segunda-feira, 18 de julho de 2011

Opinião – Luiz Werneck Vianna:a política e os partidos

A política é capturada pelo Estado; de outra parte, o presidencialismo de coalizão em vigência converte os partidos políticos em partidos de Estado e sem representação significativa na sociedade civil. Tal configuração veio a ser reforçada pela crise de 2008, levando a uma revalorização acrítica do Estado Novo e até mesmo de governos do regime militar.

Luiz Werneck Vianna, professor – pesquisador da PUC-Rio. Tópicos para um debate sobre conjuntura. 30/10/2009.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO


Teresópolis terá de devolver o dinheiro das chuvas
Dnit gastou 33% a mais sem licitação
Indústria já cancela investimentos
Após tragédia, Anac suspende voos da Noar

FOLHA DE S. PAULO

Expansão imobiliária cria cinturão de favelas em SP
Dilma demite logo para se preservar na classe média

O ESTADO DE S. PAULO

Dnit e Valec têm contratos com empresas suspeitas
Cresce envio de recursos de múltis do País
Mãos à obra

VALOR ECONÔMICO

Belo Monte traz 'pesadelo' logístico para empresas
Um plano de segurança para a Copa
Avanço desigual da receita do ICMS
Cresce desembolso do BNDES para as pequenas empresas

ESTADO DE MINAS

Aposentado vira arrimo de família
Cancelamento de voo sem dor de cabeça
Empaca o combate à corrupção
Outro rombo em projetos ferroviários

CORREIO BRAZILIENSE

E no país da corrupção...

ZERO HORA (RS)

DPs e Brigada Militar ampliam ofensiva pelo desarmamento no RS

JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Governo paga em setembro revisão da aposentadoria

Teresópolis terá de devolver o dinheiro das chuvas

Na contramão do esforço que mobilizou voluntários em todo o país, comovidos com a tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio no início deste ano, uma quadrilha agiu dentro da prefeitura de Teresópolis, usando artifícios como notas fiscais frias, firmas fantasmas, pagamentos fictícios e "laranjas" para desviar recursos públicos destinados às vítimas e à recuperação da cidade. A conclusão é da Controladoria Geral da União (CCU), que já determinou o bloqueio de contas do município e vai exigir a devolução dos R$ 7 milhões transferidos na época pela União

Fechando a torneira da corrupção

Desvio de verba leva União a exigir ressarcimento e bloquear conta de Teresópolis

Antônio Werneck

Seguindo o rastro do dinheiro, técnicos da Controladoria Geral da União (CGU), em Brasília, encontraram indícios de uma ação criminosa dentro da prefeitura de Teresópolis, envolvendo a aplicação dos R$7 milhões enviados pelo governo federal para socorrer as vítimas das enxurradas ocorridas em janeiro. As suspeitas são de desvio de dinheiro público com uso de "laranjas", pagamentos de serviços fictícios e a empresas fantasmas ou de fachada, além de fraudes em nota fiscal. Diante de tantas irregularidades, a CGU determinou, na última sexta-feira, o bloqueio da conta da prefeitura de Teresópolis abastecida pela União e vai exigir o ressarcimento de todo o dinheiro transferido para o município.

O GLOBO teve acesso a trechos do relatório da CGU, que só ficará pronto em dez dias. Para que a prefeitura de Teresópolis apresente sua defesa, será notificada ainda esta semana. Desde que o jornal começou, no dia 10 passado, uma série de reportagens com denúncias sobre a cobrança de propinas de até 50% de empresas contratadas para trabalhar na recuperação da cidade, a administração do município vem negando as acusações.

Mãe de suposto sócio recebe Bolsa Família

Segundo Luiz Cláudio Freitas, coordenador-geral de Auditoria da Área de Integração Nacional da CGU, técnicos observaram que, aparentemente, a prefeitura de Teresópolis tentou dificultar o rastreamento dos recursos, ao repassar dinheiro a diversas contas.

- A movimentação financeira da prefeitura de Teresópolis com os recursos transferidos pelo governo federal foi atípica. Normalmente, apenas uma conta bancária específica é aberta. Nós notamos que os gestores municipais tentaram dificultar, com várias transferências e usando diversas contas, o rastreamento do dinheiro.

A movimentação atípica e o repasse de recursos para empresas de fachada, supostamente operadas por "laranjas", serão comunicados esta semana ao Ministério Público Federal e à direção-geral da Polícia Federal. A CGU e o Ministério da Integração Nacional - que repassou os recursos - querem o assunto investigado.

- Vamos acionar os meios competentes para investigar rigorosamente o caso e punir os culpados. Logo nos primeiros dias da tragédia, nos deslocamos para a Região Serrana e montamos um gabinete de crise. O objetivo era ao mesmo tempo socorrer as vítimas e acompanhar o uso do dinheiro público - disse o coronel Humberto Viana, secretário nacional de Defesa Civil.

Segundo técnicos da CGU, apesar de funcionários municipais de Teresópolis tentarem encobrir supostas fraudes, foi possível rastrear o dinheiro. Eles constataram, por exemplo, que, dos R$7 milhões, a empresa RW de Teresópolis Construtora e Consultoria LTDA ficou com 64%: cerca de R$4,5 milhões. A empresa já teria embolsado R$873 mil, faltando receber R$3.710 milhões.

Desconfiados, os técnicos descobriram que a RW, até novembro de 2009, era uma locadora de vídeo no Centro do município: a Virtual de Teresópolis Vídeo Locadora LTDA. Descobriram ainda que o capital social da empresa na Receita Federal é de apenas R$80 mil, que o sócio administrador tem 21 anos e, até 2009, exercia a função de montador de equipamentos eletrônicos na Castilla Indústria e Comércio de Equipamentos de Lazer LTDA. A mãe do sócio mora numa casa humilde e está cadastrada para receber dinheiro do Bolsa Família.

A videolocadora virou a construtora RW em 2010, ano em que passou a receber recursos da prefeitura de Teresópolis, vencendo licitações para diversas obras na cidade, que supostamente nunca foram concluídas ou apresentaram problemas técnicos. Como O GLOBO noticiou há uma semana, um empresário - o verdadeiro dono da RW - procurou o Ministério Público Federal para contar tudo que sabia sobre o esquema de corrupção, em troca de perdão judicial e proteção para sua família (mecanismo chamado de delação premiada).

Em depoimento, ele revelou que vencia as concorrências porque participava de um suposto esquema de corrupção que funcionava na prefeitura de Teresópolis, envolvendo empresas que atuaram em pelo menos quatro municípios da Região Serrana na época da tragédia. Disse ainda que passou a pagar propina a dois ex-secretários municipais e ao chefe do processo de licitação do município em 2010. Segundo revelou, os vencedores eram conhecidos antes mesmo de as concorrências serem lançadas.

