa pela regulamentação da categoria de diarista
Rombo na Chesf passou de R$ 5 bilhões
Demonstração de humildade durante cerimônia da Igreja e movimento intenso das estradas

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do País

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Emprego e renda em alta podem frear economia

Em fevereiro, a taxa de desemprego ficou em 5,6%, a menor para o mês em dez anos. O mercado de trabalho aquecido e a renda em alta devem segurar o crescimento da economia porque representam um custo elevado, sobretudo para a indústria, alertam especialistas. A renda média do trabalhador cresce há 16 meses na comparação anual

Emprego em alta freia PIB

Ganho do trabalhador vira custo para indústria e analistas já veem trava ao crescimento

Clarice Spitz

Pressão do mercado de trabalho

Depois de ser um dos motores do crescimento econômico nos últimos anos, o bom desempenho do mercado trabaho pode, agora, acabar criando restrições ao avanço da economia. Com o desemprego em baixa e a renda em patamar recorde, muitos economistas temem que os salários tenham se tornado um custo elevado demais para a indústria. Nas seis maiores regiões metropolitanas do país, a taxa de desemprego em fevereiro ficou em 5,6%, pouco acima dos 5,4% registrados em janeiro, segundo a Pesquisa Mensal do Emprego, do IBGE, divulgada ontem. Mesmo assim, foi o menor taxa para fevereiro dos últimos 10 anos.

A renda média do trabalhador, que sobe há 16 meses consecutivos na comparação anual, alcançou um nível recorde no mês passado: R$ 1.849,50, alta de 2,4% frente a fevereiro do ano passado. A alta nos rendimentos dos consumidores puxou o avanço do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) nos últimos anos, mas tem pressionado a inflação. E agora, com a renda crescendo inclusive em ritmo superior à produtividade, o mercado de trabalho começa a impor restrições ao crescimento econômico, afirma Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Salário cresce acima da produtividade

O problema é que, com a baixa oferta de mão de obra, os trabalhadores mais produtivos já foram absorvidos pelo mercado.

- Agora, com o desemprego muito baixo, o trabalhador é naturalmente menos produtivo e isso gera um problema: como pagar um salário mais alto para um trabalhador menos produtivo?

Ele acrescenta que, se o setor de serviços pode repassar aos preços uma alta nos custos com salários, o mesmo não ocorre com a indústria, que sofre a concorrência dos importados.

- Quando a indústria tenta repassar ela se depara com a realidade de não ser suficientemente competitiva.

O mercado de trabalho aquecido cria um cenário insustentável, na opinião do economista da Opus Gestão de Recursos, José Marcio Camargo.

- É uma escolha que o país vai ter que fazer. Com essa taxa de desemprego, as pressões inflacionárias continuarão fortes. O mercado de trabalho está caminhando para um momento insustentável do ponto de vista dos custos e das pressões inflacionárias.

A elevação dos juros seria, para Camargo, a solução para desaquecer a economia e reduzir a inflação.

- Sem aumentar um pouco o desemprego será difícil evitar um aumento das pressões inflacionárias.

Economistas divergem sobre alta de juros

Anteontem, a presidente Dilma Rousseff criticou economistas que defendem políticas de combate à inflação que levem a uma redução do crescimento.

Para o gerente de estudos econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês, a principal trava da economia hoje é a falta de investimentos.

- Há uma competição acirrada, salários altos e obviamente a dificuldade de conseguir a mão de obra é consequência desse cenário.

Para o IBGE, o mercado de trabalho começa a refletir uma desaceleração da atividade econômica. Em fevereiro, a taxa de desemprego subiu devido à dispensa de trabalhadores temporários, sobretudo no comércio, na região de São Paulo.

- Se houvesse um cenário econômico mais favorável, os reflexos no mercado de trabalho seriam mais positivos - afirma Cimar Azeredo, gerente da pesquisa do IBGE.

Para o economista Fabio Romão, da LCA Consultores, o mercado de trabalho vai ter este ano um desempenho similar ao de 2012, porém com menor ganho de renda. Ele prevê uma alta de 2,8% nos rendimentos em 2013, contra 4,1% no ano passado.

- Isso porque o ganho real do salário mínimo foi de 2,7% e, no ano passado, tinha sido de 7,5% e temos uma aceleração da inflação em 12 meses. Quanto mais alta a inflação, mais difícil de obtenção de um ganho real - afirma.

No entanto, ele diz ser contra o uso dos juros para combater a inflação.

- Existe uma série de mecanismos que podem ser utilizados como aumentar a produtividade. A pior coisa a fazer é desempregar (via alta de juros) - afirma.

O coordenador de Mercado de Trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Gabriel Ulyssea, ainda vê espaço para um aumento da oferta de mão de obra, sobretudo, a de jovens que estão fora do mercado sem nenhuma atividade. Segundo ele, é preciso incentivar os investimentos. A criação de um marco regulatório claro, uma infraestrutura adequada de transporte e uma simplificação do sistema tributário seriam, na sua opinião, a maneira mais eficiente de destravar a economia.

- O fundamental é efetivar investimentos não por meio de subsídios localizados, mas criando condições para que o setor privado invista de maneira espontânea - afirma.

Fonte: O Globo

Dieese Taxa de desemprego passou de 10% para 10,4% em fevereiro

Passou de 10% para 10,4% nas sete regiões metropolitanas pesquisadas pelo Seade/Dieese

A taxa de desemprego em sete regiões metropolitanas analisadas na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) passou de 10% em janeiro para 10,4% em fevereiro.

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada ontem pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicou que os quatro setores de atividade analisados apresentaram redução generalizada no nível ocupacional em fevereiro, nas sete regiões metropolitanas pesquisadas.

Na indústria de transformação foram 66 mil postos de trabalho (-2,2%) a menos que em janeiro.Na construção houve redução de 38 mil vagas (-2,3%); no setor de serviços foram 68 mil empregos a menos (-0,6%) e no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas registrou menos 20 mil postos de trabalho (-0,5%).

O total de desempregados foi estimado 2,311 milhões de pessoas em fevereiro, 82 mil a mais do que no mês anterior, segundo a pesquisa. O nível de ocupação caiu 0,9%. A redução de 174 mil postos de trabalho foi superior ao número de pessoas que saíram do mercado (92 mil), o que resultou na elevação do contingente de desempregados. O total de ocupados foi estimado em 19,852 milhões pessoas e a População Economicamente Ativa em 22,163 milhões.

Fonte: Brasil Econômico, 28/3/2013

Um dia após polêmica, BC admite que inflação ficará acima da meta

Relatório afirma que IPCA será de 5,7% e PIB vai aumentar 3,1%

Pelo terceiro ano consecutivo, o Banco Central admitiu que não será possível cumprir a meta de inflação de 4,5%. A estimativa é de que o IPCA fique em 5,7% ao final de 2013, mesmo que os juros voltem a subir; A alta de preços anualizada deve chegar a 6,7% em junho. O Relatório Trimestral da Inflação foi divulgado ontem, um dia depois de a presidente Dilma Rousseff ter deixado o mercado tenso ao falar que não sacrificaria o crescimento para combater a inflação. O diretor do BC, Carlos Hamilton, disse que "juros são o pior remédio, à exclusão de todos os demais". A instituição apresentou, pela primeira vez, a projeção para o crescimento do PIB em 2013, de 3,1%.

BC admite inflação acima do centro da meta mesmo com alta dos juros

Relatório de Inflação de março prevê IPCA acima de 4,5% em 2013 e 2014; para mercado, BC indica que voltará a elevar a taxa Selic

Eduardo Cucolo, Célia Froufe e Adriana Fernandes

BRASÍLIA - Um dia depois dá confusão causada no mercado financeiro pelas declarações da presidente Dilma Rousseff em Durban, na África do Sul, o Banco Central jogou a toalha e admitiu antecipadamente que não será possível trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% este ano, mesmo que os juros voltem a subir. É o terceiro ano consecutivo que o BC admite a impossibilidade.

A instituição divulgou ontem a elevação generalizada de suas projeções de inflação para este e para o próximo ano. Se as estimativas se confirmarem, o governo Dilma Rousseff fechará os quatro anos de seu mandato com o índice de inflação (IPCA) acima de 5%. O BC disse que ainda é possível agir para alcançar uma inflação mais baixa, mas apenas em 2014.

A expectativa agora é de que o índice de preços ao consumidor saia dos atuais 6,3% acumulados em 12 meses e chegue a 6,7% em junho, valor que supera o teto da meta, que é de 6,5%. A inflação terminaria 2013 em 5,7% e cairia para 5,3% em 2014.

A instituição apresentou, pela primeira vez, a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, de 3,1%, pouco acima dos 3% estimados pelo mercado.

Apesar de reafirmar que vai aguardar novos dados e agir com cautela em relação aos juros, o BC considerou "plausível" que outras ações de política monetária possam ser necessárias.

