domingo, 24 de março de 2013

OPINIÃO DO DIA – Eduardo Campos: debate plural, afinidades e divergências.

Temos mais afinidades do que divergências. Serra sempre militou em um campo muito mais próximo do nosso do que o de muita gente que está conosco, ou que estava conosco na base de sustentação do presidente Lula.

É importante que possamos acumular um debate plural sobre o futuro do Brasil. Ajudamos a construir uma democracia exatamente por isso e para isso. Não é proibido que as pessoas conversem, sobretudo aquelas que já militaram juntas no passado, e que embora estejam hoje na oposição, nos tenham ajudado antes do golpe de 1964.

Precisamos fazer o debate com pessoas que acumularam experiência de vida. O Serra foi militante político desde os 15 anos. Teve a experiência de ver o Brasil de fora, durante o exílio. Viveu no Chile, durante um governo que todos torcíamos para que desse certo (o de Salvador Allende). Ele é um quadro importante da política brasileira.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Com UPPs, PM deixou de disparar 100.430 tiros
Estatais não pagam 78% das multas

FOLHA DE S. PAULO
Brasileiro aprova novo papa e quer igreja mais liberal
Aporte a bancos oficiais freia queda da dívida pública no país
Consumo alavanca microcrédito em favelas cariocas
Empresários 'votam com o bolso': investem pouco, desconfiam
Lula leva diretor de empreiteira a viagem oficial para a África

O ESTADO DE S. PAULO
Aécio tem potencial de voto igual ao de Serra, diz Ibope
"Somos um BNDES privado"

ESTADO DE MINAS
As leis que ninguém cumpre
Vista grossa para salvar prefeitos
Atestado confirma morte por dengue

O TEMPO (MG)
Papa viaja a Castel Gandolfo para se reunir com Bento XVI
49 ANOS DO GOLPE MILITAR: Greve em Contagem desafiou ditadura
Suécia é aposta de brasileiros para bolsas no exterior

CORREIO BRAZILIENSE
E no país dos eternos apagões...
Empresários do varejo entram alerta por causa da inflação
Sobra dinheiro para cota parlamentar, mas falta fiscalização

GAZETA DO POVO (PR)
A Curitiba que você desconhece
Encontro de papas
SC destrava acesso a verba em Brasília
Potencial do Vale-Cultura divide opiniões
Brasileiros investem em bikes modernas
Número de bicicletas vendidas quase não muda, mas o setor está faturando mais. Motivo: o brasileiro tem comprado modelos mais caros

ZERO HORA (RS)
O relatório que mostra a tragédia por dentro
O abraço de dois papas
A ordem é inovar

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Quando os planos de saúde dizem não
Jarbas e Eduardo

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do País

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Homem de negócio: Lula levou diretor da Odebrecht em viagem oficial à África

Fernando Mello, Flávia Foreque

BRASÍLIA - Na única viagem internacional em que o ex-presidente Lula foi designado representante oficial do governo Dilma Rousseff, o petista pôs entre os membros da delegação um diretor da Odebrecht.

Como a Folha revelou anteontem, a relação de Lula com empreiteiras é próxima: elas pagaram quase a metade de suas viagens internacionais como ex-presidente.

O pedido, ocorrido em 2011, para a inclusão do diretor da construtora na delegação que iria a Guiné Equatorial causou estranhamento no Itamaraty, que cobrou informações sobre o caso à assessoria do ex-presidente.

Na Guiné Equatorial há quatro empresas brasileiras com grande atuação: ARG, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS. A Odebrecht entrou no país após a visita de Lula, sendo favorita para obras na parte continental, onde está sendo construída uma capital administrativa.

Lula foi a Guiné Equatorial em 2011 participar da Assembleia da União Africana como chefe da delegação brasileira. Reuniu-se com o ditador Obiang Nguema Mbasogo.

Em telegrama de 27 de junho de 2011, a embaixada brasileira em Malabo informou ter solicitado informações à assessoria de Lula sobre Alexandrino Alencar, que integraria a comitiva.

Alencar é diretor da Odebrecht e não estava na lista oficial enviada ao Itamaraty. Seu nome apareceu "em mensagem recente enviada a esta embaixada por aquela assessoria [de Lula]", informou Francisco Chaves do Nascimento Filho, encarregado de negócios da embaixada.

Hoje Alencar é o responsável pelo Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht. A relação dele com Lula é antiga.

No livro "Mais Louco do Bando", Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, relata uma viagem em 2009 que Alexandrino fez a Brasília com Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empresa.

Na época, Lula pediu ajuda à Odebrecht para o Corinthians construir seu estádio. Hoje a empresa é responsável pela obra.

Dilma

Por meio de sua assessoria, Dilma afirmou que não é possível deduzir que Lula teria atuado em suas viagens a favor das empreiteiras.

"Eu me recuso a entrar nesse tipo de ilação sobre o presidente Lula. O presidente Lula tem o respeito de todos os Chefes de Estado da África e deu grande contribuição ao País nessa área."

A fala da presidente foi publicada ontem pelo "Estado de S. Paulo" e confirmada pela assessoria do Planalto.

Outro lado

A assessoria de Lula disse que ele é acompanhado em suas viagens por "diretores do Instituto Lula, lideranças políticas, sindicalistas, empresários e intelectuais".

A Folha questionou o Instituto Lula e a Odebrecht sobre Alexandrino Alencar. Nenhuma assessoria disse quem pediu sua inclusão na lista.

Segundo a empresa, "assuntos de interesse da Odebrecht não constaram da pauta dos encontros e das reuniões das quais o ex-presidente Lula participou". O Itamaraty diz que a lista oficial da comitiva continha os nomes de Lula e dos embaixadores.

Fonte: Folha de S. Paulo

Planalto e PT testam paciência com articulações do líder do PSB

Governo se esforça para manter aliado com vistas a segundo turno em 2014

Fernanda Krakovics

Desconforto. Aproximação de Campos com oposição tem irritado petistas

BRASÍLIA A relação entre o Palácio do Planalto e o PT com o virtual candidato do PSB à Presidência da República, o governador Eduardo Campos (PE), tornou-se um exercício de paciência e de tato político. Ao mesmo tempo em que se esforçam para manter um bom relacionamento com o socialista, na tentativa de preservá-lo na base aliada e contar com seu apoio em eventual segundo turno das eleições presidenciais do ano que vem, pessoas próximas da presidente Dilma Rousseff e petistas não têm escondido a irritação com as recentes estocadas de Campos no governo, e sua aproximação com setores da oposição, PSDB em especial.

Amanhã esse delicado equilíbrio será testado em visita da presidente Dilma a Pernambuco. Ela encontrará Campos na vistoria que fará nas obras do sistema adutor do Pajeú, em Serra Talhada.

Críticas à gestão econômica do governo causam indignação

Para petistas, sucesso de Campos deve muito a investimentos federais

Dilma e Eduardo Campos tinham um almoço previsto na casa do governador, em Recife, e visita a outra obra federal nas cercanias da capital, mas essa parte da agenda foi cancelada na tarde de sexta-feira. Coincidência ou não, logo depois que Eduardo Campos apareceu falando que tem "muitas afinidades" com o tucano José Serra, adversário de Dilma na disputa presidencial de 2010 e com quem o governador teve um encontro cercado de sigilo na sexta-feira anterior. Por essas e outras é que o PT acompanha com preocupação, e desconfiança, os movimentos de Campos. Uma das reclamações recorrentes no PT em relação ao, agora incômodo, aliado é que o sucesso de sua administração teria sido conquistado graças a investimentos federais feitos desde o governo Lula. Vários estudos comparativos mostram que Pernambuco foi o estado do Nordeste que mais recebeu recursos federais durante o governo Lula.

Do final do ano passado até o início de março, o ex-presidente Lula tentou, sem sucesso, marcar uma conversa com o governador de Pernambuco na esperança de convencê-lo a adiar para 2018 seu projeto eleitoral. Agora, a avaliação é que Eduardo Campos esticou demais a corda e não há mais caminho de volta. Para o governo e o PT, a candidatura do PSB é irreversível.

Apesar das declarações diplomáticas em público, a relação não está nada boa. Em conversas reservadas, lideranças petistas dizem que Campos não está sendo correto ao criticar o governo, já que fez parte da gestão Lula e o PSB integra a administração Dilma, onde ocupa dois ministérios.

Em encontros com empresários, Campos tem criticado a política econômica e fiscal do governo, e dito que não há chance de melhora. Ele também cerrou fileiras contra a medida provisória para modernização dos portos.

- Sobre as críticas, como o PSB está no governo, a gente entende que esse deve ser um esforço (melhorar o governo) de todos, inclusive do PSB - afirmou o secretário-geral do PT, deputado Paulo Teixeira (SP).

O Palácio do Planalto também ficou irritado com a proposta de Campos de reabrir a discussão sobre os royalties do petróleo logo depois de o Congresso ter derrubado os vetos da presidente Dilma que garantiam para os estados produtores as receitas dos campos já licitados. A tentativa de acordo feita pelo socialista consistia na antecipação de receitas por parte da União para os estados não produtores de petróleo.

Auxiliares de Dilma consideraram a proposta uma "jogada eleitoral" e "bondade com o chapéu alheio".