FONTE: O GLOBO

Dnit gastou 33% a mais sem licitação

De 2009 para 2010, o Dnit aumentou em 33% o valor dos contratos feitos com dispensa de licitação, entregando às empresas R$ 228 milhões, segundo informações enviadas ao Tribunal de Contas da União. O contrato mais caro feito sem licitação foi fechado com a empreiteira Contractor, que recebeu R$ 9,9 milhões de janeiro de 2010 até agora, para fazer obras num trecho da BR-101 perto de Vitória. A oposição tentará convocar o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para depor na Câmara sobre as acusações de irregularidades em sua Pasta

Controle quase impossível

Entre 2009 e 2010, Dnit aumentou em 33% o valor dos contratos feitos sem licitação

Chico de Gois e Roberto Maltchik

O Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit) aumentou em 33%, de 2009 para 2010, o valor de contratos feitos com dispensa de licitação. Em 2009, o órgão ligado ao Ministério dos Transportes gastou R$171,4 milhões em 90 contratos que não passaram pelo processo de concorrência pública. Em 2010, R$228,2 milhões foram destinados às empresas sem licitação, em 80 contratos. As informações constam no Relatório de Gestão de 2010 do Dnit, enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Na lista das contratações por dispensa de licitação, as fundações que atuam no gerenciamento ambiental de obras rodoviárias amealharam as faturas mais altas. Em apenas quatro contratos, o Dnit gastará R$45 milhões para o gerenciamento ambiental de obras listadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O mais caro contrato de gerenciamento ambiental sem licitação - de R$18 milhões - foi fechado com a Fundação Bio-Rio para os serviços de gerenciamento da BR-135, nos estados de Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais. A reforma da BR-135 é obra do PAC. O contrato foi assinado em abril de 2010 e tem duração de dois anos. Entretanto, o Dnit também contratou por R$12 milhões a Fundação Roberto Trompowsky para a "elaboração de estudos e pesquisas, visando o apoio ao gerenciamento ambiental institucional das obras rodoviárias do PAC".

O gerenciamento ambiental, sem licitação, da BR-230, no Pará, foi contratado por R$11,2 milhões e os serviços de arqueologia para o licenciamento ambiental da BR-429, em Rondônia, custaram mais R$5,7 milhões.

Na BR-101, contrato de R$66,8 milhões

Mas nenhuma contratação de gerenciamento ambiental se compara ao milionário contrato sem licitação para complementar as obras na BR-101, no contorno rodoviário de Vitória, no Espírito Santo. De acordo com o próprio Dnit, a empresa Contractor deve receber R$66,8 milhões para atuar em um trecho de 6,2 quilômetros, entre os Kms 288 e 294 da rodovia. A Superintendência Regional do Dnit no Espírito Santo é a responsável pelo contrato. A Contractor já recebeu R$9,9 milhões de janeiro de 2010 até agora.

Em 2010, ano de eleições, o Dnit também praticamente dobrou os valores repassados por meio de convênios a estados, municípios e outros órgãos governamentais. Em 2008, foram celebrados 14 convênios, com um gasto de R$25,5 milhões. Em 2009, os convênios celebrados foram 18, mas o repasse foi muito maior: de R$78,8 milhões. Mas nada comparado a 2010: em três convênios, foram despendidos R$116,5 milhões.

A despesa com os 17 termos de compromisso assinados em 2008 foi de R$78 milhões. Em 2010, com 19 termos de compromisso foram com gastos de R$1 bilhão. Entre esses termos de compromisso, há alguns vinculados ao Amazonas ou a prefeituras do estado. O ex-ministro Alfredo Nascimento foi candidato ao governo do Amazonas em 2010, mas não se elegeu. Um desses contratos foi firmado com a secretaria de Infraestrutura, no valor de R$16,6 milhões. Outro, com a prefeitura de Boca do Acre, de R$3,1 milhões.

Em ano eleitoral e com o PAC a pleno vapor, as despesas com concorrências praticamente dobraram. Enquanto em 2009 a autarquia reservou R$2,7 bilhões para cobrir despesas advindas de licitações, em 2010 essa cifra pulou para R$4,4 bilhões. Na semana passada, em depoimento no Congresso, o diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que está em férias mas que dificilmente retornará ao cargo, disse que o licenciamento ambiental é que encarece as obras. De acordo com técnicos do Dnit ouvidos pelo GLOBO, as contratações sem licitação para gerenciamento ambiental entram na lista de "assuntos complicados" da gestão do órgão. Ontem, O GLOBO procurou a assessoria de imprensa do Ministério dos Transportes, mas não conseguiu contato.

FONTE: O GLOBO

Presidente discute hoje futuro de petista no Dnit

Fernanda Odilla

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff deve discutir hoje o futuro do petista Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit.

Dilma pretende debater a situação com outros ministros. A única certeza é que ele não assumirá o comando do Dnit. Caron não foi localizado ontem pela Folha.

Responsável por controlar a assinatura de aditivos de obras rodoviárias, Caron foi até agora poupado das mudanças nos Transportes.

O suposto descontrole na liberação de recursos adicionais para obras foi um dos motivos que fizeram o ex-ministro Alfredo Nascimento (PR) deixar o cargo.

O diretor-geral do órgão, Luiz Pagot -que oficialmente está em férias, mas que tem o futuro incerto-, já disse que Caron "manda tanto quanto" ele no órgão.

No Planalto, há quem diga não ser hora de uma "caça às bruxas" e que Dilma já deu sinal de firmeza ao afastar suspeitos de irregularidades.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Carvalho diz que Pagot é inocente

Raphael Di Cunto

São Paulo - O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, defendeu o diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, acusado de cometer irregularidades na gestão do órgão, e disse que a demissão dele não está decidida - Pagot saiu de férias assim que a presidente Dilma Rousseff (PT) afastou a cúpula do Ministério dos Transportes, ligada ao PR. "Até agora, a única pessoa contra quem não apareceu nenhuma denuncia efetivamente é o Pagot", afirmou ao Valor o ministro antes do congresso nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em São Paulo, na sexta-feira.

À base aliada, Dilma fez circular a informação de que pretende demitir o diretor, que na semana passada foi ao Congresso se defender das denúncias. Antes ameaçando entregar petistas envolvidos no suposto esquema, ele não acusou ninguém e ainda fez elogios à presidente, o que a oposição atribuiu a acordo com o governo. "Ele não falou nada porque não tinha o que falar, é inocente", sustentou Carvalho, que negociou o afastamento do diretor.

Segundo Carvalho, Dilma decidiu afastar a cúpula dos Transportes "por prudência", depois de saber que "as denúncias não eram vazias". Entretanto, ainda de acordo com o ministro, os afastados podem voltar se não for provada irregularidade. "A palavra que ela [Dilma] nos deu foi de que o Pagot gozasse das suas férias e na volta ela vai tomar a decisão [sobre se vai demiti-lo]", disse.

