quinta-feira, 1 de março de 2012

OPINIÃO DO DIA – José Serra: cidade nacional

A minha idéia não é considerar que a polarização é um elemento chave dessa campanha. O que a população de São Paulo quer não é debater polarização. O que a população de São Paulo quer é debater seus problemas. É uma eleição nacional no sentido de que São Paulo é cidade nacional. Tem um peso político grande essa eleição. Estou sendo candidato a candidato por necessidade e por gosto. Necessidade política e o gosto de poder ser prefeito. Se fosse só por necessidade, sem gosto, seria ruim. E se fosse só por gosto, sem necessidade, seria algo muito narcisista. Sem dúvida, entre meus defeitos psicanalíticos não está o narcisismo

José Serra, Portal G1, 29 de fevereiro de 2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Dilma faz Crivella ministro para enfrentar Serra em SP
Presidência da República, um 'sonho adormecido'
CNJ poderá investigar, em parte, bens de juízes
Mercadante culpa país por falhas do Enem
Governo punirá 100 militares por manifesto
Waldomiro condenado a 12 anos de prisão

FOLHA DE S. PAULO
Dilma troca ministro para atrair evangélicos
Serra promete, de novo, cumprir mandato inteiro
Supremo libera CNJ para investigar renda de juízes estaduais
Governo eleva alíquota do IOF para segurar a queda do dólar

O ESTADO DE S. PAULO
Coreia do Norte para seu programa nuclear em troca de comida
Mais um vice do BB deve cair em meio a disputas
Serra diz que, se eleito, vai cumprir mandato
Bispo na Pesca
Suíça acusa Vale de usar país para driblar imposto

VALOR ECONÔMICO
Investimento direto pode ter 'pedágio'
Brics querem o comando da OMC
BCE concede mais € 529,5 bi a bancos

CORREIO BRAZILIENSE
Bicheiro, delegados e policiais na cadeia
GDF suspende concursos e vai demitir
Caras de pau mantêm 14º e 15º na Câmara
Intriga
Governo ameaça punir militares da reserva
Dilma muda ministro para ajudar Haddad

ESTADO DE MINAS
Nem um centavo
Incra vistoria fraude agrária
PBH contrata fornecedor barrado de licitações
Disputa paulista leva bispo à Pesca

ZERO HORA (RS)
Dilma pressiona construtora por obra no Beira-Rio
Por que piso deixa Tarso em saia justa
Para ajudar Haddad, troca na Esplanada

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Novo servidor deve ter limite na aposentadoria
Chegou a hora de enfrentar o leão do IR
Governo federal substitui o ministro da Pesca

O que pensa a mídia - editoriais dos principais jornais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

O Plano B e outras respostas do PT ao novo cenário da eleição em São Paulo:: Jarbas de Holanda

Uma das opções do PT – diante da mudança de cenário da disputa eleitoral paulistana de 2012 em face da inserção do ex-governador José Serra no páreo – foi antecipada numa entrevista ao Estadão, de anteontem, do líder do partido na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto, hoje muito próximo do ex-presidente Lula e um dos articuladores da frustrada aliança Kassab-Haddad. Abertura da matéria com a entrevista, intitulada “Temos de nos unir do lado de cá e procurar o PMDB”: “...Jilmar Tatto não faz rodeios: acha que seu partido corre o risco de perder a eleição na maior cidade do País, caso não se alie ao PMDB no primeiro turno. Ex-secretário municipal na gestão Marta Suplicy (2001-2004), ele teme a reedição do fiasco ocorrido há quase oito anos, quando o PT rejeitou o PMDB na chapa e foi derrotado”. Outros trechos da entrevista: “O PT precisa parar de brincar de fazer política. Se há um movimento de rearticulação das forças conservadoras do outro lado, temos de nos unir do lado de cá e procurar o PMDB”. “Eu defendo o PMDB para vice de Haddad, mas isso não pode ser colocado como pré-condição”. “Na avaliação de Tatto, que desistiu de disputar prévia no PT, o deputado Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB, não é um nome ruim. Eu estou convencido de que o melhor é o PT na cabeça da chapa e o PMDB para vice; mas não pode ser pré-condição. Não podemos ser arrogantes”. Ou seja, Haddad poderia ser substituído por um peemedebista na liderança da chapa.

A tentativa de troca do prefeito Gilberto Kassab pelo PMDB como principal aliado da candidatura do exministro da Educação (que previ em 15 de fevereiro, ao tratar já da mudança de cenário, afirmando que a confirmação dela iria “reorientar Lula no sentido de forte pressão sobre Michel Temer”), essa tentativa constitui uma espécie de Plano B após a perda da parceria de Kassab. De alternativa ao grande papel a ele atribuído na estratégia lulista de divisão das forças de centro e conservadoras – dominantes na capital e no estado de São Paulo – para a conquista da primeira este ano e do controle do Palácio dos Bandeirantes em 2014, dois passos básicos da consolidação e do avanço do hegemonismo petista no país.

Tal tentativa, porém, foi logo rechaçada por Michel Temer. Para quem a candidatura própria de Gabriel Chalita é peça relevante da resistência da executiva nacional de seu partido ao hegemonismo petista no governo Dilma e, sobretudo, à planejada extensão dele ao Congresso. Peça que, por isso – mesma enfraquecida pela entrada de Serra na disputa, com prejuízo da expectativa inicial de contraposição ao PT no turno decisivo do pleito – deverá ser mantida no primeiro turno. Por outro lado, a proposta lulista de Jilmar Tatto foi de pronto contestada também pelo presidente do PT, Ruy Falcão, bem como por mais integrantes do grupo de José Dirceu, em nome do mesmo partidarismo petista que Lula ignorou na articulação da aliança Kassab- Haddad.

As demais opções de postura do PT no novo cenário político paulistano também se ligam à dimensão nacional desse cenário, exacerbada pela estratégia de Lula na montagem da campanha de Haddad. Uma delas centra-se na aposta de que ele consiga forçar o governador de Pernambuco e principal liderança do PSB, Eduardo Campos, a intervir na direção regional do partido para afastá-lo do governo Geraldo Alckmin e apoiar Haddad. Outra opção envolve diretamente o Palácio do Planalto: a substituição do ministro dilmista dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, por nome indicado pela direção do PR, como o do vereador de São Paulo Antônio Carlos Rodrigues, dirigente regional da legenda. E a essas opções se soma o aumento de pressão para a retirada da pré-candidatura, de Netinho, do PC do B, o que não terá nenhuma influência em favor do objetivo considerado essencial no Plano B – a divisão do majoritário eleitorado antipetista.

Quanto à candidatura de José Serra – que deverá vencer folgadamente a prévia do PSDB da qual participará e contar com ampla coligação tecida pelo governador Alckmin – seu grande problema à frente será o generalizado ataque dos adversários, não só do PT, de que mais uma vez usará o cargo de prefeito, se vitorioso (abandonando-o no exercício do mandato) como trampolim para disputar a presidência da República. Ataque que, se não receber contraposição consistente, poderá ter sérios danos eleitorais.

Jarbas de Holanda, jornalista

Dilma faz Crivella ministro para enfrentar Serra em SP

A presidente Dilma Rousseff tirou a pasta da Pesca do PT e a entregou ao senador Marcelo Crivella, do PRB do Rio e ligado à Igreja Universal. A estratégia, que foi costurada com o ex-presidente Lula, deverá ajudar o candidato do PT a prefeito de são Paulo, Fernando Haddad, e foi posta em prática dois dias após o tucano José Serra confirmar que pretende disputar a prefeitura. O PT, que perdeu um ministério e teve o ministro Luiz Sérgio demitido nas férias, optou pelo silêncio, reforçando a nálise de que o objetivo seja fortalecer Haddad contra Serra

Dilma dá Pesca a Crivella para ajudar Haddad em SP

Lula deu aval para a troca após Serra se lançar; PT perde pasta mas silencia

Gerson Camarotti, Catarina Alencastro

Numa manobra que poderá favorecer a candidatura do petista Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff surpreendeu o próprio partido, o PT, e decidiu nomear o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), da Igreja Universal do Reino de Deus, para o Ministério da Pesca, no lugar do deputado petista Luiz Sérgio (RJ). Com isso, o Palácio do Planalto também espera conseguir uma reaproximação com a bancada dos evangélicos.

As relações estavam estremecidas desde a polêmica sobre a cartilha contra homofobia do Ministério da Educação - feita quando Haddad estava à frente da pasta -, e se agravou com declarações do ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, e a nomeação de Eleonora Menicucci, que já foi favorável ao aborto, para a Secretaria da Mulher.

O silêncio do PT pela perda da pasta fortaleceu a leitura da troca da Pesca pela desistência da pré-candidatura do ex-deputado Celso Russomanno (PRB), que hoje nega essa possibilidade, em favor de Haddad. Na véspera da escolha de Crivella para o ministério, a cúpula do PRB se reuniu na capital paulista com o pré-candidato do PMDB a prefeito, o deputado Gabriel Chalita, para discutir apoio.