Fonte: O Globo

Aécio tem potencial de voto igual ao de Serra, diz Ibope

O senador Aécio Neves (PSDB-MG)teria um potencial de voto equivalente ao do ex-governador José Serra (PSDB-SP), quando se leva em consideração apenas os eleitores que conhecem os presidenciáveis, segundo pesquisa feita pelo Ibope a pedido do Estado. O mineiro teria 41% dos eleitores que poderiam votar nele e o paulista 42%. A pergunta permitia múltiplas respostas. Quando se recalcula os eleitores excluindo quem não conhece os candidatos, todos os presidenciáveis ficam na mesma base de comparação, informa José Roberto de Toledo. Sob este critério, a presidente Dilma Rousseff (PT) lidera com 79% e Marina Silva (sem partido), fica em segundo com 50%. Aécio disse ter ficado muito satisfeito com o resultado e que a liderança de Dilma reflete "100% de exposição". O líder do PT na Câmara, José Guimarães, acha que a grande aceitação de Dilma mostra que "o País está no rumo certo

Aécio e Serra empatam entre eleitores que dizem conhecer os dois tucanos

Senador e ex-governador têm potencial de voto semelhantes quando são considerados só os eleitores que os conhecem, mas mineiro teria mais espaço para crescer

José Roberto de Toledo

Se todos os presidenciáveis tivessem o mesmo grau de conhecimento pelo eleitor, a presidente Dilma Rousseff continuaria franca favorita, mas, no PSDB, o senador Aécio Neves (MG) alcançaria um potencial de voto equivalente ao do ex-governador José Serra. O mineiro chegaria a 41% de eleitores que poderiam votar nele, ante 42% do paulista. É o que mostra pesquisa nacional sobre a sucessão de 2014 feita pelo Ibope a pedido do Estado.

"Apesar de os dois estarem tecnicamente empatados quando excluímos quem diz desconhecer os candidatos, Aécio teria mais espaço para conquistar novos eleitores", diz Marcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência. O teto de Serra é mais baixo porque ele é conhecido por 86% do eleitorado e tem 50% de rejeição. Para Aécio, essas taxas são de 61% e 36%, respectivamente.

A rejeição a Serra aumentou muito desde abril de 2010, quando ele disputava a eleição presidencial pela segunda vez. Foi a última vez que o Ibope mediu o potencial de voto do tucano usando a mesma técnica empregada desta vez. Na época, só 32% dos eleitores diziam que não votariam nele de jeito nenhum.

Quando se recalcula o potencial de voto excluindo-se quem não conhece os candidatos, todos os presidenciáveis ficam em uma mesma base comparável, como se fossem igualmente reconhecidos pelo eleitor, explica Marcia. Nesse cenário, Dilma chega a um potencial de 79%. Marina Silva (sem partido) fica em segundo lugar, com 50%. As taxas somadas superam 100% porque há eleitores que admitem poder votar em mais de um candidato.

Não por acaso, as duas candidatas têm a maior sobreposição de eleitores entre todos os nomes testados pelo Ibope. Nada menos do que 41% dos eleitores que dizem que votariam em Dilma falam o mesmo sobre Marina. Isso indica que a ex-senadora tem o maior potencial de crescimento caso a presidente perca popularidade.

Isso implicaria, entretanto, uma reversão da tendência do eleitorado. Dilma tem uma rejeição menor hoje do que tinha em abril de 2010, quando disputou a Presidência pela primeira vez. Na época, 34% diziam que não votariam nela de jeito nenhum. Na atual pesquisa, essa taxa está em 20%.

Para a CEO do Ibope, só há duas hipóteses para a rejeição a Dilma aumentar: um descontrole da economia que possa ser sentido no bolso pelo eleitor, ou a eventual necessidade de racionamento de energia elétrica - como ocorreu em 2001, o que afetou a avaliação do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

Risco. "Não bastam indicadores econômicos ruins", diz Marcia. Na sua opinião, seria necessário o eleitorado sentir uma perda de poder de compra provocada pelo descontrole da taxa de inflação, por exemplo, ou um inesperado aumento do desemprego. "As pessoas estão percebendo que têm oportunidades, pela facilidade de emprego e de crédito. Se isso não mudar, há pouco risco para a popularidade da presidente."

A margem aberta por Dilma sobre seus adversários é inédita em uma corrida presidencial no Brasil quando o incumbente tenta se manter no cargo. Houve candidatos que começaram muito na frente e terminaram atrás, mas nunca um presidente. "Há um conjunto de notícias positivas, a percepção favorável do eleitor e uma consolidação alta", enumera a diretora do Ibope.

Por isso, completa, os candidatos de oposição têm de crescer ainda em 2013 para manterem suas chances. Não é só a popularidade de Dilma que está no caminho deles. Também a Copa do Mundo tende a atrapalhar.

"No ano que vem tem férias, carnaval e, logo em seguida, já vai começar o clima de Copa, dividindo a atenção do eleitor. Serão poucos meses úteis para que os candidatos apareçam na mídia e se tornem mais conhecidos", adverte a CEO do Ibope.

O calendário é especialmente cruel com os presidenciáveis que são menos conhecidos, como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). "Se deixar para mostrar a que veio apenas em agosto ou setembro de 2014, durante o horário eleitoral, não vai dar tempo de crescer. Ou começa a aparecer agora, ou vai ficar tarde", diz Marcia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Senador mineiro e Marina comemoram números do Ibope

Aécio diz que resultado de pesquisa foi "ótimo"; para ex-ministra, aceitação da sociedade a suas ideias "se mantém acesa"

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB- MG) e a ex-senadora Marina Silva, que participa da criação de um novo partido, chamado Re¬de, comemoraram ontem o resultado da pesquisa do Ibope.

"A pesquisa é muito positiva, ainda mais quando se sabe do grande nível de exposição diária que a presidente vem tendo nos últimos meses, usando, inclusive, rede nacional de TV. As eleições, e a definição de candidatos, ainda estão distantes, mas considero um ótimo resultado", afirmou Aécio, por meio de nota.

Marina declarou ser "anima¬dor" verificar que as ideias que ao longo dos anos vem defendendo "têm recebido acolhimento pela sociedade brasileira". "Diferente dos outros nomes que foram citados na pesquisa, eu não estou ocupando nenhum cargo público e passei um bom tempo sem participar da política partidária. Ainda assim, após mais de dois anos das eleições, essa aceitação da sociedade se mantém acesa, mostrando grande disposição para projetos que sejam de fato transformadores", disse.

O governador de Pernambuco e potencial candidato do PSB, Eduardo Campos, evitou comentar o resultado do levantamento, que o aponta como desconhecido de 54% do eleitorado e lhe dá de 1% a 3% das intenções de voto, dependendo do cenário. "Acredito em pesquisa, sempre trabalhei com pesquisa, mas não comento pesquisa, é um princípio", disse. "Pesquisa é uma ciência e, quando bem feita, ajuda muito a quem trabalha com ela", reiterou. "É importante para a atividade política, mas não é caso de ficar comentando."

Líderes dos partidos que têm presidenciáveis apontaram dois fatores como determinantes para o resultado do levantamento: a exposição da presidente Dilma na mídia e o pequeno conheci¬mento dos demais candidatos.

Para o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, o resultado da pesquisa - que registrou de 53% a 60% das intenções de voto para Dilma - está contaminado por "inúmeras aparições da presidente na TV, lançando pacote de bondades sociais" e pela falta de conhecimento dos demais pré-candidatos.Aécio e Campos nunca disputaram eleição nacional.

"Evidentemente que a candidatura do PT é forte, mas, da mesma forma, os candidatos da oposição enfrentam o problema do desconhecimento", avaliou. Para ele, as condições gerais para a disputa eleitoral em 2014 serão menos convenientes para o governo. "Nas eleições anteriores, o candidato do PT tinha 70% dos votos no Nordeste. Com Eduardo Campos (na disputa), esse resultado é impensável."

Superexposição. No PSB, a avaliação também é de que a distância das eleições deixa o resultado com pouca consistência. "Os dados revelam que Dilma tem seu governo bem avaliado soma¬do ao fato da superexposição vivida por ela, tanto pelo cargo que ocupa quanto por ter ido recente-mente duas vezes em rede nacional anunciar medidas de impacto para a sociedade", disse o sena¬dor Rodrigo Rollemberg (DF).

Segundo o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), a pesquisa revela que seu partido tem "to¬das as condições" de vencer o pleito de 2014. "O País está no rumo certo." O ex-ministro José Dirceu (PT) afirmou, em seu blog, que o resultado mostra a "consolidação da hegemonia política" de Dilma e "expressa o quanto a oposição está mal, além de dividida e sem liderança".

Fonte: O Estado de S. Paulo

‘Dilma, Aécio e Campos estão todos no mesmo diapasão’, afirma Marina Silva

Para provável candidata à Presidência em 2014, governo Dilma não criou nenhuma ‘referência’ e segue agenda eleitoral

João Villaverde, Iuri Dantas e Marcelo de Moraes

BRASÍLIA - Depois de cumprida metade do mandato, qual é a marca do governo Dilma Rousseff? Esta é uma das perguntas feitas por Marina Silva, que há dois anos recebeu quase 20 milhões de votos para ser presidente da República. Ela mesma responde: "Temos uma referência de FHC, que foi a estabilidade econômica e uma de Lula, que foram os ganhos sociais, mas, sinceramente, ainda não tenho uma referência do governo Dilma".