Também presente ao evento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi outro a defender as apurações. O ex-ministro Alfredo Nascimento (PR), que tem o filho investigado por contratos com a pasta e é presidente nacional do PR, estava no cargo desde 2004, durante o governo Lula. "Não importa de quando foi a denúncia, o que importa é que ela seja investigada", disse o petista.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Dnit e Valec têm contratos com empresas suspeitas

Fornecedoras de mão de obra são acusadas de usar documento falso em concorrências de R$ 31 milhões

Diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Valec Engenharia montaram um esquema com duas empresas acusadas de usar documentos falsos em contratos, informa o repórter Leandro Colon. Os contratos totalizam R$ 31 milhões, dos quais R$ 13 milhões sem licitação. As empresas Alvorada e Tech Mix fornecem funcionários em áreas estratégicas, incluindo obras do PAC. O dono da Tech Mix é marido da proprietária da Alvorada, que mudou de atividade um dia antes da liberação de verba. Os documentos do Dnit foram assinados pelo então diretor-geral Luiz Antônio Pagot, e pelo diretor executivo, José Henrique Sadok, afastados após denúncias de irregularidades no Ministério dos Transportes. Os contratos da Valec foram respaldados pelo diretor Antonio Felipe Sanchez Costa.

Dnit e Valec fecham contratos de R$ 31 mi com empresas sob suspeita

Fornecedoras de mão de obra são acusadas de usar documentação falsa em contratações respaldadas [br]por diretores afastados e pelo atual interino da estatal ferroviária; dono de uma das firmas é casado com a proprietária da outra

Leandro Colon

BRASÍLIA - Os diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da Valec Engenharia e Construções montaram um esquema com duas empresas de fachada acusadas de usar documentos falsos em contratos que somam R$ 31 milhões - desse total, R$ 13 milhões sem licitação. Os contratos são para fornecer funcionários em áreas estratégicas, incluindo obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em pelo menos 20 Estados e no Distrito Federal.

As pessoas contratadas por essas duas empresas, a Alvorada e a Tech Mix, são escolhidas pelo PR, partido que comanda o Ministério dos Transportes, para trabalhar na gestão de obras sob suspeita de corrupção. O processo de assinatura dos contratos passou pelo alto escalão do Dnit e da Valec envolvido na crise de irregularidades nos Transportes. O dono da Tech Mix é marido da dona da Alvorada.

A Alvorada Comercial e Serviços mudou seu ramo de atividade em 25 de novembro de 2010, um dia antes da liberação de R$ 5,8 milhões pelo então diretor financeiro e hoje presidente interino da Valec, Antonio Felipe Sanchez Costa. A empresa era registrada, até então, para atuar no ramo de embalagens, embora nunca tenha saído do papel. Apesar de não ter nenhuma experiência na terceirização de mão de obra, ganhou dois contratos: esse de R$ 5,8 milhões e outro, no mês passado, de R$ 7,4 milhões, ambos sem licitação.

A Alvorada pertence a Alcione Petri Cunha. O marido, Luiz Carlos Cunha, é dono da Tech Mix Serviços, contratada pelo Dnit por R$ 18,9 milhões anuais após a desclassificação de oito concorrentes que apresentaram preço inferior a esse valor.

O Diário Oficial da União fornece indícios de que Valec e Dnit atuaram juntas. O contrato de R$ 5,8 milhões com a Alvorada foi assinado em 14 de dezembro, mesmo dia em que a Tech Mix foi declarada vencedora no Dnit.

Os documentos do Dnit foram assinados pelo diretor-geral Luiz Antônio Pagot, e pelo diretor executivo, José Henrique Sadok de Sá, hoje afastados dos cargos. Os contratos da Valec foram respaldados por Antonio Felipe Sanchez Costa e por José Francisco das Neves, o Juquinha, que também deixou o posto na primeira leva de denúncias. A publicação dos contratos ocorreu no mesmo período.

A Tech Mix e a Alvorada sempre mudam de endereço. As empresas já foram registradas, inclusive, no mesmo lugar. Hoje, são vizinhas. Funcionam numa pequena sala comercial de 30 metros quadrados. Na Tech Mix, por exemplo, há apenas duas mesas e um computador.

Documentação. Funcionários da empresa relataram ao Estado que a seleção de quem vai trabalhar no Dnit passa por parlamentares do PR. Quem quer emprego precisa procurar políticos do partido aliado do governo.

Luiz Carlos Cunha disse não poder confirmar essa informação, mas admitiu ao Estado que não decide quem terá emprego, por meio de sua própria empresa, no Dnit. "Não tenho esse controle", afirmou. São 129 pessoas "cedidas" pela Tech Mix, a maioria advogados, com salários de R$ 7 mil a R$ 16 mil. Desses, 81 estão em Brasília, sendo 10 na diretoria-geral.

O contrato de R$ 18,9 milhões foi assinado em dezembro por Pagot e Sadok. No pregão eletrônico, oito empresas ofereceram uma proposta menor que a da Tech Mix, mas foram desclassificadas pela comissão de licitação. Empresas adversárias denunciaram ao Dnit uma série de irregularidades, incluindo o uso de documentos falsos por parte da Tech Mix.

De acordo com documentação entregue a Sadok, a empresa teria fraudado documento do Conselho de Administração de Goiás (CRA-GO) atestando capacidade técnica da Tech Mix. A empresa apresentou, por exemplo, um atestado da Ciami Profissionais Ltda., com datas de 2005 e 2007, dizendo que a Tech Mix teria executado serviços semelhantes aos que o Dnit exige. A empresa Ciami seria, no entanto, de uma contadora da própria Tech Mix.

Coube a Pagot e Sadok comandar todo o processo de licitação. Pagot revogou os recursos das empresas perdedoras para declarar a Tech Mix vencedora. A empresa entregou ainda uma lista de "acervo técnico" para mostrar que já prestou o serviço requisitado pelo Dnit, conforme pedia o edital. Uma das empresas relacionadas, porém, têm como sócio o próprio dono da Tech Mix.

A crise nos Transportes começou há duas semanas, após reportagem da revista Veja revelar a existência de um esquema de corrupção na pasta, tendo como foco principal o Dnit. Logo em seguida, o governo anunciou o afastamento de Pagot e de Juquinha - o chefe de gabinete do ministério, Mauro Barbosa, e o assessor Luiz Tito também foram afastados no mesmo dia.

O então ministro Alfredo Nascimento pediu demissão dias depois. Na sexta-feira, foi a vez de o diretor executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, perder o cargo, após o Estado revelar que a construtora da mulher dele ganhou R$ 18 milhões em obras de rodovias federais vinculadas a convênios com o Dnit.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Charge: Brasil patético

FONTE:Humberto/Jornal do Commercio (PE)

Você me pede e eu falo:: Juca Kfouri

Você me pede para falar do primeiro tempo de Brasil 0, Paraguai 0 e eu falo: foi um jogo tépido.