A mudança de última hora foi feita com o aval direto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo após o ex-governador José Serra decidir disputar a prefeitura de São Paulo pelo PSDB, enfrentando as prévias tucanas. Conselheiro político de Dilma, Lula temia o tom das críticas do PRB à candidatura de Haddad. Com isso, a expectativa é que seja retirada a candidatura de Russomanno. Ao mesmo tempo, havia forte temor no núcleo da campanha de Haddad dos ataques de conotação religiosa dos bispos da Universal.

Ideli diz que PRB é aliado fiel

Recentemente, o bispo da Igreja Universal e presidente do PRB, Marcos Pereira, tinha atacado o chamado kit anti-homofobia encomendado pelo Ministério da Educação. Pereira chegou a afirmar que o "kit gay", como o material foi chamado pelos evangélicos, iria fazer Haddad perder votos.

Tanto Crivella quanto a ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Ideli Salvatti - que foi ministra da Pesca e trocara de lugar com Luiz Sérgio -, esforçaram-se para negar uma barganha eleitoral.

- A presidente fez um profundo reconhecimento pelo trabalho que o ministro Luiz Sérgio desenvolveu, mas também da importância de poder contar no governo, no ministério, com a representação do PRB, um partido pelo qual todos temos o maior respeito. E é ainda uma forma de homenagear o nosso ex-vice presidente José Alencar - disse Ideli.

Na sua primeira fala como futuro ministro, Crivella também negou que a entrada do PRB no governo - o partido tem bancada de apenas dez deputados e um senador - possa interferir na disputa pela prefeitura de São Paulo. Russomanno aparece em boa posição nas pesquisas.

- O PRB tem candidato e, em nenhum momento, isso foi aventado. Só tivemos conversas técnicas - afirmou Crivella.

Mesmo com a nova perda, a cúpula do PT se calou diante da queda de Luiz Sérgio e evitou criticar a presidente Dilma. Mas houve desconforto entre petistas com a condução da mudança. Desde o ano passado, quando Luiz Sérgio foi deslocado da Secretaria de Relações Institucionais para a Pesca, Dilma já pensava em tirá-lo do governo. Mas, para evitar um desgaste maior naquele momento, fez a troca com Ideli. Procurado, o presidente do PT, Rui Falcão, não se pronunciou.

- Respeitamos as razões que fizeram a presidente Dilma decidir pela mudança. Mas fui surpreendido - disse o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR).

A reclamação ficou por conta do PT do Rio de Janeiro.

- Lamentamos a saída de Luiz Sérgio. Fomos surpreendidos. Até porque Luiz Sérgio era o único nome do PT do Rio de Janeiro no governo - limitou-se a comentar o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

- Não sei se foi bom ou ruim. Mas o PT do Rio fica sem ministério - disse a deputada e ex-ministra Benedita da Silva (PT-RJ).

O senador confirmou ter recebido o convite de Dilma no fim de semana. A exemplo de outros titulares da Pesca, como Ideli Salvatti, ele nada entende de pesca. Mas defendeu que a pasta crie uma empresa como a Embrapa, que se destaca em pesquisas na agricultura.

Crivella também negou que o convite da presidente Dilma tenha como objetivo acalmar a bancada evangélica, que vive em pé de guerra com o Palácio do Planalto em questões controversas como o "kit gay", aborto e, mais recentemente, com as declarações de Gilberto Carvalho, que apregoou a necessidade de se travar uma disputa ideológica com esse segmento religioso. Mas deixou claro que irá agir para tentar melhorar o relacionamento do Planalto com os evangélicos.

- Sempre batalhei para dirimir controvérsias. Os evangélicos votamos quase majoritariamente na presidente Dilma. Faço parte do governo. Acredito que (com a nomeação) deve haver uma aproximação maior - disse Crivella.

No mês passado, em palestra no Fórum Social Mundial, Gilberto Carvalho declarou que o Estado deve fazer uma disputa ideológica com os evangélicos pela "nova classe média", que estaria sob hegemonia de setores conservadores. O ministro se viu obrigado a ir à Câmara e pedir perdão aos religiosos. Ele afirmou que foi mal compreendido, mas a situação ainda permanece delicada. No plenário do Senado, o senador Magno Malta (PR-ES), representante dos evangélicos, xingou Carvalho de "ministro meia-boca", "cara-de-pau" e "safado, mentiroso".

FONTE: O GLOBO

'Demonstração de oportunismo'

Presidente do PSDB, Sérgio Guerra diz que PT "não respeita interesse público"

Isabel Braga

BRASÍLIA. O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), disse que a ida do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) para o Ministério da Pesca é mais uma estratégia do governo e do PT para fortalecer a campanha do petista Fernando Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo e fazer frente ao pré-candidato tucano José Serra. Para Guerra, é mais uma "ação antidemocrática" do PT na tentativa de vencer as eleições na capital paulista a qualquer custo e um movimento para tentar conquistar o apoio de Celso Russomano, do PRB, também candidato nas eleições paulistanas.

- Crivella é muito simpático, mas para pescar? Não acredito que seja o mais adequado! Isso dá a dimensão da capacidade que esse pessoal tem de não respeitar o interesse público. Nesse episódio de São Paulo, o que foi feito até agora demonstra como democracia não é importante para eles: inventaram um candidato, mudaram o candidato, mudaram até a opinião sobre a administração municipal (na aproximação com Kassab). Não pode haver melhor demonstração de oportunismo - disse Guerra.

Ex-líder do PSDB na Câmara, o deputado tucano Duarte Nogueira (SP) também afirmou que a nomeação de Marcelo Crivella para a Pesca é uma tentativa de ganhar o apoio do PRB de Celso Russomano e criticou:

- É o PT usando como patrimônio pessoal do partido instrumentos e instituições que deveriam estar a serviço do país.

Guerra descartou uma eventual saída de Serra do PSDB, depois da eleição, para ingressar no PSD de Kassab.

Segundo Guerra, Serra tem todo o reconhecimento e apoio do PSDB. Durante a reunião da Executiva, os tucanos fizeram elogios à sua postura de aceitar sair candidato na disputa pela prefeitura de São Paulo. Na reunião, Guerra afirmou que "o PSDB está com uma dívida com Serra porque ele atendeu o partido no momento que o partido precisou". Depois da reunião, Guerra completou:

- Se é um momento em que Serra tem o reconhecimento e o apoio do PSDB, é este o momento. Ele, colocando-se como candidato, assumindo uma disputa dura, de forma democrática, aceitando o roteiro das prévias, dá uma aula de democracia. Sair para o PSD nunca fez sentido e não faz sentido.

Segundo o presidente do PSDB, as alianças com outros partidos em São Paulo são importantes para garantir tempo de propaganda eleitoral para o candidato tucano, mas ele acredita que elas só serão definidas depois da decisão de quem será o candidato. Ontem, na reunião, a Executiva Nacional definiu que o candidato do PSDB, na disputa pela prefeitura do Rio, será o deputado Otavio Leite, endossando decisão já tomada pelo diretório municipal. A vereadora Andrea Gouvêa Vieira também pleiteava a vaga.

- Nós respaldamos o encaminhamento do partido local pela candidatura Otavio Leite. Valorizamos as instâncias partidárias - disse Guerra.

FONTE: O GLOBO

Dilma muda ministro para ajudar Haddad

Para garantir o apoio do PRB na eleição em São Paulo, a presidente escolheu o senador Marcelo Crivella como ministro da Pesca. Além de implodir a candidatura do deputado Celso Russomano ao cargo, o PT se fortalece entre os evangélicos.

Eleição em São Paulo reflete na Esplanada

Para turbinar a candidatura de Haddad, Planalto troca o comando do Ministério da Pesca e entrega a pasta ao senador Marcelo Crivella, com forte influência entre os evangélicos

Paulo de Tarso Lyra, Juliana Braga

A presidente Dilma Rousseff abandonou ontem o discurso de que o governo federal não pode interferir nas disputas municipais e confirmou que o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) será o novo ministro da Pesca e Aquicultura. A posse está marcada para amanhã. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, dono de 3,5 milhões de votos no Rio de Janeiro e um dos diretores da TV Record, Crivella tem a missão de angariar para a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo a simpatia dos eleitores evangélicos, irritados com o kit gay do Ministério da Educação.

A nomeação é mais uma reação do PT e do governo federal após a confirmação de que o ex-governador de São Paulo José Serra disputará as prévias do PSDB para escolher o candidato do partido nas eleições municipais de outubro. Além disso, o convite a Crivella engessa a pré-candidatura do deputado Celso Russomano (PRB-SP) à prefeitura, um nome que os petistas admitem ter um teto de até 15% dos votos válidos na disputa paulistana. "O Planalto resolveu entrar nessa parada e entrou com tudo", admitiu um petista paulistano.