Em meio a um périplo pelo País em busca das 500 mil assinaturas que possam viabilizar seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, a ex-ministra do Meio Ambiente e senadora pelo PT do Acre concedeu entrevista exclusiva ao Estado. Incomodada com a antecipação do calendário eleitoral, Marina comparou Dilma aos principais pretendentes ao cargo - Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE) -, e destacou a Rede como única alternativa ao sistema político atual.

Crítica à política econômica do governo, Marina elogiou a redução do custo de energia elétrica, mas atacou a inexistência de uma política de eficiência, que permitisse ao Estado poupar investimentos em hidrelétricas como Belo Monte, e suas consequências ambientais "irreparáveis".

Como a sra. vê a economia hoje e o que defende para que o PIB cresça com menos inflação?

Uma das coisas que precisam ser feitas é descontinuar políticas de curto prazo para alongar o prazo da política. Em 2008, muitas medidas foram tomadas, que surtiram efeito em 2010. Neste momento, a repetição da mesma fórmula não está funcionando. Há um esgotamento da política de estímulo ao consumo interno, que tem ampliado o endividamento das famílias, ao mesmo tempo em que a crise mundial assola nossos grandes demandantes de exportações. Precisaremos de investimentos básicos, estratégicos. Podemos ter ganhos de curto prazo em 2014, como tudo indica que teremos após as diversas medidas tomadas nos últimos anos, mas o resultado será eleitoral, não estrutural. Os prejuízos que temos com a insegurança dos investidores, em função da inflação elevada, da política de juros, faz com que haja uma certa retração do investimento privado. A lógica que está posta consegue retornos de curto prazo.

Estamos em março de 2013, mas em plena campanha por 2014. Por quê?

Esse era o momento do intervalo para os partidos, em debate com a sociedade. A gente pode fazer a competição pelo caminho de cima, partir do patamar do ganho da estabilidade econômica, que foi a contribuição do Fernando Henrique. Partir da contribuição do Lula, que foram os ganhos sociais, a estabilidade econômica com distribuição de renda. E criar a agenda estratégica a partir desses ganhos. Algumas pessoas ficam torcendo para que tenha mais desgraça, porque aí cada um vai ser o salvador da pátria. Eu não parto desse princípio. A gente tem uma referência ao Lula, ao Fernando Henrique, mas sinceramente ainda não tenho uma referência ao governo Dilma. Qual é o "delta mais" do governo da presidente Dilma?

O que acha do governo Dilma?

Do ponto de vista negativo é a inflação, sem dúvida. Há uma política de quase extrapolar os limites da meta de inflação e essa flexibilidade toda de manejar a política fiscal. Mas qual é o "delta mais" dessa agenda? Neste momento, é legítimo que a sociedade cobre: qual é mesmo o referencial do atual governo? Obviamente que ainda tem dois anos para dizê-lo, mas a antecipação da eleição leva para uma agenda do imediatismo que não nos dá o tempo para colocar termos de referência claros. Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.

Temos hoje 30 partidos e 39 ministérios. Surgiu um novo partido, tem de criar novo ministério...

Não, para o nosso não precisa. Se o nosso for criado, não precisa de ministério. Aumentar ministérios em função do atendimento das demandas legítimas da sociedade, dos bens e serviços que podem ser gerados pelo Estado é uma coisa. Aumentar todo esse peso da burocracia estatal em função de ter nacos para distribuir para os partidos, em nome da governabilidade, essa é a mesmice que vejo em todos os partidos, infelizmente. Você muda um ministro do PDT, mas é o PDT que continua indicando. Você muda do PMDB, mas é o PMDB que é o dono daquela vaga e ninguém tasca. O esforço que estamos fazendo é de um agenda de médio e longo prazo. Insisto: não é mais um partido coisa nenhuma, e não é uma perspectiva eleitoreira. Se fosse, não teríamos ficado dois anos discutindo, num movimento amplo da sociedade. Preferimos um movimento oceânico.

A senhora é favorável à independência do Banco Central?

Não sei se é preciso essa institucionalização da independência. O importante é que essa instituição possa agir com independência, e não ter a situação semelhante à dos argentinos, onde não há clareza.

Caso a Rede chegue ao Planalto, como será a relação com o Congresso e os partidos?

Esse é o momento de discutir a nova base. Será que dá mesmo para o Brasil passar mais quatro anos com o presidente refém dos políticos? É possível uma nova governabilidade, que seja programática? Existem pessoas do PSDB, do PDT, do PSB, do PT, do PMDB, de todos os partidos, que ficam sempre terceirizadas, com muita disposição. Numa democracia, a alternância de poder é altamente salutar. Não tem o que temer.

Aécio Neves, Eduardo Campos e Dilma se aproximam de sindicatos. E a Rede?

Prefiro pensar os sindicatos como categoria social, não como votos. Está havendo uma mudança nas forças que mobilizam o ato de fazer política. Estamos saindo do ativismo dirigido pelos partidos, sindicatos, ONGs, academia e pelas corporações, para um ativismo autoral, onde os ativistas não são dirigidos por ninguém, são os protagonistas. A prova desse ativismo autoral é que mais de 1,5 milhão de pessoas assinaram petição dizendo que não querem Renan Calheiros.

Uma das medidas mais populares de Dilma foi a redução da conta de luz. Qual sua opinião?

A antecipação do fim dos contratos foi salutar. Concessões feitas há 20, 30 anos, já tinham amortizado seus investimentos, e quem paga isso é o contribuinte. Seria injusto manter a mesma tarifa porque as concessionárias ganhariam duas vezes. O problema foi quando o governo entrou com subsídios, criando desconfiança entre os investidores.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Senador Jarbas Vasconcelos diz que Campos já é "dissidente" do governo

Daniel Carvalho

RECIFE - Enquanto o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), diz que só decidirá em 2014 se deixa a base do governo de Dilma Roussef, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que o socialista já é um "dissidente".

A declaração veio durante o simbólico cozido servido na casa de praia de Jarbas, na região metropolitana do Recife, na tarde deste sábado (23), do qual Campos participou.

"Na proporção que ele [Eduardo] continua dizendo que o governo andou, que o governo transformou, modificou, que o governo avançou, mas poderia ter avançado muito mais, então é uma dissidência", disse Jarbas, referindo-se à reportagem da Folha publicada há uma semana que revelou bastidores do encontro do governador com empresários em São Paulo.

Na ocasião, Campos disse que "dá para fazer muito mais" que a presidente Dilma.

O senador deixou claro que a afirmação sobre a dissidência "é uma análise pessoal", mas falou sobre o assunto ao lado do governador.

Ex-desafeto político de Campos e aliado desde as eleições municipais do ano passado, Jarbas disse ainda que tem promovido conversas entre o governador e senadores. Ele afirmou que muitos colegas têm mostrado interesse em conversar com o provável candidato à Presidência da República.

"No Senado, está quase todo mundo, metade do Senado, ou mais da metade do Senado querendo conversar com ele", afirmou o senador, que completou: "isso não é uma frase de efeito. É uma frase verdadeira".

O senador disse que há "gente da base do governo" interessada na aproximação com Campos e citou como exemplos os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Os encontros, segundo Vasconcelos, ainda não aconteceram por incompatibilidade de agendas.

O próprio governador admitiu que tem conversado com membros de várias siglas. "São pessoas dos mais diversos partidos e isso é natural que aconteça. Eu já fazia isso e estou fazendo com maior intensidade porque é fato que eu estou sendo mais procurado por lideranças políticas", disse Eduardo Campos.

O governador, no entanto, diz que as conversas não giram em torno de eleições. "Tenho conversado em termos políticos. Não tenho conversado em termos eleitorais", afirmou.

Lula e Dilma

Apesar de falar no tema, Jarbas disse que não é o momento para discutir eleição e criticou o ex-presidente Lula por antecipar o debate, ao lançar a presidente Dilma à reeleição.

"Isso que a gente está conversando agora, no dia 23 de março, é uma estupidez. A gente está discutindo questão eleitoral por conta de Lula, que lançou Dilma e arrastou dissidentes, no caso de Eduardo, arrastou Aécio [Neves (PSDB), senador], que é oposição.

Ao ser questionado sobre o cancelamento de parte da agenda que Dilma tinha prevista em Pernambuco na segunda-feira (25), Jarbas disse preferir não falar, mas criticou a petista, acusando-a de fazer campanha eleitoral antecipada.

"Ela está andando eleitoralmente em todo o canto. Onde ela vê um cheiro eleitoral, ela anda", disse o peemedebista.

Serra

Jarbas Vasconcelos apoiou a decisão de Eduardo Campos de procurar o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) por entender que o tucano está desconfortável em seu partido.

"Se eu estivesse no lugar de Eduardo, faria exatamente o que ele está fazendo. Serra está numa situação de desconforto dentro do PSDB? Está. Então procura Serra, anda com Serra. É natural", afirmou.

Em entrevista à Folha, Serra disse que a candidatura de Campos "é boa para o Brasil e para a política". O pernambucano retribuiu com elogios e afirmando que tem mais pontos em comum com o tucano do que com muitos aliados.