Você me pede para falar do segundo tempo de Brasil 0, Paraguai 0 e eu falo: foi um jogo tétrico.

Você me pede para falar da prorrogação de Brasil 0, Paraguai 0 e eu falo: foi um jogo trágico.

Você me pede para falar da decisão por pênaltis, Brasil 0, Paraguai 2 e eu falo: foi simplesmente patético.

Você me pede para falar da Copa América de Peru, Paraguai e Venezuela como semifinalistas, gramados ruins, falta de energia no estádio, hino nacional que não toca e eu falo: trata-se de uma Copa medíocre.

E o Mano?

Ora, pode ser irmão seu, meu não é não, nunca foi.

E o Ricardo Teixeira?

Ora, está ligando um montão.

FONTE: CBN

Itinerário da transformação :: Aécio Neves

Neste meu tempo de vida pública -quase três décadas-, tive o privilégio de viver experiências marcantes, algumas definitivas, que adensaram minhas crenças na ação política.

Desde as Diretas-Já e Tancredo, a Constituinte de 1988, o exercício da liderança partidária no Congresso, as grandes reformas empreendidas nos anos 1990, depois a presidência da Câmara e por duas vezes no governo de Minas, compreendi que não há outro caminho para avançar que não passe por ela, a política.

O contrário também é verdade: quando amesquinhada e violentada, ela pode se transformar no espaço da intransigência e, por consequência, do impedimento às mudanças necessárias.

Avançamos sempre quando a boa política preponderou, guiada pelas causas nacionais de cada tempo. Os saltos que demos, em cada fragmento da história, foram resultantes das dinâmicas capazes de construir convergências -ainda que tênues- e soluções, ainda que só as possíveis.

Hoje, há claros sinais de que uma silenciosa transformação está em curso na direção de uma nova convergência, cujo centro é um inédito protagonismo do cidadão.

Inédito porque, desta vez, não há uma grande bandeira a ser hasteada pelas multidões, como as que encheram as praças nas Diretas-Já. Se não há mais protestos reunindo milhares, eles se movem pelo dia a dia animados por questionamentos e fortalecidos por convicções e indignações depositadas à porta dos poderes públicos.

Cada vez menos brasileiros estão dispostos a aceitar os pequenos e os grandes pecados sublimados pelas burocracias governistas. Igualmente, é muito menor na vida cotidiana a resignação quanto às nossas eternas contradições, que perpassam diferentes gerações e governos. A lista é infindável e energiza uma nova consciência brasileira.

A impressionante troca de opiniões e ideias nas redes sociais dá a dimensão da enorme vontade de participação popular nas decisões antes exclusivas à corte.

É uma mobilização natural, a favor do Brasil, que vem sendo construída fora da ortodoxia dos ritos partidários e da política formal, e que reflete o imutável desejo coletivo de, finalmente, conquistarmos um projeto de país mais solidário.

É essa força, aparentemente desorganizada, que assume, aos olhos da sociedade, a legitimidade perdida pelos sindicatos e movimentos sociais que, aparelhados, deixaram de ser os instrumentos catalisadores das mudanças.

Vivemos um novo tempo em que o cidadão é cada vez mais protagonista da cena política, e não só destinatário dos discursos políticos. Esse parece ser o caminho definitivo da nossa verdadeira transformação como sociedade e como indivíduos. Tomara!

Aécio Neves, senador PSDB-MG

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Mestre do engodo:: Ricardo Noblat

A imprensa brasileira é vagabunda. Não leio mais porra nenhuma. (Ricardo Teixeira, presidente da CBF, à revista “Piauí”)

Que raciocínio tosco o de Lula ao traçar um paralelo entre gastos do governo com anúncios em rádio, televisão e jornal, e gastos com patrocínio de congressos como o da União Nacional dos Estudantes (UNE) realizado na semana passada, em Goiânia. Lula sabe que feijoada com paio nada tem a ver com Cid Sampaio. Mas aposta na ignorância alheia.

Cid Sampaio foi um político da extinta União Democrática Nacional (UDN). Governou Pernambuco entre 1959 e 1963. Químico industrial e usineiro, opôs-se ao golpe militar de 1964, mas em seguida aderiu à Arena, partido do governo.Se elegeu deputado federal. E, mais tarde, como suplente, assumiu uma vaga no Senado.

Entrou nessa história por causa do paio, que ganhou lugar aqui por causa da mania de Lula de apelar para falácias. Por que o governo gasta muito dinheiro com anúncios? Ora, para “vender suas realizações”. Em muitos casos, para contar também com a boa vontade de uma imprensa servil, colaboracionista e chapa-branca.

Anunciar, portanto, atende aos seus interesses - dos legítimos aos inconfessáveis. Um veículo de comunicação só pode se comportar com independência, exercendo seu papel de fiscal rigoroso dos poderes públicos e privados, se for economicamente independente. É uma pena que por toda parte tão poucos de fato o sejam.

Mas desses, registre-se, não se queixam políticos como Lula. Pelo contrário. Queixam-se, sim, daqueles que não podem controlar de um jeito ou de outro. Daqueles que não se orientam por sua cartilha ideológica. Daqueles que acertando ou errando teimam em tentar corresponder às expectativas do distinto público.

A presidente Dilma Rousseff tem demonstrado compreender melhor do que Lula para que serve a imprensa. Um governo sábio tira partido das críticas da imprensa para tentar governar melhor. Um governo sábio enxerga na imprensa um aliado e aproveita suas denúncias para corrigir o que anda mal.

Quanto ao Congresso da UNE... O dinheiro gasto com ele por ministérios e empresas estatais atende a um único e censurável objetivo: o de manter sob rédea curta, curtíssima, a mais

conhecida das entidades estudantis. Cooptá-la já não é mais preciso. Cooptada ela já foi desde que chegaram ao poder os partidos que a dominam.

Até o golpe militar de 1964, a UNE frequentava os salões da República, mas não era sócia dos seus donos. A eles se opunha com alguma frequência e com maior ou menor virulência. Talvez por isso fosse respeitada e temida. Mais de uma vez os presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart, por exemplo, foram obrigados a negociar com ela.

Formalmente extinta pelo golpe, a UNE sobreviveu ao incêndio de sua sede no bairro do Flamengo, no Rio, articulou-se com o resto da oposição e liderou em todo o país gigantescas manifestações de massa contra o regime dos generais. As reivindicações específicas dos estudantes cederam a vez à reivindicação coletiva por liberdade.

Em 2003, o partido que manda na UNE há décadas, o PCdoB, subiu a rampa do Palácio do Planalto junto com o PT de Lula. E foi a partir daí que a UNE esqueceu a sua história e vendeu a sua alma. Apequenou-se. Acabou entrando para o elenco dos chamados “movimentos sociais”, todos eles alimentados por verbas do governo.