Confusão. Um dia depois de a presidente Dilma afirmar que não concorda com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento e de o BC afirmar que a declaração foi mal interpretada, a instituição voltou ao assunto ontem. O diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, começou sua apresentação enfatizando que o BC tem "zelo especial" pela comunicação e que a palavra final do relatório de inflação é de responsabilidade da instituição. Na véspera, Dilma havia dito que quem falava de inflação era o Ministério da Fazenda.

Hamilton disse também que, desde 1980, quando a inflação foi maior, a economia cresceu menos. O diretor defendeu o uso dos juros contra a alta de preços. "Para combater a inflação, juros são o pior remédio, à exclusão de todos os demais", afirmou, em referência à frase do ex-primeiro-ministro inglês Winston Churchill de que “a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais”. Um dia antes, Dilma havia colocado o remédio sob suspeita, ao dizer que “esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença” é complicado.

O diretor disse que o cenário para a inflação hoje torna “irrealista” a queda do IPCA para 4,5% em 2013.

A instituição admite que a inflação é alta, resistente e que o nível de preocupação com ela é maior que o normal. Além disso, como os aumentos de preços foram maiores no segmento de alimentos e combustíveis, produtos que têm mais visibilidade, o BC avalia que existe uma percepção, na população, de que há mais inflação do que os índices de preços estão apontando.

Dólar. A projeção mais otimista entre as divulgadas ontem é de 5,2% para o IPCA na metade de 2014. Depois, a inflação volta a subir. A previsão mais distante, para o primeiro trimestre de 2015, mostra uma taxa de 5,4%. Nas projeções, o BC considera um dólar de R$ 1,95 e avalia que a taxa de câmbio ficará mais estável nos próximos 24 meses, o que também ajuda a segurar os preços.

Questionado sobre as declarações da presidente Dilma do dia anterior, que foram interpretadas negativamente por grande parte do mercado, Hamilton afirmou que não iria comentar a declaração nem da presidente nem de outras autoridades. Sobre os próximos passos rumo da política monetária, o diretor também se esquivou: “Não vou falar”.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Tropeçando nas palavras

Dilma Rousseff parecia muito senhora de si quando se aventurou, na pele de economista que é, a falar sobre a inflação brasileira, ontem na África do Sul. Instantes depois, tinha produzido um desastre e lançado toda a sorte de dúvidas sobre o real compromisso do seu governo com o combate à persistente elevação dos preços no país. Restou claro o pouco valor que a presidente da República e seu partido dão à estabilidade da nossa moeda.

A fala de Dilma foi interpretada por agentes econômicos como sinal de que seu governo continuará sendo tolerante com uma taxa de inflação que já é uma das mais altas do mundo. Também serviu para enfraquecer o Banco Central, que recentemente vinha apontando que o nível de preços no país encontra-se em patamar "desconfortável", num sinal de que a taxa de juros pode vir a ser aumentada para combatê-lo.

O que Dilma disse ontem foi: "Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico. (...) Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado, você entende? Eu vou acabar com o crescimento do país. Isso daí está datado, isso eu acho que é uma política superada", de acordo com a transcriçãooficial.

Irritada com a repercussão que suas palavras causaram, a presidente deflagrou uma operação conserta-estrago para tentar amenizar os efeitos de sua infeliz manifestação. Depois de ter dito que quem trata de juros é o ministro da Fazenda, o que é um crasso erro, pois quem tem autonomia operacional para isso é o BC, escalou o presidente do banco para pôr panos quentes no assunto.

Não foi suficiente, e o Planalto foi obrigado a divulgar um comunicado desdizendo o que Dilma dissera horas antes. Novamente insuficiente. Já no fim do dia, a presidente deu rápida e ríspida declaração à imprensa dizendo que sua declaração fora "manipulada". Ou seja, em poucas horas ela conseguiu produzir uma sucessão de equívocos. Em suma, falou bobagem.

Em sua excessiva autoconfiança, Dilma acabou pondo para fora qual é sua real visão de mundo sobre a estabilidade da nossa moeda. Sua crença repousa na velha e furada tese, muito difundida entre petistas, de que um pouquinho mais de inflação não faz mal, se servir para produzir mais crescimento econômico. A escalada de preços seria, nesta distorcida forma de enxergar as coisas, um mal menor.

Trata-se de uma cascata sem tamanho e não é preciso ir longe para comprovar. Nos últimos dois anos, o Brasil teve crescimento muito abaixo do das demais economias, ao mesmo tempo em que conviveu com inflação sempre acima da meta e muito mais alta do que a que se verifica ao redor do globo. Ou seja, com o PT, temos baixo crescimento e alta inflação - padrão que Dilma ontem sancionou.

"O problema é que tem um jeito certo e um jeito errado de combater a inflação na cabeça dela [da presidente], e o jeito que ela considera errado é o jeito que todo mundo considera certo", comenta o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, n'O Estado de S.Paulo.

Ainda neste mês de março, a inflação acumulada nos últimos 12 meses medida pela IPCA deve estourar o limite superior da meta, ou seja, ultrapassar 6,5% ao ano. Mesmo assim, Dilma acha que tudo está normal. "Nós não achamos que a inflação está fora de controle, pelo contrário, achamos que ela está controlada e o que há são alterações e flutuações conjunturais."

Não há nada de conjuntural na inflação brasileira. Ela vem se mantendo alta, e acima dos padrões internacionais, há tempos: nos últimos dez anos de gestão petista, em apenas três o índice de preços no país obedeceu à meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional.

O apreço do PT pela estabilidade da moeda - uma das maiores conquistadas da sociedade brasileira na história recente - é nulo. À época do lançamento do Plano Real, o partido de Dilma foi para as ruas protestar contra as medidas de estabilização, classificadas por eles como "estelionato eleitoral".

A maior irritação de Dilma Rousseff, no episódio de ontem, talvez tenha sido com o fato de que sua peculiar e reprovável visão de como tratar de uma chaga da economia nacional tenha ficado exposta em cores berrantes. Será difícil a presidente mostrar, apenas com palavras, que não tem sido tolerante e leniente com a inflação. Se quiser convencer, terá que agir e domar o dragão que tanto mal está fazendo aos orçamentos das famílias brasileiras, principalmente o das mais pobres.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Com PSDB rachado, tucanos já falam em primárias

Vice-presidente do partido defende prévia; Alckmin se mostra cauteloso sobre 2014: "Não há razão para antecipar"

Isabel Braga, Gustavo Uribe

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Num esforço para tentar demonstrar um prenúncio de união em meio às divergências tucanas, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, reforçou ontem que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) é o nome natural para assumir a presidência do partido. Alckmin minimizou, no entanto, os problemas que o PSDB enfrenta com o ex-presidenciável José Serra, que ameaça deixar o partido, caso não seja ouvido na formação da nova executiva do PSDB, que deverá ter Aécio na cabeça. O PSDB fará eleição para escolher a nova Executiva Nacional da legenda em maio deste ano.

Aécio deve presidir o PSDB

Enquanto isso, Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB e aliado de Serra, diz que o nome de Aécio para presidir o partido "é um fato definitivo", mas não sabe dizer se o nome do senador mineiro é o melhor para disputar a Presidência da República. Goldman defende que sejam realizadas primárias para a escolha do candidato do partido a presidente.

- É muito importante a realização de primárias, desde que haja, claro, pelo menos dois candidatos - disse Goldman, em entrevista ao GLOBO esta semana.

Alckmin evitou falar sobre a candidatura de Aécio Neves para a Presidência da República em 2014.

- A eleição é só no ano que vem, não há razão para antecipar. O que vai definir agora é a direção partidária, em maio. O nome natural para presidir o partido é o do Aécio - disse o governador de São Paulo.

A direção do PSDB trabalha para eleger Aécio como presidente nacional do partido, o que seria o primeiro passo para dar corpo à candidatura dele à Presidência do país em 2014.

Na avaliação da cúpula do PSDB, Aécio terá mais condições, como presidente da legenda, de fazer oposição ao governado federal e à presidente Dilma Rousseff, que é candidata à reeleição.

Alckmin estava relutando em se manifestar. Mas, esta semana, atendendo a pedido da direção partidária, declarou apoio a Aécio. O governador paulista esteve ontem em Brasília para audiência com o ministro dos Portos, Leônidas Cristino. Os dois trataram dos problemas no Porto de Santos.

O tucano também evitou criticar a presidente Dilma Rousseff. Indagado sobre as declarações da presidente sobre as políticas para conter inflação, que mexeram com o mercado financeiro e elevaram os juros futuros, o governador de SP se limitou a responder:

- Acho que ela depois esclareceu e reduziu o estresse.

Fonte: O Globo

Alberto Goldman: 'Comissão não pode ser só de fachada'

Tucano cobra mais compromisso de colegas do órgão executivo da sigla

Se considera "fato definitivo" a eleição de Aécio Neves para presidir o partido, o vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, defende primárias para a escolha do candidato ao Planalto.