A estratégia de Dilma, contudo, colocou-a em uma armadilha da qual terá dificuldades para se desvencilhar. O PR engrossou a voz e avisou que só aceita voltar ao governo se for para retomar o Ministério dos Transportes. O partido não aceita outra forma de compensação, como o Ministério da Agricultura para o senador Blairo Maggi (PR-MT). Se isso não ocorrer, a legenda vai para a oposição e apoiará a candidatura de José Serra em São Paulo. "Entre o dia 15 e o dia 20 teremos a reunião da nossa Executiva para definir a posição do partido nas eleições municipais", confirmou Maggi ao Correio.

O governo até admitia estender os braços para o PR, mas Dilma resistia à tese de entregar o Ministério dos Transportes para a legenda. "O PR voltará para o governo, é tudo o que eu posso dizer", confidenciou um interlocutor da presidente. Mas a legenda não aceita retaliações e adianta que os nomes cotados são, de fato, o ex-senador César Borges (BA) e o vereador paulistano Antônio Carlos Rodrigues, ligado ao deputado Valdemar Costa Neto (SP). "Ele também é ligado aos petistas paulistas, como o ministro Aloizio Mercadante e o líder Cândido Vaccarezza", defendeu um integrante do PR.

Redes sociais

O anúncio de Crivella como ministro da Pesca surpreendeu todo mundo na manhã de ontem. Em nota, a Presidência afirmou que a mudança "permite a incorporação ao ministério de um importante partido aliado da base do governo." Legenda que conta com um senador — o próprio Crivella, que será substituído pelo ex-deputado federal Eduardo Lopes (RJ) — e 10 deputados. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, negou que a escolha do senador fluminense teve a intenção de acalmar a bancada evangélica. "Toda a discussão e a conversa da presidente foram no sentido de integrar um partido que, durante todo o período do presidente Lula, na pessoa da vice-presidente José Alencar, e agora, durante todo esse período da presidente Dilma, sempre foi um partido extremamente aliado, firme e atuante na defesa das ações do governo", justificou.

O Palácio do Planalto monitorava, via redes sociais, o crescimento dos ataques dos evangélicos à candidatura de Fernando Haddad, especialmente após os atritos dos religiosos com o secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho. Dilma sabe que o grupo também não aceita a nomeação de Eleonora Menecucci, pró-aborto, para a Secretaria de Políticas para as Mulheres.

O PSDB encarou a nomeação do senador Crivella como mais uma prova de que o governo federal fará de tudo para derrotar o tucanato em São Paulo. "Eles não estão interessados em debates públicos ou democracia. Inventaram um candidato, eliminaram os demais concorrentes e mudaram a opinião sobre a administração municipal paulistana para conseguir o apoio do prefeito", criticou o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE).

CORREIO BRAZILIENSE

Crivella é o ministro da Pesca para fortalecer Haddad em São Paulo

Escolha do senador evangélico é vista como uma estratégia para fortalecer candidatura de Fernando Haddad em São Paulo

SÃO PAULO – Com o objetivo de blindar o petista Fernando Haddad contra críticas dos evangélicos na campanha à Prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff promoveu ontem mais uma mudança na equipe, nomeando o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e um dos principais representantes dos evangélicos no Congresso, para substituir o petista Luiz Sérgio no comando do Ministério da Pesca. A posse do novo ministro será na sexta-feira.

Em nota, a presidente disse estar segura de que Crivella prestará “relevantes serviços ao Brasil” e afirmou que a troca permite a incorporação ao ministério de um importante partido aliado da base do governo. Na avaliação do Palácio do Planalto, a nomeação de Crivella poderá conter as críticas que os evangélicos ameaçam fazer contra Haddad por causa do kit gay, material que o governo planejava entregar a alunos da rede pública para combater o preconceito contra homossexuais, que teve sua distribuição suspensa depois de críticas de líderes evangélicos. Com Crivella, o Planalto espera ainda fazer um agrado à direção da TV Record, que é controlada pela Igreja Universal. A emissora veiculou várias reportagens críticas sobre o kit gay.

O novo ministro negou relação entre sua escolha e a disputa eleitoral. “Em nenhum momento, quando a presidente me convidou, isso foi aventado. Pelo contrário, só tivemos conversas técnicas”, afirmou. O PRB lançou o deputado federal Celso Russomanno como candidato à prefeitura de São Paulo. Ele garantiu ontem que continua no páreo. “Nosso acordo com o governo é na esfera federal”, disse.

Recentemente, líderes evangélicos ficaram descontentes com declarações de Gilberto Carvalho, Secretário-Geral da Presidência, responsável pelo diálogo com igrejas e movimentos sociais. Em uma palestra ele disse que o Estado deveria entrar numa disputa ideológica pela nova classe média, que estaria sob hegemonia dos evangélicos. O ministro pediu perdão pelas declarações.

Representantes dos evangélicos no Congresso também ficaram insatisfeitos com a nomeação de Eleonora Menicucci para a pasta de Políticas para as Mulheres. Ela defende a descriminalização do aborto e admitiu ter feito dois. Na campanha de 2010, Dilma sofreu pressão dos evangélicos e assumiu o compromisso de que não mudaria a legislação do aborto.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Para ajudar Haddad, troca na Esplanada

Inclusão de Marcelo Crivella (PRB) deve incluir desistência da sigla em SP

BRASÍLIA - Ainda que tenha ficado imune à maré de denúncias de corrupção que atingiu o governo Dilma Rousseff vitimando sete ministros, o Ministério da Pesca caminha para ser um campeão de trocas. Supostamente fruto de um arranjo político relacionado à eleição para prefeito de São Paulo, a dança das cadeiras derrubou o ministro Luiz Sérgio (PT-RJ) – que sucedera Ideli Salvatti (PT-SC) – para acomodar o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ).

Assim como Luiz Sérgio e Ideli, Crivella não tem relação com a cadeia pesqueira. O Planalto nega, mas o objetivo de Dilma Rousseff ao escolher o senador fluminense seria facilitar a vida do ex-ministro Fernando Haddad (PT). Com a candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) a prefeito de São Paulo, pode ser crucial para o sucesso petista a saída de Celso Russomano (PRB) do páreo. Russomano nega que vá sair e Crivella, por sua vez, que o convite tenha ocorrido para impulsionar Haddad.

PT do Rio não sabia que perderia vaga na Esplanada

Outra boa razão para incluir o senador no primeiro escalão é a identificação dele com a bancada evangélica. Ainda que não seja reconhecido como líder por outros integrantes do grupo, a inclusão de Crivella distensiona o diálogo entre o Planalto e os religiosos, em pé de guerra com Dilma desde que a Presidência colocou a feminista Eleonora Menicucci na Secretaria de Políticas para Mulheres. De quebra, a presidente incorpora outra legenda aliada ao emaranhado de poder da Esplanada. O partido tem um senador e 10 deputados.

– Dilma usou de toda sua genialidade política para abrigar um partido por afinidade – afirmou Crivella.

O novo troca-troca na Pesca surpreendeu até o PT do Rio. Mesmo pisando em ovos para não constranger um aliado de peso como Crivella, os petistas fluminenses não esconderam a frustração.

– Me surpreendeu isso, não esperava. Viram a notícia na internet, na sede do partido, e me avisaram – afirmou o presidente do PT-RJ, Jorge Florêncio.

Em seguida, ele completou:

– Foi uma surpresa desagradável. Podiam ter nos informado antes, pelo menos.

FONTE: ZERO HORA (RS)

Governo leva PRB ao ministério para blindar Haddad de ataque evangélico

Vera Rosa, Tânia Monteiro, Rafael Moraes Moura

BRASÍLIA - Em um claro sinal de que o Palácio do Planalto entrou em campo na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) como o novo ministro da Pesca. Bispo da Igreja Universal, Crivella substitui o petista Luiz Sérgio, que voltará para a Câmara. A expectativa do governo é que a troca sirva como uma vacina para blindar o candidato do PT à Prefeitura, Fernando Haddad, na esperada "guerra santa" da campanha eleitoral.

O governo e a cúpula do PT avaliam que a entrada do ex-governador José Serra (PSDB) na corrida pela sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD) levará à campanha paulistana temas que estimulam o confronto entre católicos e evangélicos, como legalização do aborto, casamento gay e kit anti-homofobia.

O movimento de Dilma, articulado com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também poderá tirar do páreo paulistano, mais adiante, o ex-deputado Celso Russomanno, pré-candidato do PRB à Prefeitura e líder nas pesquisas de intenção de voto. Partido do vice-presidente José Alencar, morto no ano passado, o PRB é da base aliada do governo, mas não tinha cadeira na Esplanada. A bancada do partido tem só 10 deputados, o que não explicaria, isoladamente, a concessão de um ministério apenas para amarrar o PRB à coalizão governamental.

"Minha candidatura está mantida. Inclusive a presidenta Dilma, assim como o presidente Lula, tem conhecimento disso", disse Russomanno, acrescentando que o PRB tem compromisso com o governo federal, e não com o PT de São Paulo.

Crivella nega que sua missão seja a de reduzir atritos com os evangélicos e formar uma rede de proteção em torno de Haddad. "Sou indicado do PRB, e não da bancada evangélica."