A troca de afagos gerou constrangimento dentro do PSDB. Neste sábado, Eduardo Campos disse que, da última vez que encontrou o senador Aécio Neves em Brasília, ficaram de conversar quando o pernambucano voltasse à capital federal.

Pesquisas

Nem Eduardo Campos nem Jarbas Vasconcelos quiseram comentar as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas neste sábado. Ambas mostram ampla vantagem de Dilma Rousseff.

Segundo a Datafolha, Eduardo Campos tem 6% das intenções de voto, enquanto Dilma tem 58%.

"Eu não costumo comentar pesquisa. Nunca fiz isso nem quando eu estava candidato, muito menos numa situação como esta", disse o governador.

"Eu acredito em pesquisa, sempre trabalhei com pesquisa. Vai ter tanta pesquisa este ano. Eu tenho coisas mais importantes para fazer", afirmou.

Fonte: Folha de S. Paulo

"Eduardo uniu o Estado politicamente"

Durante o almoço que ofereceu ao governador, senador convoca Eduardo a disputar a Presidência e afirma que ele precisa mostrar a "boa administração" que faz

Ayrton Maciel

Diante de históricos militantes e dirigentes peemedebistas e socialistas, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) declarou, ontem, apoio formal à provável candidatura a presidente da República, em 2014, do governador Eduardo Campos (PSB). Em discurso de saudação a Eduardo, no almoço - um cozido - de consolidação do reatamento político, o ex-governador convocou o presidente nacional do PSB a aceitar ser candidato, anunciou que estará até o fim com Eduardo na caminhada à Presidência e conclamou o socialista a não se intimidar, saindo pelo País a divulgar sua boa gestão e "a unidade administrativa e política" que conseguiu em Pernambuco. "Temos que divulgar isso, dentro e fora do Estado, para você poder avançar. Não se preocupe. Se não der certo, a gente estará com você. Eu só quero que você diga, a partir de hoje (ontem), 23 de março, que você faz boa administração e uniu o Estado politicamente", exaltou sob aplausos.

Em resposta, mesmo declarando respeito à presidente Dilma Rousseff (PT), Eduardo sinalizou que aceita a convocação, traduzindo a posição em frases objetivas e diretas, recebidas efusivamente. "O País precisa de um novo pacto político, nova agenda e novas posturas. Nem tudo que a gente fez está acabado, nem tudo está feito, podemos melhorar. Temos que debater uma nova agenda", apontou no discurso.

O encontro reuniu Eduardo e Jarbas, ao lado do senador Armando Monteiro Neto (PTB) - também reatado com o peemedebista -, os presidentes do TJPE, TCE e Assembleia Legislativa, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e secretários de Estado e da capital. Jarbas, que no início da tarde já tinha dito que considerava Eduardo "um dissidente" do governo Dilma, definiu o ato como uma declaração de apoio à candidatura. "É sim. O lançamento, é ele quem vai definir o momento. É importante que ele diga para Pernambuco e o País que nos uniu. Acho que ele é candidato. Se não for, respeitarei também", ratificou a convocação.

Eduardo, no agradecimento, lembrou o papel histórico de Jarbas no combate à ditadura de 64, um político que "não se vendeu", e afirmou que ali estavam militantes da luta pela redemocratização que fazem política com "P" maiúsculo. "Nos grandes momentos da nação, Pernambuco se uniu em favor do País", lembrou Eduardo.

Senador já vê socialista como dissidente

Enquanto o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), diz que só decidirá em 2014 se deixa a base do governo de Dilma Rousseff, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que o socialista "já é um dissidente". A declaração veio durante almoço servido na casa de praia de Jarbas, na Região Metropolitana do Recife, ontem à tarde, do qual Campos participou.

"Na proporção que ele (Eduardo) continua dizendo que o governo andou, que o governo transformou, modificou, que o governo avançou, mas poderia ter avançado muito mais, então é uma dissidência", disse Jarbas, referindo-se à reportagem da Folha de S.Paulo publicada há uma semana que revelou bastidores do encontro do governador com empresários em São Paulo. Na ocasião, Eduardo disse que "dá para fazer muito mais" que a presidente Dilma.

O senador deixou claro que a afirmação sobre a dissidência é uma análise pessoal, mas falou sobre o assunto ao lado do governador. Ex-desafeto político de Eduardo e aliado desde as eleições municipais do ano passado, Jarbas disse ainda que tem promovido conversas entre o governador e senadores. Ele afirmou que muitos colegas têm mostrado interesse em conversar com o provável candidato à Presidência.

"No Senado, está quase todo mundo, metade do Senado, ou mais da metade do Senado, querendo conversar com ele", afirmou o senador, que completou: "Isso não é uma frase de efeito. É uma frase verdadeira".

O senador disse que há gente da base do governo interessada na aproximação com Eduardo e citou como exemplos os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), entre outros.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Um olho a olho presidencial

Dilma desembarca em Pernambuco amanhã em meio a uma guerra fria entre PT e PSB por conta do projeto presidencial de Eduardo

Bruna Serra

Se publicamente a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Eduardo Campos (PSB) se esforçam para transmitir a imagem de que a cordialidade pauta sua relação, mesmo diante de um processo sucessório que já caminha a pleno vapor, a visita presidencial de amanhã serve para esquentar ainda mais a guerra fria que já se desenha nos bastidores entre os aliados de ambos. Disputas estratégicas e conflitos indiretos, recheados de críticas de lado a lado, dão o tom do encontro que está deixando petistas e socialistas numa animosidade no melhor estilo americanos e soviéticos.

A tensão se estabeleceu de fato depois que a presidente cancelou a agenda de fevereiro em Pernambuco sob a justificativa de que teria quebrado o dedo do pé durante o Carnaval em Salvador. Sentindo-se desprestigiados, os socialistas que orbitam no entorno de Eduardo Campos começaram a tecer críticas ácidas à líder.

Além das ironias veladas, o governador também mudou a atitude em relação à presidente desde a última vez que ela esteve no Estado, há 13 meses. No último evento, ocorrido em fevereiro de 2012, Dilma e Eduardo ainda viviam uma relação de lua-de-mel herdada dos laços dele com o ex-presidente Lula. Entretanto, desde outubro do ano passado, o governador viu crescer a possibilidade de se lançar candidato a presidente e começou a alfinetar abertamente o modo como Dilma está conduzindo o Brasil, especialmente no que se refere à política econômica.

Uma de suas primeiras estocadas veio em dezembro quando ele afirmou que "temos que ganhar esse momento, na perspectiva do rumo estratégico. Esse (rumo) estratégico, às vezes, parece ao País que está faltando", disparou sem meias palavras. O líder socialista adotou também um mantra de que "é preciso ganhar 2013", que soa aos ouvidos petistas como uma certa ameaça à aliança.

Neste último mês, os alertas de Campos à presidente se intensificaram com declarações diárias. Na quinta-feira (14) ele chegou a dizer, durante jantar com o empresariado paulista: "dá para ser melhor. E não é uma ofensa para quem está aí você dizer que dá para ser melhor. Nós queremos mais. E que bom que queremos mais, né? Isso deveria desafiar as pessoas a fazer, a quebrar o velho costume e afirmar novos valores".

Além disso tem procurado associar a presidente ao PMDB, partido que critica sem receios. Destaca insistentemente a parceria dela com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e com o ex-presidente José Sarney. "O pacto político, ao meu ver, que vai ser capaz de fazer as mudanças continuarem, acelerarem, não será conservador, com as velhas políticas, com aquilo que incomoda a sociedade brasileira. O prazo (para consumá-lo) acho até que está passando, porque a gente precisa dessa renovação, mas não é possível dizer em qual data ela vai se dar. Eu já sinto os sinais do processo de renovação. Vi isso aqui em Pernambuco, fiz parte desse processo de renovação", afirmou em mais uma frase provocativa.

Em paralelo, os petistas de Pernambuco, que ainda não superaram a derrota de outubro passado, estão avaliando cada passo do "aliado-adversário". O clima a se estabelecer no palanque da presidente certamente será pautado pela tensão e pelo constrangimento. Os petistas estão se articulando para aparecer ao lado dela na foto, mas o governador não poderá ser descartado de uma posição de destaque, já que a situação daria margem para incrementar a versão de que os dois estão em disputa.

O discurso adotado por Eduardo Campos, dizem interlocutores, deve buscar a diplomacia. O governador não vai dar a largada no processo antes do final deste ano, quando planeja assumir publicamente sua condição de adversário da presidente. Dilma Roussef deve seguir a linha que está adotando de ignorar as pretensões de Campos e de deixar que os petista de São Paulo atuem para minar as pretensões do governador. Ela também deve destacar a preocupação do governo federal com a seca. Entre os petistas há a compreensão de que Campos está atuando para jogar nos ombros da gestão petista a responsabilidade por ações pontuais durante o período.

Outro que terá todos os holofotes voltados para si será o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, que apesar de ser indicação do PSB para o governo federal, está demonstrando grande sensibilidade com a reeleição de Dilma Rousseff. Qualquer que seja o discurso do ministro, precisará ser verbalizado com muito cuidado já que uma fala a mais poderá parecer campanha para um pré-candidato ou outro.