O senhor pretende seguir como vice-presidente do PSDB?

Não houve convite, não houve contato político a respeito disso. Se minha presença for necessária para uma composição política ampla, eu me disponho a participar, mas depende das condições dadas. É importante que haja compromisso dos membros da comissão executiva de que ela vai funcionar, e que não seja só fachada. É necessário um calendário de reuniões periódicas. E é importante que cada membro da comissão executiva tenha o seu papel e a sua função.

Aécio Neves é hoje o melhor nome para presidir o partido?

Ele é, virtualmente, o nome que está definido. Não é preciso fazer mais nenhum tipo de juízo de valor. É um fato definitivo.

E ao Planalto? É o melhor nome?

Não sei te dizer isso, não sei te responder.

O senhor defende a realização de primárias para a escolha do candidato do partido a presidente em 2014?

Sim, é muito importante a realização de primárias, desde que haja, claro, pelo menos dois candidatos. Sempre achei que deve ser feita ou a convenção partidária, conforme estabelece o estatuto, ou a realização das primárias. É importante, no entanto, que se aprovasse uma legislação que tornasse as primárias como uma das possibilidades para o partido definir os candidatos.

José Serra poderia participar de primárias para 2014?

Isso tem de se perguntar para ele.

Como disse Fernando Henrique Cardoso, o PSDB precisa de um banho de povo?

Essa opinião não me parece muito consistente. Tivemos no último processo eleitoral 44% dos votos, disputando com um poder avassalador. A própria presidente Dilma Rousseff já disse que, no momento eleitoral, vale tudo.

Fonte: O Globo

Aécio terá estrategista de Obama

BRASÍLIA - O PSDB vai trazer um dos estrategistas da campanha do presidente dos EUA, Barack Obama, para ajudar a construir a candidatura do senador Aécio Neves à Presidência da República em 2014.

A costura para trazer David Axelrod, um ex-alto funcionário da Casa Branca, foi feita com ajuda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O partido também fez contato com Antonio Villaraigosa, prefeito de Los Angeles e uma das estrelas em ascensão do Partido Democrata dos EUA.

A legenda pretende trazê-los para orientar o tucano na fase da pré-campanha, sobretudo na área de internet. Ainda não há data para o desembarque dos dois democratas, mas integrantes da cúpula do partido afirmam que isso ocorrerá após maio.

Agora, Aécio também já tem em sua cola Renato Pereira, seu novo marqueteiro. De perfil jovem, como queria o senador, ele trabalhou em 2012 na candidatura de Henrique Capriles, o opositor que deu trabalho à reeleição de Hugo Chávez.

No Brasil, produziu filmes como "Bruna Surfistinha" e clipes. Na política, executou as campanhas dos peemedebistas Eduardo Paes e Sérgio Cabral, respectivamente, à prefeitura do Rio e ao governo do Estado.

Fonte: O Tempo (MG)

Dilma negocia cargo para manter PTB na base aliada

Leonencio Nossa, João Domingos, Vera Rosa

Disposta a afastar o PTB do palanque dos adversários em 2014, a presidente Dilma Rousseff quer manter o partido na base aliada do governo, mas sem ceder ministério. Os líderes da legenda querem a pasta de Ciência e Tecnologia ou a recém-criada Secretaria da Micro Empresa. Dilma só aceita entregar o comando de uma estatal ou autarquia.

Nas últimas semanas, os dirigentes do partido foram sondados pelo governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB). Para conter o assédio de Campos, Dilma deve receber na próxima semana lideranças da legenda. O partido de Roberto Jefferson - o delator do mensalão - integra a base aliada do governo, mas não ocupa nenhum ministério. Tem, no entanto, a presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para complicar as negociações, Dilma tem reclamado, nos bastidores, da direção da Conab e pode trocar sua diretoria.

Uma das siglas mais adesistas da política brasileira, o PTB se distanciou do governo Lula em 2005 quando o seu então presidente, Roberto Jefferson, denunciou o esquema do mensalão. Na eleição presidencial de 2010, o partido subiu no palanque do tucano José Serra. Com a vitória de Dilma, o partido aderiu à presidente eleita e voltou à base do Planalto no Congresso, mas sem cargos no primeiro escalão.

Micro e Pequena Empresa

O presidente do PTB, Benito Gama, disse que seu partido ainda não foi procurado pela presidente Dilma para tratar da ocupação de uma vaga na Esplanada dos Ministérios. "Ela não nos procurou para falar sobre nada e nem nós a procuramos para pedir qualquer coisa", afirmou. "Estamos aguardando o chamado da presidente", completou. Ele ressaltou que houve até agora apenas conversas da presidente com o líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF). Argello, no entanto, não sabe qual pasta a presidente vai oferecer ao PTB, embora tenha conhecimento de que ela quer o partido ao seu lado agora e na aliança governista que vai tentar a reeleição.

Informações de bastidores apontam que não está descartada a possibilidade de o PTB ocupar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que seria destinada ao PSD de Gilberto Kassab. Este, entretanto, rejeitou o convite para participar do governo de Dilma agora.

O PTB quer emplacar o senador João Claudino (PI) na Esplanada dos Ministérios. Na semana passada, Claudino, que preside o PTB no Piauí, espalhou entre seus correligionários que iria para o Ministério de Ciência e Tecnologia. Claudino pretende ser ministro, mas teme que Dilma exija que ele não dispute as eleições no próximo ano. O senador quer concorrer ao governo do Estado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PT paulista contesta e exige candidato próprio

A declaração do ex-presidente Lula de que o PT pode abrir mão de lançar candidatos a governador para priorizar a reeleição de Dilma Rousseff repercutiu em outros Estados.

O PT paulista defendeu o lançamento de um candidato próprio. No caso de São Paulo, o ex-presidente afirmou que o partido deve prezar pela manutenção da aliança com o PMDB e aproximar-se do PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab e do PTB.

A declaração do ex-presidente foi recebida com resistência na ala paulista. Para o presidente estadual do partido, deputado Edinho Silva, a sigla tem as melhores condições entre os aliados para concorrer contra o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).

"O próprio Lula disse que o PT nunca teve tanta chance de ganhar em São Paulo. Isso não significa que o partido vai se fechar para o diálogo com os aliados", afirmou Edinho.

Na opinião de alguns petistas mineiros, Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás são os mais ameaçados e podem realmente ficar sem candidatura própria.

Fonte: O Tempo (MG)

PT de Minas garante que não abre mão de disputar o governo

Aliança com o PMDB só é admitida se o cabeça de chapa for Fernando Pimentel

Isabella Lacerda

Lideranças do PT de Minas garantem que, na disputa pelo governo do Estado no ano que vem, o partido não vai ver repetir o filme de 2010, quando precisou abrir mão da candidatura própria e apoiar um nome do PMDB para a cabeça de chapa. O argumento dado pelos petistas é simples. Eles afirmam que a presidente Dilma Rousseff sabe que em 2014 vai precisar de um palanque forte em Minas para "tirar" votos de um de seus principais adversários na disputa pela Presidência da República, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB).

As reações em defesa da candidatura de um petista ao governo mineiro ocorrem um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar que a prioridade do partido em 2014 é a reeleição da presidente Dilma Rousseff, "mesmo que isso custe a candidatura do PT em Estados estratégicos".
Para lideranças do PT mineiro, no entanto, o nome do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, está garantido na disputa do ano que vem e já conta com o apoio da direção nacional do partido. Os petistas ainda esperam o apoio do PMDB.

"Conversei com o Rui Falcão (presidente nacional do PT) e com outros companheiros, e não tem risco de não termos um candidato. Minas já sofreu muito com essa história de ter que abrir mão de lançar um nome por conta das questões nacionais", reclamou um petista que preferiu não ser identificado.

"O Lula não falou isso pensando em Minas. Em 2010, abrimos mão da candidatura própria a pedido da direção nacional como forma de fortalecer a candidatura da Dilma. Não vejo como isso acontecer de novo. O nome do Pimentel é bastante competitivo, e todo mundo sabe que esse é um bom momento para enfrentar essa hegemonia tucana no Estado", salientou o deputado Nilmário Miranda.

Aliança. Outra declaração dada pelo ex-presidente Lula que também repercutiu em Minas é a de que o PT "não pode truncar a aliança com o PMDB" e, assim, ameaçar a reeleição da presidente Dilma.

No entendimento de lideranças mineiras, "a relação entre os dois partidos é tranquila", e não tem havido uma pressão por parte dos peemedebistas para que o PT desista de lançar Pimentel. Em Minas, o PMDB já lançou o senador Clésio Andrade como pré-candidato ao governo estadual.

"É preciso buscar um nome que vai vencer. O Clésio tem condições de disputar, mas o candidato que agregaria mais é o Pimentel. É possível construir uma aliança em torno da candidatura dele, contando com o apoio do PMDB. Estaremos juntos", completou Nilmário.