No segundo turno da campanha presidencial de 2010, porém, o senador foi chamado às pressas para conter uma rebelião de bispos e pastores, e Dilma teve de assinar a "Carta ao Povo de Deus", negando que pretendesse mudar a legislação sobre o aborto, como dizia Serra.

"O governo resolveu pôr na Pesca um pescador de almas, que ainda vai andar sobre as águas", resumiu o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) ao saber da nomeação de Crivella, que tomará posse amanhã.

Diante da movimentação de Serra e sem partidos com musculatura na aliança de Haddad, o Planalto entrou no jogo. "É a incorporação efetiva de um aliado, mas não traremos disputas locais para o âmbito federal", desconversou a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

Numa outra frente, Dilma mudou a articulação com o setor evangélico. Ontem, a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, foi a escalada para receber um grupo de evangélicos no Planalto, substituindo a articulação até então feita pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ex-seminarista, Carvalho despertou a fúria do setor depois de dizer, no Fórum Social, que o governo deveria se preparar para o confronto ideológico com evangélicos e formar uma rede de comunicação.

PR e PDT. Para cimentar a candidatura de Haddad e evitar mais confrontos, o Planalto também fará mudanças nas pastas dos Transportes e do Trabalho. Transportes deve continuar sob o comando do PR, mas Dilma deixará o partido em banho-maria por alguns dias. Motivo: o PR lançou a pré-candidatura do deputado Tiririca à Prefeitura. O PDT, em São Paulo, ameaça apoiar Serra.

Colaboraram Fernando Gallo e Christiane Samarco

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dilma troca ministro para atrair evangélicos

De forma inesperada, a presidente Dilma escolheu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), um dos principais representantes dos evangélicos no Congresso, para substituir o petista Luiz Sérgio no Ministério da Pesca. A nomeação poderá conter críticas de evangélicos ao pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, por causa do "kit gay", que o governo planejava entregar a alunos para combater o preconceito

Dilma muda ministério para aplacar evangélicos

Ligado à Igreja Universal, senador Marcelo Crivella vira ministro da Pesca

Planalto espera que escolha ajude a conter críticas ao petista Fernando Haddad na corrida à prefeitura

BRASÍLIA, SÃO PAULO - Com o objetivo de blindar o petista Fernando Haddad contra críticas dos evangélicos na campanha à Prefeitura de São Paulo, a presidente Dilma Rousseff promoveu ontem mais uma mudança na Esplanada dos Ministérios.

Dilma escolheu o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e um dos principais representantes dos evangélicos no Congresso, para substituir o petista Luiz Sérgio no comando do Ministério da Pesca e Aquicultura.

A posse do novo ministro será amanhã. Em nota, a presidente disse estar "segura" de que Crivella "prestará relevantes serviços ao Brasil" e afirmou que a troca "permite a incorporação ao ministério de um importante partido aliado da base do governo".

Para o Planalto, a nomeação de Crivella poderá conter críticas que evangélicos ameaçam fazer contra Haddad por causa do kit gay, material que o governo planejava entregar a alunos da rede pública para combater o preconceito contra homossexuais.

Encomendado pelo Ministério da Educação quando Haddad era o ministro, o kit teve sua distribuição suspensa pelo governo no ano passado, depois de receber críticas de líderes evangélicos.

Em entrevista à Folha em fevereiro, o presidente do PRB, Marcos Pereira, que também é bispo da Igreja Universal, afirmou que o kit afastaria os evangélicos do candidato petista em São Paulo.

Com a escolha de Crivella, o Planalto espera ainda fazer um agrado à direção da TV Record, que é controlada pela Igreja Universal. A emissora veiculou várias reportagens críticas sobre o kit gay.

O novo ministro negou relação entre sua escolha e a disputa eleitoral. "Em nenhum momento, quando a presidente me convidou, isso foi aventado", afirmou Crivella. "Pelo contrário, só tivemos conversas técnicas."

O PRB lançou o deputado federal Celso Russomanno como candidato à Prefeitura de São Paulo. Ele afirmou ontem que continua no páreo. "Nosso acordo com o governo é na esfera federal", disse.

Recentemente, líderes evangélicos ficaram descontentes com o governo por causa de declarações do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, responsável pelo diálogo do Palácio do Planalto com igrejas e movimentos sociais.

Em palestra em fevereiro, Carvalho disse que o Estado deveria entrar numa disputa ideológica pela "nova classe média", que estaria sob hegemonia dos evangélicos.

Ele disse ter sido mal compreendido e pediu "perdão" pelo "sentimento" que suas declarações provocaram.

Representantes dos evangélicos no Congresso também ficaram insatisfeitos com a nomeação da petista Eleonora Menicucci para o cargo de ministra de Políticas para as Mulheres há um mês. Ela defende a descriminalização do aborto e no passado admitiu ter feito dois abortos.

Na reta final da campanha presidencial de 2010, Dilma sofreu forte pressão dos evangélicos e assumiu o compromisso de que não mudaria o tratamento que a legislação brasileira dá ao aborto.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Parabéns, Rio de Janeiro(1/3/1565) ! Caetano Veloso - Valsa de uma cidade (Ismael Netto & Antônio Maria) 1958

Ajoelhou, resta rezar:: Dora Kramer

A troca de ministro da pasta da Pesca tem vários significados, nenhum deles relacionado à versão palaciana de que o senador Marcelo Crivella "prestará relevantes serviços ao Brasil" depois do trabalho feito (?) pelo deputado Luiz Sérgio ao qual o governo empresta "profundo reconhecimento".

Relação alguma, tampouco, com a necessidade de "prestar uma homenagem" ao falecido vice-presidente José Alencar por ter sido do PRB agora presenteado por Dilma Rousseff.

A substituição diz respeito ao movimento de redução de danos eleitorais que o Planalto vem empreendendo na direção das "igrejas".

Crivella é um líder importante no segmento evangélico (foi eleito senador por isso) no qual o governo federal enxerga um potencial grande de prejuízo se não estabelecer com ele alguns compromissos de caráter preventivo.

A entrega de uma pasta cuja importância é nenhuma, basta? Não, mas é um gesto. Precedido de outro, antes do carnaval, quando a presidente Dilma Rousseff fez do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, seu enviado especial à bancada evangélica no Congresso para dissolver "mal-entendidos".

Basicamente três: a opinião da ministra de Política para Mulheres sobre aborto, as cartilhas anti-homofobia encomendadas pelo Ministério da Edu¬¬cação na gestão de Fer¬-nando Haddad e declarações do próprio Gilberto Carvalho no Fórum Social de Porto Alegre sobre a necessidade de o PT disputar a classe média emergente com "setores conservadores", segundo ele dominados pelos evangélicos.

Como se vê agora pela entrega de um ministério – ainda que desimportante, dado que a generosidade do PT no quesito perda de espaços tem limites estreitos–, a ofensiva continua.

Não por acaso ontem mesmo Haddad tratou de se declarar contra o aborto.

Duas inverdades são esclarecidas nesse episódio: uma a de que a presidente não se envolverá em eleições e outra dá conta de sua recusa a incluir ministérios na mesa de negociações políticas.

Sob essa alegação de princípios Marta Suplicy não ganhou lugar na Esplanada para desistir da candidatura a prefeita. Mas os evangélicos ganharam, na expectativa de que persistam no apoio ao governo.

Calcanhar. Aliados de Serra atestam sua desistência de disputar a Presidência em 2014 a fim de aplicar um antídoto antecipado ao discurso adversário sobre a hipótese de, se eleito, renunciar como fez em 2006 para concorrer ao governo de São Paulo e depois em 2010 para ser candidato à presidencial.

O próprio, quando confrontado com o assunto, diz o seguinte: "O projeto Presidência fica para depois".

Sim, mas depois quando? "Aí tenho de confiar na minha juventude."

O tema, no entanto, vai permear a campanha e na seara tucana há quem tenha argumento engatilhado: se houvesse condenação incontornável a renúncias, Serra não teria sido eleito governador depois de deixar a prefeitura.

Faca de gume duplo que poderá não soar convincente ao eleitorado

Confusão à toa. Militares da reserva insistem em confrontar os fatos e desqualificar autoridade do ministro da Defesa por causa da Comissão da Verdade, segundo eles "um ato de revanchismo explícito e de afronta à lei da Anistia".

Criam um caso, desprovidos de sustentação consistente. A comissão é fruto de lei e não tem poder sequer de sugerir punições: seu objetivo é relatar ao país as agressões aos direitos humanos ocorridas durante o regime autoritário.

A reação desses militares não se justifica entre outros motivos porque o Supremo Tribunal Federal já decidiu que a anistia é intocável.

Portanto, quaisquer ações judiciais pedindo punições a partir de informações levantadas pela Comissão da Verdade cairiam no Supremo.

A única possibilidade seria o Congresso alterar a Lei da Anis¬¬tia, o que está inteiramente fora de cogitação.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Uma vela para Deus, outra... :: Eliane Cantanhêde

Ao nomear Marcelo Crivella para o Ministério da Pesca, a presidente Dilma Rousseff tenta matar dois coelhos com uma cajadada só, ou melhor, com uma canetada só. Quer satisfazer o PRB e, ao mesmo tempo, acalmar os evangélicos, de olho no Congresso e na eleição para a Prefeitura de São Paulo.