Visitas são crônicas de um afastamento

A ida de Dilma Rouseff ao Sertão marca a 4ª visita dela ao Estado. A cada passagem, sinais evidentes do gradativo afastamento de Eduardo. Nesta, os dois sequer almoçam juntos

Com a visita desta segunda-feira (25), a presidente da República terá passado por Pernambuco quatro vezes durante seus quatro anos de mandato. A primeira visita de Dilma ao Estado aconteceu em junho de 2011 quando ela cumpriu agenda em Caruaru durante o período junino.

Participou de um jantar na casa do prefeito da cidade, José Queiroz (PDT), e em seguida assistiu a apresentação de quadrilhas no Pátio do Forró. Na época, o governador Eduardo Campos (PSB) foi o responsável por divulgar toda a agenda da presidente.

De lá para cá muita coisa mudou na relação dos dois, mas só se estabeleceu um clima de animosidade depois que as críticas do socialista se intensificaram. Em sua segunda estada, Dilma Rousseff esteve inspecionando as obras de transposição do Rio São Francisco e à Ferrovia Transnordestina, além de participar de uma reunião no centro industrial da transposição, em Salgueiro.

Em sua última passagem pelo Estado, a presidente finalmente veio ao Recife. O prefeito ainda era o petista João da Costa. Em uma cerimônia repleta de aliados - inclusive o governador - ela entregou as casas do habitacional Via Mangue II chegando a posar para fotos da janela de um dos apartamentos entregues.

O Piauí foi o escolhido da presidente para dar a largada na sua campanha à reeleição em janeiro deste ano, quando protagonizou cenas típicas de corrida eleitoral, vestindo um gibão e usando um chapéu de couro. O primeiro episódio do périplo pela região em que conquistou mais de 65% do eleitorado em 2010 veio seguido de passagens por Alagoas e Paraíba.

Com a visita de amanhã a Pernambuco, Dilma Rousseff contemplará mais um Estado governado por um socialista: a Paraíba é administrada por Ricardo Coutinho (PSB) e o Piauí pelo socialista Wilson Martins. Entretanto, o clima amistoso não é bem o que espera Dilma Rousseff, já que o presidente nacional do PSB e governador do Estado, Eduardo Campos, se movimenta diariamente buscando se cacifar para disputar sua sucessão em 2014.

O cancelamento da agenda na capital foi sintomático, deixando evidente que Dilma não está à vontade com as cartadas do "aliado" . A gestora petista acompanharia as obras da BR-408 que estão sendo tocadas pelo governo do Estado e financiadas por meio de uma parceria entre as duas administrações.

O cerimonial do Palácio do Campo das Princesas divulgou que Campos ofereceria em sua residência um almoço para Dilma. Um dia depois, na última sexta-feira (22), os precursores de Brasília, responsáveis pela organização da visita presidencial, informaram que Dilma não passaria mais pelo Recife indo embora de Serra Talhada direto para o Rio de Janeiro, onde participa de uma homenagem às vítimas das enchentes: 60% dos cariocas votaram na presidente em 2010 e ela enfrenta hoje problemas de popularidade no Estado pelo veto aos Royalties. 

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

O mundo gira e a Lusitana roda – Luiz Werneck Vianna

Vai passar. Não se sabe quando nem como - não deve ser por agora -, mas vai passar, inclusive porque já está passando. E o que está por vir não necessariamente será melhor do que o que está aí, mas, no fim deste verão, já estavam claros os sinais de uma mudança de estação. A sucessão presidencial, que era uma data distante no calendário eleitoral, mantendo todos aquietados, entretidos em suas fabulações, num salto se fez ao alcance da mão. Por que passamos de súbito de uma marcha lenta para essa aceleração do tempo?

Se o natural, o curso distendido do tempo, foi contrariado, somente o foi pela intervenção humana. E a senhora dessa decisão tem nome e sobrenome, Dilma Rousseff, a presidente da República - embora a prudência e os nossos usos e costumes recomendassem a inércia, sempre pródiga para quem já detém os cordéis do poder. Verdade que ainda são insondáveis as razões que levaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, titular do comando do partido hegemônico na coalizão das forças políticas que nos governa, homem de tirocínio político reconhecido, a acompanhá-la nessa precipitação dos fatos.

A transição de Lula para Dilma apenas na aparência transcorre em termos de continuidade: os estilos diferem, passa-se do reino do carisma ao da gestão, que é de difícil compreensão para ouvidos treinados na retórica política da ética de convicção, a qual reclama um ator com espírito de missão, reconhecido publicamente como tal.

Sobretudo a circunstância é outra, e a sociedade não é mais a de dez anos atrás. Há novos personagens, que, no curso da última década, adquiriram musculatura, como os pentecostais, e outros que, ao contrário, perdem forças, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), enquanto assistem à ocupação de lugares estratégicos na política e na economia por parte do agronegócio, cujos dirigentes têm desfrutado acesso privilegiado ao vértice do poder.

O sindicalismo, a joia da coroa do governo Lula, trazido juntamente com as elites empresariais para o centro de decisões no interior da máquina governamental, não somente perde o seu lugar de antes, como é confrontado - reparam com azedume alguns dos seus próceres - com a desenvoltura do papel exercido pelas principais lideranças empresariais, boa parte delas assíduas nas antessalas do Estado, alçadas à posição proeminente de partícipes de um projeto de expansão do poder da Nação, em que seus interesses particulares são interpretados como de todos.

A escalada do Partido dos Trabalhadores (PT), Lula à frente, rumo à conquista do governo, se não consistiu num processo revolucionário - a respeito desse ponto há consenso entre gregos e baianos -, manteve parentesco com alguns dos seus aspectos. A começar pela identidade social da sua liderança maior, um operário vindo do chão de fábrica, e pela ênfase com que o governo do PT se envolveu na questão social e na defesa dos direitos do mundo do trabalho, quando acabou se encontrando com a tradição do trabalhismo brasileiro, a princípio renegada por ele.

São águas passadas os primeiros anos da década petista, em que a perspectiva da ruptura cedeu lugar a um andamento de reformas ao estilo das democracias sociais europeias, especialmente com a decisão crucial de adotar a política macroeconômica do governo a que sucedia. Tal estratégia foi bem-sucedida nas dimensões da política, do social e da economia, com o alinhamento do empresariado, do sindicalismo e das massas emergentes - aspirantes ao acesso ao mundo dos direitos e do consumo - à política do governo. A esquerda, no caso, era um retrato na parede que não doía, e núcleos antigos seus logo foram defenestrados ou optaram por outros caminhos.

Consciente da sua circunstância de riscos, o PT abdicou da mobilização popular, investiu na via eleitoral e parlamentar e, a partir de uma audaciosa política de alianças com as elites políticas do Brasil profundo, atingiu capilarmente a vida municipal, aí incluída a dos rincões. O seu governo não se fixaria na agenda do moderno e dos interesses e personagens que são próprios a ela. Reeditava, dessa forma, a manobra do PMDB de décadas atrás, quando se apresentou como um partido-ônibus que todos conduziria, indistintamente.

Essa foi a obra-prima de Lula, mas que não escondia os seus pontos fracos: exigia a sua presença demiúrgica e uma acomodação minimamente satisfatória de todos com os lugares que lhes eram reservados no heterogêneo comboio que ele conduzia. Afastada a tentação de um terceiro mandato, que traria de volta o tema da ruptura institucional, alternativa evitada pelo PT no início do seu primeiro governo, Lula foi confinado aos bastidores, e a ação do tempo, porque o mundo gira e a Lusitana roda, tem feito o resto.

A crise na Federação deflagrada em torno dos royalties do petróleo e a resistência dos trabalhadores à mudança na regulação das atividades portuárias são exemplos, entre tantos outros, das novas dificuldades de acomodar interesses diferentes, assim como não é nada fácil, num país secularizado, mas com seu lastro de valores com origem na catolicidade, instalar, por simples conveniência de cálculos políticos, um pastor pentecostal de inclinação fundamentalista na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

A antecipação da sucessão presidencial liberou o gênio da garrafa. E com a sintomática ascensão desse pastor - sinal nefasto de que todos os apetites podem ser saciados - será necessário, com certeza, prover de mais vagões o governo-ônibus pilotado pelo PT, a esta altura sem conhecer qual o itinerário a percorrer nem o seu destino final, que, decididamente, não é mais aquele anunciado no começo da viagem dos idos de 2003.

Luiz Werneck Vianna, professor-pesquisador da PUC-Rio

Fonte: O Estado de S. Paulo

Fatos & pernas - Denise Rothenburg

Com data marcada para novembro deste ano, o Processo de Eleição Direta (PED) do PT começa a preocupar aqueles mais "pé no chão" dentro do partido,; leia-se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu entorno. O que mais tira o sono do grupo que analisa tudo com um certo distanciamento paternal é a forma leve e solta como os petistas estão levando os movimentos nos estados.

Com sua reeleição na roda e praticamente garantida, q atual presidente do PT, Rui Falcão, não age de forma a con£ trariar desejos dos estados. Daí, o crescimento de vozes nas* instâncias estaduais petistas exigindo palanque único para a presidente Dilma Rousseff e também o lançamento de candidato próprio a governador pelo país afora.