Fonte: O Tempo (MG)

Se colar, colou

Vera Magalhães

Pesquisas qualitativas em mãos do PT mostram que, quando questionadas sobre a eventual candidatura à Presidência do governador Eduardo Campos (PSB), muitas pessoas associam a ele variações das palavras "traição" e "ingratidão". Por isso, a ordem entre os petistas é bater na tecla de que Lula e Dilma Rousseff ajudaram o aliado com investimentos generosos em oito anos. Em tom light, a própria presidente citou vasta lista de realizações em sua visita a Pernambuco.

Leite... Em recente jantar com empresários, no Rio, José Dirceu disse que o PT deveria ter se empenhado para abater a candidatura de Campos antes que ela levantasse voo, e que agora seria tarde.

... derramado O ex-ministro, condenado no mensalão, também previu que nenhum partido, nem mesmo o PMDB, vá apoiar "100%" a reeleição de Dilma. Todos devem ir ao palanque rachados.

Dedicatória. No encontro reservado que tiveram na terça-feira em Brasília, o senador Pedro Simon (RS) presenteou Campos com um livro. O pessebista ficou muito satisfeito com o teor da conversa com o dissidente do PMDB.

Fonte: Folha de S. Paulo / Painel

Acão no Conselho de Ética

PPS apresentará denúncia contra Marco Feliciano na terça. O partido pedirá renúncia coletiva na Comissão de Direitos Humanos

Juliana Colares

Com o argumento de que não vai mais aguardar acordos políticos para resolver o impasse em torno da permanência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, o PPS anunciou ontem que vai sugerir a renúncia coletiva dos integrantes do colegiado e entrará com representação contra o pastor no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa. O requerimento que trata da renúncia coletiva será protocolado na Mesa Diretora da Câmara na próxima terça-feira. Apesar de não ter peso de imposição legal, a estratégia será negociada pelo PPS com as lideranças das demais legendas. Baseada em reportagem divulgada em primeira mão pelo Correio, a denúncia ao Conselho de Ética também será apresentada na terça.

Reportagem publicada em 9 de março mostrou que o deputado Marco Feliciano empregou no gabinete cinco pastores da congregação que preside, usou dinheiro público para pagar o salário de um funcionário fantasma e fez repasses da cota parlamentar para o escritório de um advogado que o defendeu em 2010, quando teve a candidatura impugnada pela Procuradoria Regional Eleitoral. Na próxima segunda, os deputados Jean Wyllys (PSol-RJ), Domingos Dutra (PT-MA) e Érika Kokay (PT-DF) vão protocolar representação criminal contra Feliciano na Procuradoria Geral da República, motivada pela divulgação em rede social do pastor de vídeo com ataques a deputados e defensores dos direitos dos homossexuais. O PSol também ingressará com uma denúncia contra o pastor, desta vez na Corregedoria da Câmara.

Quem incitou o PPS a entrar com o requerimento e a representação contra Feliciano foi o deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA), suplente na CDHM. “A comissão chegou a um ponto insuportável. Não existe nem vai haver discussão sobre nada, porque o clima está absolutamente suspeito. Teve gente presa, coisa que há muito tempo não se vê na Câmara”, disse Jordy em referência à terceira reunião presidida por Feliciano no colegiado, na última quarta-feira. O antropólogo Marcelo Régis Pereira chamou Feliciano de racista e foi retirado à força pela Polícia Legislativa, por ordem do presidente da comissão.

Arnaldo Jordy defende a renúncia coletiva de integrantes da CDHM para forçar uma nova composição do colegiado e a escolha de um novo presidente. O parlamentar prefere que a estratégia seja costurada após a reunião dos líderes partidários da próxima terça, caso não se chegue a uma solução política negociada. “Se metade mais um renunciar, vai ter que ter um novo processo. O que não pode é a comissão ficar impedida de funcionar”, disse Jordy, defendendo que o PSC tenha o direito de indicar um novo presidente, em respeito ao “direito de articulação dos partidos”. “Não há nada contra o PSC nem contra os evangélicos. O que não pode é chegar ao fim de março sem que a comissão tenha conseguido discutir ou aprovar nada”, complementou. Como mais da metade dos integrantes do colegiado (formado por 18 parlamentares) tem se mostrado solidária a Feliciano, é grande a possibilidade de a alternativa não dar em nada. Mesmo que os descontentes saiam da comissão, o colegiado continuaria tendo quórum para debater e deliberar.

Corregedoria

No mesmo dia em que o PPS anunciou as duas medidas que atingem diretamente Marco Feliciano, a conta oficial do pastor no deputado do PSC retuitou postagem do pastor Roberto Luiz com link para vídeo publicado no Youtube sob o título “Jordy: a receita do aborto. O aborto, a pressa e o preço”. A gravação mostra uma foto do parlamentar e um áudio no qual Jordy estaria dizendo para uma mulher, identificada como namorada do parlamentar paraense, ter coragem, procurar saber o preço e fazer logo. Na gravação, a voz atribuída ao parlamentar diz a palavra “clínica”, mas não fala em aborto. Jordy negou se tratar da interrupção de uma gravidez. Ele afirmou que o mesmo vídeo havia sido explorado por adversários políticos em 2010, no período pré-eleitoral e que perícia feita no Pará comprovou se tratar de uma montagem.

Já o PSol está com representação pronta contra o presidente da CDHM, mas o texto ainda está sendo analisada pelos deputados do partido, sem data para ser apresentado à Corregedoria da Câmara. “Reunimos denúncias publicadas na imprensa para pedir que a Corregedoria possa esclarecer esses fatos. O colegiado vai dar um parecer pelo deferimento ou não. Sendo comprovadas as acusações, o parecer será encaminhado à Mesa Diretora, que decide se encaminha representação ao Conselho de Ética. Decidimos recorrer à Corregedoria para evitar que o conselho arquive a representação preliminarmente”, disse o advogado Alan Cotrim, assessor da liderança do PSol.

Memória
Em causa própria

Reportagem publicada pelo Correio no último dia 9 mostrou que Marco Feliciano usou dinheiro público para pagar advogado que o defendeu no período pré-eleitoral, além de contratar cinco pastores da Assembleia de Deus Catedral do Avivamento — presidida pelo deputado — e cantores de música gospel que trabalharam na gravação do CD do parlamentar. O deputado também empregou no gabinete pessoas da família Bauer, responsável pela doação de R$ 9 mil à campanha eleitoral dele. Um deles foi contratado como secretário parlamentar, mas dava expediente no escritório Fávaro e Oliveira Sociedade de Advogados. Na noite de ontem, foi ao ar entrevista do deputado Marco Feliciano ao apresentador Danilo Gentili, no programa Agora é tarde, exibido pela Band. Na entrevista, o pastor nega ser homofóbico e diz que a declaração que fez com que ele fosse taxado de racista foi descontextualizada e mal interpretada.

Fonte: Correio Braziliense

Contra pastor, PPS sugere renúncia geral

Sigla diz que, se dez dos 18 integrantes da comissão a abandonarem, nova eleição terá que ocorrer

Partido também deve entrar com processo contra Feliciano no Conselho de Ética

BRASÍLIA - Para pôr fim no clima de confronto que vem tumultuando os trabalhos da Câmara dos Deputados, o PPS sugeriu a renúncia coletiva dos membros da Comissão de Direitos Humanos e decidiu entrar com processo no Conselho de Ética contra o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) por quebra de decoro parlamentar.

"Precisamos acabar de vez com a situação vexatória vivida na Câmara desde a eleição do pastor para presidir o colegiado", afirmou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).

Segundo o PPS, a renúncia coletiva forçaria a eleição de um novo presidente para a comissão. Pelo regimento da Câmara, não é possível destituir o presidente de um colegiado.

Alvo de protestos desde que foi eleito, no início do mês, Feliciano é criticado em razão de declarações polêmicas consideradas racistas e homofóbicas. O pastor diz que é mal-interpretado.

Para Jordy, não é possível mais aguardar acordos políticos para resolver o impasse. O deputado disse que a renúncia de pelo menos dez dos 18 integrantes da comissão forçaria uma nova composição do colegiado e uma nova eleição. Ele vai discutir essa ideia com os líderes.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), convocou para a próxima terça-feira uma reunião de líderes com Feliciano. A ideia é fazer um apelo para que ele deixe o posto. Blindado pela cúpula do PSC, o pastor, no entanto, disse que sua posição é irredutível.

Cassação. O PPS também deve apresentar uma representação contra Feliciano por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética por suposto uso irregular da cota parlamentar. O partido alega que ele paga com dinheiro público escritórios de advocacia para fazer a sua defesa em processos de interesse pessoal.