A lei da anistia só prevê reparações de caráter pessoal a familiares e vítimas da ditadura de 64. O governo Lula aprovou outra lei no Congresso para permitir que a UNE recebesse a título de reparação uma bolada de R$ 44,6 milhões destinada à construção de sua nova sede –um prédio de 13 andares, projetado por Oscar Niemayer.

Hoje, a UNE, que em 1940 defendeu o fim da ditadura do Estado Novo, que em 1942 pregou oapoio aos Aliados contra o nazismo, que em 1956 combateu nas ruas do Rio o aumento do

preço da passagem dos bondes, e que no início dos anos 60 criou o Centro Popular de Cultura, não passa de uma fotografia desbotada pela ação do tempo.

FONTE: O GLOBO

Será que a opção verde amarelou?:: Renato Janine Ribeiro

Não lembro caso de relação custo-benefício tão boa quanto a campanha eleitoral de Marina Silva, em 2010. Dispondo só de um partido pequeno na Câmara de Deputados, o que lhe dava um minuto e meio de televisão, atingiu 20% dos votos para a Presidência. Quer dizer que, tendo um tempo de propaganda baseado em 2,5% dos deputados eleitos em 2006, Marina multiplicou por oito esse investimento, em retorno de votos. Seu output rendeu oito por um... Já os seus adversários, Dilma Rousseff e José Serra, tiveram retorno bem menor, inferior mesmo a um. E Marina chegou a isso, não mercê das máquinas governamentais federal e estaduais, mas pelo entusiasmo e convicção de seus simpatizantes. Isso é irônico, porque o entusiasmo foi por 20 anos a marca de um PT sem dinheiro para fazer campanhas, e o PSDB nasceu com convicção de combater o fisiologismo do PMDB; mas, hoje, ambos apostam no dinheiro e nas alianças com os ex-inimigos.

Um sucesso, a campanha de Marina. Se tivemos segundo turno, foi porque um quinto dos brasileiros escolheu o verde. Muito se discutiu se Marina deveria ter apoiado um dos finalistas, no segundo turno. Acertou em não apoiar nenhum. Se seu empenho na causa social a levasse a apoiar Dilma, ou seus eleitores de classe média a conduzissem a Serra, ela se tornaria uma linha auxiliar, pessoalmente mais importante que o PCdoB para Dilma ou o DEM e o PPS para Serra - mas, mesmo assim, auxiliar. No entanto, um mês depois da eleição, já não se mencionava sua votação. Ficou, como oposição, a tradicional. Na Câmara, o PV passou de 13 para 14 eleitos, quase nada. Basta lembrar que no pleito de 2006, sem onda Marina, o PV subira de cinco para 13 deputados federais.

Um grande sucesso mas que deixou tudo como estava

Será que o verde amarelou? O PV nada fez para manter Marina nos seus quadros - longe disso. Compreendo que, para os veteranos do partido, o fato de uma enorme votação presidencial não se traduzir em assentos no Congresso tenha sido uma decepção. Entendo também que não quisessem dar a uma novata a liderança do partido. Mas o rumo tomado pelo PV é quase um suicídio. Era o único partido do qual podíamos dizer que representava ideias novas.

Como lembra Claudio Couto, o PSOL pode ser outro partido puro nas suas ideias, mas estas não são novas. Os demais partidos estão comprometidos demais com a defesa de interesses - tanto os dois grandes blocos que se alternam no poder, quanto as agremiações que apoiam ora um, ora outro.

Ora, se o PV opta pela Realpolitik, tende a se tornar uma pequena linha auxiliar do PSDB, participando de seus governos estaduais. Imaginemos então um PT que ejetasse Lula, ou um PSDB que excluísse seus maiores nomes. Eis o PV, hoje. Será difícil ele crescer. É claro que, se Gabeira se eleger prefeito no Rio, em 2012, com o apoio tucano, e o partido de Kassab levar à prefeitura de São Paulo o verde Eduardo Jorge - dois ex-petistas que hoje têm apoio mais dos liberais que da esquerda - as coisas podem melhorar. São dois nomes bons ou ótimos. Mas, salvo surpresas, o PV está em viés de desprestígio.

E Marina? Nos nove meses após seu sucesso, perdeu a chance de conservar uma forte presença política. Atuou, sim, na votação do Código Florestal. Mas fez pouco mais que isso. O ideal verde, hoje, é bem mais que a defesa das florestas. Ele é um estilo, altamente ético, de vida. Retoma a preocupação moral que norteou a criação do PT e do PSDB, mas vai além. O PT queria tornar o Brasil ético, entendendo por isso a justiça social. O PSDB pretendia tornar ético o país, significando com isso o fim da corrupção ou pelo menos do fisiologismo. Já a linha verde quer as duas metas e também um desenvolvimento econômico com valor ético planetário. Não será contra o capitalismo, como a maioria do PT já foi, nem quererá o desenvolvimento mesmo a alto custo, como nossos dois grandes partidos, mas defenderá um desenvolvimento capitalista não predatório. Isso precisa ser inventado. Seu ideal é audacioso: o exemplo é o da água que a indústria devolve ao rio, tão limpa como entrou. Quer dizer: que o uso humano dos recursos planetários lhes cause o menor dano possível e, com o avanço da ciência, um dia até os melhore. Estamos a mil léguas do uso de combustíveis fósseis, da predação dos minérios, do aquecimento global. É uma utopia, mas com forte base na ciência - e, o que é raro na história das utopias, nas ciências da vida mais que nas ciências humanas.

Esse projeto não se choca diretamente com as ideologias. Não divide as pessoas em direita e esquerda, em mundo do trabalho e do capital, em movimentos socialistas e liberais. Por isso, é um movimento simpático. Mas é exigente. Requer uma mudança radical do nosso trato com a natureza e também com o ser humano. Para isso, o que falta? A tradução da linguagem científica, que é um de seus pontos fortes, em convicção moral. Disse Al Gore: nos Estados Unidos as grandes causas políticas só triunfaram ao se converter em causas espirituais - a abolição da escravatura, o fim da segregação racial e, espera-se, a ecologia. Para traduzir a ciência e a política em valor ético, tivemos Gabeira, com influência importante mas socialmente limitada, e Marina Silva, com o impacto que as urnas revelaram. Mas é esse trabalho de conquista das mentes, bem maior que a conquista de uma secretaria, que poderá levar a uma mudança significativa, talvez a maior em nossas vidas. Depende ele de uma liderança pessoal? Como se criará uma nova mentalidade? Quando surgiu o PT, lembro uma amiga que dizia pertencer a um outro PT, o "Partido da Terra", o planeta. Pois é.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Rouba mas faz :: Paulo Brossard

O caso do Ministério dos Transportes estourou como uma bomba, já pelas pessoas envolvidas, já pela gravidade dos fatos mencionados. Em consequência, o chefe do gabinete do ministro da pasta, um de seus assessores, o diretor-geral do Dnit, e o diretor-presidente da Valec Engenharia, salvo engano, foram afastados de suas funções no ministério pela senhora presidente da República; ao mesmo tempo, ela declarou que o ministro da pasta gozava de sua inteira confiança; não obstante, um ou dois dias depois, também o ministro se demitiu ou foi demitido, até porque seria difícil manter o chefe quando os auxiliares mais graduados são afastados de seus postos. Contudo, quem sou eu para opinar sobre o que se passa nos espaços siderais do Planalto e adjacências.