Até o momento, só se veem os petistas falarem em alianças nos estados onde pretendem ter a cabeça de chapa. Em São Paulo, por exemplo, buscam um caminho próprio e uma forma de atrair o PMDB. No Rio Grande do Sid, onde Tarso Genro concorrerá à reeleição, esse poder de atratividade sobre o PMDB não existe, mas o mesmo não se pode dizer daqueles partidos que tradicionalmente apoiam o PT, caso do PCdoB.

A defesa de alianças cai por terra no Rio de Janeiro, onde os petistas se preparam para lançar a candidatura do senador Lindbergh Farias, atual presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, colocado nesse cargo justamente para obter maior visibilidade para sua pré-campanha. No Rio, o PT parte para um afastamento dos peemedebistas, que têm o governo estadual e planejam mantê-lo com a candidatura do vi-ce-govemador Luiz Fernando Pezão.

Pezão fez questão de comparecer à posse do ministro da Agricultura na semana passada, em Brasília. Começou ali uma aproximação maior com a cúpula do partido no sentido de agregar aliados para tentar forçar o PT a desistir da candidatura de Lindbergh.

O próprio Lula não descarta ali na frente ver o PT abrindo mão de algumas candidaturas para reforçar os palanques de Dilma. Está inclusive preocupado com o caso do Rio, onde Lindbergh se mostra disposto a seguir por um caminho sem retomo.

Reza o ditado da política que fato, depois que cria perna, ninguém segura. A candidatura de Lindbergh talvez esteja chegando nesse ponto e ninguém da cúpula do PT, hoje mais focada no PED, parece ter se dado conta de que a coisa nos estados está correndo solta para não prejudicar a eleição interna. Apenas Lula e o seu grupo.

O ex-presidente deseja que os petistas planejem os passos sem fechar a porta da saída da candidatura, caso seja muito necessário para preservar a prioridade do partido para o ano que vem, a reeleição de Dilma. Afinal, retirar candidaturas depois é muito mais traumático.

Por falar em traumas...

O próprio Rio de Janeiro já sofreu na pele a intervenção do diretório nacional quando da eleição de Anthony Garotinho para o governo estadual, quando ainda era do PDT. Outro caso que não chegou a esse ponto, mas também não fácil foi a candidatura a prefeito de São Paulo, no ano passado. Lula precisou intervir e tirar políticos tradicionais da disputa interna para garantir a vaga de candidato a Fernando Haddad. E fez isso com bastante antecedência numa campanha que não estava tão antecipada quanto a sucessão presidencial do ano que vem. Ou o PT segura o fato enquanto ele não cria pernas ou então terá que se esforçar muito mais para correr atrás do prejuízo.

Enquanto isso, na CMO...

O clima começa a esquentar para a escolha do presidente da Comissão Mista de Orçamento, posição reservada para o Senado. O cargo estava prometido ao senador Lobão Filho (PMDB-MA). Mas ele não pode assumir porque é suplente. O PT reivindica com o presidente da Casa, Renan Calheiros, a nomeação do senador Valter Pinheiro (PT-BA). Vem mais um capítulo da queda de braço entre os dois partidos que parecem ter como lema; “Aliados, aliados, cargos à parte”.

Fonte: Correio Braziliense

O foco está em Campos – Eliane Cantanhêde

Era mais do que previsível que Dilma disparasse no Datafolha. Além dos méritos pessoais e da aprovação do governo, ela está todo dia no horário nobre, até ao lado do papa ou dizendo que "Deus é brasileiro". Não há quem resista.

Também era previsível que Marina Silva, a novidade de 2010, começasse a recuar para um patamar mais compatível com a sua expressão política e partidária. Pode sair menor de 2014 do que saiu de 2010.

O que não era previsto? Que Aécio Neves, do principal partido de oposição, caísse dois pontos, em vez de avançar. E que Eduardo Campos, por enquanto mero personagem de bastidor e de jornais (que não elegem ninguém), chegasse a 6%.

É pouco? A um ano e meio da eleição, é suficiente para mantê-lo em campo (sem trocadilho), gerando curiosidade e expectativa. Em março de 2009, Serra tinha 41% e Dilma, 11%. Estava "em construção", como Campos agora -mas sem Lula.

Enquanto começa a aparecer nas pesquisas, Campos arma seu jogo. A aproximação de José Serra é coisa de mestre, pois cria uma ponte para tucanos e para aliados que foram serristas em 2010, mas não atravessaram o Rubicão e viraram aecistas em 2014. (Note-se, aliás, que Serra não irá à pajelança dos tucanos paulistas para Aécio amanhã. Viajou.)

Se abre pontes na oposição, com PPS e dissidentes do PMDB, o movimento de Campos deixa no ar o mergulho de diferentes partidos nas águas de Dilma. A lista cresce: PTB, PDT, PR, PP. Nem ministério garante apoio desde já, só promessa.

Um fator importante de 2014 é o PSD. Há principalmente dilmistas no partido de Kassab, mas aumentam os simpatizantes de Campos. Daí adiarem o casamento de papel passado com o PT e Dilma.

Mas, se Dilma cresce e Marina e Aécio recuam, Campos não está tirando votos da favorita, apenas reposicionando a oposição. Pode alterar um eventual segundo turno, não ainda o resultado da eleição.

Fonte: Folha de S. Paulo

Constitucionalismo democrático - Merval Pereira

Há duas questões distintas na disputa pelos royalties do petróleo: os contratos já em vigor, inclusive alguns na área do pré-sal, e os que serão assinados para a frente, em novas licitações. Os estados não produtores trataram os dois casos da mesma forma, refazendo uma divisão que não respeita o caráter compensatório dado aos royalties pela Constituição de 1988.

Para o constitucionalista Gustavo Binenbojm, em relação aos contratos pretéritos, celebrados no passado e em curso, é bem provável que, por força de uma vinculação de receitas, de planejamento financeiro-orçamentário dos estados e municípios produtores, e do comprometimento de longo prazo, o Supremo Tribunal Federal, onde a questão está sendo julgada, aplique regras de segurança jurídica e proteção de confiança que promovam um congelamento desse regime até o encerramento desses contratos.

Para ele, a sinalização da ministra Cármen Lúcia na liminar que concedeu parece ser a de que a redistribuição de valores entre os estados não pode ser aleatória, dado o caráter compensatório que a Constituição deu aos royalties e participações especiais. O contexto em que a questão foi colocada, no entanto, é mais complexo que isso, ressalta Binenbojm.

"Esses contratos, por gerarem receitas que o STF já disse que são originárias de estados e municípios, e não meras transferências voluntárias da União, estão inseridos numa progressão de tempo que leva os estados e municípios a considerá-los no médio e longo prazo, até porque esses foram colocados na equação do refinanciamento das dívidas aceita pela União."

Para o advogado, trata-se da segurança jurídica e da aplicação de um princípio que normalmente é utilizado para proteger o particular de modificações abruptas feitas pelo Estado. "Nesse caso, a proteção dos interesses das populações de estados e municípios que se comprometeram em projetos de médio e longo prazo".

Como a lei não contemplou um regime justo de transição, um período de preparação de cada estado e município para migrar para uma nova realidade orçamentária, Binenbojm considera que "há uma violação da regra constitucional de segurança jurídica do princípio da confiança legítima".

Em relação aos contratos para a frente, a discussão é sobre o fato de a Constituição dar aos royalties e às participações especiais do setor caráter de compensação, muito enfatizado na liminar da ministra Cármen Lúcia.

"Isso exige que haja uma diferenciação entre estados produtores e os demais no momento da partilha por força da questão ambiental, da pressão por serviços públicos, já que há uma corrida de população para essas áreas produtoras", ressalta Binenbojm.

O constitucionalista Luís Roberto Barroso, autor da ação ajuizada no STF pelo Estado do Rio, considera que estamos "num ponto crucial do arranjo institucional brasileiro conhecido como constitucionalismo democrático".

Ele lembra que "constitucionalismo" e "democracia" são conceitos que não se confundem. Democracia significa soberania popular, governo da maioria. Constitucionalismo significa respeito às regras do jogo (Estado de direito) e aos direitos fundamentais.

Isso significa dizer, acentua Barroso, que as maiorias devem governar "e que elas podem muito, mas não podem tudo". Para o constitucionalista, as maiorias "devem ceder diante dos limites impostos pela Constituição, que é, precisamente, o documento que contém as regras do jogo e define os direitos fundamentais. Inclusive os dos estados entre si".

Quando a maioria se excede, compete ao STF impor os limites, e, para Barroso, foi isso que o STF fez - "e, possivelmente, fará de novo" - no caso de uma emenda constitucional com o mesmo propósito da "malfadada lei que redistribuía os royalties".

O advogado faz questão de frisar que "todos nós" somos solidários com a difícil situação financeira e orçamentária dos estados em geral. No seu entender, a Federação brasileira precisa ser repensada amplamente, inclusive sob o aspecto dos recursos que são arrecadados por cada estado, "claramente insuficientes para as obrigações que a própria Constituição confiou a eles. A centralização excessiva continua a ser uma disfunção brasileira".