Se a ação for acolhida, ele pode ser punido com uma advertência a até com a cassação do mandato.
Feliciano é acusado de homofobia e estelionato no Supremo Tribunal Federal (STF), e sua defesa em um dos processos foi redigida por um servidor de seu gabinete, Rafael Novaes da Silva, que atua como seu secretário parlamentar desde fevereiro de 2011. A informação foi divulgada ontem pelo jornal "O Globo".

O salário de Silva divulgado no site da Câmara é de R$ 2.400. O nível do cargo - SP-25 -, no entanto, tem uma remuneração mínima de R$ 6.470. Uma das estratégias de Silva na defesa de Feliciano é arrolar testemunhas de defesa próximas do deputado; pelo menos duas delas são pastores amigos do parlamentar e que também exercem o cargo de secretário no gabinete.

Jordy informou que ainda avalia se cabe tomar alguma medida contra Feliciano no que diz respeito à sessão ocorrida na quarta-feira, quando o pastor mandou prender um manifestante que o teria acusado de "racista".

"A situação é insustentável, a ponto de o pastor mandar prender quem exerce o direito da livre manifestação. Passou do limite do admissível", enfatizou.

Fonte: O Tempo (MG)

PPS quer renúncia coletiva para tirar pastor da presidência

Ideia é abrir um novo processo de escolha do presidente da Comissão de Direitos Humanos e forçar a saída de Marco Feliciano

Diante da decisão do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de permanecer na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o PPS propôs ontem a renúncia coletiva dos membros do colegiado. Com isso, segundo o partido, seria forçada a eleição de um novo presidente para a comissão. Pelo regimento da Casa, não é possível destituir o presidente de um colegiado. O PPS também decidiu entrar com um processo no Conselho de Ética contra Feliciano, por quebra de decoro parlamentar.

A ideia, com a renúncia coletiva, é abrir um novo processo de escolha do presidente da comissão e forçar o afastamento de Feliciano, eleito para o cargo no início do mês. Acusado de posições racistas e homofóbicas, o pastor tem sido alvo de uma onda de protesto de movimentos sociais e de artistas contra sua permanência no comando da comissão.

Na próxima terça-feira, a proposta da renúncia de pelo menos 10 dos 18 integrantes da Comissão de Direitos Humanos será discutida no colégio de líderes. Antes, porém, será feito um apelo a Feliciano para que ele deixe o posto. Mas o pastor, que conta com o apoio do PSC para permanecer no cargo, já avisou que não renuncia “de jeito nenhum”. Além disso, há o risco de a bancada evangélica, sozinha, viabilizar o quórum e a realização das sessões da comissão.

“A situação é insustentável, a ponto de o pastor mandar prender quem exerce o direito da livre manifestação. Passou do limite do admissível”, afirmou o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA).

Cassação

Em outra frente, o PPS deve ir ao Conselho de Ética contra Feliciano por suposto uso irregular da cota parlamentar. O partido alega que ele paga, com dinheiro público, escritórios de advocacia para fazer a sua defesa em processos de interesse pessoal. Se a ação for acolhida, o pastor pode ser punido até com a cassação do mandato. Ele nega a acusação.

Feliciano é acusado de homofobia e estelionato no Supremo Tribunal Federal (STF) e sua defesa em um dos processos foi redigida por um servidor de seu gabinete. O advogado Rafael Novaes da Silva é secretário parlamentar desde fevereiro de 2011 e respondeu à denúncia do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no último dia 21, por meio de um documento com várias citações bíblicas.

Queda de braço

Dirigente do PSC nega intolerância e reafirma que Feliciano não sai

Folhapress

Principal “fiador” do deputado Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos, o vicepresidente nacional do PSC, pastor Everaldo Pereira, criticou ontem o tom das manifestações contra seu correligionário. Pereira disse que não há chances de Feliciano deixar o cargo, nem com um apelo dos líderes da Câmara, porque “foi eleito pela maioria da comissão e dentro da legalidade”. “O que a gente vê é que intolerante é quem agride, invade o gabinete, quer ganhar no grito. Essas pessoas é que não são democráticas. Se deixar o deputado trabalhar normalmente, vão verificar que não tem intolerância da nossa parte”, defendeu.

Segundo ele, as falas de Feliciano consideradas preconceituosas foram distorcidas e representam apenas uma tese teológica. “O cara é crioulo, tem cabelo ruim, tem que passar negócio na cabeça. O cara é filho de negro. Foi uma declaração teológica no passado.” Na declaração em questão, Feliciano escreveu no Twitter que os africanos são “descendentes amaldiçoados de Noé”.

Questionado sobre a indicação dos deputados petistas José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP), condenados no caso do mensalão, para a Comissão de Constituição e Justiça, Pereira disse que preferia não avaliar a situação de outros partidos, mas alfinetou. “Se Feliciano fosse condenado pelo Supremo, nem seria indicado [para comissão] e possivelmente teria sido convidado a sair do partido.”

Fonte: Gazeta do Povo (PR)

Vão partir para a ignorância? - Eliane Cantanhêde

O deputado e pastor Feliciano não é mole. Além da cara de pau de assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, ele resiste a todas as pressões e ponderações para sair de onde nunca deveria ter entrado e, agora, parte para o ataque.

Autor de frases racistas e homofóbicas, alvo de processos no Supremo Tribunal Federal (um deles por estelionato) e flagrado dando uma bronca numa ovelha do seu rebanho que lhe passou o cartão de crédito, mas não a senha, Feliciano se coloca como vítima e joga a polícia parlamentar em cima de manifestantes.

Um foi detido por chamá-lo de "racista" e o outro (até devidamente, cá entre nós), por tentar invadir o seu gabinete. Pior: enquanto chama a polícia, Feliciano aciona os militantes do outro lado: os irmãos de fé.

Aliás, a convocação é do seu partido, o PSC. Ao comunicar, desassombradamente, que o pastor seria mantido na presidência da comissão, o vice-presidente nacional do partido, o também pastor Everaldo Pereira, disse que o camarada é "ficha limpa" e ameaçou: "Não fazemos ameaças, mas, se for preciso convocar centenas de militantes que pensam como nós, também vamos convocar". Que medo!

O risco é o Congresso virar um palco de guerra entre manifestantes anti-Feliciano e pró-Feliciano, com tudo o que isso significa em termos de direitos humanos, de minorias, de avanços, de atraso. Se ficasse só nas ideias, ótimo. Continuando no grito, já é preocupante. E se partirem para a ignorância, para as vias de fato?

No meio da desordem, pergunta-se: cadê o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, que é o parlamentar mais experiente e tem a política no sangue? Ele não só disse que a situação era "insustentável" como se comprometeu a resolvê-la rapidamente. Daí? Daí, nada.

Políticos resolvem as coisas parlamentando, negociando, ajustando contrários. Mas é a velha história: "Em casa de ferreiro, espeto de pau".

Fonte: Folha de S. Paulo

Passagem - Marina Silva

É difícil parar para refletir em meio à agitação da vida urbana. A memória recente é de catástrofes, tragédias, conflitos, o incêndio do qual todos tentam fugir. Mas o feriado alonga o incômodo, transformando o ócio em frenesi de transporte, bagagem, filas e mais pressa. A vida paga pedágio. Mas a civilização, mesmo saturada de seus excessos, não nos deixa totalmente isolados das fontes originais em que brotam os sentidos da vida. Elas estão ao nosso alcance, ocultas sob o tempo histórico aparentemente linear do Ocidente. Os ciclos da cultura e suas datas cartesianamente chamadas de "simbólicas" são vias de acesso.

Agora vamos à Páscoa e nos preparamos para um grande esforço. Da trajetória dos judeus herdamos aqueles 40 anos de marcha, atravessando o mar e o deserto para sair do cativeiro e do exílio e chegar à Terra Prometida onde, além da novidade da terra, haveria a alegria de viver em novidade de vida. Ressignificada pela tradição cristã, a passagem é íntima e radical: atravessamos o vale da morte, deixando os tesouros efêmeros sujeitos às traças e à ferrugem pelo tesouro da verdade que jorra na vida eterna.

E mesmo os que não professam uma crença estão profundamente mergulhados nessas densas camadas da subjetividade inerente à condição humana. O acesso às fontes, portanto, é possível a todos.

Talvez seja por isso que, em meio à variedade de crenças e descrenças, a humanidade sente aproximar-se sua Páscoa, seu grande esforço, seu supremo sacrifício para alcançar o que está além do tempo previsível. Sob a camada das repetições que criam couraças para nos encerrar em velhas certezas, há um incontornável medo da travessia do deserto, das tempestades, do sofrimento, da morte pela estagnação.

A crise mal começou, sabemos. Ultrapassou a miséria crônica das periferias e já penetrou nas fortalezas centrais do império. Adiamos as decisões mais urgentes para depois de todos os prazos, na mudança da economia, na prevenção das mudanças climáticas, na readequação das cidades, na proteção das comunidades, na educação das gerações. Atrasamo-nos, especialmente, na política, transformada num jogo de vitrines e estilingues do ego. Desprezamos os avisos da ciência, deixamos a sabedoria clamando no deserto. Comprometemos as safras dos tempos vindouros pela colheita de apenas algumas décadas.

