quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Exportação primária - Míriam Leitão

A Argentina, que enfrentou ontem um dia de greve, é muito dependente das exportações de soja. A safra foi menor, por causa da seca do início do ano, e entraram menos dólares na economia. Há controle para a compra e venda de moeda. A Venezuela vive problema semelhante quando cai o preço do petróleo. O Chile está sujeito às oscilações do cobre, mas criou um fundo soberano de reservas.

É sempre um risco para um país a concentração de exportações em commodities. O preço tem cotação internacional e a produção, no caso das agrícolas, está sujeita às mudanças do clima. Segundo dados da consultoria argentina Abeceb, a exportação do complexo soja representa 24,5% do total exportado pela Argentina. Isso quer dizer que um em cada quatro dólares que entram na economia depende da produção de soja. Juntando milho e trigo, o percentual chega a 33%. O economista-chefe da consultoria, Mariano Lamothe, explicou à coluna que a seca no início do ano e o excesso de chuvas, agora, afetaram a produção.

Na Venezuela, segundo o economista Pedro Palma, da consultoria Ecoanalítica, 95% da receita de exportação vêm do petróleo. Quando o preço no mercado internacional cai, a economia venezuelana desaba junto. Foi isso que aconteceu em 2009 e 2010, quando o PIB recuou 3,2% e 1,5%, respectivamente. Pior, o governo Chávez não aproveita os tempos de vacas gordas para fazer poupança. Hoje, o país convive com várias taxas de câmbio.

O Chile cresceu 5,7% no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2011. Mas o crescimento veio acompanhado de déficit em conta corrente, que disparou de 3% para 7% do PIB. O consumo foi forte e as importações aumentaram. O cobre representa metade do que o país exporta, e o preço caiu. Os chilenos, no entanto, têm um fundo soberano para guardar dólares. Isso impede a falta de moeda estrangeira em tempos mais bicudos.

Melhor do que todos faz o Brasil. Embora ainda dependente da exportação de matérias-primas, temos a vantagem de exportar commodities agrícolas, minerais e de energia. Quando o preço de um cai, o de outro pode subir. É o que está acontecendo este ano. A exportação de minério de ferro despencou 25%, mas foi compensada pelo aumento da exportação de soja, que subiu 18%. Menos mal.

Dúvida sobre crescimento argentino. O nível de atividade econômica na Argentina pode ser ainda mais fraco do que o divulgado pelo Indec, o instituto oficial de estatísticas. A consultoria inglesa Capital Economics tem um indicador próprio para medir o crescimento do país, como mostra o gráfico abaixo. Ele indica um ritmo de expansão menor nos últimos anos.

O custo das guerras para os EUA. Manter a máquina de guerra tem custado caro aos americanos. O departamento de Defesa solicitou US$ 150 bilhões para pagar militares ativos e inativos no ano que vem. No total, o Orçamento da pasta é de US$ 525 bilhões para 2013. Com os cortes automáticos, ou seja, em caso de abismo fiscal, haveria redução de 11%, para US$ 469 bilhões. Ainda assim, uma montanha de dinheiro.

Fonte: O Globo

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