Porém, ressalta Barroso, "a busca por recursos e a necessidade de repensar a Federação não autorizam a atitude inconstitucional de retirar à força receitas que sempre pertenceram aos estados produtores. Pelas mesmas razões que a aflição financeira não legitima o furto ou o estelionato".

Fonte: O Globo

Antes e durante - Dora Kramer

Há a exigência de ficha limpa para candidatos, mas não há nos regimentos da Câmara e do Senado nada que diferencie um parlamentar do outro para a ocupação de postos importantes: presidências das casas, lideranças de bancadas, comando de comissões e conselhos. De onde as barbaridades prosperam sem que nada se possa fazer além de pressão que gera desgaste político e pode, ou não, levar a um recuo.

Investigações, denúncias e renúncias forçadas não impediram que Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves fossem eleitos presidentes do Senado e da Câmara.

Protestos e paralisação dos trabalhos da Comissão de Direitos Humanos reduzem as chances de o deputado Marco Feliciano continuar na presidência do colegiado, mas não garantem o desfecho.

Se o PMDB não quiser, nada impedirá o deputado Eduardo Cunha de seguir líder da bancada do partido, apesar de ser agora alvo de processo no Supremo Tribunal Federal (STF).

Assim como o PT não viu impedimento em indicar dois condenados à prisão pelo STF para a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Do ponto de vista das regras internas, estão todos e mais alguns com contas abertas na Justiça dentro da legalidade.

E a legitimidade? Esta não conta como critério na escolha dos partidos para a distribuição de posições, embora pudesse passar a valer a partir de um acordo (de cavalheiros?) conduzido pelos presidentes das casas, que prometeram investir na recuperação da credibilidade do Parlamento.

A instituição de uma espécie de norma da ficha limpa para o exercício dos mandatos seria uma sugestão algo utópica. Criaria uma enorme confusão ele¬varia os preteridos a invocar o princípio do "respeito" aos votos que os levaram ao Congresso.

Situação anômala, verdade. Ocorre, porém, que anomalia maior é a que se estabelece hoje em um Poder Legislativo onde o cardinalato é composto de gente que antes era da turma do baixo clero, não tinha pretensões a comandos nem ocupava espaços de destaque.

Passavam despercebidos, e suas máculas não chegavam a contaminar de todo o ambiente. Hoje é diferente, esse pessoal manda. Isso determina que obedeçam a exigências mínimas de conduta e aconselharia o Congresso a levar em conta ao menos as aparências.

Linha auxiliar. A fusão de partidos ou a criação de uma nova legenda é uma preliminar importante para os planos eleitorais do governador Eduardo Campos. É a maneira segura de conseguir que parlamentares mudem de partido sem o risco de perderem os mandatos, numa repetição da fórmula que levou o PSD a ter mais de 50 deputados.

O problema é que os "grandes" articulam a aprovação de uma emenda constitucional para "fechar" a janela aberta pelo Supremo quando, na interpretação da regra da fidelidade partidária, decidiu que o troca-troca não gera punição se ocorrer por discordância doutrinária, fusão ou criação de nova legenda.

Preocupados em serem vítimas da possível sangria, pretendem impedir o acesso dos "novos" ao tempo de televisão e ao fundo partidário antes de passarem pelo crivo de uma eleição, como foi permitido ao PSD.

No paralelo. As viagens internacionais de Lula custeadas por empreiteiras são, segundo a assessoria do ex-presidente, um périplo em defesa dos "interesses do País".

Com a mesma justificativa, o Itamaraty distribuiu passaportes diplomáticos a quem não deveria, e com a mesma alegação secretários do governo Sérgio Cabral circulavam pela noite de Paris com guardanapos na cabeça.

A questão não são as atividades remuneradas de Lula, mas a "ponte" entre elas e a influência dele no governo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Serra no jogo - Tereza Cruvinel

A novidade agora é Serra no jogo. Se decidir mudar de partido, seu destino natural seria o PSD e não o PPS. Isso explicaria a recusa de Kassab a entrar no governo Dilma

Na noite de quarta-feira, 15 de março, em que o presidente do PSD, Gilberto Kassab, jantou com a presidente Dilma Rousseff, acenou com apoio eleitoral em 2014, mas recusou a oferta de um ministério para seu partido, já estava acertado, para dois dias depois, o encontro entre seu aliado histórico José Serra e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pré-candidato a presidente pelo PSB. A recusa de Kassab, inicialmente, desconcertou até sua própria bancada. "Onde já se viu isso?", disseram aqueles que entraram no PSD para ganhar o crachá da base governista. Nas fileiras petistas, o senador Jorge Viana (AC) matou a charada antes mesmo de saber do encontro Serra-Campos: "Isso é um indicativo de que Serra não está fora do jogo". Revelado o encontro, Viana foi além: "Agora as pegadas de Serra ficaram bem claras. Não por acaso quem articulou o encontro foi o ex-senador Jorge Bornhausen, hoje no PSD".

Só para recordar: foi Serra quem anabolizou a carreira do ex-corretor de imóveis e ex-vereador pelo PFL/DEM, ao fazer dele seu vice na disputa em que ganhou a Prefeitura de São Paulo, em 2004. Quando Serra deixou o cargo para disputar o governo estadual, dois anos depois, Kassab herdou-lhe o mandato. Em 2008, reelegeu-se para mais quatro anos. Antes de deixar o cargo, lançou-se na empreitada, bem-sucedida, de criar o PSD. Pescando em legendas diversas, formou uma bancada de mais de 50 deputados. Sua relação com Serra é o que se pode chamar de umbilical.

Jorge Viana recorda que, em 2012, tudo se encaminhava para uma aliança PT-PSD, em torno do hoje prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Mas Serra acabou viabilizando sua candidatura pelo PSDB e Kassab recuou para apoiá-lo. "Para mim, trata-se agora de movimento da mesma natureza", diz Viana.

Para formar a maioria e aprovar projetos no Congresso, Dilma passa muito bem sem o PSD em sua larga base. Seu interesse no partido sempre foi mais eleitoral, pensando em 2014. Embora em alguns estados o PSD já tenha declarado a intenção de apoiá-la, agora o jogo embolou. O fato novo nessa sucessão antecipada é a volta de Serra ao jogo. Ou melhor, a constatação de que, ao contrário do que alguns pensavam, especialmente no PSDB, ele nunca saiu do jogo para 2014. Um dos traços marcantes de sua complexa personalidade é a obstinação. Se estiver decidido a concorrer pela terceira vez à Presidência, enfrentará todos os obstáculos. Se for preciso deixar o PSDB, o PSD, de Kassab, e não o PPS, de Roberto Freire (SP), é a legenda em que ele ficaria mais confortável. Na conversa de segunda-feira passada com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Serra não mencionou o encontro que tivera, na sexta-feira anterior, com Eduardo Campos. Não reivindicou a presidência do partido nem candidatura ao Senado nem nada. Apenas se queixou muito e de muitos no partido. Atitude de quem pretende estar no jogo, seja disputando a indicação com Aécio – o que é complicado, diante do amplo apoio partidário ao senador mineiro e do engajamento decidido do ex-presidente Fernando Henrique –, seja ingressando em outro partido que lhe garanta a candidatura. O PSD é seu mais provável plano B.

E com Eduardo Campos, qual é o jogo? Especulou-se sobre uma possível chapa composta pelos dois, mas quem conhece Serra sabe que ele dificilmente aceitaria o papel de vice. E o inverso carece de sentido. Quando Lula cogitou a hipótese de Campos substituir Michel Temer como vice de Dilma, deixando o PMDB em polvorosa, o governador mandou dizer que não estava disponível para o papel.

Vazado seu encontro com Serra, eles trocaram os elogios públicos de praxe. Serra disse que a candidatura do pernambucano "é boa para o Brasil, é boa para a política". Campos afirmou que tem com Serra muito mais afinidade do que com algumas pessoas da base governista. Suas declarações estão perdendo gradualmente a suavidade, atiçando os petistas que defendem a ruptura imediata. Jorge Viana, muito próximo de Lula e Dilma, verbaliza outra estratégia, a de evitar um rompimento áspero. "Devemos receber com naturalidade a candidatura de Eduardo. Quando um governo é tão forte como o da presidente e a oposição muito débil, candidaturas alternativas acabam surgindo na própria base. Mas as afinidades devem ser mantidas para que o reencontro seja possível." Faltou dizer, num eventual segundo turno.

Serra viajou ontem para os Estados Unidos, onde passará 15 dias em compromissos acadêmicos. E com isso não participará, amanhã, do encontro de Aécio com uma plenária de dirigentes e militantes do PSDB paulista, ao lado do governador Alckmin. Na sexta-feira, o instituto Datafolha divulgou pesquisa de intenção de voto para presidente apontando grande favoritismo de Dilma (58%) em relação a Marina (16%), Aécio (10%) e Campos (6%). Pelo andar da carruagem, o nome de Serra ainda pode entrar na cartela dos pesquisadores.

Desenho/Desejo

Eduardo Campos teve também recentemente um encontro com o presidente do PPS, Roberto Freire, pernambucano que hoje é deputado por São Paulo. Já tiveram arestas, agora aparadas. O embrião de sua coligação eleitoral vai tomando forma. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) elocubra: "Vislumbro uma aliança composta por PSB, PPS e PDT". E talvez pelo PTB e o PSD, acrescenta. Na convenção de sexta-feira, o PDT deu sinais de que, apesar da troca de ministros, ainda não amarrou o cavalo no obelisco de Dilma.