Há, entretanto, uma força silenciosa e sem nome. Chamam-na esperança, utopia, sonho, fé e até destino. É um grão de certeza, uma pequeníssima semente. Uma promessa de que a vida será restaurada em seu sentido mais profundo. Chegaremos ao Reino e nele não teremos armas, mas simplesmente leite e mel. Serenidade na passagem da dor à alegria. Feliz Páscoa para todos.

Marina Silva, ex-ministra e ex-senadora

Fonte: Folha de S. Paulo

Festa da democracia - Merval Pereira

Foi uma noite em que a Justiça brasileira foi homenageada: o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, recebeu o prêmio Personalidade do Ano, e o ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto, o de Destaque do País. Ambos têm em comum o fato de terem presidido o julgamento do mensalão, um marco na História política do país.

Aplaudidos de pé pela plateia, destacaram a relação da sociedade com o Supremo e atribuíram essa aproximação à imprensa, que, segundo Barbosa, cumpre papel relevante na democracia brasileira. Para ele, "há uma sinergia grande, importante e relevantíssima entre nós do Poder Judiciário e a sociedade", graças ao trabalho da imprensa que ajuda a opinião pública a entender um setor da vida estatal "tão difícil de compreender, às vezes impenetrável, que é essa missa institucional de fazer justiça".

Ele classificou de "evolução" essa capacidade de a sociedade acompanhar e até mesmo influir no Poder Judiciário, e atribuiu ao trabalho "cada vez mais ativo" da imprensa essa situação. O ministro Ayres Britto disse que o fato de ele e Joaquim Barbosa terem conquistado um prêmio com o nome tão sugestivo como o Faz Diferença mostra que a sociedade está conhecendo mais o STF, que vem entendendo com mais clareza o seu papel de instituição "concretizadora da lei maior do país, que é a Constituição".

A importância da imprensa no fortalecimento da democracia brasileira foi a tônica dos discursos dos dois homenageados. Barbosa fez a defesa do papel fiscalizador da imprensa, afirmando que a vida pública deve ser e tem que ser "escrutinizada, vigiada pela imprensa. Não consigo ver a vida do Estado e de seus agentes e personagens sem a vigilância da imprensa".

Os dois têm visões coincidentes sobre a liberdade de imprensa. Para Joaquim Barbosa, "a transparência e abertura total e absoluta devem ser a regra" e não pode haver mistério em relação ao exercício das funções públicas, que devem ser acompanhadas pela imprensa. O ministro Ayres Britto, que foi o relator do julgamento que deu fim no Supremo Tribunal Federal à Lei de Imprensa promulgada durante a ditadura militar - que ele considera ter sido a decisão mais importante da qual participou, por ter permitido a plenitude da liberdade de imprensa no país, inviabilizando qualquer tipo de censura -, diz que a liberdade deve ser total:

"Quem quer que seja pode dizer o que quer que seja. Responde pelos excessos que cometer, mas não pode ser podado por antecipação." Na ocasião, ele disse que "as relações de imprensa são da mais elevada estatura constitucional pelo seu umbilical vínculo com a democracia". Para Ayres Britto, "cortar esse cordão umbilical entre a democracia e a liberdade de imprensa é matar as duas".

Na homenagem de ontem, ele ressaltou a importância da imprensa na aproximação do Judiciário com a sociedade, o que permite que a opinião pública entenda melhor o papel do Supremo Tribunal Federal, "uma casa de fazer destinos" na sua definição poética. Essa capacidade de "fazer destinos", aliás, foi ressaltada por ele quando relatou sua felicidade por ser ministro do Supremo Tribunal Federal por nove anos, período durante o qual dizia aos colegas "que quem chega ao STF não tem sequer o direito ao mau humor".

Para Ayres Britto, são tantas as possibilidades de arejar mentes, tantas as chances de contribuir para a modernidade do país, em diversos planos - político, ético, dos costumes, ecológico -, que ficar de mau humor seria uma maneira de dispersar a energia. Certamente estava comemorando os diversos casos em que, sendo relator, ajudou a aprovar, como a união civil dos homossexuais e o aborto em casos de anencefalia.

Inafiançável

Presente na festa do prêmio Faz Diferença, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux ressaltava em várias rodas que a declaração do ex-presidente Lula de que o financiamento privado de campanhas eleitorais deveria ser tipificado como "crime inafiançável" vinha ao encontro da decisão do STF de condenar os mensaleiros.

Fonte: O Globo

Sarjeta da fama - Dora Kramer

O deputado Marco Feliciano entendeu muito bem qual o sentido dos protestos à sua permanência à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

Eles nada têm a ver com torcidas de clubes de futebol ou com agruras de brasileiros acusados de crimes no exterior.

No entanto, se faz de desentendido - isso partindo do princípio de que não sofra de algum tipo de déficit de inteligência. Vai à embaixada da Indonésia pedir "clemência" a dois brasileiros condenados à morte no país e cogita ir à Bolívia para dar conforto aos presos acusados de participação na morte de um garoto durante partida do Corinthians.

Se o deputado quer apresentar credenciais humanitárias e anda em busca de gestos que amenizem a antipatia decorrente da maneira agressiva como expressa suas convicções pessoais, o pedido de prisão de um manifestante que o chamou de racista durante mais uma tentativa frustrada de fazer andar os trabalhos da comissão não o ajudou nesse intuito.

Muito menos quando definiu assim a ordem: "Isso é democracia". Sentiu-se ofendido e mandou prender o ofensor, em ato inútil, porque o alegado crime não prevê prisão em flagrante.

Pelo jeito como transita de peito aberto e cabeça erguida em meio à confusão criada sempre que aparece em público, o deputado Feliciano está pouco ligando para os ataques. Ao contrário, deve estar adorando surfar na onda que o levou do anonimato ao estrelato.

Frequentando as manchetes cumpre seu objetivo e, portanto, vai ficar onde está enquanto puder se beneficiar da situação: não perde um voto entre aqueles que pensam como ele e provavelmente ganhará muitos mais na próxima eleição, devido à notoriedade recentemente adquirida.

Não cedeu aos apelos do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, que, entretanto, não se sensibiliza com a presença de um deputado (João Magalhães) de seu partido, o PMDB, processado por corrupção e fraude, na presidência da Comissão de Finanças e Tributação.

O PT indicou dois condenados pelo Supremo Tribunal Federal à Comissão de Constituição e Justiça e, com isso, e mais o fato de os demais partidos terem se desinteressado da comissão presidida por Feliciano, vão dando argumentos para o PSC bater o pé.

Pressão por pressão, pelos critérios em vigor a barulheira tem menos força que o regimento. Por este, o indigitado parlamentar só sai se quiser. Mais eficaz talvez seja mudar de estratégia.

Se a maioria não quer que ele fique, se não está apenas jogando para a plateia, que exerça seu poder de fato: reorganize as tropas, acorde cedo, vá para dentro da comissão, não falte a uma sessão sequer, vigie a pauta e imponha derrotas sistemáticas ao presidente.

Aí veríamos se, desprovido de autoridade, um maestro sem orquestra, teria tanto interesse em continuar.

Lava mãos. Em princípio, parece louvável a recusa do governo federal em encaminhar ao Congresso projeto que propõe nova regulamentação aos meios de comunicação para que o PT o use como pretexto para tentar aprovar controle de conteúdo.

Mas o governo poderia mobilizar a maioria - que oficialmente se diz contra aos petistas - para discutir o indispensável marco regulatório propriamente dito e simplesmente excluir qualquer coisa que mais remotamente exale odor de censura. No voto ou no veto.

Por que não faz? Mais ou menos pela mesma razão pela qual se manteve distante da confusão da distribuição dos royalties do petróleo entre Estados produtores e não produtores: medo de enfrentar a adversidade política.

No projeto relativo à comunicação, embora esteja com o discurso constitucional, social e institucionalmente mais correto, o Planalto estaria em confronto com o PT, e essa dividida também não quer administrar.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Na ampulheta política - Tereza Cruvinel

Entre o carnaval e a Páscoa, os candidatos a 2014 se apresentaram como tal. Agora, passaremos o ano assistindo aos alinhamentos partidários, que vão gerar escaramuças e constrangimentos

Entre o carnaval e a Páscoa que estamos atravessando, a elite política que nos dirige pisou forte no acelerador do tempo. Não foi apenas a presidente da República. Se não quisessem, os outros partidos e postulantes à Presidência teriam mantido suas rotinas e agendas. Instalando prematuramente a disputa eleitoral de 2014, queimaram o ano em curso, naquilo que seria dirigido a equacionar problemas e pactuar soluções. Com isso, todos os gestos e palavras, de todos eles, passaram a ter coloração eleitoral. Naturalmente, os que vêm da presidente Dilma, agora que ela é candidata, terão sempre maior repercussão sobre a vida do país e das pessoas.