Depois disso, uma das autoridades afastadas prestou depoimento no Senado, depoimento que era aguardado com apreensões, entretanto, dizem ter sido ameno, ainda que com ares de potência para potência. A partir daí, não sei como terminará a novela.

Com esta observação, partindo dos fatos conhecidos, passo a algumas reflexões acerca da curiosa situação. Pela Constituição, o presidente da República nomeia e demite os ministros de Estado, e muitos, se não a maior parte dos funcionários, precipuamente os de mais alta hierarquia. Agora, ao que parece, esse poder presidencial está sendo questionado ou começa a ser.

O que me parece relevante, embora não tenha sido até agora, é que o partido da presidente da República não chega a ocupar cem cadeiras, o que importa em dizer que não tem maioria na Câmara baixa, que é de 513 membros, quando normalmente o governo precisa de maioria. Este é um dado, no entanto, possível no regime presidencialista, mas como os fatos ignoram as ficções. A necessidade e os interesses começam a deformar o resultado das urnas no sentido de obter deste ou daquele jeito a maioria não alcançada, para isto, pagando um preço ou sucedâneo, o que importa é contraprestação.

Não que a coligação ou o acordo me pareça irregular ou censurável, desde que, como as praxes ilustram, o pacto tenha como base um programa de ação governamental; outras vezes, a minoria sem participar do governo, lhe assegura, caso a caso, os meios de que necessita. São instrumentos que a experiência tem consagrado. Compreende-se que as coligações se formam em situações especiais. Dou apenas um exemplo, durante a guerra, o líder trabalhista Attlee esteve ao lado do conservador Churchill, este como primeiro-ministro, e só finda a guerra se desfez a companhia. Entre nós, exatamente depois da fragmentação partidária e de sua reconhecida descaracterização, as coligações adquiriram nova feição, e faz lembrar algo semelhante à compra e venda ou à locação.

O caso atual é ilustrativo. As denúncias que envolviam o ministério vindas de várias fontes, cada uma com responsabilidades e autoridade nada desprezíveis – Veja, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo –, parecem ter atingido só o Ministério dos Transportes e ninguém mais, e o próprio ministro, pelo menos de início, teria permanecido incólume aos desconfortantes efeitos delas resultantes. Por sua vez, o partido que foi o arrematante do ministério murmurou queixas quanto ao ato presidencial, mas adiantou que continuaria no governo a ponto de manifestar-se contra o ministro escolhido por não ser do seu agrado.

Aqui chegamos a um ponto crucial. Parece que o ministério foi objeto de uma disposição inter vivos que compromete a sua unidade imprescindível, o que evidencia a diferença do que vem ocorrendo. Enquanto isso, o que me parece particularmente grave é que a sociedade não disponha de instrumentos hábeis para manifestar-se de maneira efetiva e eficaz, aliás, os próprios mecanismos constitucionais não chegam a atuar, além disso, a tempestade nos Transportes foi gerada não só por uma revista e três jornais... Aliás, a propósito da passividade social, a memória me lembra um dirigente político, portador de nada desprezível apoio popular, do qual se dizia "rouba mas faz". Como se vê, o problema não é novo.

*Jurista, ministro aposentado do STF

FONTE: ZERO HORA (RS)

A economia dependente da política:: Luiz Carlos Mendonça de Barros

"Hoje na Europa temos um encontro com o destino e a salvação virá da política e não da economia. Mas a política não pode cometer mais erros e, como no Titanic, nem mesmo os passageiros de primeira classe podem salvar a si mesmos", declarou o ministro italiano das Finanças, Giulio Tremonti ao "Financial Times".

Escrevo esta coluna, em férias, em Florença. Ela terá diferenças claras em relação às anteriores, quando o dia a dia dos mercados ocupa espaço importante nos meus pensamentos e marca minhas reflexões. Uma rotina mais suave - e essa tem sido a marca dos últimos dias - me permite acompanhar os acontecimentos com uma visão diferente da que estou habituado. Também a distância da internet - e sua substituição pelos jornais impressos - tem permitido um tempo maior para a análise.

Uma primeira impressão que fica da leitura dos jornais é que a política voltou a comandar as questões econômicas na Europa Unida e nos Estados Unidos. A crise financeira nessas duas regiões conhecidas como o mundo desenvolvido - o Japão é hoje outro caso, vivendo seu próprio e único drama - trouxe ao nível do consciente as divisões políticas que estavam mascaradas por um longo período de crescimento.

Na Europa, a utopia de uma só nação criada após a queda do muro de Berlim por uma geração de políticos ainda influenciados pela II Grande Guerra, caiu sob o peso dos interesses e valores de seus vários países. Nos Estados Unidos, o conflito entre os liberais e os conservadores atinge novos níveis de violência e irracionalidade e leva perigosamente o país à beira de uma moratória da dívida pública. Em ambos os casos, o esgotamento da capacidade do Estado de se endividar coloca a sociedade diante de escolhas definitivas e que vão mudar as prioridades de seus governos.

E esse verdadeiro ajuste de contas com o passado ocorre em um momento em que as lideranças políticas são frágeis e comandadas mais pelas pesquisas de opinião pública do que por valores programáticos. O jornal francês "Le Monde" resumiu esse dilema ao dizer que o momento exige na Europa políticos maduros e não infantis como os que existem hoje. E citava o presidente francês, o primeiro ministro italiano e a chanceler alemã como exemplos desses líderes nanicos, ridículos e incapazes.

Mas, nos Estados Unidos, também, esse conflito entre a complexidade dos problemas fiscais que terão que ser enfrentados e a qualidade das lideranças políticas se coloca de forma dramática. O partido Republicano está hoje paralisado por um movimento demagógico e retrógrado - chamado de Tea Party - o que, em um sistema bipartidário forte como o americano, representa um risco de ingovernabilidade muito grande.

A parte mais visível dessa grave crise que estamos vivendo é fiscal, com os investidores e mercados financeiros acordando para a questão dos limites da dívida pública, mesmo nos países mais ricos. Com raras exceções - a Alemanha é a mais importante delas - as nações do Velho Continente vão ter que cortar suas despesas sociais e recolocar o Estado dentro dos limites de sua capacidade de arrecadar impostos. Outros - como a Itália - terão que ir mais longe e desmontar mecanismos de proteção de suas empresas e abrir seus mercados para um maior grau de concorrência. Uma tarefa gigantesca dada a imobilidade da política nas últimas décadas e as aspirações de sociedades acostumadas ao Estado Provedor de um sistema de segurança social abrangente.