Crivella é senador do PRB, partido que não tinha nenhum ministério até agora, coitado, e tem um nome para a prefeitura, Celso Russomanno, que lidera as pesquisas e pode tirar votos do candidato do PT, Fernando Haddad. Uma coisa -o ministério- pode compensar a outra -o fim da candidatura de Russomanno.

Mais que isso, Crivella é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e influente integrante da chamada "bancada evangélica", que anda de mau humor com o Planalto e com Haddad por erros e por acertos do governo: a nomeação da ministra Eleonora Menicucci (Mulheres), defensora assumida do aborto; a convocação do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) para que as esquerdas travem uma "disputa ideológica" com as igrejas pela "nova classe média"; e o kit anti-homofobia do MEC à época de Haddad.

Colocados os dados políticos da escolha de Crivella, vem a pergunta que não quer calar: o que o senador evangélico entende de pesca?

Provavelmente, nada, o que não é nem mais nem menos do que seus antecessores no governo Dilma, os petistas Luiz Sérgio, que conseguiu a proeza de pescar duas demissões num único governo, e Ideli Salvatti, que virou ministra da articulação política e foi jogar o arrastão em águas mais profundas -no Congresso.

Essas escolhas apenas comprovam que o Ministério da Pesca é uma abstração e foi criado exatamente para isso: acomodar interesses e aliados políticos, além de justificar uma penca de emendas parlamentares. Poderia ser o ministério do frango, da soja, do gado de corte, do gado leiteiro, quem sabe das almas?

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Baião de dois:: Raquel Ulhôa

Vai levar um tempo para o PT de São Paulo sair das cordas, depois do golpe do prefeito Gilberto Kassab. Golpe que, de resultados tão bons para José Serra, parece fruto de estratégia montada lá atrás, pelos dois, para trazer o ex-governador tucano de volta à cena política como dono da situação.

A articulação de Kassab encurralou o PT, mas teve também efeito interno, no PSDB. Deu a Serra posição privilegiada na relação com o governador Geraldo Alckmin e com o comando do partido. A demora no anúncio da candidatura e a aproximação de Kassab com o PT conseguiram angustiar o governador e o partido. A reeleição de Alckmin em 2014 e a sobrevivência do PSDB estão em jogo.

Um lançamento antecipado de Serra, num ambiente sem ameaça de Kassab apoiar o petista Fernando Haddad, talvez deixasse o tucano à mercê do empenho de Alckmin na campanha. Mas, ao se apresentar quando o jogo era considerado quase perdido, Serra apareceu como espécie de salvador do PSDB. E uma candidatura competitiva em São Paulo tem repercussão nacional.

"Serra e Kassab são almas grudadas", diz um petista de São Paulo, inconformado com o fato de o partido não ter previsto a intenção do prefeito e presidente do PSD, ao se aproximar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Era óbvio demais. Kassab e o PSD não seriam nada sem São Paulo. E Serra não poderia prescindir de concorrer à Prefeitura de São Paulo. Antes, ele tinha apenas o Twitter. Agora está a cavaleiro", avalia.

Justiça seja feita, os recentes lances da disputa eleitoral em São Paulo confirmam teses defendidas pela senadora Marta Suplicy (PT-SP) desde o início de 2011, contrariando os cenários de então. Num momento em que Serra negava de pé junto a intenção de concorrer, ela afirmava que ele acabaria saindo candidato. E, quando o prefeito deixava um partido de oposição (DEM) para criar outro com tendências governistas, ela avisava: ele está a serviço do Serra.

Foi apostando nesse quadro que ela lançou a pré-candidatura, acreditando ser, com a experiência de ex-prefeita, o nome mais competitivo do PT para enfrentar Serra e confrontar a administração de Kassab. Lula e o PT não deram crédito. Lula escolheu Haddad, nunca testado nas urnas, e o PT aceitou. O passo seguinte do ex-presidente foi a aproximação com Kassab.

O prefeito tão combatido pela militância petista foi recebido na convenção do partido, em Brasília. Recebeu vaias de uma parte dos presentes, é verdade, mas também gestos simpáticos da presidente Dilma Rousseff. As vaias não o abalaram. Haddad, com apoio de Kassab e até então sem adversário forte do PSDB, despontava como favoritismo.

O tempo fechou para o PT quando Serra decidiu disputar. Sem constrangimento, Kassab anunciou mudança de planos. Ficaria ao lado do tucano - como, aliás, desde o início tinha avisado que faria, se ele fosse candidato. Mas ele garantia a Lula que Serra era categórico ao rejeitar a ideia. "Acreditamos no Kassab", diz um petista revoltado.

O presidente do PSD deu um nó na campanha do PT. Como avaliou o senador Aécio Neves, deixou Haddad sem condições de fazer oposição ao prefeito na campanha. Como é que o PT vai justificar que Kassab servia como aliado, mas como adversário só tem defeito?

A aposta na parceria com o prefeito paralisou o PT. Ele perdeu tempo na busca de outras alianças. Com isso, a cotação dos indecisos aumentou no mercado. Agora, Dilma está sendo acionada a atender partidos da base, como o PR, que quer retomar o Ministério dos Transportes.
Ao aproximar-se de Lula, Kassab conseguiu outro feito: mascarar a avaliação negativa de sua gestão (42% dos paulistanos consideram a administração ruim ou péssima, segundo pesquisa). Um petista pergunta: "Quem vai falar mal dele, de braço dado com Lula?"

Pelo conjunto da obra, o prefeito está sendo considerado um mestre da política, mesmo deixando insatisfeita muita gente no PSD, que queria entrar logo no governo Dilma. A jogada de Kassab levanta dúvidas sobre a propalada habilidade de articulação de Lula.

O pessimismo começa a rondar o PT. O líder do partido na Câmara, Jilmar Tatto, defendeu aliança com o PMDB, ainda que seja à custa da cabeça de chapa. Irritou o partido. A própria Marta, que teve suas teses confirmadas pelos fatos e foi preterida por Haddad, em conversas com interlocutores, defende outra postura: admitir o erro (como ela fez em sua página no Twitter), se reagrupar e seguir em frente.

Mas não é considerada fácil. Serra tem a seu lado as máquinas municipal e estadual, ferramentas para atrair aliados, o que significa mais tempo de televisão. Haddad tem o governo federal, mas Dilma havia sinalizado, anteriormente, que não permitiria o uso da máquina a favor de candidaturas. A conferir. Haddad tem o apoio de Dilma, mas ela terá dificuldade de subir em seu palanque, ao menos no primeiro turno, já que o vice-presidente, Michel Temer, é o principal padrinho de Chalita.

Há dúvidas quanto ao discurso de Haddad, neófito em campanha eleitoral, como oposição à prefeitura. Depois do flerte de Lula com Kassab, apenas Marta não teria constrangimento em bater no prefeito. Afinal, ela deixou claro desde o início que era contra essa aliança.

Segundo dirigentes do PT, ao ungir Haddad, Lula está trabalhando na renovação do partido. Mesmo perdendo, o ex-ministro da Educação faria parte de uma nova geração de petistas em ascensão. Boa parte dos fundadores do PT está fora de combate, a maioria por envolvimento - ou suspeita de envolvimento - em casos de irregularidades.

Aposta arriscada, que pode atrasar o projeto do PT de recuperar a prefeitura, mas dar resultado futuro. O momento favorece Serra. Um dos riscos, para ele, é não convencer o eleitorado da disposição de cumprir o mandato na prefeitura. Por isso, já começou a campanha. Ontem, disse que o projeto presidencial está adormecido até 2016.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Enfim, uma política de Estado:: Merval Pereira

A aprovação na Câmara do projeto que institui novas regras para a aposentadoria dos servidores públicos é um passo importante para equilibrar as contas no sistema previdenciário brasileiro. E deve ser saudada como a concretização de uma política de Estado de reforma do sistema previdenciário que atravessa quatro governos, dois tucanos e dois petistas.

Desde 1995 os governos vêm perseguindo reformas do sistema previdenciário, tendo conseguido avanços quanto aos servidores privados, mas encontrando resistências corporativas e sindicais quando se trata do servidor público.

Foi aprovada no final do primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso a legislação que passou a permitir a criação de fundos de previdência complementar para os servidores públicos através de lei complementar, mas somente em 2003, já no governo Lula, uma lei nesse sentido passou no Congresso.

A reação dos sindicatos e corporações foi tamanha que o então presidente Lula desistiu de regulamentar a lei, que não entrou em vigor. Esse episódio, aliás, foi decisivo para que Lula abandonasse o ímpeto reformista com que assumiu o Palácio do Planalto. Ele, a partir do desgaste que sofreu em sua base política, desistiu dessa e de outras reformas estruturais.

Agora, a presidente Dilma aproveita a boa fase da economia para afinal regulamentar o funcionamento dos fundos de pensão para os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário.