Fonte Estado de Minas

Eremildo, o idiota – Elio Gapari

Eremildo é um idiota e leu a bula da doutora Dilma (hospedada no hotel Excelsior de Roma) diante da morte de 16 pessoas nos desabamentos de Petrópolis:

"A nossa prevenção hoje avisa as pessoas. Acho que deverão ser tomadas medidas mais drásticas, para que as pessoas não fiquem nas regiões que não podem ficar, porque aí não tem prevenção que dê conta."

O cretino soube que a União e os governos estadual e municipal só conseguiram gastar R$ 4,7 milhões das verbas destinadas à contenção de encostas da região. As famílias desabrigadas pelas chuvas de 2011 continuam sem ter onde morar.

Eremildo estimou que a viagem da doutora a Roma tenha custado pelo menos R$ 500 mil. Foram 22 horas de AeroLula, mais 52 quartos de hotel, 17 carros, um caminhão-baú, dois furgões, motoristas e diárias. A doutora ficou no hotel que hospedava o xá da Pérsia. A patuleia mantém em Roma uma embaixada (com residência para o embaixador) num dos mais belos palácios da cidade, o Doria Pamphili.

Pelo ritmo da prevenção, ao fim do governo da doutora os mortos das águas do Rio poderão chegar a mil, por falta de reservas no Excelsior.

O cretino desconfia que a responsabilidade pela bula e pela regalesca "villeggiatura" romana é dos 55,75 milhões de eleitores que votaram nela.

Fonte: O Globo

Houve pressa na implantação do REUNI - Ana Maria Dantas

"O problema, na verdade, não é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), mas a forma como ele foi adotado. Se tivéssemos tido a oportunidade de construir prédios, criar os cursos e só depois virem os alunos, tudo bem. Mas não foi assim, pois era um projeto de governo, não de Estado".

Ana Maria Dantas, Reitora da Universidade Rural do Rio de Janeiro

Cf.O Globo, 23 de março de 2013

A aposta no segundo turno - João Bosco Rabello

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acha que ainda vai sofrer por mais tempo a indiferença do ex-governador José Serra (PSDB-SP), mas não acredita em sua saída do partido, segundo tem dito a interlocutores. A mesma convicção têm os tucanos que estiveram com Serra em São Paulo nos últimos dias e acham que a possibilidade de ele aceitar o convite de Roberto Freire para se filiar ao PPS é zero.

Mesmo o elogio de Serra ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a quem considerou publicamente um ótimo candidato, consegue leitura positiva da equipe de campanha do senador mineiro. A menção comparativa à candidatura adversária reconhece a de Aécio, dizem seus aliados, recusando a provocação.

Aécio avalia que só tem a ganhar com a candidatura de Campos e também com a de Marina Silva. Considera que o primeiro divide os votos do Nordeste, onde o PT é forte. E Marina atrai voto ideológico, além dos evangélicos. Essa soma garante, teoricamente, um segundo turno, quando o PSDB espera ter a lealdade do eleitor. "Sempre fomos oposição, nunca mudamos de lado", alfineta um aecista.

Essa convicção impõe como prioridade a pacificação interna, ficando para 2014 a costura das alianças, num cenário eleitoral "mais realista". Aécio insiste em ser presidente do partido para percorrer o País com a candidatura já reconhecida pelo PSDB. Tem sido esse o ponto mais resistente junto a Serra e Alckmin, e há quem sustente que o cargo não é tão importante para o senador quanto ele faz acreditar: estaria apenas valorizando-o para usá-lo como moeda de troca na hora decisiva da negociação.

Alianças estaduais

Aliado do PT no plano nacional, o PSB de Eduardo Campos selou alianças com o PSDB em todos os Estados governados por tucanos: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Alagoas, Pará, Tocantins e Roraima. No governo paulista de Geraldo Alckmin, o deputado Márcio França, presidente estadual do PSB, deixou um aliado em seu lugar, na Secretaria de Turismo, depois de se afastar do cargo quando seu partido decidiu apoiar Fernando Haddad (PT) na eleição da capital, em 2012. Apenas em Goiás o PSB rompeu com os tucanos, entre¬gando a estatal de turismo para apoiar o PT no pleito municipal.

Dor de cabeça

A expansão da banda larga trouxe mais dor de cabeça ao ministro Paulo Bernardo (Comunicações). A limpeza de uma faixa do espectro para a entrada da telefonia móvel 4G vai rebaixar os canais das TVs públicas, que ocupam a faixa UHF e podem cair para VHF. A mudança compromete a transmissão das TVs legislativas, canais de propaganda gratuita dos parlamentares.

Mídia paga

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) apresentou requerimento à Mesa Diretora para que o Planalto informe o valor dos gastos do governo, principalmente das estatais, com publicidade em blogs e portais de notícias na internet. Houve um aumento de 483% dessa despesa em dez anos. Se o governo não informar, configura crime de responsabilidade. O tucano também promete recorrer à Lei de Acesso à Informação. Ele quer saber se o dinheiro público está financiando "as milícias do ciberespeaço que atacam na internet os adversários do PT".

Baixo clero

Vinte deputados da base aliada pediram audiência ao governador Eduardo Campos (PSB), logo depois da Semana Santa. Reclamam que o governo os trata mal, mesmo sendo leais. "Somos base e recebemos tratamento da oposição", resume o pemedebista Geneciano Noronha (CE).

Fonte: O Estado de S. Paulo

Mundo próximo - Míriam Leitão

A censura num país afeta a liberdade de alguém que mora em outro, bem distante. As mudanças tecnológicas mudam a educação, criando o movimento de educação em massa, online, mas isso torna ainda mais importante a presença física de grandes universidades além de suas fronteiras. As ações afirmativas são fundamentais para criar a diversidade no ambiente universitário.

Essas são algumas opiniões do presidente da Universidade de Columbia, Lee C. Bollinger, que passou pelo Rio na última semana com um grupo de professores promovendo debates e reuniões na inauguração de um Columbia Global Center, o primeiro no Brasil. O centro será dirigido por Thomas Trebat.

A globalização e as comunicações deixaram o mundo mais interdependente, na opinião dele, tornando obrigatório para uma grande universidade conhecer melhor os países, combater a própria ignorância. Columbia já instalou oito centros desse tipo.

Ele não acha que em plena era do MOOC - sigla em inglês para Cursos Abertos Online em Massa - seja contraditório vir fisicamente para o Rio, por exemplo. Bollinger acredita que é preciso, hoje, interação, seja física, seja online, cada vez maior:

- Tudo isso (MOOC) surgiu no último ano. De repente, as pessoas começaram a falar disso, e professores que tinham 100 alunos passaram a ter 300 mil alunos. É um mundo muito novo.

Bollinger é advogado e especialista na primeira emenda da Constituição americana, a que trata da liberdade de expressão. Diz que a legislação do país é fruto de intenso debate sobre isso ao longo do último século. Vale lembrar o caso dos anos 1970 em que os jornais "The New York Times" e "Washington Post" publicaram os papéis do Pentágono obre a guerra do Vietnã, apesar de o governo dizer que era ilegal. A Suprema Corte considerou constitucional a publicação. Foi um caso paradigmático.

Agora, ele acha que a globalização alterou o sentido e escopo do que seja essa liberdade.

- O que acontece no Brasil, em termos de liberdade de imprensa, é extremamente importante para os EUA e vice-versa. O que acontece na China é importante para Brasil e Europa. É o mercado global de ideias. Censura em qualquer parte do mundo significa censura em todos os lugares. Posso falar uma coisa nos EUA e ser processado em outro país por violar a lei de lá - diz Bollinger.

O presidente de Columbia é californiano, criado em Oregon, e saiu pela primeira vez do país, em 1963, para passar quatro meses em Belo Horizonte. Já foi duas vezes à Suprema Corte, em ações que levaram seu nome, em defesa das ações afirmativas. Defensor da primeira emenda, entrou em controvérsia em 2010 quando propôs subsídios governamentais à imprensa.

Na entrevista que fiz com ele na Globonews, Bollinger disse que o modelo de negócio das empresas jornalísticas no mundo está mudando muito e há fortes empresas que são estatais ou têm subsídios. Num debate na quarta-feira de manhã, ele disse que os números de faturamento das grandes empresas jornalísticas têm sido cada vez menores.

Sobre as ações afirmativas, disse que elas fizeram muito bem aos Estados Unidos, ao ambiente universitário e à própria sociedade americana:

- Era preciso trazer grupos que sofreram discriminação, principalmente afro-americanos, para dentro das universidades. Muitas usaram o critério de raça nos seus processos seletivos, e nós (ele era da Universidade de Michigan) fomos processados. Fomos à Suprema Corte e vencemos. Em junho, haverá outro julgamento. Espero que não mude.

Neste mundo diverso, interconectado, em mudança e perturbador, quanto mais troca de informações houver, melhor. Esse foi o sentido da visita de um grupo de Columbia ao Rio, entre eles professores que foram às favelas pacificadas visitar escolas públicas.

Fonte: O Globo