Já nos Estados Unidos a questão fiscal será ainda mais difícil de ser tratada, pois esse país enfrenta além dos compromissos com seus gastos militares derivados de sua posição de Super Potência, as despesas com um crescente sistema de proteção social. Para tornar esse desafio ainda mais difícil de ser vencido temos agora esse movimento histérico contra qualquer aumento de impostos liderado pelo tal Tea Party. Na Europa ainda existe um espaço para algum tipo de cooperação política - como mostrou recentemente a Itália - mas na maior economia do mundo o radicalismo entre democratas e republicanos, em função das eleições presidenciais do próximo ano, não permite isso.

Toda essa crise pode abrir um espaço enorme para o Brasil. Em função da crise fiscal, o crescimento econômico no G-7 será medíocre nos próximos anos, fazendo com que as empresas e os investidores voltem seus olhos - e seus investimentos - para o mundo emergente. Além disso, as condições monetárias no primeiro mundo serão necessariamente expansionistas e com juros muito baixos, criando forças expansionistas e estímulos importantes para economias como a brasileira. Como a China, peça fundamental para o nosso crescimento, também estará fora da confusão da dívida pública no mundo desenvolvido, poderemos nos aproveitar dessa nova situação. Mas para que isso ocorra será preciso que o governo Dilma acorde para esses novos tempos e refaça seu plano de voo. O fato de termos hoje um endividamento público decente representa um ativo que precisa ser preservado via uma política de gastos responsável e o abandono de políticas esdrúxulas como a de apoio ao capitalismo nacional e a construção de pirâmides como o trem bala Campinas/Rio.

Luiz Carlos Mendonça de Barros, engenheiro e economista, é diretor-estrategista da Quest Investimentos. Foi presidente do BNDES e ministro das Comunicações.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Indústria já cancela investimentos

Com a agenda econômica do governo empacada, o real valorizado, a inflação em alta e as turbulências no mercado externo, a indústria pisa no freio e já há empresas suspendendo investimentos. Em alguns setores, o otimismo é o menor desde 2006. Empresários dizem que a alta do consumo está sendo atendida pelas importações

Onda de desânimo se espalha pela indústria

Com inflação em alta, real apreciado e turbulência no mercado externo, empresários já suspendem investimentos

Eliane Oliveira e Martha Beck

BRASÍLIA. Uma onda de desânimo vem tomando conta do setor produtivo e, aos poucos, o pessimismo começa a se traduzir em redução de investimentos e demissões. Na expectativa do anúncio da nova política industrial do governo, representantes de diversos segmentos da economia ouvidos pelo GLOBO - incluindo calçadista, têxtil, de plástico e papel - afirmam que a agenda econômica empacada no governo e a persistência de problemas como câmbio, inflação e turbulência internacional podem até não afetar o crescimento da economia neste ou no próximo ano (estimado em 4%), mas cobrarão a fatura no futuro.

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que, em dez setores, houve queda no otimismo em junho, frente ao mesmo período do ano passado. Alguns dos indicadores são os mais baixos desde 2006. É o caso, por exemplo, do setor têxtil, no qual já foram registradas 354 demissões em maio. Essa indústria e a de calçados, que registou o fechamento de 3.417 vagas em maio, foram as primeiras a mostrar reversão no emprego.

- O ambiente mudou. Desde o fim de 2010, com a elevação da inflação e a retomada do ciclo de aperto monetário associado a fatores externos, o que se vê é a queda da confiança - afirma o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco.

No setor calçadista, demissões e fábricas no exterior

O economista Jorge Ferreira Braga, da Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) passou de 109,9 pontos em maio para 107,1 pontos no mês passado, o menor nível desde outubro de 2009. Foram seis quedas consecutivas no semestre:

- Aumentou o número de empresas que pretende demitir nos próximos meses e os sinais de desindustrialização já aparecem. A maioria afirma estar sendo prejudicada pelo câmbio.

Das 1.146 empresas consultadas pela FGV, 30,2% pretendem ampliar o quadro de pessoal no trimestre de junho a agosto e 11,3%, reduzi-lo. Em maio, esses percentuais haviam sido de 32,8% e 10,1%, respectivamente.

Empresas tradicionais do setor de calçados, como Vulcabrás e Picadilly, estão preferindo abrir fábricas no exterior. A Vulcabrás, por exemplo, vai abrir uma unidade na Índia, voltada à produção de peças que serão vendidas para o Brasil.

- Na Índia, o investimento para montar uma planta é entre 50% e 60% menor do que no Brasil. Vale mais a pena produzir lá e vender para cá - afirma o presidente da Abicalçados, Milton Cardoso.

Empresa de celulose suspende projeto de R$5 bi

No setor de papel e celulose, fraudes na importação e o câmbio desfavorável já fizeram com que a Suzano e a International Paper (as duas maiores produtoras no país) perdessem quase 60% do mercado nacional para produtos importados. E a portuguesa Portucel Soporcel suspendeu um projeto de R$5 bilhões no Mato Grosso do Sul.

- A indústria está sendo detonada - diz a presidente da associação setorial, Bracelpa, Elizabeth de Carvalhaes.

Segundo o diretor de Competitividade da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Fernando Bueno, o nível de emprego está sendo garantido a duras penas:

- De cada dez máquinas compradas no Brasil, seis são importadas. Sem medidas de competitividade, isso vai acabar batendo no caixa das empresas, e aí podem começar as demissões. No setor de máquinas, a mão de obra é qualificada e, por isso, as empresas seguram os empregados, mesmo que haja desaquecimento. Mas isso tem limite.

No setor automotivo, as compras externas saltaram mais de 850% nos últimos cinco anos. Mesmo aumentando suas exportações em 23,6% nos cinco primeiros meses do ano, o segmento de autopeças sofre com a entrada de importados. Enquanto as vendas externas somaram US$4,3 bilhões no período, as importações totalizaram US$6,1 bilhões, com um crescimento de 20,8%. Como resultado, houve um déficit de US$1,59 bilhão.

Para o secretário-executivo da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, além de dar incentivos às empresas, o governo precisa investir na maior capacitação profissional dos trabalhadores. A posição do Ministério do Desenvolvimento é que não existe desindustrialização no país. A produção está crescendo e as empresas estão contratando, diz o ministro Fernando Pimentel. Mas ele admite que está havendo substituição de insumos e equipamentos por importados.

FONTE: O GLOBO

Vindas e voltas:: José Roberto de Toledo

"E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. (...) Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos."