A necessidade da reforma fica patente quando se analisam os números do sistema previdenciário brasileiro: pelo quarto ano consecutivo, o déficit da previdência dos servidores públicos federais superou o rombo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que se refere aos trabalhadores da iniciativa privada. O déficit do sistema do funcionalismo público cresceu 9,8% de 2010 para 2011, totalizando R$ 56 bilhões para atender cerca de um milhão de servidores, e o do INSS - que atende cerca de 29 milhões de pessoas - foi reduzido em 22,3%, fechando o ano no menor patamar desde 2002, com cerca de R$ 36 milhões.

Para este ano, a previsão é de um déficit da previdência dos servidores públicos de R$ 60 bilhões, enquanto o do INSS deve se manter no mesmo nível do ano passado.

O economista Fábio Giambiagi, especialista em Previdência, considera que o Fundo de Previdência dos Servidores Públicos é uma excelente iniciativa do Executivo que, ele confessa, o surpreendeu positivamente, "pois não esperava no começo do ano que o governo fosse se empenhar tanto na sua aprovação".

O fato de a maioria do PSDB ter votado a favor, repetindo um padrão de comportamento que já tinha sido observado por ocasião da reforma previdenciária de Lula em 2003, é indicativo de que deveria haver um espaço para o PT e o PSDB se entenderem minimamente em relação a certas questões de Estado, diz Giambiagi.

Mas ele ressalta que "é uma pena, porém, que em São Paulo, a nível estadual, o PT não tenha tido a mesma atitude em relação à proposta do governador Alckmin, em essência a mesma que o governo está tentando implementar a nível federal".

Por outro lado, ele lembra que, por mais meritória que seja a proposta a longo prazo, é importante que fique bem claro que a rigor, nos próximos anos, ela terá um efeito negativo sobre as contas fiscais, pelo fato de que o governo deixará de receber a receita de contribuições que exceder o teto do INSS, ao mesmo tempo em que terá que passar a contribuir com a parcela do empregador para o Funpresp.

"Por muitos anos, portanto, haverá um efeito duplamente negativo, que será diluído e depois revertido daqui a algumas décadas, quando o teto de todas as aposentadorias for igual ao do INSS."

Outro especialista, Fabio Zambitte, mestre em Direito Previdenciário, autor do livro recém-lançado "A previdência social no Estado contemporâneo", defende o fim dos regimes diferenciados para servidores, pois "não há razão para a divisão".

Na verdade, ele lembra que a origem dessa divisão é histórica, pois a aposentadoria de servidores possuía a natureza jurídica de prêmio, já que a função pública nada mais era do que uma delegação real. "Era um prêmio pela atividade leal ao Rei."

Após a reforma de 2003, com a consolidação no Brasil do modelo contributivo também para os servidores, "o melhor seria a unificação".

Ele admite que a proposta é ousada, "pois a segregação em regimes diferenciados, também pelos mesmos motivos históricos, é a regra mundo afora. Todavia, se os riscos são os mesmos (doença, idade avançada, morte etc.), não há motivo para distinções".

O fundo dos servidores é um primeiro passo nesse sentido, "pois nivelará os benefícios do regime geral com os regimes próprios".

No seu livro, Zambitte propõe, em linhas gerais, adotar um modelo universalista, como primeiro pilar, com garantia universal de benefícios em determinadas contingências (idade avançada, doença etc.), financiado por impostos. "Não estabeleço um patamar remuneratório determinado, pois isso dependerá de quanto a sociedade estará disposta a financiar, e deverá ser fixado pelo Parlamento", esclarece o autor.

Um segundo pilar, igualmente compulsório, complementaria o primeiro, visando atender, além do mínimo existencial, algum grau de bem-estar compatível com a vida ativa da pessoa. "O financiamento seria por adicional de imposto de renda, viabilizando a tributação de acordo com a renda e, então, fixando o benefício de acordo com o custeio individual."

O terceiro pilar seria a previdência complementar privada de hoje.

FONTE: O GLOBO

Vítimas da predação

A aprovação do Funpresp (Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal) mostra como uma medida correta pode ser desvirtuada pela sanha com que o PT e seus aliados se lançam sobre o patrimônio público. Antes mesmo de o novo órgão sair do papel, os comensais já estão se matando pelo bilionário montante de dinheiro que pode vir a ser movimentado.

O Funpresp destina-se a equacionar o déficit da Previdência gerado pelos cerca de 950 mil aposentados e pensionistas da União. Este diminuto grupo responde por rombo que chegou a R$ 60 bilhões em 2011. Apenas para comparar: no regime geral do INSS, que banca aposentadorias de 29 milhões de pessoas do setor privado, o déficit foi de R$ 36,5 bilhões no ano passado.

Pela proposta aprovada ontem na Câmara, o valor máximo do benefício pago pela União será de R$ 3,9 mil, igual ao atual teto do INSS. Os servidores terão desconto de 11% do salário e quem quiser benefício maior terá que pagar mais ao Funpresp. O governo federal também participará, aportando até 8,5% do salário do funcionário.

A criação de um fundo complementar era prevista desde que a Previdência passou por reforma, em 1998, na gestão Fernando Henrique. No governo Lula, o governo tentou, ainda que timidamente, levar a proposta adiante, mas fracassou.

O Funpresp permite reverter uma situação que, de outra forma, poderia ser explosiva. É importante que os direitos de quem já é funcionário público serão preservados: as novas regras só valem para quem ingressar após a mudança na lei.

"A expectativa é de que, num prazo de apenas cinco anos, cerca de 40% dos servidores estarão em condições de se retirar e provocar uma onda de aposentadorias e, em consequência, um boom de novas contratações. É preciso corrigir a rota antes da entrada desse novo contingente de servidores", comentou o Valor Econômico em editorial na semana passada.

A boa iniciativa, porém, já começou a ser desvirtuada. Ao contrário do que previa a proposta original, o próprio Funpresp poderá gerir os recursos aportados pelos servidores. Com isso, uma montanha de dinheiro será posta à disposição dos dirigentes do órgão - que, desde já, desponta como uma das mais cobiçadas joias da coroa do serviço público federal.

"A estimativa é que o fundo, que começou a ser votado ontem na Câmara, alcance um patrimônio de R$ 150 bilhões em até 20 anos, tornando-se, na prática, um poderoso ministério. A exemplo do que ocorre no Banco do Brasil, o PT e o PMDB iniciaram uma guerra surda pelo comando dos fundos que irão cuidar das aposentadorias dos servidores públicos", destaca O Estado de S.Paulo.

O PSDB apresentou emenda que restringia a instituições financeiras (carteiras administradas ou fundos de investimentos) a administração dos recursos aportados pelos funcionários públicos. Era uma maneira de resguardar o patrimônio e o futuro dos servidores.

Mas o PT insistiu para que o Funpresp dispusesse de uma carteira própria; quer ver o dinheiro livre nas mãos de quem o partido indicar. Não é preciso ir longe para imaginar o que poderá ocorrer com esta verba. Basta olhar para a guerra sangrenta que se desenrola entre a direção do Banco do Brasil e a da Previ. Pelos padrões petistas, em alguns anos o Funpresp será tão ou mais cobiçado que o poderoso fundo de pensão dos bancários do BB.

Trata-se da reprodução de um modelo predatório que se disseminou e se multiplica desde a gestão Lula, e que continua sem combate no governo Dilma Rousseff. Note-se que a briga no BB teve início na disputa pelo comando da Vale, uma companhia privada cujo conselho de administração é presidido pelo indicado da Previ. Como se vê, onde pode o petismo tenta se infiltrar.

Predação similar ocorre na Antaq, como mostra hoje o Valor, e na Petrobras, que ontem oficializou a criação de uma diretoria exclusivamente destinada a acolher um ex-presidente do PT: José Eduardo Dutra assumirá o cargo com salário de R$ 70 mil, dos quais 30% irão mensalmente para a legenda. Para o partido de Lula, Dilma e José Dirceu, o importante é manter os dutos permanentemente irrigados. O Funpresp é a nova vítima.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Serra: o sonho do Planalto está adormecido

Tucano repetiu promessa de que, se eleito prefeito de SP, cumprirá todo o mandato e ficará fora das eleições em 2014

Silvia Amorim

SÃO PAULO. O ex-governador José Serra (PSDB) afirmou ontem que, apesar de ter decidido disputar a prefeitura de São Paulo, não enterrou o projeto de concorrer, pela terceira vez, à Presidência da República. Mas disse que, ao menos até 2016, esse sonho ficará "adormecido". E garantiu que, se eleito, cumprirá os quatro anos de mandato à frente da prefeitura.

Em 2006, mesmo após ter assinado documento, registrado em cartório em 2004, prometendo não abandonar a prefeitura antes do fim da gestão, Serra deixou o posto, dois anos após assumi-lo, para concorrer ao governo paulista. Depois, em abril de 2010, deixou o governo de São Paulo para disputar a Presidência da República. O episódio é assunto preferencial no discurso dos adversários neste ano.