Se Dilma não fosse candidata, não teria eriçado os mercados e excitado os analistas econômicos ao dizer que o combate à inflação não pode sacrificar o crescimento. Ela já disse isso outras vezes, em outros momentos, sem provocar cataclismas. O anúncio da previsão de inflação de 5,3% para este ano, pelo Banco Central, fez o resto. O novo índice é maior que o previsto inicialmente, mas não ultrapassou o teto da banda de variação da meta de 4.5% anuais, que é de 6,5%. Mas Dilma é candidata, e quando as duas coisas acontecem — a fala em Durban e a divulgação do índice — instala-se o temor (falso ou verdadeiro) de que, daqui para a frente, ela possa “fazer o diabo” também na economia para se reeleger, afrouxando com o controle da inflação.

Os outros postulantes também, com menores consequências, pagarão faturas pela antecipação de seus movimentos eleitorais. O governador Eduardo Campos pode ter razão em suas críticas à MP dos Portos, mas tudo o que ele já disse e dirá será atribuído à necessidade de diferenciar-se do Governo. Aécio Neves não precisaria estar jogando paciência com Geraldo Alckmin e José Serra. Marina, sim, não querendo ser candidata por algum dos partidos já existentes, que para ela são todos farinha do mesmo saco, precisava mesmo começar a montar sua alternativa partidária.

Dezenas de bons números econômicos foram cuspidos por órgãos oficiais nas últimas horas, mas foram todos ofuscados pelo caso da inflação.

Entre o Carnaval e a Páscoa, eles se apresentaram como candidatos. Agora, passaremos o resto do ano assistindo aos alinhamentos partidários, que vão gerar escaramuças e constrangimentos. E em tudo será colada a etiqueta “eleitoral”, mesmo quando as motivações forem outras.

Linha de giz

Enquanto os senadores Luis Henrique (PMDB) e Jorge Viana (PT) discutem a necessidade de unir os governistas do PT, PMDB e PSD em Santa Catarina, já vai longe o virtual candidato Eduardo Campos. Ele teve um encontro com o governador Raimundo Colombo (PSD), que por sua vez lhe falou do entusiasmo do ex-senador Jorge Bornhausen com sua candidatura. O PSB de Campos é fraco, quase inexistente no Estado, o que confere elevada importância a este possível desembarque. Mas, no entorno do candidato, acende-se uma luz vermelha: recusar apoios ele não pode, mas se ultrapassar uma certa linha em suas composições poderá romper com o campo de sua história política, marcada por um ícone da esquerda, seu avô Miguel Arraes.

Pega, mata, esfola

Na última quarta-feira, 25, o programa CQC, da TV Bandeirantes, exibiu algo bastante indicador do ovo de serpente que estamos chocando, em nome do combate à corrupção. O deputado José Genoino foi submetido a uma tentativa de “entrevista” em que o “repórter” o chibateou com injúrias, insultos, escárnios. Ainda que o julgamento do mensalão já tivesse transitado em julgado, e Genoíno já estivesse definitivamente condenado e preso, em qualquer democracia aquela abordagem violenta seria condenada pelos órgãos de defesa dos direitos humanos e de observância dos meios de comunicação, como o que agora existe na Inglaterra. Não para censurar, mas garantir o equilíbrio entre a liberdade de imprensa os outros direitos. Para completar, o profissional da emissora, uma concessão pública, valeu-se depois de uma criança para intimidar o deputado com perguntas. Genoino tratou o menino com o respeito e a compaixão que se deve ter para os inocentes que não sabem o que fazem. Hoje é um bom dia para se recordar esta frase. Naquela edição do CQC, faltou humor, sobrou obscurantismo, feriu-se o jornalismo.

Rangel na Ancine

Atendendo à ministra da Cultura, Marta Suplicy, a presidente Dilma deve reconduzir Manoel Rangel, do PCdoB, à presidência da Ancine para o exercício de um terceiro mandato, algo que nunca aconteceu em outras agências reguladoras. Sua gestão em oito anos tem dois marcos positivos importantes: a criação do FSA — Fundo Setorial do Audiovisual, destinado a fomentar e integrar toda a cadeia produtiva da atividade audiovisual (cinema, TV, videos etc.) e a aprovação da Lei 12.485/2011, a chamada lei da TV Paga, que determina a inclusão de uma cota de conteúdos nacionais nos pacotes oferecidos. Ele teve o apoio de produtores e diretores importantes, como Cacá Diegues e Walter Salles, e a oposição de outros, como Silvio Tendler, afora um abaixo assinado dos funcionários pela renovação. O novo mandato dependerá da aprovação de seu nome pelo Senado. Um desafio para o senador Inácio Arruda, do PCdoB, na Comissão de Educação e Cultura, onde ases da oposição, como Randolfe Rodrigues (PSOL), Pedro Taques (PDT) e Cristovam Buarque (PDT) vêm no terceiro mandato um continuísmo abusivo, seja para presidente da República ou de autarquia.

Fonte: Correio Braziliense

Golpistas de araque - Nelson Motta

Zé Dirceu e Rui Falcão não devem ter notado, mas a mesma pesquisa do Ibope que deu 76% de aprovação à presidente Dilma revelou que 38% dos entrevistados acham o noticiário da mídia favorável ao governo, 34% consideram neutro, e só 11% avaliam como negativo. Que imprensa golpista de araque é essa que trata tão bem o governo petista? E ainda precisa ser controlada?

Mais de 500 emissoras de televisão, 11 mil rádios, 5 mil revistas e centenas de jornais, sem contar os incontáveis sites e blogs, inúmeros mantidos por verbas oficiais, são a prova viva da liberdade e pluralidade de opinião no Brasil.

Qualquer proposta de real democratização da mídia começa pela proibição de que políticos controlem meios de comunicação. E para isto nem é preciso uma nova lei, basta aplicar com rigor a que está em vigor, e juízes que obriguem Sarney, Renan, Collor, Jader Barbalho e todos os políticos - e seus parentes e laranjas - que têm rádios, jornais e televisões, a cumpri-la.

Na Venezuela, a Globovision, ultima rede de televisão que ainda fazia a possível oposição a Chávez, jogou a toalha e foi vendida a um empresário chavista. Na Argentina, os empresários kirchneristas já dominam a maior parte dos meios de comunicação. E tanto a mídia governista platina como a bolivariana faturam a parte do leão das verbas oficiais de publicidade, que crescem a cada ano. É esse "controle social" que eles sonham para o Brasil.

Mas mesmo se um dia essa sonhada "Lei Dirceu" for discutida, já será tarde demais: a internet será acessível a todos e incontrolável, dando à liberdade de informação e opinião um poder que tornará qualquer tentativa de controlar jornais, revistas e televisões tão defasada quanto inútil.

Não há conflito de opinião, calúnia ou difamação, em qualquer mídia, que não possa ser resolvido na Justiça, onde cada um responde pelo que diz e faz. Já são muitos, serão cada vez mais, os mentirosos e difamadores que pagam pesadas indenizações e são obrigados a humilhantes retratações públicas.

Mas nenhuma Lei de Meios teria evitado a denúncia, a cobertura, o julgamento e a condenação do mensalão.

Fonte: O Globo

Deus está vivo e bem no Morro do Bumba - Fernando Gabeira *

Nas reuniões clandestinas dos anos 1960, Vera Silvia Magalhães, brincando, sugeria como agenda: quem somos, onde estamos e para onde vamos? No início desta campanha presidencial, creio que seria razoável abordar esse tema, desde que se desçam, passo a passo, os degraus da abstração.

Na nossa jovem democracia, os governos levam enorme vantagem na partida: arrecadam fortunas dos empresários amigos e gastam fortunas do Tesouro com propaganda sobre realizações e personalidade do governante. As despesas da viagem de Dilma Rousseff a Roma, por exemplo, deveriam ser computadas nos gastos de campanha.

Como candidata montada em milhões de reais, Dilma é um artefato urdido pelo PT, por especialistas em marketing, um cabeleireiro de origem japonesa, cirurgiões plásticos e consultores de estilo. A rigidez dos ombros, o cansaço no andar indicam que está sobrecarregada pela máscara afivelada ao seu corpo. E algumas frases desconexas revelam que gostaria de deixar de fazer sentido, como os garotos que escreveram receita de Miojo ou o hino dos Palmeiras em suas composições no Enem.

Dilma viajou para ser fotografada ao lado do papa Francisco e dizer: "O papa é argentino, mas Deus é brasileiro". Nada melhor para uma campanha: posar ao lado do papa, brincar com a rivalidade com os argentinos, voltar para Brasília ainda mais popular do que saiu. A opção pelo luxo, na Via Veneto, no momento em que a Igreja fala de humildade não importa. Uma coisa é a Igreja, outra é o governo democrático popular, sem escrúpulos pequeno-burgueses, na verdade, sem escrúpulos de ordem alguma. Não importa que os estrangeiros vejam na sua frase uma certa dificuldade nacional de superar o complexo de inferioridade. Tudo isso é problema para a minoria que não tem peso nos índices de popularidade. O povo está satisfeito, as pesquisas são favoráveis e é assim que se pretende marchar para 2014.