Em 1938, Graciliano Ramos vaticinava o destino de milhões de nordestinos nas décadas seguintes. A cíclica busca da sobrevivência em outra parte. Em 1963, Nelson Pereira dos Santos filmava Vidas Secas no auge das migrações do Nordeste para o Sudeste. A essa altura, um menino fugido do agreste pernambucano aprendera coisas necessárias no Senai em São Paulo. A geração de Luiz Inácio Lula da Silva ajudaria a quebrar o ciclo.

O que foi sina para Fabiano/Aristides Inácio da Silva e Sinhá Vitória/Eurídice Ferreira é história para seus netos. O saldo migratório do Nordeste para o Sudeste na década passada foi quase nulo: cerca de 50 mil pessoas. Se 992 mil nordestinos vieram, 940 mil voltaram para seus Estados de origem desde São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente. A principal causa dessa reversão é a diminuição das desigualdades regionais.

Enquanto o Sudeste saturou e ficou menos atraente, a economia do Nordeste cresceu acima da média nacional, tornando a região menos inóspita. A valorização do salário mínimo e a distribuição de renda - iniciadas no governo Fernando Henrique Cardoso e ampliadas no de Lula - garantiram a sobrevivência de quem antes só tinha alternativa na arribação. As cidades grandes do sul perderam vigor para prover emprego e realizar sonhos, de tão cheias de pessoas. No fim das contas, o sertão parou de mandar gente.

Se 11 milhões de nordestinos permanecem em terra desconhecida, sua proporção entre moradores do Sudeste é cadente, nem 9%. Emigrar menos é uma tendência nacional. Cada vez mais nativos moram onde nasceram: de 49% de brasilienses no Distrito Federal a 96% de gaúchos no Rio Grande do Sul. Em quase todos os Estados, a fatia de forasteiros é menor do que dez anos atrás.

Entre as raras exceções, os paulistas em Santa Catarina pularam de 1,2% para 1,9% da população catarinense entre 2001 e 2009. Já somam 116 mil, ou 50 mil a mais do que há dez anos. Esses novos bandeirantes não buscam índios guaranis, como seus antepassados, mas qualidade de vida (por ironia, sua presença interfere negativamente na própria meta, ao inflacionar os preços locais).

Do mesmo modo como as comunidades de migrantes ajudaram a fixar novos baianos, pernambucanos e alagoanos em São Paulo, as redes sociais de conterrâneos atraem paulistas para solo catarinense. Amigos, parentes e conhecidos dão suporte uns aos outros e ajudam na transição.

Os 2,7 milhões de paulistas longe de São Paulo são responsáveis pelas maiores colônias de forasteiros em cinco Estados: Ceará, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Nisso, só encontram rivais nos mineiros. Os 4,4 milhões de nativos das Gerais que moram fora de Minas formam as maiores comunidades exóticas de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Distrito Federal e Goiás.

Entre emigrantes e imigrantes, o Sudeste perdeu 228 mil pessoas na década passada. De hospitaleira, a região passou a exportadora de gente. Fora a migração de retorno dos nordestinos, os principais destinos dos "exportados" foram o Sul (dos paulistas para Santa Catarina a paranaenses repatriados) e o Centro-Oeste.

Embora tenham perdido parte de seu magnetismo demográfico, as fronteiras agrícolas de Goiás e Mato Grosso e o entorno de Brasília ainda atraem muitos imigrantes inter-regionais. O Norte reverteu sua tradição de atrator de migrantes e perdeu mais gente do que recebeu na segunda metade da década passada. Pode ajudar a conter a devastação da Amazônia.

A redução da migração interna é uma oportunidade. Com mais igualdade de renda, novas gerações têm melhores chances de sucesso naquilo que a de Lula não conseguiu: diminuir também a disparidade educacional entre Nordeste e Sudeste, ter mais meninos em escolas aprendendo coisas difíceis e necessárias.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Secretaria terá que explicar falta de exames e vacinas

Vereador cobra informações sobre carências em postos de saúde das zonas Norte e Oeste

Anny Ribeiro e Pâmela Oliveira

Rio - O vereador Paulo Pinheiro (PPS) vai pedir explicações à Secretaria Municipal de Saúde do Rio sobre os problemas verificados nos postos de saúde pela ‘Blitz do DIA’. Como O DIA mostrou ontem, mães das zonas Norte e Oeste são obrigadas a peregrinar com seus filhos recém-nascidos em busca de vacina BCG e do Teste do Pezinho. Os dias e horários de aplicação do imunizante contra a tuberculose e do exame são limitados em bairros mais carentes. Já na Zona Sul e no Centro, o problema não existe.

“Entrarei com um requerimento de informações. A secretaria tem que dizer qual é a estratégia para suprir a carência. É preciso haver alternativa para aquela mãe que não tem como ir nos postos com seu bebê de manhã, por exemplo, único horário em que a vacina é aplicada na maioria deles. Tem que ter um planejamento para que essa mãe possa vacinar seu filho em outro posto perto de casa”, afirma.

A ‘Blitz do DIA’ percorreu 14 postos de saúde: dez nas zonas Norte e Oeste e quatro na zona Sul e no Centro. Na área mais carente, três não faziam o Teste do Pezinho por falta de material. As demais só realizam em horários limitados e dias alternados. Apenas um aplica a vacina contra a tuberculose todos os dias, de manhã e à tarde. No restante, há restrições. Já na Zona Sul e Centro, três dos quatro postos visitados realizam o teste diariamente, de manhã e à tarde. O mesmo ocorre com a BCG.

Com bebê no colo, mas sem atendimento

Terça-feira, a babá Mariana Santana, 28 anos, foi ao Centro Municipal de Saúde Jorge Saldanha, no Tanque, e saiu de lá sem conseguir realizar o Teste do Pezinho no filho, Pietro Santana dos Reis, de quatro dias “A funcionária só disse que não tem como fazer porque não tem material. E que não tem prazo”, contou, indignada.

“Não sei o que fazer. Fiz cesariana e tive um parto difícil. Não posso, nem consigo sair com meu filho no colo procurando onde fazer o teste. Vou tentar descobrir onde tem para não perder a viagem. Aqui ninguém informou nem me deu alternativa. Fiquei sabendo que a situação é igual nos outros postos da região”, lamentou.

Melhorias em novembro

A Secretaria Municipal de Saúde prometeu que, em novembro, 120 dos 130 postos de saúde aplicarão a vacina contra as formas graves de tuberculose e farão o Teste do Pezinho de segunda a sexta-feira durante todo horário de funcionamento das unidades.

Pinheiro criticou o órgão. “E a mãe que acabou de ter seu bebê? O que ela vai fazer? E as que ainda estão grávidas? Vão ter que ampliar a gestação até novembro? Isso é um absurdo. O município tem que ter uma alternativa até porque não está no início da gestão”, afirma.

FONTE O DIA

O que pensa a mídia - Editoriais dos principais jornais do Brasil

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