- Eu sei que essa questão vai ser muito posta, principalmente pelos adversários, mas essa é minha decisão. Eu tenho muito claro que esse será um ponto importante. Eu vou cumprir os quatro anos. É mais do que promessa - declarou Serra, em sua primeira entrevista após entrar na corrida eleitoral em São Paulo.

A menos de um mês do seu aniversário de 70 anos e bem-humorado, o tucano disse estar em boa forma física e que ainda tem muito tempo para tentar chegar à Presidência da República. No auditório montado na sede do partido em São Paulo para o pronunciamento de Serra, outdoors da campanha dele em 2010 - e fixados ali desde então - ocupavam uma das paredes laterais.

- Não é a primeira vez na vida que eu tomo um outro rumo. Agora, quanto ao sonho (de disputar a Presidência da República), ele pode permanecer. Pelo menos até 2016 esse sonho está adormecido. A decisão que eu tomei agora implica não ser candidato em 2014 .

O discurso sinalizaria, em tese, caminho aberto para a escolha do senador Aécio Neves como candidato do partido em 2014. Mas Serra deixou claro que não considera hoje o mineiro como o nome natural.

- Há outros candidatos, o Marconi Perillo, o Álvaro Dias, o Aloysio Nunes e até o Geraldo Alckmin. Mas, sem dúvida, ele (Aécio) é um dos nomes.

Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto, Serra admitiu que a eleição em São Paulo será muito difícil por estarem em jogo interesses de várias "forças políticas". Ele evitou comentar a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff no pleito e disse estar mais interessado em debater temas locais.

FONTE: O GLOBO

Disputa eleitoral pode fazer PSB abandonar governo Alckmin

Secretário de Turismo, que é presidente estadual da legenda, deixará cargo caso partido feche com o PT

Governo do Estado tenta assegurar apoio do PSB a José Serra, mas líderes nacionais da sigla devem forçar adesão a Haddad

Daniela Lima

SÃO PAULO - O presidente estadual do PSB, Márcio França, hoje secretário estadual de Turismo em São Paulo, pode ser a primeira baixa provocada pela queda de braço entre petistas e tucanos para reforçar suas candidaturas na capital.

França já avisou a pessoas próximas ao governador Geraldo Alckmin que entregará o cargo caso não consiga manter o seu partido longe do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, o ministro Fernando Haddad.

O secretário está no centro da disputa promovida pelo PT e o PSDB por um acordo com seu partido nas eleições.

Aliado da presidente Dilma Rousseff no governo federal, o presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), já manifestou preferência pela candidatura de Haddad.

Ele virá a São Paulo no fim de semana para consultar o diretório estadual sobre a disputa na capital.

França e Campos haviam garantido a Alckmin que apoiariam o candidato do PSDB na eleição da capital em troca do suporte dos tucanos ao pré-candidato socialista da cidade de Campinas, Jonas Donizette. O acordo foi feito, mas não deve ser cumprido por conta da entrada do ex-governador José Serra na eleição paulistana.

Campos avalia que a entrada de Serra nacionaliza a eleição e fragiliza sua aliança com a presidente Dilma. O PSB está com o PT desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula.

Para conter o impasse e evitar o rompimento com o PSDB, França apresentará uma nova opção a Campos.

A ideia é manter o PSB longe da polarização de petistas e tucanos, fazendo com que o partido apoie um candidato independente. Nesse caso, o escolhido seria Paulinho da Força, presidente do PDT, que deverá concorrer pela sigla.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PV começa a pressionar Kassab por vice na chapa

Diego Zanchetta

A cúpula do PV em São Paulo desencadeou ontem uma ofensiva para pressionar o prefeito Gilberto Kassab (PSD) a indicar Eduardo Jorge, atual secretário de Meio Ambiente, como vice na chapa que deve ser encabeçada pelo ex-governador José Serra (PSDB). Caso não consiga emplacar o vice do tucano, o PV estuda fazer uma coligação com o PPS da pré-candidata Soninha. O objetivo do PV com a reação é garantir a reeleição da bancada de cinco parlamentares, a quarta maior na Câmara Municipal paulistana. Vereadores da sigla foram ontem à tribuna discursar sobre uma possível candidatura própria como "terceira via na cidade", sem aliança com as chapas tucana ou do PT.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Jornalistas no fio da navalha:: Mauro Malin

A relevância jornalística e a inevitável polarização política do programa Roda Vida de segunda-feira (27/2), quando o entrevistado foi o professor Bruno Daniel, irmão do prefeito petista de Santo André assassinado há dez anos, Celso Daniel, levou os entrevistadores a questionar agressivamente o homem que estava no centro do cenário.

Se não o fizessem, seriam acusados de estar a serviço do PSDB, instalado no governo que destina verbas à TV Cultura e nomeia seus dirigentes. Aliás, foram acusados disso pelo simples fato de terem convidado Bruno Daniel. Às 19h42 de segunda-feira — portanto duas horas e dezoito minutos antes do início do programa —, o ex-deputado federal e ex-vice-prefeito de São Paulo Luiz Eduardo Greenhalgh tuitou: “PSDB transformando TV Cultura, patrimônio de São Paulo, em palanque político e arma de campanha suja contra o PT”.

As pressões, petistas ou tucanas, haviam começado no dia 22, quando o primeiro “post” sobre o tema foi escrito. E após o programa houve quem perguntasse, no miniblogue, se o apresentador do programa, Mário Sérgio Conti, havia recebido dinheiro para ser “advogado do PT”.

Esse é um dos riscos do trabalho jornalístico com material altamente inflamável. Nenhum dos presentes, por exemplo, mencionou o caso análogo do então prefeito Toninho do PT, assassinado em Campinas quatro meses antes do sequestro e morte de Celso Daniel, por motivos que, segundo a família de Toninho, seriam análogos aos que os irmãos de Celso Daniel apontam como causa de sua eliminação: corrupção para fazer caixa dois.

Perguntas falhas e fios soltos

Houve perguntas falhas e fios que ficaram soltos, como quando Bruno Daniel, logo no início, afirmou que havia um esquema de corrupção montado em Santo André para caixa dois do PT “e de outros partidos” – ninguém perguntou: “Que partidos?” Também não foi relembrado que o posto de Celso Daniel na campanha de Lula para a presidência veio a ser ocupado pelo ex-prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci.

Foi um programa feito no fio da navalha. Deixou no ar muita coisa que poderá ser objeto de reportagens e artigos nos próximos dias. Mas valeu a pena. Antes de tudo, porque deu voz ao chefe da única família brasileira que pediu asilo político sob a Constituição de 1988. Além disso, porque Bruno Daniel manteve a calma sob o tiroteio e abordou pontos importantes:

1. As ações de Gilberto Carvalho para “defender o tempo inteiro a tese de crime comum” não teriam sido iniciativas isoladas: “Tudo isso foi muito bem discutido e articulado por um conjunto de lideranças do partido e de fora do partido”;

2. Quando lhe perguntaram por que Gilberto Carvalho teria confidenciado a ele e seu irmão João Francisco que ele mesmo, Carvalho, entregava a José Dirceu dinheiro arrecadado via Prefeitura de Santo André, Bruno afirmou que esse gesto destinava-se a fazer a família desistir de buscar esclarecimentos, à vista do fato de que Celso Daniel estava envolvido numa atividade criminosa. Isso permite a leitura de que as máquinas irregulares ou criminosas criam uma dinâmica própria que afeta em cascata as relações políticas e humanas;

3. “Tanto o Ministério Público quanto a família consideram que Celso era visceralmente contrário à utilização desses recursos para enriquecimento pessoal”. Essa atitude corresponde à ideia – hoje aparentemente superada – de que roubar para o partido é pecado venial, mas roubar para enriquecimento pessoal é pecado mortal, ou “crime de sangue”, como alguns gostavam antigamente de dizer, sem saber que a metáfora se transformaria na própria realidade;

4. Todos os partidos se igualam no interesse em manter submersos os esquemas de arrecadação de recursos. A Polícia Civil de São Paulo, submetida a um governo do PSDB, teria concluído tratar-se de crime comum, em processo com muitas falhas, segundo Bruno Daniel, porque aos tucanos não interessaria a investigação da hipótese de crime encomendado;

5. Tudo isso configura uma institucionalidade muito ruim no país.

FONTE: OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA

Waldomiro condenado a 12 anos de prisão

Pivô do primeiro escândalo do governo Lula, o ex-presidente da Loterj Waldomiro Diniz foi condenado a 12 anos de prisão, informa Ancelmo Gois. Coincidentemente, foi preso ontem em operação da Polícia Federal o bicheiro Carlinhos Cachoeira, a quem Waldomiro pediu propina, em negociação flagrada em vídeo, em 2004

Ancelmo Gois

Crime e castigo

Veja a coincidência. Na semana em que a PF prendeu em Goiás, entre outros, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a juíza Maria Tereza Donatti, da 29ª Vara Criminal do Rio, condenou por "corrupção passiva e ativa e crime contra à lei de licitações" Waldomiro Diniz da Silva, ex-presidente da Loterj de Garotinho, e Carlos Ramos, representante do consórcio Combralog.