Lula e José Dirceu foram heróis da vitória em 2002. Dirceu hoje trabalha para empresas junto ao governo. Lula viaja prestando serviços às empreiteiras. Lembram um pouco a desilusão dos jovens rebeldes no filme O Muro, de Alan Parker, inspirado na música de Pink Floyd. Um dos ídolos da rebeldia juvenil aparece no final melancolicamente vestido como porteiro de hotel, chamando táxis, ganhando gorjetas.

Lula fazia discursos contra o amoralismo do capital, a influências das empreiteiras, e aquelas frases de comício: um sonho sonhado junto não é sonho... Confesso que aplaudia e admito uma dose de romantismo incompatível com a minha idade. Muitos ídolos do rock, pelo menos, morreram de overdose. Na esquerda brasileira, passaram a trabalhar para a Delta ou viajar a soldo da Odebrecht. A popularidade do governo intimida e os candidatos de oposição não fazem um contraponto, mas se definem como uma variação melódica.

Ao deixar o luxuoso Hotel Excelsior, em Roma, Dilma afirmou, ante as mortes em Petrópolis, que era preciso tomar medidas mais drásticas para tirar as pessoas das áreas de risco. Levar para onde? Não se construiu uma única casa popular em Petrópolis. No Morro do Bumba, em Niterói, alguns moradores foram transferidos para um quartel da PM depois da tragédia que matou 48 pessoas em 2010. Os 11 prédios do PAC construídos para abrigá-los estão caindo, antes de inaugurados. Há fendas nas paredes e vê-se que os construtores usaram material barato. Cerca de R$ 27 milhões foram para o ralo. Deus está vivo e bem no Morro do Bumba. Se fossem para os novos prédios, a armadilha cairia sobre a cabeça dos desabrigados.

Quem tem boca (no governo) vai a Roma. Depois é preciso dar uma olhada na Serra Fluminense, verter aquelas lágrimas de praxe, no melhor ângulo e na melhor luz, para as inserções na TV. A mãe do PAC deveria visitar as obras destinadas ao Morro do Bumba com o carinho com que as mães visitam os filhos no presídio, os que deram errado mas nem por isso são esquecidos.

O governo costuma dizer que a oposição mais consistente é a da imprensa. Essa é sua desgraça e sua sorte. O incessante turbilhão das notícias obriga a imprensa a mover-se sem parar para cobrir o que acaba de acontecer. Sobra pouco tempo para retirar esqueletos do armário e voltar aos personagens de nomes bizarros que povoam os escândalos nacionais. A única maneira de quebrar a hegemonia perversa que contribuiu para devastar moralmente o Congresso, estreitar nossa política externa, confinar a economia nos limites do consumismo é fortalecer uma oposição real. Ela não se pode ater ao horizonte de uma só eleição. Precisa trabalhar todos os dias, imediatamente após a contagem dos votos.

Em política não existem eleições ganhas antecipadamente. Mas é preciso não contar com milagres. Mesmo eles só favorecem os que estão de pé, os que cedo madrugam. As pesquisas dizem que a maioria dos brasileiros está contente com o governo Dilma. A sensação de bem-estar impulsiona-os a aprovar o governo e ignorar as profundas distorções que impõe ao País.

Não é a primeira nem a última vez que a minoria se coloca contra uma onda de bem-estar fundamentada apenas no aumento do consumo. No passado éramos bombardeados com a inscrição "Brasil, ame-o ou deixe-o". Agora ninguém se importa muito se você ama ou deixa o País.

O mecanismo de dominação é consentido. Nosso universo se contraiu e virou um mercado onde tudo se compra e se vende, secretarias negociam ilhas, ex-presidentes cobram dívidas de empreiteiras e, na terra arrasada do Congresso, o pastor Marco Feliciano posa fazendo uma escova progressiva. Parafraseando Dilma, são necessárias medidas mais drásticas para tirar essa gente de lá.

A única arma à nossa disposição é o voto. A ausência de uma oposição organizada e aguerrida é uma lacuna. Quando há uma base social para a oposição, dizem os historiadores, ela acaba aparecendo dentro do próprio governo. E aparece discreta, suave, como discretos e suaves são os que se lançam agora diante da milionária máquina topa-tudo do PT.

* Fernando Gabeira é jornalista.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma aponta favorito para ministério, contraria bancada do PR e divide sigla

Partido ameaça embarcar no projeto presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), caso não seja ouvido

Débora Bergamasco e Débora Álvares

BRASÍLIA - A negociação de Dilma Rousseff com o PR para a escolha do novo ministro dos Transportes provocou um racha no partido aliado. A preferência da presidente pelo ex-senador baiano e hoje vice-presidente do Banco do Brasil César Borges contraria os deputados federais, que não se dizem representados por ele, apesar de compartilharem a legenda. A bancada ameaça até embarcar no projeto presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), caso não seja ouvida.

Em público, o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), nega já ter tratado de indicações com Dilma. Mesmo assim, diz apoiar a sondagem feita pelo governo para emplacar Borges no cargo. “É um excelente nome”, disse ele ao Estado.

Desde a “faxina” administrativa que derrubou o próprio Nascimento do cargo em 2011 os parlamentares do PR estão em pé de guerra com a cúpula do partido.

Parte se sente traída por Nascimento e diz preferir a manutenção do ministro Paulo Sérgio Passos a deixar o cargo com Borges. Passos é filiado ao PR, mas, para os que mandam no partido, ocupa o Ministério dos Transportes “na cota pessoal” de Dilma – ele não tem ligação direta com os integrantes mais “orgânicos” da sigla.

O argumento dos deputados do PR é um só: já que a liderança não será política, que seja técnica.

Nas últimas semanas, o governo vem cozinhando em banho-maria a escolha para os Transportes. A demora do anúncio levou o líder do partido na Câmara, Anthony Garotinho (RJ), a dizer que “o PR está muito magoado com a presidente Dilma”.

Numa referência indireta a Campos, Garotinho disse que o PR é “indispensável para inviabilizar o projeto dos adversários” do PT na campanha presidencial do ano que vem. “Ela (Dilma) não precisa do tempo do PR, porque tem o do PT, do PMDB, entre tantos, mas também não quer que nosso tempo vá para outros candidatos”, afirmou Garotinho, em alusão ao espaço de 1 minuto e 10 segundos que a sigla tem na propaganda política de TV.

O líder do PR na Câmara conversaria nesta semana com Dilma sobre a escolha de um indicado do PR para o ministério, mas disse ter sido avisado por Nascimento de que ela teria um compromisso e não poderia recebê-lo. “Me foi oferecido tratar do assunto com um ministro enviado por ela (Dilma). Me recusei. Minha conversa é com ela, assim como ela tem falado com todos os outros partidos, então decidi esperá-la chegar de viagem”, disse Garotinho. O ministro que tem negociado com o PR é Aloizio Mercadante (PT), da Educação. Dilma retornou na manhã de ontem de viagem à África do Sul.

Segundo o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), a reunião do PR com a presidente deve ocorrer na segunda-feira. Com essa expectativa, o parlamentar nem viajou no feriado da Páscoa.

Para ‘casar’. Numa conversa informal, um dirigente do PR resumiu assim a resistência de Dilma a outros nomes apresentados para o cargo na pasta dos Transportes: “Não quer casar, não casa.”

Para o deputado Lincoln Portela (PR-MG), há um movimento para “queimar o partido” e dividi-lo. “Sei lá de onde vem isso”, afirmou. “O que vemos é uma tentativa de criar atrito entre nós”, disse Antônio Carlos Rodrigues.

Pelo jeito, o “fogo amigo” está funcionando. Correligionários contam que o senador Blairo Maggi (PR-MT), um antigo aliado do governo petista, ficou muito contrariado com a atitude da cúpula de seu partido quanto esta se recusou a aceitar que ele virasse ministro dos Transportes.

Rodrigues relembrou uma história: “Eu, o Alfredo e o Garotinho fomos conversar com a presidente, perto do Carnaval, e ela brincou comigo, dizendo que ‘a cota do Estado de São Paulo está esgotada’. Ela disse: ‘São dez ministros de São Paulo, então, Antônio Carlos, você está fora de cogitação’. Eu ainda brinquei: ‘A senhora não sabe onde eu nasci’. E ela falou: ‘Não, é onde milita. Eu, por exemplo, sou uma mineira gaúcha’. Aí meu nome foi especulado todo esse tempo e eu já sabia que não seria eu. É inexplicável.” Na conversa, Rodrigues blefou: ele é paulista mesmo.

Fonte: O Estado de S. Paulo