Respectivamente, as penas são de 12 e oito anos, mais multa de R$170 mil e R$85 mil.

Segue...

O escândalo estourou em 2004, quando a revista "Época" revelou vídeo em que Waldomiro pedia propina a Cachoeira.

Waldomiro era próximo de Zé Dirceu. Chegou a trabalhar com o ex-ministro na Casa Civil de Lula, como subchefe de Assuntos Parlamentares.

FONTE: O GLOBO

Mais meio trilhão de euros:: Celso Ming

Foi grande nesta quarta-feira o comparecimento dos bancos europeus à segunda megaoperação de crédito barato promovida pelo Banco Central Europeu (BCE).

Desta vez, nada menos que 800 bancos tomaram 529,5 bilhões de euros em empréstimos, por três anos, dentro das condições da Operação de Refinanciamento de Longo Prazo (LTRO, na sigla em inglês).

Para as instituições financeiras europeias, é mamão com açúcar. Poderão agora aplicar esse capital (pelo qual pagarão juros de apenas 1% ao ano) em títulos dos países do euro que lhes renderão, no mole, juros de 3%, 4% ou 5% ao ano. Até recentemente, um banco que se atirasse ao crédito fácil junto ao banco central de seu país era visto com suspeita, porque indicava problemas patrimoniais. Pois até esse estigma parece ter sido removido depois que, encorajados pelo BCE, bancos reconhecidamente sólidos admitiram ter recorrido a esse guichê.

Só nas duas operações desse tipo – a desta quarta e a de 21 de dezembro – o BCE, presidido pelo italiano Mario Draghi, despejou mais de 1 trilhão de euros. O objetivo é proporcionar abundância de recursos que, em seguida, vão disputar a compra de títulos que vierem a ser colocados no mercado para dar cobertura a déficits e, assim, ajudarão a derrubar os juros de longo prazo – cuja alta vinha tirando sustentação das dívidas públicas da área do euro (veja o Confira).

Desde 2008, o BCE emitiu nada menos que 3,2 trilhões de euros para tirar o fôlego da crise. Mas esses mecanismos não resolvem os enormes problemas que estão nos fundamentos do euro; apenas desmontam fatores imediatos de pânico que uma quebra em cadeia dos bancos provocaria. Nessas condições, ajudam a ganhar tempo que pode, em princípio, ser aproveitado pelas autoridades para encaminhar soluções de fundo.

O BCE corre dois grandes riscos: primeiro, o de provocar inflação, que poderia vir na cauda dessas enormes emissões de moeda; segundo, perder certa dose de credibilidade. Explica-se: como garantia desses empréstimos de três anos, o BCE passou a aceitar títulos públicos e privados de dívida cuja qualidade levanta reservas no mercado.

Essas operações do BCE somam-se às equivalentes do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos), do Banco da Inglaterra e do Banco do Japão na produção de importantes efeitos colaterais. Geram enorme liquidez (abundância de dinheiro). Se somente um grande banco central recorresse a elas, o efeito da desvalorização de sua própria moeda seria mais visível. No entanto, como todos eles estão emitindo, as desvalorizações em boa parte se anulam quando comparadas entre si – e arrastam também o yuan da China, que tem suas cotações amarradas à do dólar. É o grande jogo global das moedas que o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, está chamando de guerra cambial.

Como já analisado nesta Coluna em outros momentos, do ponto de vista do Brasil essa megainjeção de moeda nos mercados já provocou – e tende a continuar provocando – valorização do real (baixa do dólar), porque o Banco Central brasileiro não tem capacidade de contra-ataque que evite inflação imediata nas proporções que neutralizariam essa consequência.

CONFIRA

O gráfico mostra como o despejo de crédito pelo BCE derrubou o rendimento (yield) de três títulos de dívida da área do euro.

Não é pra já. O presidente do Fed, o banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, deu nesta quarta-feira a entender que não pretende recolocar em marcha tão cedo as operações de recompra de títulos do Tesouro americano.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Viciados em liquidez:: Míriam Leitão

Com a operação de ontem, o Banco Central Europeu injetou 1 trilhão no sistema financeiro em três meses. Os bancos tomaram o dinheiro emprestado e isso diminuiu a desconfiança entre eles. Uma parte dos recursos será usada para comprar títulos dos países em crise, o que diminuirá o custo da dívida dos governos. O problema é que o dinheiro barato buscará rentabilidade em vários mercados, aumentando a chance de formação de bolhas.

O BCE espera por três coisas ao colocar mais dinheiro na mão dos bancos: que eles melhorem seus balanços, evitando a desconfiança entre eles e uma crise no sistema financeiro; que usem parte dos recursos para comprar títulos dos governos da região; e que repassem o crédito à iniciativa privada, estimulando investimentos das empresas e consumo das famílias. Dos três objetivos, os dois primeiros, de fato, parecem estar acontecendo. A ameaça de uma crise financeira na Europa ficou menor nos últimos meses, as taxas de juros do interbancário caíram. Ao mesmo tempo, os juros pagos pelos governos da Europa para rolagem de dívidas ficaram menores. E isso é bom principalmente para os casos de Espanha e Itália, duas economias grandes demais para serem socorridas.

Mas a indução do crescimento via aumento de crédito não está acontecendo. A demanda na Zona do Euro está fraca, o desemprego está alto, com média de 10,4%, seis países da região estão em recessão, e o mercado já está inundado de liquidez. Não há apetite por mais dívidas e os bancos estão preferindo manter o dinheiro em caixa.

José Júlio Senna, da MCM consultores, explica que o BCE foi obrigado a flexibilizar as exigências de garantias para os empréstimos, para que mais bancos pudessem participar da operação. Isso tirou do radar dos investidores o risco de quebra de alguma instituição e aumentou o apetite por risco nos mercados:

- Os governos da região ganham mais tempo para fazer os ajustes que têm que fazer, como privatizações, corte de salários de funcionários públicos, mudanças nas legislações, aumento da idade das aposentadorias. Mas a operação não muda a essência do problema europeu, que é de um estoque muito grande de dívida por parte dos governos dentro de um ambiente de recessão. Ainda estamos a uma longa distância da linha de chegada.

O estrategista da Pentágono Asset, Marcelo Ribeiro, acredita que a medida não irá resolver o problema de baixa competitividade de vários países da região. Também aponta uma série de riscos que serão contratos para o futuro.

- O grande risco da operação é o excesso de liquidez que será gerado. A Europa tem muitos países com problemas, e os bancos vão pegar esse dinheiro para comprar títulos desses governos. Os juros vão cair, dando a impressão de que o risco ficou menor. Mas na verdade ele continua lá. Teremos uma melhora aparente, que acontecerá via indução monetária. Além disso, haverá um descolamento ainda maior entre ativos financeiros e a economia real. O lucro das empresas continuará baixo, o desemprego continuará alto - explicou.

Newton Rosa, da Sul América Investimentos, ainda não vê um risco iminente de bolhas porque o mundo está crescendo pouco e não há espaço para a valorização forte dos ativos. Mas diz que os bancos centrais terão o enorme desafio de saber quando toda essa liquidez terá que ser recolhida.

- Essa discussão já está acontecendo dentro do Fed, o banco central americano. Alguns dos seus membros estão votando pelo aumento de juros e pelas restrições das políticas monetárias. A dificuldade dos bancos centrais será saber quando reverter essa política - disse.

A operação de ontem do BCE é mais uma das várias operações das autoridades monetárias na mesma linha: uma superexpansão de crédito num mundo já de juros em torno de zero, para através dessas ações evitar o pior da crise. Isso funciona num primeiro momento, mas depois o mercado começa a exigir mais e mais injeções monetárias. Cada evento desses tem um efeito menor e mais curto. E novas enxurradas monetárias são exigidas. Todo esse dinheiro reduz os efeitos da crise, mas começa a causar desequilíbrios como a formação de bolhas ou a distorção em preços de ativos.

Na maioria das economias emergentes as moedas estão ficando muito valorizadas, como no Brasil. Para piorar um quadro já complexo, a China não tem câmbio flutuante. Isso faz com que o maior exportador do mundo tenha a vantagem de um anabolizante cambial tornando seus produtos mais competitivos do que normalmente já seriam. O comércio internacional passa a ser impactado diretamente por toda essa alteração artificial dos preços das moedas.

No momento de desespero, quando houve o colapso do Lehman Brothers, em 2008, havia necessidade dessa expansão monetária para evitar que aquela crise aguda de confiança entre os bancos provocasse uma queda em dominó de instituições financeiras. Agora, há uma crise fiscal crônica e de superendividamento. O que houve ontem foi a administração de mais um pouco da droga para um organismo que já está ficando viciado. Até agora, os maiores bancos centrais do mundo - Fed, BCE, Banco do Japão e da Inglaterra - ofereceram aos bancos em ajuda de liquidez mais de US$ 5 trilhões.

FONTE: O GLOBO